Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Ivandro Kolling
Entrevistado por Cláudia Fonseca
Manaus, 02 de julho de 2003
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB192
Transcrito por Transkiptor
00:00:06 P/1 - Sr. Ivandro, me diz, por favor, seu nome completo, a data de nascimento e a cidade.
00:00:27 R - Ivandro Kolling, nascido 10 de 1 de 48, nascido em Petrópolis, estado do Rio de Janeiro.
00:00:37 P/1 - O senhor é aposentado da Petrobras, não é?
00:00:40 R - Sou aposentado.
00:00:42 P/1 - Você aposentou em...?
00:00:43 R - 1994.
00:00:45 P/1 - E tinha entrado em uma empresa?
00:00:47 R - Em 1971.
00:00:49 P/1 - Quando ainda não era a Petrobras.
00:00:50 R - Não era a Petrobras, era a Copanha. O que é?
00:00:53 P/1 - Copanha?
00:00:53 R - Copanha, Companhia de Petróleo da Amazônia.
00:00:56 P/1 - E ela foi incorporada pela Petrobras?
00:00:58 R - Pela Petrobras, logo depois.
00:01:00 P/1 - E desde então, o senhor está na Petrobras?
00:01:03 R - Passei a ser da Petrobras.
00:01:05 P/1 - Na Petrobras, então desde 1972, é isso?
00:01:07 R - Desde 1973, mais ou menos. Até 1994.
00:01:13 P/1 - Quando o senhor se aposentou, qual era o seu cargo na Petrobras?
00:01:19 R - Era operador de processamento 1.
00:01:23 P/1 - O que faz o operador de processamento?
00:01:25 R - É o operador que trabalha no processo, na destilação. Na área de processo.
00:01:31 P/1 - Ele controla a transformação do petróleo?
00:01:35 R - Do petróleo em seus derivados.
00:01:37 P/1 - Quais são os derivados?
00:01:39 R - É gasolina, nafta, querosene, diesel e o óleo cru, a borra do petróleo, que vai ser dividida para se formar o asfalto.
00:01:57 P/1 - Nesse período todo na Petrobras, teve alguma coisa mais, teve alguma fase do trabalho, algum fato do trabalho que foi mais marcante?
00:02:06 R - É meio difícil de falar porque tem coisa marcante que a gente nunca vê muita coisa, né? Então, eu não, particularmente...
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Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Ivandro Kolling
Entrevistado por Cláudia Fonseca
Manaus, 02 de julho de 2003
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB192
Transcrito por Transkiptor
00:00:06 P/1 - Sr. Ivandro, me diz, por favor, seu nome completo, a data de nascimento e a cidade.
00:00:27 R - Ivandro Kolling, nascido 10 de 1 de 48, nascido em Petrópolis, estado do Rio de Janeiro.
00:00:37 P/1 - O senhor é aposentado da Petrobras, não é?
00:00:40 R - Sou aposentado.
00:00:42 P/1 - Você aposentou em...?
00:00:43 R - 1994.
00:00:45 P/1 - E tinha entrado em uma empresa?
00:00:47 R - Em 1971.
00:00:49 P/1 - Quando ainda não era a Petrobras.
00:00:50 R - Não era a Petrobras, era a Copanha. O que é?
00:00:53 P/1 - Copanha?
00:00:53 R - Copanha, Companhia de Petróleo da Amazônia.
00:00:56 P/1 - E ela foi incorporada pela Petrobras?
00:00:58 R - Pela Petrobras, logo depois.
00:01:00 P/1 - E desde então, o senhor está na Petrobras?
00:01:03 R - Passei a ser da Petrobras.
00:01:05 P/1 - Na Petrobras, então desde 1972, é isso?
00:01:07 R - Desde 1973, mais ou menos. Até 1994.
00:01:13 P/1 - Quando o senhor se aposentou, qual era o seu cargo na Petrobras?
00:01:19 R - Era operador de processamento 1.
00:01:23 P/1 - O que faz o operador de processamento?
00:01:25 R - É o operador que trabalha no processo, na destilação. Na área de processo.
00:01:31 P/1 - Ele controla a transformação do petróleo?
00:01:35 R - Do petróleo em seus derivados.
00:01:37 P/1 - Quais são os derivados?
00:01:39 R - É gasolina, nafta, querosene, diesel e o óleo cru, a borra do petróleo, que vai ser dividida para se formar o asfalto.
00:01:57 P/1 - Nesse período todo na Petrobras, teve alguma coisa mais, teve alguma fase do trabalho, algum fato do trabalho que foi mais marcante?
00:02:06 R - É meio difícil de falar porque tem coisa marcante que a gente nunca vê muita coisa, né? Então, eu não, particularmente pra mim, não. É porque nós ficamos praticamente isolados, né? Nós só viemos para trabalhar e depois a gente retorna. Ninguém fica, ninguém pode. Principalmente quando a gente trabalha de noite, de zero hora, você já sai pra casa. Você não tem convívio muito com as pessoas do administrativo. Você passa meses sem vir até o refeitório, porque você almoça lá. Então o convívio é diferente. A diferença é você. Um convívio lá é uma e aqui no administrativo é outro.
00:02:55 P/1 - Trabalhava em turnos de revezamento?
00:02:57 R - Trabalhava de revezamento.
00:02:59 P/2 - Mas dentro do trabalho mesmo, alguma situação curiosa, mais marcante, alguma história interessante?
00:03:07 R - Olha, é isso aí que eu ia falar nisso. A gente escuta muitas coisas dos antigos, né? Muitas coisas que se passaram e tal, mas presenciar assim, não, só...
00:03:21 P/1 - Nesse período todo não houve nenhum grande acidente?
00:03:24 R - Olha, eu... Onde eu trabalhava, quer dizer, no meu turno, no turno que eu trabalhava, nunca havia, não. Não havia assim, coisa feia, não.
00:03:36 P/1 - O senhor é nascido em Manaus mesmo?
00:03:38 R - Não, eu nasci em Petrópolis, Estado do Rio.
00:03:40 P/1 - O senhor tinha me dito que o seu pai trabalhou também na... Meu pai.
00:03:44 R - Trabalhou na Copan, 10 anos na Copan.
00:03:47 P/1 - E ele saiu quando já era Petrobras?
00:03:48 R - Não, ele não saiu, ele faleceu. Faleceu com 10 anos de Copan. Nós chegamos em Manaus em 56, em 66 ele faleceu. Aí eu vim trabalhar em 71, na Copan. Fiquei nesse tempo todinho aqui, não saí. Eu quis ir para o Urucu, mas como eu estava próximo, como veio a aposentadoria, eles não deixaram eu... não solicitaram, né?
00:04:18 P/1 - Você chegou a conhecer a operação aí?
00:04:20 R - Não, no Urucu não, não cheguei a ver, não. A gente tem noção, porque trabalhou aqui, né? A gente sabe o que é, mas de ver, não.
00:04:33 P/1 - Depois que o senhor se aposentou, manteve alguma relação com o sindicato?
00:04:39 R - Não, eu sou sindicalizado. Já fui diretor de sindical, já me candidatei a presidente do sindicato, mas depois, quando me aposentei, passei a ser só membro mesmo do sindicato.
00:04:54 P/1 - Mas participa de alguma atividade?
00:04:56 R - Não, não, não.
00:04:58 P/1 - O senhor foi diretor em que período?
00:05:02 R - Eu fui diretor no período do... Nossa, o ano é que eu não tô bem... Foi do Nelson Menezes. Ele tá até aí, pá. Nelson Menezes Teixeira.
00:05:15 P/1 - Em que década foi isso?
00:05:17 R - Se não me engano, foi até 88, por aí assim.
00:05:32 P/1 - O que foi para você trabalhar na Petrobras?
00:05:38 R - Foi bom, foi tipo uma continuidade, porque antes de eu trabalhar, quando meu pai trabalhava, a refinaria era dividida em operação e manutenção. Então ele trabalhava na manutenção, Um estágio muito alto na manutenção. E nós vimos muito aqui na refinaria. A família toda à noite ele trazia, né? Então a gente convive na refinaria assim desde pequeno. Desde que eu cheguei em Manaus que eu passei na refinaria. que em Manaus eu era deficiente em iluminação. E aqui tinha, nós trazíamos livro para estudar e tal. Eu estudava aqui e ia embora para casa. Mas aí foi por isso. E a gente vai tomar, o que eu estava dizendo para o Filipe, a gente toma uma afinidade e a gente se sente assim, sabe? um pouco, um pé enfiado aqui.
00:06:35 P/1 - Desde a infância, o senhor já pensava em trabalhar depois?
00:06:38 R - Ah, eu sempre pensei, né? Sempre pensei. Tanto quando a morte do falecimento do meu pai, nós fomos chamados pra trabalhar. Só que o impacto foi muito grande, né? Então, nós nos retraímos. Eu e meu irmão ficamos assim, não, deixa. Aí passou um tempo, aí...
00:06:57 P/1 - Na época em que ainda era copão, né?
00:06:59 R - Ainda era copão, exatamente. Ainda era copão. Era, era a companhia de petróleo da Amazônia.
00:07:09 P/1 - Que foi quem fez essa refinaria.
00:07:11 R - Que foi o início dela, né? Foi o início. Tanto que até deu uns retratos com... Era muito pequenininha a refinaria, ainda estava... Até o sindicato, o sindicato ia remeter pra vocês. É, né?
00:07:35 P/1 - Qual a importância que o senhor dá a esse projeto de preservação da memória dos trabalhadores?
00:07:42 R - Eu acho muito bom, sabe? Eu acho porque muita gente diz que quando o aposentado morre, quando sai aposentado, acabou, né? Ele praticamente é esquecido e tal. Dá uma massagem na gente pra gente ter uma certa relação. Poxa, eu fui chamado, me convidaram pra falar alguma coisa e eu... Fica satisfeito, né? Vê que ele tem um pouquinho de valor, porque a gente se aposentar e ficar esquecido num canto é triste, né?
00:08:20 P/2 - Muito triste.
00:08:25 P/1 - Tá bom, Silvandro.
00:08:29 R - Não, não, não. Histórias não tem muita coisa não, porque as histórias passaram antes de mim. Então as pessoas têm, tem gente aí que sabe mais coisas do que eu, do início, essas coisas que a gente Eu já sei porque é contrário para os outros e as minhas poucas coisas. Vai se modificando muito, né? Ah, eu acompanhei, não. Eu tenho a refinaria na cabeça como ela desde o começo. Modificações que eu vou ver agora.
00:09:04 P/2 - E como foi essa mudança da Copan, só retornando agora um pouquinho, da Copan para Petrobras? Foi significativa?
00:09:11 R - Olha, eu vou lhe dizer uma coisa. Para mim, não foi boa. Porque nessa corporação da Copan para a Petrobras, há muitas coisas distorcidas. Eu tinha uns valores e para a Petrobras foram menores, quer dizer, diminuíram. Então, para mim não foi. Quem entrou pela Petrobras teve mais vantagens do que eu. ganhou mais. Mas isso foi questão de administração, na hora de passar, na hora de rever as coisas. Todos nós fomos transferidos da Copan para Petrobras. E no passar, em questão financeira, eu fui um pouco prejudicado. O trabalho? Não, o trabalho. Ele modificou também, né? Porque a Copan, por ser uma iniciativa privada, nós tínhamos muito mais vantagens. Muito mais vantagens, muito mais qualidade também. Eu acho que era assim. Eu não posso fazer nada. Passamos para a Petrobras, né? Mas a Copan era... Sem resta de dúvidas, sem nenhum erro. Foi muito melhor do que a Petrobras. Não sei se hoje seria. Não sei se hoje seria melhor do que a Petrobras.
00:10:54 P/2 - O que o senhor achou dessa parceria da empresa com o sindicato?
00:10:59 R - Eu acho interessante. Três anos eu perdi três pessoas da minha família. Minha mãe, minha irmã e meu irmão ano passado. E eu estava revendo fotos lá em casa. Limpando, né? E aí eu achei uma poção dessas fotos. Pra mim praticamente não... Não vai servir. Aí eu levei ao sindicato. Falei com o Bil, e o Bil disse não. Aí ele falou no projeto. Eu disse, olha, tá aqui, é uma boa, porque o sindicato parece que ele vai ter um negócio de exposição lá, permanente. E eu disse, olha, ou dá. Porque praticamente pra mim eu não vou usar. E pra mim jogar fora eu não quero.
00:11:42 P/1 - Se vão preservar lá.
00:11:45 R - É, exatamente. Aí ele pegou e disse, não, traz pra quando eu levei e tal. E foi assim. Então a gente espera que seja um bom trabalho, que seja feito, que a gente seja... Eu vou fazer uma observação a respeito que nós temos a Petros, não sei se você conhece, aquele jornalzinho da Petros, e eu nunca vejo destaque daqui da nossa região, a não ser do Urucu. O Urucu é a bola da verde. Urucu é petróleo, é gás, é não sei o quê e tal. Mas assim, uma foto, como a gente vê geralmente, pessoas aposentadas, fora, no clube, uma coisa, a gente não vê. Eu sinto muito isso. Eu só leio algumas coisas assim que me dão importância. Fora disso, eu não leio, não.
00:12:35 P/1 - Muito obrigado, senhor.
00:12:39 R - Ah, obrigado também de poder participar desse projeto, tá?
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