Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Severino Gomes de Albuquerque
Entrevistado por Débora Santos
Natal, 28 de maio de 2003
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB174
Transcrito por Transkiptor
00:00:07 P/1 - Como é que você disse seu nome completo? Pode falar.
00:00:26 R - Meu nome é Severino Gomes de Albuquerque.
00:00:28 P/1 - Você nasceu onde?
00:00:30 R - Eu nasci em Guarabira, Paraíba.
00:00:32 P/1 - Paraíba, em que dia?
00:00:34 R - Dezesseis de junho de mil novecentos e cinquenta e um.
00:00:39 P/1 - Cinquenta e um, tá. E o senhor entrou na Petrobras quando?
00:00:43 R - Foi setenta e seis dezesseis de cinco de setenta e seis.
00:00:49 P/1 - Tá. E qual foi a a função que o senhor entrou?
00:00:52 R - Eu entrei como auxiliar de portaria, tá? E pouco tempo eu passei para oficial de manutenção que eu entendi um pouco de parte elétrica e foi assim que as carreiras, que eu tive uma carreira muito brilhante.
00:01:19 P/1 - E o senhor entrou com auxiliar de portaria, o que o senhor fazia?
00:01:27 R - É quase como o serviço de oxibói. Eu comecei logo para tirar os primeiros documentos da Petrobras, autenticar os documentos e tal, esse negócio todo. E, quando a base cresceu mesmo, Aí eu comecei a trabalhar, reanimar-se com parte elétrica.
00:01:51 P/1 - Então, quer dizer, esses documentos que o senhor tem descrito, na verdade, era pra se instalar a Petrobras aqui. E era aqui nesse local?
00:01:58 R - É, exatamente. Vem uma equipe pra desenvolver a base daqui do Rio Grande do Norte, que era do Belém do Pará, que era um engenheiro, um administrador e um draguista. que tem mais trabalho do Cais do Porto, chegando material de plataforma que a Pub3 chegou também nessa época, que eu também acompanhei a Pub3. E, assim, começou a Petrobras. A Petrobras, em 1976, de funcionário dela, aqui mesmo, eram só quatro funcionários. Depois veio outra equipe de parte de demografia, de documentação. Foi que...
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					Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Severino Gomes de Albuquerque
Entrevistado por Débora Santos
Natal, 28 de maio de 2003
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB174
Transcrito por Transkiptor
00:00:07 P/1 - Como é que você disse seu nome completo? Pode falar.
00:00:26 R - Meu nome é Severino Gomes de Albuquerque.
00:00:28 P/1 - Você nasceu onde?
00:00:30 R - Eu nasci em Guarabira, Paraíba.
00:00:32 P/1 - Paraíba, em que dia?
00:00:34 R - Dezesseis de junho de mil novecentos e cinquenta e um.
00:00:39 P/1 - Cinquenta e um, tá. E o senhor entrou na Petrobras quando?
00:00:43 R - Foi setenta e seis dezesseis de cinco de setenta e seis.
00:00:49 P/1 - Tá. E qual foi a a função que o senhor entrou?
00:00:52 R - Eu entrei como auxiliar de portaria, tá? E pouco tempo eu passei para oficial de manutenção que eu entendi um pouco de parte elétrica e foi assim que as carreiras, que eu tive uma carreira muito brilhante.
00:01:19 P/1 - E o senhor entrou com auxiliar de portaria, o que o senhor fazia?
00:01:27 R - É quase como o serviço de oxibói. Eu comecei logo para tirar os primeiros documentos da Petrobras, autenticar os documentos e tal, esse negócio todo. E, quando a base cresceu mesmo, Aí eu comecei a trabalhar, reanimar-se com parte elétrica.
00:01:51 P/1 - Então, quer dizer, esses documentos que o senhor tem descrito, na verdade, era pra se instalar a Petrobras aqui. E era aqui nesse local?
00:01:58 R - É, exatamente. Vem uma equipe pra desenvolver a base daqui do Rio Grande do Norte, que era do Belém do Pará, que era um engenheiro, um administrador e um draguista. que tem mais trabalho do Cais do Porto, chegando material de plataforma que a Pub3 chegou também nessa época, que eu também acompanhei a Pub3. E, assim, começou a Petrobras. A Petrobras, em 1976, de funcionário dela, aqui mesmo, eram só quatro funcionários. Depois veio outra equipe de parte de demografia, de documentação. Foi que fugiu o curso o concurso pra formar as pessoas que hoje, com a maioria aposentado, era pra mim também estar aposentado, né? E como formou a base, que chegou até 2.500 funcionários, que hoje em dia tem uns 800, aposentando e tal, e sem abrir concurso, né? E... foi isso.
00:03:35 P/1 - Isso. E aí o senhor passa para eletricista e depois o senhor fala que foi para a construção.
00:03:39 R - Pois, exatamente. Eu não passei na função mesmo para eletricista. Me deram essa função porque eu mexia com muita coisa, entendo? Parte elétrica, também parte de construção civil. Uma função que me deram para estar coberto de qualquer coisa que acontecesse de acidente comigo. Essa função, naquela época só existia duas pessoas, a oficinal de manutenção, que era uma em Bahia e outra aqui no Rio Grande do Norte. Eu trabalhava com parte elétrica e ar-condicionado. Essa base daqui mesmo só tinha ar-condicionado de parede, que eles chamam de janela, né? E essa parte de ar-condicionado todo dia era comigo. Ah, depois veio as centrais. Ah, pronto. Cada vez vai me tirando uma função, vou criando outra. Até hoje. Tem muita coisa. Eu tomava conta também dos relógios. De ponto, antigamente eram 12 relógios espalhados aqui na sede. E, tendo a corda nesse relógio e tal, também era eu que tomava conta desse relógio. Aí veio o Dimeca, que é semi-automático. Já livrei de um caco de coisa, da corda e tal, e depois veio o cartão eletrônico. Aí, do cartão eletrônico, passou para o Marcos. até hoje, está tomando conta dessa parte, da parte de caixais e os relógios, que é de firmas texturizadas.
00:05:41 P/1 - O senhor me falou lá fora, tem uma fotografia que você trouxe sobre o prédio.
00:05:45 R - Exatamente. Eu tenho uma foto histórica aí, que é dos três superintendentes, que antigamente tinha três superintendentes. E o primeiro superintendente, Tá aqui, eu esqueci o nome dele agora.
00:06:04 P/1 - Era o seu Raulino.
00:06:06 R - É, o Raulino.
00:06:07 P/1 - Certo.
00:06:08 R - Dourado e o...
00:06:18 P/1 - É, fugiu um pouco da memória, exatamente. E esse prédio onde era? Não era aqui, esse prédio?
00:06:25 R - É, exatamente. Esse prédio, a Petrobras nasceu numa casa normal. Era uma casa com quatro quartos, que era dormitório e, ao mesmo tempo, escritório, que era pouca gente também. E foi quando eu trabalhava numa firma contratada, a precisou de uma pessoa um pouco entendida de parte elétrica, né? E entendesse e conhecesse bem a cidade, né? Aí fui só pra desligar ar-condicionado, trocar lâmpadas, quando desse algum defeito, né? E eu comecei a conhecer os pessoais que vinham, fazendo amizade, né? Tinha uns que vinham querendo conhecer o cajueiro, outros muito católicos, as igrejas, né? E eu fui fazendo uma boa amizade. E é quando começou o concurso mesmo, eu fui ao concurso da Petrobras, passei, né? Mas já a gente trabalhava já dentro dela, né?
00:07:25 P/1 - Então, aí você falou que foi para a parte da construção.
00:07:27 R - Exatamente.
00:07:28 P/1 - E aí você construiu esses prédios, essas coisas aqui.
00:07:31 R - Foi, exatamente. Aí cresceu, foi para Rio Branco, que é a Cidade Alta. Tem um azulão, é um prédio com terceiro andar, que a Petrobras botou o nome dele como Azulão, porque ele era pintado todo de azul. E aí a gente passou até 78, mais ou menos, foi que fugiu a base daqui que a gente começou a construir aqui, que era o ABC e o Galpão Especial. E por quê? Porque parece praticamente que eu trabalhava muito junto com doutor Emílio, Sucasas, que essas pessoas que começaram a levantar e ele me convidou também pra conhecer esse terreno, né? E eu acompanhei essa obra daqui até o final, mas daí eu todo, chega pessoas que tem alguma parte elétrica antiga, hidráulica, alguma coisa assim, me procura, porque, realmente, eu sei. Então, foi a escavação do prédio.
00:08:46 P/1 - Certo, certo. Agora, você me mostrou também, tem outra coisa, que era, você trabalhava com projeção de filmes também.
00:08:52 R - É, exatamente.
00:08:54 P/1 - Conta isso um pouco.
00:08:55 R - Antes, não existia videocassete, né? E a gente trabalhava com as máquinas 16 milímetros, né? E... Essa máquina servia tanto para dar palestras, porque a Petrobras tinha um filme de dez minutos, que a gente chamava Jornalzinho, da Petrobras, e, em seguida, passava um filme. Esse filme era passado aonde? Nas plataformas, por B2, por B3. Alto Rodrigues, que era uma cidade muito pequenininha, interessante. porque eu chegava na sexta-feira para passar o filme, o filme profissional, de duas horas mesmo, e tem uma difusorazinha no Alto Rodrigues, e essa difusora é uma farmácia. A gente ia para anunciar esse filme, a gente ficava mesmo na praça, Para passar esse filme, é pela Petrobras. A gente passava o jornalzinho da Petrobras, o filme de 10 minutos, e começava o filme profissional.
00:10:07 P/1 - E isso era na...
00:10:08 R - Na Praça. Na Praça, é, o muto. É, a gente anunciava toda a população da cidade. E a cidade não tinha cinema e tampouco não existia o videocassete, né? Era um sucesso, a Petrópolis fazia. E também nas plataformas. A gente marcava. Pronto, vai passar o filme. Tubarão, naquela época. Plataforma, Dona Flor dos Seus Dois Maridos. Então, traga o Tubarão. Eles escolhiam o filme e a gente alugava o filme para o Oceanal. E a gente ia lá e passava o filme.
00:10:54 P/1 - Então, mas não tinha uma... eram os próprios petroleiros que estavam lá, que escolhiam o filme. E tinha uma periodicidade de quanto em.
00:11:03 R - Quanto tempo você ia lá.
00:11:05 P/1 - Eu ia de quanto em quanto tempo lá na plataforma.
00:11:09 R - Era de oito a oito dias, né? Era de oito a oito dias. Todos os finais de semana, ou na cidade, ou nas plataformas.
00:11:18 P/1 - Então, se eu tinha um trabalho durante as semanas, eu fazia um trabalho aqui inteiro, e no final de semana você fazia...
00:11:25 R - Eu com uma função, não tão baixa que é uma função, mas eu acho que eu sou um... bem, porque... Eu, com pouco tempo na Petrobras, eu conheci todas as plataformas, todos os locais, Serra do Mel, né? É que, às vezes, tem funcionário com 20, 30 anos, não conhece a plataforma, né? E eu não. Logo no início mesmo, eu conheci a Petrobras quase na minha mão. Eu tenho orgulho de ser.
00:12:02 P/1 - Isso é sindicalizado?
00:12:05 R - Sou, sim.
00:12:06 P/1 - Você participou de alguma greve?
00:12:08 R - Não, exatamente. Agora mesmo, estou até desligado, porque nas primeiras greves daqui, foram as greves muito pesadas, e fizeram algumas coisas que eu não gostei. Eu deixei o carro, secaram os pneus, eu fiquei aqui e desliguei do... Sincato, mas eu vou me sincatar de novo.
00:12:30 P/1 - É isso, né? Porque assim, sempre alguém tem alguma história pra contar, precisa ter gente que pergunte, né? Principalmente essas funções de vocês, que são funções de cuidar do patrimônio mesmo da empresa. Às vezes tem uma forma diferenciada de trabalho, que acabam tendo que vir trabalhar mesmo, é obrigatório mesmo que a greve aconteça. Estão participando, mas tem que estar dentro da empresa pra cuidar, né? né? E o que que cê achou desse projeto, de estar contando a história?
00:12:57 R - Maravilhoso, porque tem, eu acho, não é só eu que tenho uma história, acho que todos os funcionários da Petrobras têm uma história maravilhosa pra contar. É uma empresa e tanto, né? A gente tá falando no primeiro mundo, né? Eu acho que vai ser, acho não, já é um sucesso, com certeza. Isso é o que vocês botaram aí na frente, né? No primeiro dia, todo mundo ficaram maravilhosos, só olhando. Vai ser muito bom, cara. Você vê que tem tantos aposentados que, agora mesmo, tá fazendo a ficha aí, aposentados de... fazia um ano ou dois anos que eu não avistava ele, procurando, isso é fantástico, né? E cada um com aquele coração, querendo contar um pouco da sua história, porque isso é muito interessante.
00:13:53 P/1 - Eu só vou fazer mais uma pergunta, o senhor tinha falado da aposentadoria, que o senhor já poderia estar aposentado?
00:13:59 R - Exatamente, porque eu já estou de serviço 32 anos, né? E o colo pegou, né? E o Fernando Henrique também inventou, né? E teve de pagar a ponte, né? Que eu tava com 28 anos naquela época, né? E agora tô com 32 anos de serviço, 33 anos, tô esperando meus 53 pra sair. Quem eu era pra mim já tá aposentado com 30 anos de serviço, né? É, mas tô satisfeito.
00:14:37 P/1 - Então, tá onde queremos. Aí tem que começar a fazer os planos pra aposentadoria, então dá tempo de fazer os planos. É claro. Então, tá bom.
00:14:45 R - É uma firma maravilhosa, a inconsequência de trabalhar pra ela e ela trabalhar pra mim.
00:14:49 P/1 - Então, tá bom. Então, queria agradecer, então, ao Sr. Severino, tá? Obrigada pelo depoimento.
00:14:56 R - Eu que agradeço.
00:14:57 P/1 - Então tá bom. E mais fotos que você tiver, se você achar mais alguém, você pede pra vir aqui falar com a gente, tá bom?
00:15:03 R - Ok, tá certo.
00:15:03 P/1 - Então tá, obrigada.
00:15:04 R - Eu vou fazer boa propaganda também.
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