Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de: Maxwell Souto Vaz
Entrevistado por: Tânia Coelho
Local e data: Macaé, 03 de junho de 2008
Realização: Instituto Museu da Pessoa.net
Entrevista: PETRO_CB329
P1 – Eu queria que você começasse pelo seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Maxwell Souto Vaz, eu trabalho na Ibitiba, nasci em Santo Antonio de Pádua em 21 de julho de 1959.
P1 – E você fez que curso. Qual é a sua formação?
R – Eu fiz o curso de química industrial na Escola Técnica Federal de Campos e posteriormente, dentro da Petrobrás eu também o curso técnico de segurando no trabalho.
P1 – Quantos anos na Petrobrás?
R – Eu tenho vinte e cinco anos completos, vou completar 26 agora no dia 10 de outubro de 2008.
P1 – É uma vida. E você chegou como aqui? Como você ingressou? Eu tava vendo umas fotos, antes de entrar você já estava nas plataformas, né?
R – É. O processo de admissão na época foi interessante porque eu tinha saído da Escola Técnica, estava trabalhando no Instituto do Açúcar e do Álcool, mas teve uma possibilidade da Petrobrás, um concurso público, eu participei desse concurso público e depois de aprovado pelo concurso fui como bolsista para Sergipe e ficamos em Aracaju fazendo curso pra técnico de fluidos de perfuração durante 6 meses e lá nós tivemos a oportunidade de aprender, de ter uma vivência com uma nova tecnologia, que eu fui formado, direcionado pra industria alcooleira e açucareira e comecei a trabalhar na parte de química industrial com fluido de perfuração, foi um aprendizado muito importante e comecei a trabalhar nessa área, especialmente nas sondas de perfuração dos campos de Linhares e São Mateus. Então fiquei um tempo em Espírito Santo e depois vim pra Macaé, pra trabalhar na Imbitiba e durante esse período houve uma demanda pra área de segurança do trabalho e a empresa disponibilizou para quem quisesse fazer uma alteração na sua...
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Depoimento de: Maxwell Souto Vaz
Entrevistado por: Tânia Coelho
Local e data: Macaé, 03 de junho de 2008
Realização: Instituto Museu da Pessoa.net
Entrevista: PETRO_CB329
P1 – Eu queria que você começasse pelo seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Maxwell Souto Vaz, eu trabalho na Ibitiba, nasci em Santo Antonio de Pádua em 21 de julho de 1959.
P1 – E você fez que curso. Qual é a sua formação?
R – Eu fiz o curso de química industrial na Escola Técnica Federal de Campos e posteriormente, dentro da Petrobrás eu também o curso técnico de segurando no trabalho.
P1 – Quantos anos na Petrobrás?
R – Eu tenho vinte e cinco anos completos, vou completar 26 agora no dia 10 de outubro de 2008.
P1 – É uma vida. E você chegou como aqui? Como você ingressou? Eu tava vendo umas fotos, antes de entrar você já estava nas plataformas, né?
R – É. O processo de admissão na época foi interessante porque eu tinha saído da Escola Técnica, estava trabalhando no Instituto do Açúcar e do Álcool, mas teve uma possibilidade da Petrobrás, um concurso público, eu participei desse concurso público e depois de aprovado pelo concurso fui como bolsista para Sergipe e ficamos em Aracaju fazendo curso pra técnico de fluidos de perfuração durante 6 meses e lá nós tivemos a oportunidade de aprender, de ter uma vivência com uma nova tecnologia, que eu fui formado, direcionado pra industria alcooleira e açucareira e comecei a trabalhar na parte de química industrial com fluido de perfuração, foi um aprendizado muito importante e comecei a trabalhar nessa área, especialmente nas sondas de perfuração dos campos de Linhares e São Mateus. Então fiquei um tempo em Espírito Santo e depois vim pra Macaé, pra trabalhar na Imbitiba e durante esse período houve uma demanda pra área de segurança do trabalho e a empresa disponibilizou para quem quisesse fazer uma alteração na sua carreira profissional. Eu topei esse desafio e aí fui pra Bahia, pra São Sebastião do Passé e durante 3 meses intensivos nós fizemos o curso de Técnico de Segurança do Trabalho e quando eu estou atuando até hoje, fui para as plataformas, trabalhei em Campos, trabalhei em SS6, trabalhei em Enchova e depois vim para trabalhar em terra, né, aqui na Imbitiba e aí várias experiências aconteceram, muito boas minhas experiências...
P1 – Por exemplo...
R – Olha, na Imbitiba, eu tive a oportunidade de trabalhar com treinamento, treinamento de sobrevivência no mar, combate a incêndio – isso na área de segurança. Então a empresa teve um desafio, na ocasião, de treinar todos os funcionários, era departamento de perfuração na época, DPSE, então nós treinamos todos os empregados do DPSE, eu e mais um grupo de amigos: Marco Aurélio, Dejair, o Hélio... Era uma equipe pequena, mas que trabalho muito mesmo para que a Petrobrás atingisse o objetivo de treinar todos os empregados no DPSE. Aí aquele sistema de abando por cápsula, banheira, combate a incêndio e aquilo nos causou muito orgulho de ter atingido aquela meta para a companhia. Depois trabalhei no Terminal Marítimo na parte de segurança, de movimentação de carga com guindaste, cabo de aço, empilhadeiras, movimentação por caminhões...
P1 – Sempre preocupado com a segurança?
R – Sempre trabalhando com a... Técnico de segurança, né, e muito bem treinado pela Petrobrás para exercer meu trabalho com competência e com dedicação e a gente na época pegou o Terminal Marítimo e implantou todo sistema de segurança, tabela de (faina?) para situação de emergência, treinamos todo pessoal. Foi uma época que eu participei da construção dessa gestão que é hoje o SNS que eu estou trabalhando.
Também...
P1 – Você é um pioneiro, então?
R – É, pioneiro nessa atuação.
P1 – Agora qual foi o maior desafio porque o salta é muito grande, quer dizer, você sai da área de química, como engenheiro químico...
R – Isso...
P1 – E vai pra uma área que se preocupa mais com a cidadania, da preocupação com a segurança. Qual foi a maior dificuldade ou a maior glória, a maior prazer que você teve nesse processo? Porque é um salto grande.
R – Olha, eu não tive dificuldade não porque caiu no meu perfil, na minha personalidade de agir, de interagir, de ver as coisas como elas acontecem, como prevenir acidentes, como cuidar das pessoas, então aquilo foi um desafio super importante pra mim e eu tive muito êxito, graças a Deus que me dediquei, estudei e principalmente me interessei, né...
P1 – Em nenhum momento...
R – ... Pela situação
P1 – Em nenhum momento você disse: "O que eu estou fazendo aqui?"
R – Não, todos momentos eu disse: como é importante eu estar aqui.
P1 – Ai, que bom (risos)
R – É! Aí também, a Petrobrás numa certa época – e eu considero muito importante – ela incentivou muito as comissões, as CIPAS – Comissões Internas de Prevenção de Acidentes – e eu tive oportunidade de coordenar várias semanas de Semanas de Prevenção de Acidentes de Trabalho junto com uma equipe e aquilo também e aquilo favoreceu muito os empregados e a própria Petrobrás de levantar, mobilizar, sensibilizar as pessoas para as políticas de segurança e saúde do trabalhador. É mais na frente um pouquinho que foi aparecendo a questão da política de meio ambiente, mas tudo na seqüência e a gente acompanhou. Um outro desafio que eu participei também foi de uma política que a Petrobrás implantou que é de Segurança no Trânsito. Um determinado momento, a Petrobrás avaliando todo seu conjunto no Brasil fez uma pesquisa, uma estatística e observou que a maioria dos óbitos relacionados aos seus empregados aconteciam no trânsito e não eram acidentes de trabalho. Então a gente se envolveu numa campanha gigantesca no Brasil inteiro e Macaé foi uma referência espetacular. Eu tive condições de coordenar esse programa de educação no trânsito e antes de virar lei que obrigava, que obriga hoje as pessoas usarem o cinto de segurança e capacete no perímetro urbano, a Petrobrás já tinha conquistado esse desafio com os seus empregados. Então antes da lei vir obrigar, as pessoas já vinham pra dentro da Petrobrás usando cinto de segurança, usando capacete os motociclistas, resultado do Programa de Educação de Trânsito da empresa.
P1 – Então na verdade você participou de num programa que transformou essa proposta em política pública?
R – Isso mesmo, nós colaboramos com isso.
P1 – Você, isso foi em que ano?
R – Olha, isso foi no ano de, acho que 95, 94, foi por aí.
P1 – Então você tem tanto no campo da segurança do trabalho quanto no campo da segurança do cidadão na cidade um trabalho que virou política pública depois, meio ambiente também?
R – Isso, em meio ambiente também, eu tive uma...
P1 – Qual foi o Programa?
R – ... Eu tive uma oportunidade... Eu sempre acho isso uma oportunidade porque eu e a Petrobrás a gente tem assim um compromisso, né, ela tem me ajudado muito, a Petrobrás que acolhe a todos, né, deu a oportunidade, me treinou, me capacitou e eu procuro retribuir da melhor forma possível da melhor forma possível me dedicando aos trabalhos e dando respostas à Petrobrás que é uma empresa cidadã e também me dedicando ao trabalho que pode vir colaborar com a implantação de políticas públicas. Nesse caso eu tive a oportunidade de coordenar também na área de meio ambiente o Programa, é um projeto, né, o Projeto Eco (Lanos?). O Projeto Eco (Lanos?) é um projeto que nasceu em 92, mas em 2002 eu assumi a coordenação dele, é um projeto que trabalho sistema ecológico num dos, eu acho o único parque de restinga do Brasil, está aqui na nossa região que engloba os municípios de Macaé, Carapebus, fica em Samã, que é o Parrque Nacional da Restinga de Jurubatiba e o Projeto (Aclavam?) que o projeto em parceria com a UFRJ, uma equipe maravilhosa liderada pelo professor Francisco Steves que é doutor em (Liminologia?). Então através desse projeto nós conseguimos atrair a comunidade de Macaé, de (Carapebus?), Rio das Ostras para conhecer o Parque e ver como funciona o seu equilibro ecológico, isso é um ecossistema em si...
P1 – E conscientizar, né?
R – ... E ensinar as pessoas a preservar essa riqueza natural e o Projeto anda muito bem até hoje. Para ter uma idéia, só de crianças jovens que passaram pelo Projeto recebendo informação de educação ambiental ultrapassa as 6 mil, já vai atingir a marca de 7 mil...
P1 – Maravilha!
R – ... Crianças que passaram pelo Projeto.
P1 – Agora eu vi que você antes mesmo que você fazia os curso de treinamento, você já trabalhava com novas tecnologias na perspectiva da ampliação da Bacia de Campos, não é isso? Então você também participou, tanto do ponto de vista tecnológico quanto do ponto vista operacional dessa questão da ampliação. Como foi esse crescimento? Você acompanhou esse processo de perto?
R – Acompanhei e acho que...
P1 – Em vinte anos...
R – Vinte e seis anos...
P1 – Vinte e seis anos, é...
R – Vinte e seis anos dentro da Petrobrás é uma experiência muito boa pra qualquer um que, qualquer colega que acompanhou, nós pudemos ter a oportunidade de ver esses desenvolvimento que muitas empresas não conseguiram acompanhar, é o desenvolvimento tecnológico tanto na área de informática... Quando nós começamos trabalhar aqui ainda resolvíamos as coisas por computador, não por computador, minto, por fax e por telefone, o computador veio chegar...
P1 – Não tinha telex? O telex tinha acabado (risos)
R – Já era, não tinha mais telex (risos), já tínhamos o fax, né, e tínhamos o telefone e a gente se interagia muito era menor, muito menor do que a estrutura apresentada hoje. E nós trabalhamos assim de uma forma, fomos conhecendo a melhoria da tecnologia aos poucos. Aí chegou o computador, eu aprendi até usar uma linguagem que é extinta, durou pouco tempo que foi a linguagem (manps?), a gente tinha que aprender a programar o computador, era um negócio complicadíssimo, mas depois veio o Windows que eu acho que facilitou a vida de todo mundo que usa o computador, que usa a informática.
P1 – E aquela tecnologia que previa a ampliação também foi implantada e Campos virou uma referência internacional, né?
R – Claro, foi sempre, a Petrobrás sempre um desafio, né, então foi quando, eu cheguei a trabalhar como eu disse anteriormente num (sonders) terrestre e era aquela tecnologia básica para perfuração de petróleo. Mas ela é que fundamentou tudo para poder ter esse desenvolvimento e a Petrobrás com esse conjunto de técnicos espetaculares que ela tem, pessoas comprometidas principalmente com o desenvolvimento do Brasil, lá no Cenpes, que é o centro de desenvolvimento de pesquisas e tecnologias da empresa, né, pessoas brilhantes estudando e eu acho que o mais importante que tem assim dentro da estrutura dos empregados da Petrobrás é o desafio mesmo de fazer a coisa acontecer e vencer as dificuldades e efetivamente dar uma resposta pra sociedade. Foi por isso que a Petrobrás é esse sucesso, por causa dos funcionários, as operações em águas profundas foi uma tecnologia desenvolvida pela Petrobrás que surpreendeu todos os países de 1º mundo, né, hoje eles compram o know how com a Petrobrás e a Petrobrás futuramente vai ser a maior empresa em exploração e prospecção de petróleo.
P1 – Você acha que isso definiu um sentimento de ser petroleiro?
R – Definiu muito, eu acho...
P1 – O que é ser petroleiro?
R – ... Da época, eu gostaria até de ver isso nos novos empregados que ainda não... Os novos funcionários, eles estão chegando agora, estão vendo as coisas praticamente prontas, não passaram por essa experiência, não tiveram essa chance de passar por uma experiência de crescimento de desenvolvimento, de apuração de novas tecnologias, de aprender lidar com essas tecnologias, e até das próprias dificuldades que a própria empresa passou que, com tudo isso, eu militei no sindicato também, fui diretor do Sindipetro...
P1 – Ah, que maravilha...
R – É, já tivemos conflitos com as gerências da Petrobrás, tudo assim, uma punição pra fazer greve, mas a gente sempre assim, com muito respeito, né, à empresa. Quando lutava nos movimentos sindicais para garantir melhoria de salário a gente também tinha na nossa pauta a garantia da empresa, porque se a gente não tivesse feito esses movimentos também, talvez hoje a Petrobrás fosse uma empresa privatizada, com um compromisso menor do que ela tem hoje com o nosso país.
P1 – Maravilha. E você não me disse o que é ser petroleiro.
R – Ser petroleiro é isso, é amar o Brasil, é vencer um desafio a cada dia e respeitar a segurança, né, respeitar as pessoas, respeitar o meio ambiente e oferecer um produto de qualidade para a nossa sociedade.
P1 – E com toda essa história que você tem, uma memória assim de (cauro?) da própria empresa, esse envolvimento, como é que você vê esse projeto, você avalia a importância desse Projeto de resgatar a memória, que a gente está fazendo aqui?
R – Olha, eu vejo isso de uma forma muito bacana a iniciativa, né, tanto que, não sei se você percebeu que eu estava ali catando os colegas que estavam passando por ali: oh, vem cá, participa, isso é bom, né, a Petrobrás tem que ter a memória, como eu estava me referindo anteriormente, até os novos, os novos empregados, eles precisam conhecer isso, né, como a Petrobrás foi construída, o esforço de cada um. Eu dei a minha contribuição, mas teve pessoas antes de mim que deram contribuições também muito... Eu vi alguns filmes, né, de registro e história da Petrobrás, então deram contribuições que foram, em situações muito mais precárias do que eu peguei, né, e que eles lutaram pra fazer o 1º curso, precariedade de tecnologia, de ferramentas e até de conhecimento, eu também valorizo essas pessoas...
P1 – Claro...
R – ... E a gente pra poder acho que manter a história da empresa é interessante que a gente trabalho dessa natureza, né, e eu acho que os meus desafios em relação à Petrobrás em Macaé são desafios muito desafios muito interessantes porque eu acabei me envolvendo, embora não sendo de Macaé, eu acabei me envolvendo muito com a cidade, com a região. Por participar de tantos projetos eu fui a cada dia me aproximando das pessoas, os meus filhos nasceram em Macaé, o meu mais velho tem vinte e um anos, o mais novo dezessete, me envolvi na vida política do município também, até achei interessante quando você falou: "ah, isso aí envolve políticas públicas?" É, de fato, né, tinha todo um cenário para isso, aí me envolvi na vida partidária do município também, concorri em algumas eleições para vereador e hoje eu sou o primeiro vereador petroleiro da Bacia de Campos. Também foi um desafio importante vencido, né, eu acho que é um marco também pra empresa, do empregado que veio de fora e veio junto com a Petrobrás e se envolveu, interagiu com a comunidade e a sociedade reconheceu isso, esse envolvimento e deu um mandato para um petroleiro, é o 1º mandato que eu estou exercendo e as pessoas estão aprovando o mandato porque eu faço ele de uma forma assim, muito organizada. Como eu, eu digo assim: eu aprendi a trabalhar aqui dentro, então a minha forma programática, organizada, então impus esse ritmo no meu mandato, então é um mandato diferenciado e as pessoas me reconhecem.
P1 – Em todos os municípios no estado é o 1º vereador petroleiro?
R – Não, em Campos teve um vereador petroleiro também.
P1 – Ah, tá.
R – Ele conseguiu um mandato, tentou no próximo, então foi uma questão de legenda que foi muito bem votado, e por uma falta de legenda ele não conseguiu reeleger.
P1 – MAs você é vereador petroleiro por Macaé?
R – Por Macaé, pelo PT.
P1 – Muito obrigado, Maxwell, foi muito boa essa entrevista, parabéns (risos).
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