Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento do senhor Heraldo Pamplona
Entrevistado por Márcia de Paiva
Macaé 10 de junho de 2008.
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista nº PETRO_CB387
Transcrito por Rosângela Maria Nunes Henriques.
P/1 – Bom dia senhor Heraldo, eu gostaria de começar a entrevista pedindo que o senhor nos diga seu nome completo, local e data de nascimento?
R – Meu nome completo é Heraldo Raimundo Pinto Pamplona nasci em Açores Estado do Pará no dia 20 de fevereiro de 37.
P/1 – E me diga qual é a sua formação?
R – Olha a minha formação é Engenharia Civil, quando eu completei o curso de Engenharia Civil eu fiz o curso de extensão que a Petrobrás proporcionava pros seus engenheiros na Bahia, o curso em Geologia de Petróleo. Depois trabalhei uns dois ou três anos fui aos Estados Unidos para fazer um curso de Estratigrafia e voltando dos Estados Unidos passei por vários grupos de trabalho voltado sempre da interpretação de Bacia voltado para a profissão de geólogo. Até que certa feita no ano de, se não em engano, 72 quando eu voltei dos Estados Unidos eu fui convidado para integrar a administração superior e fui trabalhar como assistente do então superintendente do departamento de exploração e produção que era o Carlos Valter Marinho Campos.
P/1 – Senhor Heraldo eu só quero voltar um pouquinho, o senhor já até partiu da sua formação, o senhor já falou da Petrobrás eu gostaria de saber qual é o ano de entrada na Petrobrás?
R – Foi em 57, mais precisamente 06 de agosto de 57, eu ainda era estudante de Engenharia.
P/1 – Então após a sua formação o senhor fez a ida para os Estados Unidos também ligado a Petrobrás?
R – Sempre ligado a Petrobrás só eu diria um detalhe nessa época a Petrobrás estava se implantando na Amazônia, então a carência de mão de obra era muito grande. E a maior parte dos dirigentes da Petrobrás era mão de obra estrangeira, eram...
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Depoimento do senhor Heraldo Pamplona
Entrevistado por Márcia de Paiva
Macaé 10 de junho de 2008.
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista nº PETRO_CB387
Transcrito por Rosângela Maria Nunes Henriques.
P/1 – Bom dia senhor Heraldo, eu gostaria de começar a entrevista pedindo que o senhor nos diga seu nome completo, local e data de nascimento?
R – Meu nome completo é Heraldo Raimundo Pinto Pamplona nasci em Açores Estado do Pará no dia 20 de fevereiro de 37.
P/1 – E me diga qual é a sua formação?
R – Olha a minha formação é Engenharia Civil, quando eu completei o curso de Engenharia Civil eu fiz o curso de extensão que a Petrobrás proporcionava pros seus engenheiros na Bahia, o curso em Geologia de Petróleo. Depois trabalhei uns dois ou três anos fui aos Estados Unidos para fazer um curso de Estratigrafia e voltando dos Estados Unidos passei por vários grupos de trabalho voltado sempre da interpretação de Bacia voltado para a profissão de geólogo. Até que certa feita no ano de, se não em engano, 72 quando eu voltei dos Estados Unidos eu fui convidado para integrar a administração superior e fui trabalhar como assistente do então superintendente do departamento de exploração e produção que era o Carlos Valter Marinho Campos.
P/1 – Senhor Heraldo eu só quero voltar um pouquinho, o senhor já até partiu da sua formação, o senhor já falou da Petrobrás eu gostaria de saber qual é o ano de entrada na Petrobrás?
R – Foi em 57, mais precisamente 06 de agosto de 57, eu ainda era estudante de Engenharia.
P/1 – Então após a sua formação o senhor fez a ida para os Estados Unidos também ligado a Petrobrás?
R – Sempre ligado a Petrobrás só eu diria um detalhe nessa época a Petrobrás estava se implantando na Amazônia, então a carência de mão de obra era muito grande. E a maior parte dos dirigentes da Petrobrás era mão de obra estrangeira, eram geólogos estrangeiros que a Petrobrás contratava, não só geólogos como geofísicos também. E eles deram prioridade a turma de Engenharia felizmente ou infelizmente nessa época a minha turma de Engenharia foi a menor de toda a história da Escola de Engenharia da Universidade do Pará nós tínhamos 12 alunos só. Foi um vestibular sério nessa época não é que eu não quero dizer que os outros não tenham sido sérios, mas foi também o vestibular que teve segunda época, segunda chamada. E com isso o mercado de trabalho ficou reduzido para os interesses que a Petrobrás tinha na época que era recrutar estudante de Engenharia e naquela época também a maioria dos estudantes quando estava no quarto ano, quinto ano já estavam focados para seus empregos fora. Então o mercado de trabalho estava favorável pro estudante e a Petrobrás proporcionou pra nós estudar contanto que naquele tempo de Excrecionário que não era as oito horas durante o dia você trabalharia na empresa. E eu escolhi a parte de Geologia, porque já estava acostumado com o trabalho de campo, né? Também por dominar razoavelmente naquela época a língua inglesa então houve facilidade. Conclusão quando chegava época das férias aí os geólogos pediam para que eu fosse pro campo, porque eu auxiliava lá nos trabalhos de rotina.
P/1 – Isso na Bahia?
R – Não isso todo tempo na Amazônia.
P/1 – Isso já na Amazônia o senhor fez o curso e foi pra Amazônia?
R – Não eu estava trabalhando como estudante de Engenharia na Petrobrás na Amazônia. Quando eu me formei em 63 engenheiro civil um anos depois eu fui pra Bahia fazer o curso de Geologia de Petróleo aí passei um ano em Salvador. Voltei pra Belém novamente fiz vários trabalhos de interpretação de bacias e depois eu fui aos Estados Unidos, fui pros Estados Unidos aí me deram uma missão relativamente fácil foi centralizar todos os laboratórios de Extratigrafia e Paleontologia no Rio. Isso implicava em deslocar técnicos da Bahia, técnicos da Aracaju, Sergipe e Ponta Grossa onde a Petrobrás tinha esses laboratórios. Então para você ter uma idéia naquela época todo mundo estava estabelecido, implantado a turma de Ponta Grossa então com um padrão de vida espetacular. A vida lá era mais em conta e o salário da Petrobrás era um salário compensativo, entendeu? Não foi fácil deslocar essa turma de lá pro Rio pagando salário, pagando aluguel que muitas vezes equivalia ao salário que o cara ganhava em Pontas Grossa. Mas felizmente implantamos ali na Rua da Passagem onde funcionou o SEMPS esses laboratórios, treinamos vários em Estratigrafia de calcário e naquela época tinha sido descoberto um reservatório de calcário aqui na Bacia de Campos em Garoupa. Depois disso passei para administração achei uma vida muito sedentária pedi para voltar pro campo e vim para Macaé.
P/1 – Então Garoupa já tinha sido descoberta por volta de 74 ou 75...
R – 75 por aí.
P/1 – Aí o senhor veio morar em Macaé?
R – Eu vim morar em Macaé. A expectativa era... Eu queira ir para o Espírito Santo para São Mateus, porque lá tinha uma equipe ______ , tinha equipe de Geologia também por lá, mas aí me mandaram pra cá, porque havia carência de gerência aqui na área de transporte. Aí o então superintendente adjunto que foi o Falcão Hélio Lins de Marinho Falcão “oh rapaz eu preciso de você lá, você não vai pro Espírito Santo nem nada eu preciso de você lá” “Falcão eu não entendo nada de transporte” “vais aprender lá.” Aí nessa época, veja só, até hoje eu sou lotado lá no rio lá na exploração como geólogo passei emprestado para perfuração aí fiquei um tempão lá na perfuração nessa parte de... Era a antiga Ditran Divisão de Transporte. Depois eu passei pra produção nesse tempo era o Alceu o superintendente trabalhei no suprimento aqui e finalmente depois do suprimento eu passei para inspeção submarina que até hoje eu ainda estou agora também na produção.
P/1 – Senhor Pamplona me conta como estava Macaé naquele momento? A própria Bacia de Campos? Vamos falar primeiro até do complexo da Petrobrás aqui como era a estrutura nesse início da Bacia?
R – Olha eu vou...
P/1 – Quais eram as expectativas?
R – As expectativas não eram muito favoráveis que pesem a descoberta de óleo em Garoupa justamente por causa disso que o óleo em garoupa era nos carbonatos e esse tipo de reservatório nós não dominávamos perfeitamente nessa época, né? Então estava aquela incerteza se ia dar certo ou não qual era a perspectiva, um outro ponto ponderável também é que a tecnologia de investigação geológica principalmente a sísmica não estava tão desenvolvida como está atualmente com o sistema 3D que você tem uma visualização bem melhor dos refletores em superfície. Era... Existiam dúvidas, mas felizmente com a visão do Carlos Walter ele apostou na Bacia de Campos. Isso ninguém tira o mérito do cara apostou firme.
P/1 – Contrário às expectativas?
R – E hoje em dia está aí, contra fatos não há argumentos foi muito bom. Então veja só para você ter uma idéia eu vinha da minha casa já do Mirante da Lagoa até o escritório para você ver a tranqüilidade que era Macaé...
P/1 – Em Ibetiba?
R – Ibetiba nove minutos. Certa feita eu já levei duas horas e meia para sair de Ibetiba pra casa porque houve um acidente e congestionou tudo. As ruas de Macaé continuam as mesmas, mas em compensação a população acho que até quadruplicou, quintuplicou, então essa parte de infra-estrutura a cidade é carente é uma cidade que é uma maravilha em termos de meio ambiente. Poderia proporcionar uma qualidade de vida bem melhor pros seus habitantes, mas infelizmente nós estamos sofrendo com isso.
P/1 – O senhor pode acompanhar,né?
R – Nesses 20 e poucos anos a gente nota que essa evolução coisas tristes como essa nossa lagoa aqui de Imboassica morrendo pouco a pouco simplesmente por falta de cuidado. Uma coisa simples uma dragagem da lagoa para revitalizar a lagoa.
P/1 – E dentro da estrutura da Petrobrás o corpo de funcionários aqui nessa época que o senhor chegou como que a gente pode assim ter uma idéia de como ele se conformava?
R – Olha a Petrobrás ofereceu uma política muito boa, porque presta atenção como eu disse a exploração da Petrobrás estava centrada no nordeste Salvador principalmente na Bahia, Aracaju alguma coisa lá no Norte e no Espírito Santo. Para você deslocar essa turma para uma nova região você tinha todos esses problemas de infra-estrutura como qualquer um de nós que formos mudar para qualquer outro lugar é casa, moradia, colégio de criança e esse negócio todinho. Eu me lembro que nessa época era o CG serviço de engenharia fez um estudo extraordinário para implantar uma espécie de um condomínio, um bairro para contemplar esses petroleiros que viriam de outras áreas e conversa vai, conversa vem conclusão, consultados os interessados, os clientes, né? Eles optaram por uma outra alternativa era que a Petrobrás pagasse uma determinada quantia equivalente a um aluguel durante um período X e ficava por conta dele e com isso muita gente, vamos dizer assim, uma atração para várias pessoas que vieram... Aceitaram vir de outras áreas para Macaé se implantaram aqui... Esses cavaleiros aqui que você vê u tinha um ou outro era tudo praia era um loteamento que tinha uma ou outra casa dispersa. Hoje em dia é uma cidade, uma bairro novo.
P/1 – E aí então o senhor ficou lotado na perfuração?
R – Eu comecei na perfuração... Primeiro eu vim para a exploração depois nessa fase que eu ia para Espírito Santo, depois passei para perfuração quando eu estava terminando a perfuração me chamaram novamente pro Rio que estavam precisando de mão de obra lá aí eu falei pro Alfeu “puxa Alfeu tu não tem um lugarzinho de jardineiro aí pra nós” pra mim voltar pro Rio depois que eu estou implantado aqui ele falou: “pô careca tu vai pra lá se você quiser” aí eu falei: “liga lá pro meu chefe”, porque nesse tempo eras o ________ o meu superintendente, né? Ele falava se acertava e eu fiquei por aqui.
P/1 – E quais eram os desafios da Bacia nesse momento que o senhor chega?
R – Nessa época? Olha eu vou lhe dizer agora tudo é fácil depois que você consegue colocar o ovo em pé tudo é fácil, nessa época a Petrobrás estava lançando as plataformas fixas Namorados, Cherne, Garoupa, Enchova a famosa torre de enchova uma torre suspensa que não foi bem sucedida, mas a expectativa maior estava na parte mais funda da Bacia porque nessas alturas a Geologia começou a conhecer melhor a estrutura arquitetônica da Bacia, o comportamento estrutural da bacia e a turma da exploração acenou que os melhores locais, melhores sítios para prospecção estava em água mais profunda naquela época cem metros era água funda Deus me livre, 300 metros já era água funda, agora dois mil metros você chega lá com um certo conforto, entendeu? Na minha área de atuação que é atuar só em situações de emergência para reparo do submarino, do turino.
P/1 – Isso a sua atividade atual?
R – É Atual.
P/1 – Então o senhor pode repetir, por favor? Fazer a reparação?
R – É fazer reparo de duto submarino em caso de emergência, por exemplo, se Deus me livre um tubo, uma tubulação dessas rebentar como já aconteceu na parte mais rasa de 100 metros, jogar uma âncora e perfurar a tubulação. Então nós temos que agir de imediato para evitar contaminação do meio ambiente, a segurança das instalações, porque óleo no mar isso é perigoso e preservar acima de tudo a vida humana, né? Então nós estamos preparados para fazer essas intervenções, geralmente é com mergulhador, era geralmente com mergulhador, porque a partir de 300 metros você não pratica mais o mergulho saturado. Mas em compensação a Petrobrás começou a saturar por águas cada vez mais fundas como eu estou dizendo para entupir na minha fala de 50 anos aí eu digo: “outras tribos virão” não é só o Tupi, Tupi Guarani, Tupiniquim e está acontecendo, né? Tudo na faixa de quase 2000 metros, 1800, 2000 metros. Passou-se então para uma outra técnica a remota, quer dizer você o mergulhador não interfere diretamente nos equipamentos é feito através... Com o auxílio do ROV, ROV é um robô que tem sete funções pelo menos, né? Para fazer o reparo de duto principalmente com substituição de trecho, cortar o duto colocar um novo lá isso não existia até agora que eu saiba não existe no mundo. Então nós andamos por vários locais, vários países Estados Unidos, Europa principalmente na Noruega para ver se tinha alguma tecnologia similar que nós não queríamos passar para inventar a roda, né? Mas conclusão o resultado não foi satisfatório, então isso nos levou a desenvolver uma tecnologia própria só nós até agora.
P/1 – E qual foi o seu maior desafio? Esse era o desafio geral da Petrobrás, né?
R – Não esse foi nosso.
P/1 – É seu também?
R – Esse foi nosso que o patrão chegou... Nós estamos aqui a 300 metros e 300 metros é o que chama mamão com açúcar, né? Esse plano de contingência que era restrito a Bacia de Campos hoje a gente opera na costa brasileira todinha e já fizemos até reparo no exterior lá no Uruguai. Agora depois dos 300 metros a coisa era mais complicada, mas com experiência que nós adquirimos nesses 300 metros nós pudemos passar... Engenheirar os equipamentos para operar remotamente até 3000 metros isso aqui nós conseguimos, graças a Deus.
P/1 – É uma emoção, né? E as dificuldades também nesse dia a dia... Ultrapassar esse desafio?
R – Eu vou te dizer uma coisa se não houver dificuldade a coisa não presta muito fácil não tem jeito não te estimula é bom quando é difícil, quando você consegue visualizar solução e realizar estar junto com seu colega.
P/1 – E tem alguma assim que o senhor se lembre que até vocês conseguirem... O senhor conseguiu foi bacana enfrentar? Ultrapassar? Alguma marcante?
R – Olha eu vou te dizer uma aí, tem um duto aqui isso nós estamos é bom a pessoa se lembrar em 92, em 92 a Bacia de Campos ela respondia com cerca de 65 a 70% da produção nacional de óleo e tem um duto aqui o Enchova Ponto A uma tubulação rígida de 24 polegadas que uma embarcação lançou âncora e danificou. Foi feita a inspeção e constatou realmente que a tubulação tinha sido danificada aí começaram as negociações que conseguisse uma maneira de fazer o reparo sem parar a produção, porque nesse duto passava um volume considerável de óleo e você... Logo depois dessa crise, da primeira crise do óleo lá na década de 70 ficar privada de uns 300 mil barris por dia era um choque grande, né? Bom com isso levou, passou-se um ano e quando decidiram fazer um grauteamento, quer dizer revestiu o duto com concreto o mergulhador foi lá e já estava gotejando óleo das trincas da tubulação. Bom é isso que eu digo: “Deus é brasileiro e petroleiro” o ROV em cima, o barco em cima foi quando começou a sair, isso eram mais ou menos umas nove horas da noite e quando chegou três horas da madrugada já estava jato de petróleo saindo, porque o duto trabalha fica em movimento pára, pára, pára. Bom, conclusão toda aquela idéia de fazer o glauteamento o revestimento com concreto foi por água a baixo aí entrou a turma da contingência “olha agora a vez é tua vocês não fazem esse tipo de reparo” “vamos embora seja lá o que Deus quiser” preparamos os equipamentos todos e fomos fazer o reparo. Como sempre essas coisas acontecem sempre no final de semana ou então perto dos grandes feriados era até de Natal, né? Aí nós fomos lá preparamos a tubulação e aguardamos a ordem para cortar você autorizou o corte? Ninguém queria autorizar o corte do duto e o duto já estava limpo, lavado como se diz, né? Sábado véspera ou antevéspera de Natal aí a Petrobrás ficou vazia quem dá ordem, ninguém corta, não chegou ordem para cortar eu disse: “quer saber de uma coisa passa cerol nisso aí e vamos cortar o duto” para encerrar a história fizemos o reparo graças a Deus. E quando chegou no dia 26 tinha essa festa de confraternização da antiga era GSUB que agora é o MIR, né? Desembarquei o duto estava produzindo foi testado e tudo direitinho, aí quando o meu chefe chegou que era o Formini “oh rapaz o que ta fazendo aqui, você não devia estar embarcado” “o reparo está pronto, está terminado” “porra cara então vamos tomar uma cerveja” foi o maior barato, foi legal mesmo. São esses os desafios. Tem alguns problemas aí que ocorrem como agora a Petrobrás está em litígio com uma empresa estrangeira tentando corrigir uma situação que não foi bem feita, né? Pra você ter uma idéia essa situação representa as conexões do nosso duto flexível entre 900 a 1000 metros, por um processo de fragilização os estojos dos parafusos quebram e com isso põe em risco a integridade da linha principalmente estamquedar pode vazar óleo pro mar, embora a pressão hidroestática seja maior do que a pressão interna do duto, né? A situação era como substituir esses estojos a 1000 metros a 980, 1000 metros.
P/1 – Estojos são as conexões?
R – São os parafusos. Bom, nós bolamos uma ferramenta e hoje em dia nós já substituímos uns 160 parafusos.
P/1 – Bolada por vocês?
R – Bolada por nós.
P/1 – Pela sua equipe?
R – É pela nossa equipe.
P/1 – Substituíram perdão, quantos parafusos?
R – 160 parafusos, é dessa ordem ou talvez um pouco mais.
P/1 – Lá no fundo do mar?
R – No fundo do mar e com isso a gente assegura a continuidade da produção isso e outras coisas mais principalmente no nordeste quando tem... No nordeste tem duto mais velho do que eu, então precisa ser recomissionado como se diz dar um trato no duto. Isso muitas vezes implica também em seccionar o duto e colocar um pedaço novo a gente vai lá e faz pra eles, eles ficam satisfeitos.
P/1 – Senhor Pamplona, o senhor trabalhava embarcado ou só ia fazer a vistoria, como é que era também o seu cotidiano?
R - Agora eu vou lhe dizer quem viu a Petrobrás uns anos atrás e vê agora isso aqui é um paraíso, começa por esse tipo de folga de 14 por 21 eu particularmente eu sou contra porque eu acredito que essa ausência dos técnicos por um período tão longo acaba prejudicando e o fato é que na realidade se você fizer uma conta 14 por 21 dá quanto? 35, né? Se você em 35 dias você trabalha 14 em 365 dias veja só quanto tempo você vai trabalhar, além do mais ainda tem as suas férias. Então na realidade por ano você vai... O embarcado nesse nosso regime trabalha uns quatro meses.
P/1 – Mas o senhor trabalhou embarcado?
R – Trabalhei embarcado.
P/1 – Aí ficava direto? Como é que era essa sensação também? Como é que foi a primeira sensação de embarcado? Foi aqui ou foi...
R – Não foi lá na Amazônia. Quando nós embarcávamos lá o regime de embarque era 90 por 15 era 3 por 1 esses 90 dias embarcado era no papel, porque na realidade dependia das condições do avião do hidroavião que era o Catalina de chegar até a tua sonda para poder trazer de volta.
P/1 – Esse pedaço a gente tinha que fazer uma entrevista inteira só pra esse, né? Lá desses vôos do Catalina nessa época, porque hoje a gente está focando mais na Bacia de Campos, mas enfim...
R – Mas veja só o que eu quero dizer é a sensação, hoje em dia quando você vai numa plataforma eu vou lhe dizer existem plataformas aqui, não digo mordomia, porque a pessoa merece ter o conforto pelo menos idêntico ao da sua casa. Mas tem plataformas que muitas vezes a minha casa deixa desejar o conforto que ela me proporciona não é brincadeira. Eu digo pelo seguinte você lá tem comida, cama preparada, você se dedica a sua atribuição lá em casa eu faço a minha comida, preparo a minha cama, ajudo a madame encrenca lá para arrumar a casa, entendeu?
P/1 – O que mudou da estrutura das plataformas lá daquele inicio pra agora assim, como é que era aquele inicio? Era diferente?
R – Diferente que você quer dizer em termos de quê?
P/1 – Não sei em termos de o que o senhor vê de diferença daquela época para hoje?
R – Olha a tecnologia mudou bastante, mudou extraordinariamente e felizmente para melhor, mudou bastante, naquela época você trabalhava em campo trabalhava no campo que eu digo se fosse na Bacia, no Maranhão, na Amazônia, na floresta mesmo, agora no mar você não tem poeira, não tem lama para te perturbar é um padrão de vida que no meu ponto de vista não tem termo de comparação é melhor você sai daqui você se dá ao luxo de sair daqui num helicóptero pode ira na sonda e voltar no mesmo dia, ainda dormir em casa, mas eu já passei grandes períodos embarcado trabalhando no campo eu peguei malária, não só eu como os outros e ninguém morreu não todo mundo está vivo.
P/1 – E aqui na sua primeira ida mar a dentro? Como foi?
R – Aqui é tranqüilo.
P/1 – Mas era balsa, não era? Não tinha tanto helicóptero também não era?
R – Não tinha os Catamarães, mas sempre teve helicóptero, tinha aquele helicóptero bem diferente principalmente me termos de segurança que é outro ponto que tem que ser destacado que melhorou bastante nós tínhamos 8 ou 80 tinha aquele 61 que era um helicóptero com capacidade para 24 passageiros e tinha o que eles chamavam bolha d’água que era o piloto e um passageiro só, caía estava mais para São Pedro do que para São Paulo. Mas tirando isso o acesso é muito bom, uma coisa que eu pondero ainda que nós já comentamos isso com o pessoal do SNS é o transbordo do pessoal em cesta que chama na cestinha, né?
P/1 – conta pra quem não conhece, quem nunca foi numa plataforma como que é a cestinha?
R – A cestinha é uma espécie de um trapézio ou um círculo que dá para quatro pessoas ele tem mais ou menos um diâmetro de um metro e meio suspenso por um trançado de cordas e o guindaste que faz esse manuseio, né? Então quando você sai de um rebocador da plataforma para ir pro barco o meio mais prático desse transbordo é com a cestinha, né? Mas aí é que está...
P/1 – Dava medo?
R – Não, não é o medo é o que eu chamo de condicionamento físico, tem pessoas que com altura elas ficam tontas, tem pessoas que o simples fato de você levantar ela já te dá aquela sensação de mal estar, entendeu? Eu já presenciei isso aí, e como é que você vai na cestinha? Você joga a tua bagagem no meio e segura naquelas cordas assim se você passar mal apesar de estar com colete e o teu colega não estiver atento você vai pra água e a queda é alta. Fora disso tem algumas plataformas que a altura é grande, mas o bordo de transbordo dela está favorável ao vento, então você fica ali naquele balanço até que o guindaste tem uma oportunidade de arriar você, entendeu? Então se você tivesse problema de altura, ficar tonto é uma situação...
P/1 – Isso o senhor não tinha?
R – Ah graças a Deus até agora não me deu.
P/1 – Senhor Heraldo, o senhor é também lá do Pará como era também os outros trabalhadores aqui da Bacia de Campos tinha cada um de um Estado? Como é que era essa...
R – Ah isso aqui era uma verdadeira nações unidas quando começou a implantar vinha um contingente muito grande da Bahia, os capixabas, gente do Amazonas por quê? A Petrobrás pegava essa turma mais experiente para vir pra cá principalmente na perfuração só que o equipamento era diferente aqui plataforma o ambiente era outro, o confinamento você fica restrito a um ambiente de trabalho, percebe? Mas a bagagem técnica foi trazida desse pessoal que estava espalhado aí pelo Brasil todo.
P/1 – E esse convívio com essa diversidade como é que funcionava?
R – Olha, chuchu beleza pelo menos que eu tenha conhecimento nunca houve atrito ao contrário é um brincando com o outro, mas na maior harmonia possível.
P/1 – Tinha muita brincadeira?
R – Tinha demais, o campista então aqui como sofre, sofria não sei se ainda sofre agora, mas em termos...
P/1 – Mas sofria por quê? O campista é de Macaé?
R – De Campos, porque dizem que o campista é meio gayzado não sei ou que bebeu água. Então a turma encarnava no campista, mas olha nunca que eu tenha presenciado nunca houve, vamos dizer assim, animosidade no meio dessa raça ao contrário em todo... E não é só no nível técnico, porque geralmente quando eu vou, vou com a minha turma e nós ficamos ali junto com os mergulhadores, operadores de produção a galera toda e nunca graças a Deus nunca.
P/1 – Qual é a fase da Bacia que o senhor acha mais marcante? A mais marcante ou a mais emocionante pelo menos pro senhor? Que tenha sido assim uma...
R – Olha foi o início, foi o princípio foi quando a Petrobrás estava se firmando aqui em águas, vamos dizer nessa faixa de 100 metros a tecnologia estava muito lá fora. Então nós estávamos muito dependente da mão de obra estrangeira tudo era tido com uma certa dificuldade, mas felizmente isso foi ultrapassado.
P/1 – E então a partir desse início que o senhor fala de toda essa luta que vocês tiveram qual foi o momento... Teve um momento que o senhor se deu conta assim a Bacia pegou... Agora toda essa estrutura está consolidada e vai ser isso mesmo que vai... Qual foi esse momento?
R – Esse momento começou em 57 quando eu decidi entrar na Petrobrás eu tinha certeza absoluta (choro) que o Brasil seria auto-suficiente (choro) antes de eu morrer esse foi o grande momento. E hoje em dia é isso que eu destaco do petroleiro é um cara incomum ele acredita no que faz é unido (choro) solidário e o resultado é isso que nós vemos graças a Deus a natureza está respondendo. Então com essas descobertas fantásticas que nós temos feito, esse é o grande desafio. E como eu dizia a pouco lá fora o desafio maior agora é nós formamos essa mão de obra para cuidar de todo esse patrimônio que nós ajudamos a construir.
P/1 – E vocês... Desculpe eu tentar insistir um pouco, mas aqui desde que o senhor chegou até hoje depois que vocês até ultrapassaram qual foi o momento que o senhor olhou aqui pra Bacia e pensou “nossa, nos consolidamos...” aqui está... É essa a bacia, esse complexo bacana?
R – Olha, eu vou lhe dizer Enchova, antes do acidente de Enchova um poço só, se não me engano Enchova 2 ele produzia nessa época eu não em lembro, mas um volume considerável de óleo e nessa época eu estava lá no Edias era assistente do Carlos Valter no departamento de exploração e produção e eu fui incumbido de trazer para fazer uma visita em Enchova dos membros do conselho de administração da Petrobrás Conselho de Administração você sabe é formado por várias pessoas de diferentes atividades e nós fomos chegamos em Enchova e nunca me esqueço que fazia parte do Conselho um Coronel da Aeronáutica. Ele viu a sonda abrimos uma torneirinha para fazer aquele jogo de cena mostramos o óleo que estava saindo ele olhava, olhava em volta aquele mar bonito em toda a volta ele virou-se pra mim e disse: “Pamplona eu não acredito que isso aqui seja obra de brasileiro, estou pisando aqui, mas não acredito que seja obra de brasileiro.” Pode crer eu sou você é e todos nós somos a sonda é alugada, mas isso aqui é o Brasil que está presente”.
P/1 – Isso lá com Enchova?
R – É em Enchova. Então isso aí mexe com a gente, mexe com a gente que é aquela parte do cidadão estar em cima do muro e ainda não sabe o que é e está vendo, tem que ver para acreditar. E hoje muitas vezes você vê certas barbaridades vê e faz questão de não acreditar. Acontece nessa sociedade nossa é essa violência que está acontecendo, mas isso aí em termos de Petrobrás é um marco que sensibiliza muita gente.
P/1 – E enfim, o senhor trabalhou com o Carlos Valter também na parte da exploração?
R – Ah foi o Carlos Valter ele trabalhou... Eu trabalhei... Não, ele trabalhou comigo, porque quando ele chegou eu já estava lá na Amazônia ainda era estudante de Engenharia aí ele foi lá pra Amazônia e depois da Amazônia parece que veio pra Bahia Salvador e de Salvador ele veio aqui pro Rio para chefiar o departamento de exploração, produção e perfuração e com essa missão de centralizar, porque a centralização facilitava também a gestão.
P/1 – Aí o senhor trabalhou na parte de exploração também?
R – Também na exploração.
P/1 – Aqui? Antes dessa parte dos dutos?
R – Antes de duto comecei na exploração foi esse laboratório de Estratigrafia e Paleontologia era exploração pura.
P/1 – O senhor participou de algumas descobertas aqui? Como que foi?
R – Oh de descoberta quando eu estava ainda na Amazônia em Barreirinha o primeiro produto, não digo produtor, mas o primeiro óleo que sair de Barreirinha eu estava como geólogo lá.
P/1 – Qual é a sensação de ver o petróleo jorrando?
R – Olha uma coisa indescritível é realmente fantástico, apesar de você já ter aquela expectativa que vai fazer o teste e naquela época, olha eu estou falando da década de 70 ou talvez até antes 69. Eu tinha saído da Escola de Engenharia os recursos eram completamente dos que você tem aqui agora você tem um fler aí que queima tudo bem, mas você tinha que fazer uma tubulação para poder queimar o gás ou o óleo, mas afastado da sonda por questões de segurança, né? E quando nós autorizamos para abrir o fluxo saiu aquela pancada de gás parece um Boing decolando aquele barulho vum, a tubulação chegava a sacudir realmente é fantástica é uma sensação que você... Pior que você não dorme sempre vendo aquela imagem do dia que...
P/1 – E aqui na Bacia o senhor participou também das explorações?
R – Olha da Bacia a nossa participação foi mais indireta através desses estudos estratigráficos, então nós fazíamos esses estudos estratigráficos e resultados, Paleontologia também era uma equipe, né? Tendo responsável por essa área de exploração. Então fornecemos muitos subsídios de suportar o conhecimento melhor da estrutura da Bacia.
P/1 – O senhor falou já algumas coisas, mas eu vou voltar a perguntar. O que é a grande mudança também da Bacia que o senhor seleciona assim ou em termos tecnológicos? Qual é a sua...
R – A grande mudança da Bacia foi a tecnologia, hoje em dia está aí o diretor Estrela que não me deixa mentir sozinho, quando o Estrela começou lá na sísmica lá no Edise os equipamentos de geofísica, de processamento de dados eram, vamos dizer assim, primários. Quando a Petrobrás começou a gestão para conseguir um computador com a velocidade para processar os dados sísmicos junto a IBM teve que ter até a interseção do Governo brasileiro junto ao Governo Americano assinando um termo e dizendo que esse computador era só para processamento de dados sísmicos. Não era para ser aplicado em pesquisa de energia atômica, porque era o irmão dele que a turma fazia isso nos Estados Unidos. Então hoje em dia o processamento de dados sísmicos é uma ferramenta extraordinária que tem nos ajudado a levar a essa descoberta. Então foi uma mudança assim da água para o vinho, uma ferramenta fora de série a perfuração ninguém pode duvidar da perfuração de conseguir essas façanhas de furar até 2000 metros de profundidade. Os poços direcionais que agora até a resposta do reservatório isso é uma coisa fantástica não é brincadeira.
P/1 – Eu queria que o senhor me contasse uma história que tenha sido especial para o senhor? Ou engraçada? Alguma que a sua memória ainda guarde? Engraçada ou interessante qualquer uma?
R – Eu vou contar uma engraçada aí nesse teste lá de Barreirinhas, eu não sei se vocês conhecem da Barreirinha que, aliás, o brasileiro ele prefere ir pro exterior a conhecer esse Brasil maravilhoso que nós temos aqui. Então tem uma região lá Barreirinhas que...
P/1 – Barreirinhas? Lá na Amazônia?
R – É no Maranhão, não deixa de ser região da Amazônia ainda, né? Mas ali naquela área dos lençóis maranhenses onde tem aquelas dunas bonitas e nós estávamos furando esse poço que foi o poço SJ1MA aí lá pelas tantas eu como geólogo pressenti que tinha alguma coisa de anormal que merecia fazer um teste. Daí eu fui ver a amostra e a amostra parecia um ou outro fragmento com a florecençia que indicava presença de óleo. Então nós preparamos pro teste e na redondeza, eu não sei se você tem idéia de como é uma sonda chega lá tem os alojamentos, tem o almoxarifado e fica assim uma espécie de uma tabuazinha só de petroleiro lá coma sonda ali próximo, né? Eu pedi pro pessoal do estudo para que fizessem uma tubulação pelo menos uns cem metros afastados da sonda para na hipótese de ter gás ou óleo nós queimarmos fora. Só que lá a vegetação é uma vegetação de praia tudo rasteira e aquilo com fogo dispersa rapidamente além do vento ajudar também, né? E nós abrimos uma clareira assim e colocamos queimador lá e sempre aparecia aquele pessoal, vamos dizer do local, aqueles caboclos, vamos dizer assim, que morava na redondeza. Eles ficavam impressionados de ver aquela quantidade... A sonda subindo e descendo na perfuração e eu gostava de conversar com eles, né? E um desses aí não me lembro bem o nome ele perguntou por que tinha tanto cano pra dentro da terra eu digo: “a gente está procurando petróleo, ver se acha petróleo assim, assim” ele olhava pra mim e olhava pra sombra, olhava pra sonda e não dizia nada. Aí “o que faz com esse petróleo”? Expliquei pra ele o que era ele falou: “acho que esse tal de petróleo eu acho que já vi andando por aí nesses matos andando por aí algumas vezes, mas não me lembro moço, não me lembro” eu falei: “ vai ver que se duvidar vai encontrar com ele de novo” aí passou. Fizemos o teste quando ele viu aquele clarão... Aquilo era a tarde ainda eram umas três ou quatro horas da tarde, mas dava aquela chama enorme junto com óleo aquele fumaceiro desgraçado, eu estou ali naquele sufoco corre pra lá corre pra cá vê as pressões recolhe um bocado do fluido apago o fogo para medir o volume. Aí o cara aparece “oh eu não disse que eu tinha encontrado com o petróleo, ele saiu e está escondido aí olha o ronco que ele está fazendo” eu digo: “é isso mesmo,” mas você vê a inocência desse pessoal, a crença que eles tem do que a pessoa muitas vezes fala pra eles: “ele saiu do fundo da terra estava escondido aí” “mas eu já tinha visto ele.” Isso aí eu conto e às vezes o pessoal fica assim meio incrédulo.
P/1 – Me conta uma daqui da Bacia?
R – Ah da Bacia de Campos. Oh a pouco saiu aí o Ricardo quando nós fizemos esse reparo do duto de 24 polegadas o Ricardo ele era o gerente da... Naquele tempo era chefe do SEIEQ, SEIEQ era setor de inspeção de equipamento e tinha uma turma lá do Rio que ficou antenado nesse negócio do reparo quando o reparo acabou e tudo bem. Aí a turma chegou e ligou pra mim “oh estou falando com o Ricardo dando parabéns pelo trabalho que vocês fizeram” aí ele me disse tudo bem muito obrigado ele disse que foi o como é que é o nome, esqueci o nome do cara lá do Rio ele trabalhava nessa área de contrato. Ele disse: “pois é Pamplona eu disse pro Ricardo que se tudo der certo...” Bom nessa época eu era geólogo 3 a minha classificação era 3 depois tinha 4 e acabava por aí, aí ele disse: “eu disse pro Ricardo ainda como tudo deu certo é o Pamplona para 4 se não desse certo era o Pamplona de quatro” (risos).
P/1 – Senhor Pamplona, o senhor trabalhou direto? Quanto tempo o senhor tem de trabalho?
R – 51 anos.
P/1 – 51 anos e nesses 51 anos o senhor pediu sua aposentadoria e depois voltou? Como é que foi?
R – Não ao contrário me ofereceram... Quando eu vim pra cá para Macaé... Esse negócio de aposentadoria é um negócio interessante que é de difícil de entender, eu sei que eu já estava com 22 anos e a Petrobrás me disse que eu já podia me aposentar eu não sei se ela não queria que eu ficasse lá trabalhando ou não, mas só que tem que quando você trabalha em regiões insalubre um ano não é um ano é um ano e mais qualquer, não sei o quê. Eu tinha 20 e poucos anos de trabalho mesmo, mas já na conta para aposentadoria dava uns 30 ou 30 e não sei quanto, né? Aí me ofereceram e eu falei: “não estou bem aqui me deixa ficar aqui mais um tempinho” e estou aqui. Nunca me afastei da Petrobrás assim para...
P/1 – Então o senhor está direto?
R – Direto.
P/1 – Que beleza. Eu queria... A gente infelizmente tem que terminar essa entrevista eu queria perguntar tem alguma coisa que a gente não perguntou que o senhor gostaria de deixar registrado?
R – Ah sim, você lembrou bem a minha preocupação agora é no que diz respeito ao treinamento dessa mão de obra que eu diria mão de obra jovem. Foi divulgado aí na imprensa, na mídia o plano de metas da Petrobrás para 2012, 2020, então isso vai demandar um esforço muito grande no que diz respeito à formação de profissionais capaz de manter esse mesmo padrão que a gente está conseguindo até agora. Só que tem que nós estamos dedicando muito esforço pra parte do treinamento teórico a universidade Petrobrás enfatiza bastante isso, mas a parte técnica, a experiência profissional isso se ganha no campo ninguém me tira isso da cabeça se tira na prática. E nesse aspecto eu acredito que nós não estamos bem preparados pra isso. Eu tenho exemplo agora recentemente um grupo extraordinário de técnicos novos que concluíram o curso de formação e vieram pra cá, alguns deles depois de se dedicarem de corpo e alma, vamos dizer assim, seis ou oito meses de estudo ficaram no escritório fazendo uma atividade que não lhe diz bem respeito todo aquele catedral de que lhe foi ensinado. Então o que eu quero deixar bem claro e bem enfático é que nós devemos dar uma atenção especial na fase... No treinamento prático dessa juventude por que se não nós vamos ficar em maus lençóis, nós vamos retroagir e ficar na dependência do estrangeiro. Dependência do estrangeiro que nem mesmo eles têm a tecnologia para trabalhar em águas profundas como nós temos. Então nós temos aqui dentro de casa a faca e o queijo na mão é só ter mais atenção, mais cuidado e colocar essa turma para trabalhar. Fazer o laboratório de prática para poder nós fugirmos desse diapasão que é o cara aprender trabalhando, embarcado, você tem que ter uma escola de prática e aqui mais uma vez a nossa natureza privilegiou extraordinariamente esse local, está aqui a Ilha de Santana. Ah tem impactos ambientais não tem porque a maioria dos nossos equipamentos vão ser úteis pra eles ali dentro da água 10 ou 12 metros água tranqüila coisa de cinema e praticado por essa moçada o que nós fazemos no campo.
P/1 – O senhor está deixando a sua visão para um futuro, né? Da Bacia direcionado...
R – O futuro é amanhã.
P/1 – Amanhã. E o que o senhor... Qual é o seu recado para essa garotada que está entrando?
R – Dedicação. Vestir a camisa do Petróleo só, só isso.
P/1 – Senhor Pamplona, vamos ter que terminar a entrevista, mas eu gostaria de perguntar o que o senhor achou de ter participado e contribuído para o Projeto Memória?
R – Olha, acho que vocês são umas pessoas de uma condescendência extraordinária, primeiro por me aturar ouvir esse tempo todo aí, né? E depois o que a gente puder fazer para contribuir ou de uma forma ou de outra isso também faz parte do petróleo. Eu agradeço vocês sinceramente.
P/1 – Nós é que agradecemos sua participação aqui. Muito obrigada.
R – Obrigado.
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