Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Nelson Menezes Teixeira
Entrevistado por Cláudia Fonseca
Manaus, 02 de julho de 2003
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB196
Transcrito por Transkiptor
00:00:06 P/1 - Seu Nelson, eu vou pedir para o senhor dizer para a gente o seu nome completo, local e a data de nascimento.
00:00:30 R - Nelson Menezes Teixeira, Parintins, Amazonas, 31 de maio de 1934.
00:00:42 P/1 - E o senhor entrou quando na Petrobras, seu Nelson?
00:00:45 R - Eu entrei por intermédio da empresa que a Petrobras incorporou, Companhia de Petróleo da Amazônia. Na Companhia de Petróleo da Amazônia, eu entrei no dia 1º de março de 1956. A Companhia de Petróleo da Amazônia, Copan, foi incorporada pela Petrobras em 1972. A partir daí, através dessa incorporação, eu passei a ser empregado da Petrobras.
00:01:24 P/1 - Sr. Nelson, o senhor hoje está aposentado.
00:01:27 R - Sim.
00:01:28 P/1 - Mas qual era a sua atividade na época, tanto na Copan quanto na Petrobras?
00:01:33 R - Eu entrei, eu sempre fui operador de processamento. Quando eu entrei na Copan, eu entrei na condição de estagiário para fazer o curso de operador como estagiário por três meses. Como fui aprovado no estágio, Eu fui admitido na COPAN, Companhia de Petróleo da Amazônia. Pois é, aí... Aí o senhor, depois o senhor voltou para trás... Pois é, aí eu fui... Eu já entrei para fazer esse curso de operador. De operador. Então, essa função de operador, eu sempre tive na Copan, Companhia de Petróleo da Amazônia e, posteriormente, na Petrobras, onde eu me aposentei na função de operador de processamento 3.
00:02:39 P/1 - O senhor é sindicalizado, senhor Nelson?
00:02:41 R - Sim.
00:02:42 P/1 - O senhor foi presidente do sindicato, é isso?
00:02:45 R - Fui presidente do sindicato durante 12 anos seguidos, equivalente a 4 mandatos de 3 anos.
00:02:55 P/1 - Que período foi?
00:02:56 R - Foi... De 1976 a 1987, como...
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Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Nelson Menezes Teixeira
Entrevistado por Cláudia Fonseca
Manaus, 02 de julho de 2003
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB196
Transcrito por Transkiptor
00:00:06 P/1 - Seu Nelson, eu vou pedir para o senhor dizer para a gente o seu nome completo, local e a data de nascimento.
00:00:30 R - Nelson Menezes Teixeira, Parintins, Amazonas, 31 de maio de 1934.
00:00:42 P/1 - E o senhor entrou quando na Petrobras, seu Nelson?
00:00:45 R - Eu entrei por intermédio da empresa que a Petrobras incorporou, Companhia de Petróleo da Amazônia. Na Companhia de Petróleo da Amazônia, eu entrei no dia 1º de março de 1956. A Companhia de Petróleo da Amazônia, Copan, foi incorporada pela Petrobras em 1972. A partir daí, através dessa incorporação, eu passei a ser empregado da Petrobras.
00:01:24 P/1 - Sr. Nelson, o senhor hoje está aposentado.
00:01:27 R - Sim.
00:01:28 P/1 - Mas qual era a sua atividade na época, tanto na Copan quanto na Petrobras?
00:01:33 R - Eu entrei, eu sempre fui operador de processamento. Quando eu entrei na Copan, eu entrei na condição de estagiário para fazer o curso de operador como estagiário por três meses. Como fui aprovado no estágio, Eu fui admitido na COPAN, Companhia de Petróleo da Amazônia. Pois é, aí... Aí o senhor, depois o senhor voltou para trás... Pois é, aí eu fui... Eu já entrei para fazer esse curso de operador. De operador. Então, essa função de operador, eu sempre tive na Copan, Companhia de Petróleo da Amazônia e, posteriormente, na Petrobras, onde eu me aposentei na função de operador de processamento 3.
00:02:39 P/1 - O senhor é sindicalizado, senhor Nelson?
00:02:41 R - Sim.
00:02:42 P/1 - O senhor foi presidente do sindicato, é isso?
00:02:45 R - Fui presidente do sindicato durante 12 anos seguidos, equivalente a 4 mandatos de 3 anos.
00:02:55 P/1 - Que período foi?
00:02:56 R - Foi... De 1976 a 1987, como presidente. Mas eu permaneci no sindicato até a minha aposentadoria em 1990.
00:03:17 P/1 - E nove, não é isso?
00:03:19 R - Não. Em 1990.
00:03:23 P/1 - 90?
00:03:24 R - É. Nesse último mandato, quando eu saí para exercer o mandato sindical em 76, eu me aposentei estando no sindicato, mas já o último mandato na função de tesoureiro. Como presidente, eu exerci 12 anos, que são quatro mandatos seguidos.
00:03:47 P/1 - Certo. E como é que era essa época do sindicato, senhor Nelson? Essa década de 60, 70 aliás, começo dos anos 80? Mas eram as grandes lutas do sindicato nesse período.
00:04:02 R - As lutas nossas, quando esse sindicato foi fundado na época da empresa privada, a Companhia de Petróleo da Amazônia, Copan, que era de um cidadão que era um grande empresário daqui, que era o senhor Isaac Sabá, cujo nome foi recentemente adotado pela Petrobrás. A refinaria de Manaus agora é a refinaria Isaac Sabá, a refinaria de Manaus Isaac Sabá. Então, O senhor Isaac Sabaio que fundou essa companhia de petróleo da Amazônia.
00:04:55 P/1 - E o senhor como presidente, o que o senhor pedia?
00:04:58 R - E desde essa época, a fundação, a companhia, a refinaria de Manaus começou a funcionar em 1957. Eu já, começou a funcionar em 1957, foi inaugurada no dia 4 de janeiro de 1957, com a presença do presidente da república, Juscelino Kubitschek. Existe uma placa dentro da refinaria, e hoje a refinaria de Manaus tem duas unidades, a antiga e uma nova. A nossa antiga tinha capacidade para refinar apenas 5 mil barris, mas naquela época, em 1956, nós demos partida, mas oficialmente ela foi inaugurada pelo Juscelino, como eu já disse, e nessa época, apesar da produção ser de 5 mil barris, a refinaria de Manaus abastecia todo o estado do Amazonas, o Pará e a Maranhão, e alguns, e algumas, e algumas cidades de alguns estados do Nordeste. Pois é, então, a nossa capacidade inicial de produção era de 5 mil barris diários.
00:06:35 P/1 - Mas o sindicato, senhor Nelson, como é que era?
00:06:39 R - Ah, sim, sobre o sindicato. O sindicato surgiu em 1960... Aliás, eu conferi com o Bilbo que eu não me lembrava se é...
00:06:50 P/1 - Mas eu queria saber da sua época.
00:06:51 R - Peraí.
00:06:52 P/1 - Porque o senhor era presidente.
00:06:53 R - Tô falando. Em 61, o sindicato foi... foi fundado. Sempre foi uma... um objetivo e uma reivindicação que era encampada pelo sindicato porque era uma reivindicação dos trabalhadores, nós passarmos a ser empregados da Petrobras. Naquela época, nós já desenvolvíamos uma campanha para que a Companhia de Petróleo da Amazônia fosse encampada pela Petrobras. E isso veio a acontecer no governo do Jango, do João Goulart. As medidas do governo João Goulart tinham caráter reformistas, ampliando ampliando as conquistas e os direitos dos trabalhadores. E essa era uma campanha do sindicato para fazer com que toda a atividade de petróleo se concentrasse no monopólio que era da Petrobras. Então, essa foi uma das campanhas que nós desenvolvemos nessa época. Tanto que o Jango saiu do governo, foi deposto em 64, E um dos atos que ele lavrou, que ele assinou, foi incorporando ao patrimônio da Petrobrás duas refinarias, a de Manaus e a refinaria de São Paulo, a RECAP. refinaria de capuava. Então, essa era uma campanha nossa, dos trabalhadores e do sindicato. Nós queríamos que a nossa empresa, que era privada, uma empresa particular, Como a maior empresa de petróleo era empresa estatal, nós queríamos que a empresa estatal incorporasse as empresas que estavam fora do monopólio, porque nós achávamos que era bom para a economia do país, da nação naquela época, achava-se que quanto mais se concentrasse a atividade de petróleo na Petrobras, mais ela cresceria, mais ela seria forte e teria mais poder. Então, isso ocorreu. Só que depois da deposição do Jango, o ato foi foi revogado pela revolução, pelo governo militar. E depois o nosso sindicato, bom, aí não houve, a incorporação foi desfeita por ato do governo militar, a encampação, e só... Só em 72 é que houve a compra das ações da Companhia de Petróleo da Amazônia, assim como lá em São Paulo, na refinaria de Capuágua. A Petrobras comprou as ações e passou a ser e incorporou. A Petrobras passou a ser majoritária, a maior acionista dessas empresas e por isso incorporou o seu patrimônio. E aí as lutas dos sindicatos se nivelaram ou se direcionaram, como a de todos os outros trabalhadores da indústria de petróleo, que já eram antigos empregados da Petrobras. Aí nós passamos a ter uma luta comum com os outros trabalhadores representados pelos sindicatos já existentes onde a Petrobras tinha atividade.
00:11:34 P/1 - Como é que foi a sua trajetória para chegar a presidente do sindicato?
00:11:40 R - Olha, a minha trajetória... Eu fui da época da fundação do Sindicato Nosso de Manaus, quando era a empresa privada. E eu falando com o Bill, ele falou que foi em 61. Então, eu fazia parte da diretoria, da primeira diretoria. Pois é, eu fazia parte dessa diretoria. Na época do governo militar, as pessoas tinham muito medo de sindicato, muito medo de pertencer, porque existia um clima de repressão. Essa repressão não era não era assim declarada, mas todo mundo sentia aquele clima de que existia proibição e opressão para ter a liberdade de o sindicato atuar. Então, por essa razão, O sindicato ficou quase que um órgão assim simbólico. E nessa época que eu vim para o sindicato, na década de 70, ainda era governo militar, ia haver eleição no sindicato. E é aberto um prazo para os associados apresentarem chapa. Não havia quem quisesse apresentar chapa para constituir uma chapa para disputar a eleição. E o prazo estava correndo. E eu tinha e eu tinha um colega que depois ele nem se aposentou, ele saiu. Ele era estudante de direito, como eu. E o prazo estava correndo, eu nem me interessava, mas esse colega, quando esse prazo já estava muito próximo, as pessoas começaram a se incomodar pelo fato de achar que não havendo nenhuma chapa inscrita, como é que ia ficar? O sindicato não ia ter continuidade? E isso passou a ser preocupação nossa, dos trabalhadores. Poxa, vai ser uma vergonha para nós se o sindicato não tiver nenhuma chapa concorrente. Então, eu acho que isso é que levou esse colega é a formar uma chapa. Quando já faltava, parece, uns dois ou três dias para o encerramento, e ele chegou comigo e disse, eu te coloquei na vice-presidência. Falou pra mim, eu digo, tá, tudo bem. Ele era o cabeça da chapa. Pois é, aí a chapa foi registrada e a eleição foi marcada. Só que, poucos dias antes da eleição, O sindicato e a empresa foram comunicados pela delegacia regional do Ministério do Trabalho no Amazonas de que os órgãos de segurança vetaram o nome do cidadão que era o presidente.
00:16:04 P/1 - Qual era o nome dele, seu Nelson? Você lembra?
00:16:07 R - Peraí. Danilo Gonçalves de Sousa. Pois é. O Danilo, na época, em setenta e... peraí. É, em setenta e seis. Nós já éramos formados em direito. Eu e ele. Nós somos da mesma turma.
00:16:33 P/1 - E aí então a delegacia disse que não podia ter eleição. Ele não poderia ser o candidato?
00:16:38 R - Ele não poderia concorrer.
00:16:40 P/1 - E o senhor continuou então?
00:16:43 R - Nós procuramos saber, falamos com a delegada do trabalho para saber de onde tinha partido isso. Aí ela disse que tinha partido dos órgãos de segurança, que não era do Ministério, era dos órgãos de segurança. Aí ela exibiu lá uma comunicação desses órgãos de segurança para, eu não sei se era o naquela época era CNI. SNI. SNI. Então, eu não sei... O certo é que ela disse que não era uma... Que eles não eram... A delegacia não era o responsável, que eles tinham recebido ordem para vetar o nome do Danilo. E até quando isso ocorreu e chegou o nosso conhecimento, eu me lembro que disse pra ele, tá vendo rapaz, tu fica falando besteira aí, tu fica falando demais, falando besteira, olha aí. Pois é, aí houve a eleição, já tinha sido confeccionada a célula e na célula constava o nome do Danilo, em todas as células havia um risco no nome dele. E, como eu era o vice na chapa, eu passei a ser, então, o candidato, a cabeça de chapa. Se processou a eleição, só tinha essa chapa, a chapa única, e, pois é, aí eu fui eleito. Eu até comentava com as pessoas, eu digo, eu estou aqui por acaso, eu vim para cá por um acidente, por circunstâncias, aí eu contava essa história. Um colega, o Danilo, foi vetado e eu era o segundo nome, o visto na chapa, e foi assim.
00:19:01 P/1 - Então tá bom. Seu Nelson, o que você acha desse projeto de memória dos trabalhadores da Petrobras?
00:19:08 R - Eu acho que tudo quanto diz respeito à memória de um povo é importante. E, às vezes, a gente ouve referências a isso aí, de que o brasileiro é um povo sem memória. Como os tempos mudam e essas verdades vão se tornando evidentes e exercendo forte influência, eu acho que isso já foi uma constatação, uma verificação de quanto um povo tem que ter memória e, no caso do Brasil, uma empresa tão importante como é a Petrobras, isso aí é de um valor muito grande, um valor que só a história vai julgar.
00:20:20 P/1 - Tá bom, então. Senhor Nelson, muito obrigada pela sua entrevista.
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