Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Nilson de Lima Jucá
Entrevistado por Miriam
Manaus, 02 de julho de 2003
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB193
Transcrito por Transkiptor
00:00:06 P/1 - O senhor poderia repetir para a gente seu nome completo, local e data de nascimento?
00:00:25 R - Nome completo... Nilson de Lima Jucá.
00:00:34 P/1 - O senhor nasceu onde?
00:00:35 R - Nascido em Quixeramobim, no sertão do Ceará.
00:00:43 P/1 - A data?
00:00:45 R - Data 24 de julho de 1927.
00:00:53 P/1 - Como foi que o senhor entrou na Petrobras?
00:00:56 R - Como eu entrei na Petrobras? Acontece que nesta engenharia, Eu trabalhei na construção dela um ano, seis meses e seis dias. Depois trabalhei mais cinco meses no tempo da Copan. Não, Minton. Sim, eu trabalhei um ano, seis meses e seis dias. Depois saí Trabalhei mais cinco ou seis meses. E depois trabalhei mais seis anos e tal.
00:01:44 P/1 - Você trabalhou na construção, isso foi em 1950?
00:01:49 R -
Em 1956, mas já tinha comentado. Aí trabalhei um ano, seis meses, seis dias, quando veio justamente ali o Kubitschek de Oliveira. Depois trabalhei, depois de cinco meses, depois trabalhei seis anos e meses no tempo da Copan mesmo. Porque no tempo da construção era Montreal. E a Petrobras passou a ser, depois de 70, trabalhei.
00:02:37 P/1 - Aí o senhor trabalhava na Copan e foi incorporado pela Petrobras.
00:02:40 R - Mas eu saí. Eu saí da Copan, ainda trabalhei um mês depois de ter saído. E depois trabalhei numa firma aqui. A firma faliu e nós passamos para a Petrobras. Em 73.
00:02:58 P/1 - O que foi o seu trabalho?
00:03:01 R - Eu era carpinteiro, mas fazia um cai de coisa. Fazia estropo de aço, né? Pra levar lá pro interior, né? Fazia talhadeira.
00:03:19 P/1 - Como é que se usa? O que de aço?
00:03:21 R - Estropo de aço.
00:03:22 P/1 - Estropo? Chama assim?
00:03:25 R - Fazia talhadeira, fazia ponção. Eu como carpinteiro e macineiro,...
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Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Nilson de Lima Jucá
Entrevistado por Miriam
Manaus, 02 de julho de 2003
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB193
Transcrito por Transkiptor
00:00:06 P/1 - O senhor poderia repetir para a gente seu nome completo, local e data de nascimento?
00:00:25 R - Nome completo... Nilson de Lima Jucá.
00:00:34 P/1 - O senhor nasceu onde?
00:00:35 R - Nascido em Quixeramobim, no sertão do Ceará.
00:00:43 P/1 - A data?
00:00:45 R - Data 24 de julho de 1927.
00:00:53 P/1 - Como foi que o senhor entrou na Petrobras?
00:00:56 R - Como eu entrei na Petrobras? Acontece que nesta engenharia, Eu trabalhei na construção dela um ano, seis meses e seis dias. Depois trabalhei mais cinco meses no tempo da Copan. Não, Minton. Sim, eu trabalhei um ano, seis meses e seis dias. Depois saí Trabalhei mais cinco ou seis meses. E depois trabalhei mais seis anos e tal.
00:01:44 P/1 - Você trabalhou na construção, isso foi em 1950?
00:01:49 R -
Em 1956, mas já tinha comentado. Aí trabalhei um ano, seis meses, seis dias, quando veio justamente ali o Kubitschek de Oliveira. Depois trabalhei, depois de cinco meses, depois trabalhei seis anos e meses no tempo da Copan mesmo. Porque no tempo da construção era Montreal. E a Petrobras passou a ser, depois de 70, trabalhei.
00:02:37 P/1 - Aí o senhor trabalhava na Copan e foi incorporado pela Petrobras.
00:02:40 R - Mas eu saí. Eu saí da Copan, ainda trabalhei um mês depois de ter saído. E depois trabalhei numa firma aqui. A firma faliu e nós passamos para a Petrobras. Em 73.
00:02:58 P/1 - O que foi o seu trabalho?
00:03:01 R - Eu era carpinteiro, mas fazia um cai de coisa. Fazia estropo de aço, né? Pra levar lá pro interior, né? Fazia talhadeira.
00:03:19 P/1 - Como é que se usa? O que de aço?
00:03:21 R - Estropo de aço.
00:03:22 P/1 - Estropo? Chama assim?
00:03:25 R - Fazia talhadeira, fazia ponção. Eu como carpinteiro e macineiro, né? Emendava a serra de fita Que eu aprendi em Fortaleza, em Garota ainda, né? Emendar a Serra de Fita.
00:03:44 P/1 - Serra de Fita?
00:03:46 R - Serra de Serra Madeira, né? Não só emendava a Serra de Fita, como fiz bancada pra emendar a Serra de Fita. Fiz Atenais, que é uma Atenai larga, né? Fazia um bocadinho de coisa, né?
00:04:08 P/1 - O senhor trabalhou na Petrobras até se aposentar?
00:04:12 R - Hã?
00:04:12 P/1 - O senhor trabalhou até se aposentar?
00:04:14 R - Trabalhei até me aposentar, não é? Em 92.
00:04:17 P/1 - Sempre fazendo esses serviços?
00:04:21 R - Sempre tinha colega de serviço que dizia pra mim, rapaz, tu não para. E o que você parar, o Brasil para. É porque eu nunca gostei de estar sem fazer nada, não é? Comecei a trabalhar no Ceará na minha infância, não é? Quem começa a trabalhar cedo, não perde o costume.
00:04:43 P/1 - Você lembra de alguma história interessante, algum fato marcante que tenha marcado a sua experiência de trabalho aqui na Petrobras? Alguma coisa que você lembre mais?
00:04:55 R - O que eu posso dizer é que, no tempo da Copan, a gente trabalhava com o que era nosso. Não vinha gente de fora, de outras ensinarias para cá, não, viu? Arranjavam-se uns trabalhadores braçais para ajudar a gente aqui na limpeza, na montagem. Porque naquela época o nome era tubulação e montagem. Eu pedi transferência para lá. Nós tínhamos um superintendente, um alemão naturalizado norte-americano. Ali era um chefe, viu? Um chefe que... Você podia chamar a pessoa e dizer umas coisas para a pessoa que merecesse, mas com 5 ou 10 minutos podia ir lá com ele que lhe atendia da melhor forma. Doutor Weiser.
00:05:56 P/1 - E como foi essa mudança para Petrobras? Quando mudou para Petrobras, melhorou, piorou, como foi?
00:06:04 R - Para mim, tanto faz usa como cazuza, porque eu sempre trabalhei, sempre gostei de trabalhar, entendeu? A mudança da Copan, é porque não vinha gente de fora para ajudar. E também não tinha empreiteiras, não, viu? Escolhendo a Petrobras, só essas empreiteiras que os donos pagam a miséria. Eu cansei de ver, antes de me aposentar, o serviço que eles faziam, que era preciso refazer o serviço. Entendeu? ao passo que na Copan, o que se fazia, ficava feito, né? Não estou elogiando a Copan, não. Estou dizendo o que era passado, né? E o nosso país era pra estar melhor, viu? do que estar. É um país que tem muita coisa e o operário não tem nada, viu? O operário não ganha suficiente, viu? Todo salário é insuficiente. Isso, essas palavras, São de um operário que, na infância, começou a trabalhar. Deixei de estudar para ajudar meu pai, que era o filho mais velho, via a necessidade dentro de casa. Aí enfrentei a tarefa árdua, que é o trabalho que muita gente não gosta.
00:08:18 P/1 - Você tem um sentimento para trabalhar na Petrobras e ajudar o desenvolvimento do Brasil, do país. O que significa isso para o senhor? O que foi para o senhor ter trabalhado dessa forma numa empresa que... Houve.
00:08:38 R - Os norte, os truste norte-americanos na criação da Petrobras. Eles não queriam a Petrobrás de forma nenhuma. Aqueles deputados chegavam em casa e encontravam aqueles dizeres. Quer votar contra a Petrobrás? Assine. Não estipulava a quantia. A Esto ou a Shell, petróleo brasileiro, embarcação brasileira, só tinha o trabalho de assinar as faturas. Dois milhões de cruzeiros era cobrado a nossa marinha brasileira. Uma entrevista que nós tivemos com Antunes de Oliveira, na casa do trabalhador, ele viu o preço do urânio, que era vendido, chamou os norte-americanos de ladrões. Aí dois parlamentares norte-americanos reviraram o parlamento na América do Norte, deixaram Antônio de Oliveira falando só. Aí encontraram o preço fixado pelo governo brasileiro. Tá aqui o preço fixado pelo governo brasileiro. Ladrão é o governo de vocês.
00:10:11 P/1 - O senhor, depois de aposentado, continua mantendo alguma relação com a empresa ou com o sindicato?
00:10:16 R - Senhora?
00:10:17 P/1 - O senhor, depois de se aposentar, continua mantendo alguma relação com a empresa ou com o sindicato?
00:10:24 R - Eu sou sindicalizado desde que entrei aqui na Copanda. Mas, anteriormente, eu era sindicalizado aos portuários, quando trabalhei lá.
00:10:41 P/1 - E o que o senhor acha desse projeto que visa contar a história da empresa pela visão dos seus trabalhadores? O que o senhor acha de estar participando e dar o seu depoimento pra esse projeto?
00:10:56 R - É bom, né? Pra ver se a empresa se espalha mais, né?
00:11:03 P/1 - Se o quê?
00:11:04 R - Se ela se eleva mais, né?
00:11:10 P/1 - Tá bom, então. A gente queria lhe agradecer, então, seu depoimento. Muito obrigada.
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