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Personagem: Simão Pontes
Por: Simão Pontes, 26 de dezembro de 2025

PROJETO DE UMA MEMÓRIA ETERNA

Esta história contém:

PROJETO DE UMA MEMÓRIA ETERNA

A neve não caía lá fora, pois o nosso Natal é de brisa quente e cheiro de jasmim, mas dentro daquela sala, o tempo decidiu parar. Eu, que tantas vezes carreguei o peso do mundo e das planilhas de engenharia nos ombros, sentia agora um peso diferente: um saco de veludo vermelho, transbordando não apenas brinquedos, mas a própria substância dos sonhos.

Ajustei a barba de algodão, sentindo o calor do meu próprio hálito, e forcei um \"Ho-Ho-Ho\" que brotou não da garganta, mas do fundo da alma de um pai que queria, por uma noite, ser eterno.

Quando a porta se abriu, o que vi não foram apenas meus filhos. Vi o nascimento do impossível.

Minha pequena, com seus três anos de cachos e laços, paralisou. Seus olhos cor de mel brilhantes, dilataram-se como se estivessem diante de uma estrela cadente que resolveu pousar no tapete da sala. Ela não gritou; ela reverenciou o momento com um silêncio sagrado. Já o pequeno, meu valente de dois anos, agarrou-se à barra do vestido da mãe, oscilando entre o temor do desconhecido e a euforia de ver a lenda ganhar carne, osso e botas pretas.

Aproximei-me, e cada passo meu era o som de um sino que ecoaria por décadas na memória deles.

O ouro do Natal não estava nos embrulhos, nem nos laços de fita que o chão decoravam. Estava no brilho daqueles olhares puros, onde a lógica e o mundo jamais alcançavam.

Entreguei os presentes. Toquei suas mãos pequenas com minhas luvas brancas. Naquele instante, eu não era o pai que corrige, o engenheiro que projeta ou o homem que se cansa. Eu era a prova de que a bondade existe, de que o universo é mágico e de que o amor, às vezes, precisa de um disfarce para ser visto em toda sua grandeza.

Minha esposa, ao canto, sorria com o olhar de quem guarda o segredo mais doce do mundo. Ela sabia que, por trás daquela máscara de látex e feltro, batia um coração que daria a vida para manter aquela chama acesa.

Saí da sala sob o som de adeus em vozes...

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Palavras-chave: natal, memorianatal

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