Cesar Tavares Pereira

IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Cesar Tavares Pereira. Nasci no Rio de Janeiro, no dia oito de agosto de 1951. Sou leonino. FAMÍLIA Pela parte materna, meus avós eram Guilhermina Alves Tavares e Manoel Tavares. Pela parte paterna, Laura Ferreira e Domingos Pereira. Meu avô materno trabalhava com cofres. Meu avô paterno trabalhava na rede ferroviária. Minhas avós tinham somente atividades domésticas. Eles moravam no Rio de Janeiro. Minhas duas avós vieram de Portugal. Meu pai é David José Pereira. Trabalhou como comerciário e hoje está aposentado. Minha mãe trabalhou algum tempo nas Lojas Americanas, depois trabalhou no Sindicato de Minérios e Combustíveis e, desde seu casamento, é uma pessoa de prendas domésticas. Moram no Rio de Janeiro e ambos são vivos, graças a Deus. São pessoas muito queridas por mim. INFÂNCIA Não tenho irmãos. Nossa constituição familiar foi a de pai, mãe e filho. Minha infância foi no Rio de Janeiro, em um bairro do subúrbio chamado Ramos, onde tem a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense. O local onde fiz meu Jardim de Infância era bem próximo à quadra da Imperatriz Leopoldinense. Fiz o Jardim de Infância no SESC do Rio de Janeiro. O bairro de Ramos tinha uma configuração própria de subúrbio. Era uma área voltada para a área residencial e tinha um foco comercial no centro do bairro. Naquele tempo, tinham muitas casas, hoje substituídas por edifícios. Os laços de amizade e de companheirismo eram muito acentuados pela proximidade. E havia um padrão sócio-familiar e financeiro muito próximos um do outro. Não havia aquele elemento de destaque. Por exemplo, eram poucas as pessoas que, naquela época, tinham carro. Isso aproximava as pessoas e criava um laço de amizade muito grande, diferentemente, talvez, do que ocorria na Zona Sul. BRINCADEIRAS DE INFÂNCIA Brincava muito nas ruas e no quintal. No quintal, tinham as brincadeiras próprias das crianças da época. Pipa, bola de gude, pique-esconde. Em contrapartida, também ia na casa dos meus colegas. Em nossa infância, formávamos um círculo de amizades no bairro. Tinha o colega na escola, o que morava próximo à sua residência, o do clube ou de outra atividade. Tinha um contato muito próximo com os colegas, até mesmo com as meninas. Para ter uma idéia, no domingo passado, minha mãe foi até a residência de uma pessoa que era mãe de uma das minhas colegas. Passado esse tempo todo, ainda se mantêm amizade com as pessoas. Com o passar dos tempos, comecei a incorporar hábitos diferentes. Primeiro, pela mudança de bairro. Sai de Ramos e fui para Bonsucesso, uma área muito perto uma da outra. Depois, passei a ter colegas do novo colégio, conquistei novas amizades. Fui crescendo e tendo uma vida esportiva muito acentuada. Praticamente, fui me desvinculando do bairro antigo e conquistando novas amizades. Se você não abandona aquilo que tem, aumenta com o que passa a conquistar. Foi a primeira vez em minha vida que morei em uma casa. Existia uma casa na frente, onde morava uma tia e, no próprio terreno, tinha a casa que foi construída pelos meus pais. O terreno era da minha avó pelo lado paterno. Ela cedeu uma parte para o meu pai, que construiu a casa onde morávamos. Não era uma casa grande. Tinha sala, quarto, cozinha e banheiro. O terreno sim, era muito grande. Depois, quando não morávamos mais lá, minha avó e uma das minhas tias foram morar nessa casa. Na parte dos fundos do terreno, existiam muitas árvores onde ficavam presas as pipas. Sempre gostei de soltar pipas. Era um lazer próprio da criança daquela época. Se bem que, até hoje, ainda gosto. Soltar pipa era uma disputa. Nos municiávamos com um arsenal, porque, quando a pipa era cortada, tínhamos que ter outra para substituir. Não podia ficar no prejuízo, fora do grupo. Realmente, existia essa competição e, até hoje, isso é próprio do subúrbio. Usávamos cerol, um vidro moído. O maior problema era convencer sua mãe ou alguma pessoa do sexo feminino para ceder as meias, muito tradicionais na época, para peneirar seu vidro. O vidro era peneirado e se acrescentava um pouco de cola derretida. Derreter esta cola era outro problema, porque tinha que ser dissolvida no fogão. O terceiro problema era guardar isso, porque tinha que ser na geladeira. Como minha mãe sempre teve o hábito de limpar a geladeira, tinha que ter cuidado para não confundir aquilo com um tempero ou jogar fora. O cerol era a forma de sair vitorioso no combate que consistia em cortar a pipa do seu colega. Praticamente, só se conseguia isso usando cerol. Sempre tínhamos algum desentendimento entre os colegas. Quem perde, no meio esportivo ou em qualquer outro, fica com um complexo de inferioridade que carrega em qualquer situação da vida. A derrota é sempre uma derrota. Tem uma técnica boa de pegar pipa do outro, derrubando e resgatando com a própria pipa. Isso é o que se chama de cortar e aparar. Você corta a pipa do seu rival e, ao mesmo tempo, consegue apará-la na sua própria linha, trazendo presa a pipa que você cortou pela rabiola, que é aquela extensão de rabo, aquela seqüência com papel cortado. Era divertido. Minha vibração maior era o prazer de cortar. Mas tinham alguns problemas. Dependendo da área, tinha o trânsito, por exemplo. Se bem que, no local onde soltávamos pipa, tínhamos uma área aberta. No subúrbio, tinham muitos campinhos de futebol em terrenos baldios onde soltávamos pipa. Eram áreas abertas, onde não tinham redes elétricas por perto nem trânsito intenso. Naquela ocasião, também não tinha expansão imobiliária, que inibe o “soltar pipa”, porque perde o vento e limita o contato e o espaço visual. Isso se observa quando se vai em uma área aberta, em um subúrbio mais afastado da Zona Oeste, por exemplo. Quando se passa na Avenida Brasil, que é uma área plana e praticamente não tem prédios, é possível observar, principalmente nos meses de férias escolares, que o céu fica cheio de pipas. Já na Zona Sul, o lazer é na praia. Tem o futebol de areia, o surf. Os esportes de praia são mais para o pessoal da Zona Sul, embora isso não impeça o da Zona Norte. Mas, na minha faixa de idade, até pela dificuldade de chegar à praia na Zona Sul, ficava praticamente nos meus arredores. Dependendo do momento, tinha que conjugar lazer e escola. Não tinha condições de ficar indo para a Zona Sul, um local afastado. Praticamente, ficava no próprio subúrbio, no lugar em que você morava. ACIDENTE Sempre gostei muito de futebol, mas tive que interromper por causa de um acidente. Atropelei um carro quando tinha 11 anos. Foi basicamente na fronteira entre Ramos e Bonsucesso. Fraturei a tíbia e perônio. Foram 65 dias de recuperação, nos quais tive que conviver com muita solidariedade. Tive a presença da minha mãe me fortalecendo. Sua presença foi muito importante, porque, praticamente, tinha perdido minha condição de locomoção. Fiquei com gesso direto. Foi no período escolar e minha mãe ficou muito sacrificada, porque tinha que ir ao colégio pegar a matéria que tinha sido dada para que eu pudesse copiar e estudar. Dois anos depois, consegui entrar para o Colégio Ginasial e não houve uma queda muito grande com aquela perda. Houve apenas a perda da minha presença física no colégio, mas consegui recuperar o período e não me balancei muito. Foi uma perda mais emocional, porque tinha 11 anos. Lembro que, ao chegar ao hospital, fiz dois pedidos ao médico que me assistiu. Não queria andar de cadeira de rodas e queria voltar a praticar futebol. Na ocasião da minha recuperação, tive contato com o, hoje conhecido, Jamil Haddad, que me fez um preparo psicológico para tirar o gesso. Comecei a fase de fisioterapia e de recuperação. Ele entregou à minha responsabilidade a recuperação, encerrando a parte clínica e médica. Trabalhou muito o meu lado psicológico. Tive uma felicidade muito grande em voltar a praticar esportes e, graças a Deus, não precisei da cadeira de rodas, minhas duas maiores preocupações. FAMÍLIA Minha casa era muito tradicional. Tinha mais contato com minha mãe, porque ela não trabalhava. Ficava com meu pai quando ele chegava em casa, depois do trabalho. Sempre tive muito carinho e amor dos dois. Tenho isso até hoje. Mas minha ligação maior sempre foi com a minha mãe. INFÂNCIA Mudamos para Bonsucesso em 1962, logo após meu acidente. Meu pai conseguiu adquirir um imóvel e saímos do aluguel para uma casa própria. Fomos morar em um apartamento. Essa mudança foi normal. Já tínhamos um contato e a distância não era muito grande. Praticamente morávamos na mesma rua, de modo que a distância não nos inibiu. Passei a morar em um prédio com pessoas de um patamar social superior. Naquela época, a figura do portuário era muito forte e, no prédio, tinham muitas pessoas que trabalhavam no cais do porto. A condição sócio-financeira dessas pessoas sobressaía em relação aos demais moradores. Passei a conhecer novos coleguinhas. Isso foi bom, porque estava entrando no ginasial. Em 1963, fiz a Admissão, que era um processo seletivo para ingressar no ginasial que, hoje, é o primeiro grau. Tínhamos que fazer um ano de preparatório. Minha ida para o ginasial coincidiu com a fase em que estava saindo da infância, passando a ter novos colegas. Fui estudar em um colégio grande chamado Colégio Clóvis Monteiro, no bairro de Higienópolis. Neste Colégio, além da sua turma, era possível conviver com outros colegas do tempo do Admissão, que foram designados para outras turmas. Meu laço de amizades aumentou muito. Nesse tempo, comecei a conviver com a parte esportiva. Fui morar praticamente em frente a um clube e convivi com pessoas neste clube, na escola e no condomínio. Passei a ter um número maior de amizades. Esse clube era o Bonsucesso Futebol Clube. ENSINO MÉDIO Fiz o Admissão em Ramos, em um colégio muito bom chamado Instituto Relvas. Fiz todo o meu ginasial e o científico no mesmo colégio. Foram 4 anos de ginásio e 3 anos de científico. O Colégio tinha três turnos, a parte da manhã, da tarde e a noturna. No final do científico, fiz a parte noturna e, em paralelo, eu fiz o Curso Técnico em Contabilidade. EXÉRCITO Não consegui liberação imediata do Exército. Tinha o chamado adiamento de corporação. Não podia entrar no mercado de trabalho, porque não tinha o certificado de reservista. Isso me custou dois anos, quando completei o Técnico de Contabilidade. Consegui a dispensa do Exército. Fiz todos os exames médicos, psicológicos, físicos no CPOR, que era na Avenida Pedro II, em São Cristóvão. Existia um contingente grande, que foi submetido a uma bateria de testes para ver quem ficaria ou não. E tinha a condição da opção. Eu não queria servir o Exército, embora tivesse meu tio, irmão da minha mãe, que era militar. Isso, talvez, até tenha causado um mal-estar nele. Por ironia do destino, fui trabalhar na Petrobras como secretário de um coronel. ENSINO FUNDAMENTAL Em Ramos, fiz todo o meu primário. Tinha essa facilidade, porque a professora era uma só. Ela acompanhava a turma. Até uns anos atrás, ainda tínhamos contato com ela. Meus colegas não eram os mesmos da rua. Se for comparar com o ensino de hoje, tudo era muito diferente. Tínhamos até aulas de religião. O ensino era muito focado em Linguagem Portuguesa ou Língua Portuguesa, Matemática, Educação Cívica, Preservação Cívica, Religião e Recreação. Isso, no primário. Já no Admissão foi mais puxado. Como lazer, tinha basicamente torneios de ping-pong. Fiz meu primário em escola pública. Os colégios escolhiam pessoas para serem monitores e eu sempre era. Ao monitor, era permitido fazer conferência da higiene e limpeza corporal dos colegas, checar unhas, orelhas. Ajudava a direção do colégio, os professores, fazia campanhas junto aos colegas. AMIZADES Tinha amizades muito fortes. Minha mãe é católica praticante e, aos sábados, freqüenta a missa. Até hoje, ela encontra a mãe de um dos meus colegas, que sempre pergunta: “Como está nosso filho?” Essa ligação, passado tanto tempo, 50 anos, está forte e viva na presença das pessoas. Minha mãe fica se perguntando como seria se conseguíssemos juntar todas as pessoas daquela época num almoço. Como se faz hoje, por exemplo, uma turma da faculdade de Medicina até coloca anúncio no jornal procurando os colegas. Como seria isso? Os colégios chamavam as mães para falar como é que os alunos estavam, tinha reunião, tinha um conselho de pais dos colégios. As mães se conheciam até chegar ao ponto de ter esse círculo de amizade. Isso era muito legal. JUVENTUDE / AMIZADES Fiz o Primário todo em uma só escola. Fiz o Ginásio e o Científico na mesma unidade. Era um colégio estadual. Não há como negar que foi a melhor fase da minha vida. Foi uma fase em que tinha “compromissos descompromissados”. Estava começando a vislumbrar alguma coisa de futuro, onde desejava algo e passava a ter a influência de outras pessoas que tinha como ídolos. O poder de vida que aquelas pessoas me passavam é inesquecível e meu círculo de amizades foi crescendo. Não tinha como me afastar disso. ESPORTES Cheguei ao Ginásio conciliando a parte escolar e a esportiva. Pertencia ao time do Colégio e passei a conhecer colegas de outros colégios nas competições. E tinham também colegas que moravam no meu prédio, mas que estudavam em outros colégios. E havia o lado da competição. Antigamente, tinham os Jogos Intercolegiais, que o Globo ainda patrocina. Era uma competição acirrada e, nessa fase, não aceitávamos, de maneira nenhuma, a derrota. O jovem, nesta fase, se sentia totalmente desprestigiado na derrota. A parte de Educação Física era muito forte nos colégios. Era na competição que você se sobressaía. Uma medalha conquistada, e tenho as minhas até hoje, era recebida como uma medalha olímpica. Sempre gostei muito de futebol. Naquele tempo chamava-se futebol de salão, que, hoje, é o futsal. Gostava muito de futebol de salão, até pela condição física que passei a ter. Em função da minha fratura na perna, passei a ser muito forte fisicamente. Fiz toda a minha recuperação com halteres. Minha estrutura física, em relação aos garotos da minha faixa de idade, se destacava muito. Passei a ter uma alimentação muito forte, para consolidar a fratura e praticava uma seqüência de Educação Física superior aos garotos da época. Comecei a ter treinamento no colégio, treinamento de judô e praticava esportes. Tinha um condicionamento de seis ou sete horas com esporte ou com ginástica. Naquele tempo, tinha um compromisso com o corpo, de ver “endeusarem” seu corpo, de estar bem fisicamente e sobressair na vitória. O resultado final era a vitória. Jamais admiti derrotas. Tenho uma determinação grande. Quero ganhar. E, naquela época, era muito fácil motivar uma pessoa a ganhar. Tinha muita confusão nesses jogos, porque ia o pessoal que não praticava, que só acompanhava. Empate geralmente não existia, somente a vitória ou a derrota. As pessoas que iam acompanhar incentivavam muito. Às vezes, a própria direção do colégio facilitava, porque estávamos praticamente voltados para aquilo. A época dos Jogos Intercolegiais era muito legal. NAMOROS Em 1965, o ano do quartocentenário da cidade do Rio de Janeiro, estava no segundo ano ginasial. Talvez não poderia classificar o que existia como namoro. Tinha mais a figura da fã. Namoro talvez representasse um compromisso. Para sair na frente, você tinha que “namorar” primeiro o irmão mais velho da namorada, porque ele conhecia seu jeito de pensar. Você tinha que convencer o irmão mais velho. Tinha muita paquera, flerte, algo que não era tão voltado para o namoro propriamente dito. Mas tinha a fã, com quem se trocava retratos. Quando se ganhava uma medalha, você tirava e entregava à pessoa. Depois, pegava de volta JUVENTUDE Tínhamos muita coisa no bairro. Tínhamos o clube que, na ocasião, vivia o momento auge do carnaval, embora nunca tenha sido muito carnavalesco. Nossa brincadeira, no carnaval, se resumia à lança perfume de água, aquele que se deixava na geladeira para ficar mais gelado. As brincadeiras eram mais ao ar livre. Pipa, a bola. Morávamos numa rua de mão dupla e jogávamos bola na calçada. Isso gerava um pouco de apreensão, principalmente nos familiares pelo risco de atropelamento, mas não houve nenhum registro na ocasião. As brincadeiras eram sempre ao ar livre. Privilegiávamos as festas juninas, que sempre foram muito movimentadas e atraentes. E tinha o jogo de botão. Coloco o meu à disposição, mas não vendo e nem troco. Tenho meu jogo de botão até hoje. Tinham campeonatos, com as pessoas que moravam no prédio e nos arredores. Treinava com meu pai, porque, como não tinha irmãos, treinava com meu pai ou sozinho. Treinava as jogadas melhores, o preparo dos botões. Tinha toda uma técnica para o botão deslizar mais. Teve a época do ping-pong, da pipa, do futebol. ESPORTES Parei de jogar futebol aos 22 anos, porque comecei a ter problemas sérios. Até hoje, tenho alguns problemas no joelho e no ombro. Outra coisa que não me permite jogar foi que passei a ter peso. Quando parei de jogar, virei praticamente um auxiliar de direção e, depois, treinador de futebol. O esporte me acompanha até hoje, na própria Empresa. A Petrobras reviveu, por ocasião dos 50 anos, os jogos do Jubileu e tínhamos jogos entre os próprios funcionários, com os departamentos. O esporte me motiva até hoje. Gosto muito de futebol. Sofro muito com meu time. Sou botafoguense. Gosto de esporte de um modo geral. Se tiver alguma coisa na televisão voltada para o esporte, prefiro. PENSANDO NO FUTURO / CURSO TÉCNICO EM CONTABILIDADE No final do científico, já comecei a fazer o curso técnico. Já tinha uma noção do que queria fazer no futuro. Já vislumbrava o mercado de trabalho, que passou a ser motivante por dois aspectos. Para dar um alívio na popular e tradicional mesada que recebia de meu pai e para ter meu espaço. Não podia abrir mão disso. Queria aliviar o lado financeiro do meu pai. Não que tivesse faltado alguma coisa, não estava sendo cobrado, mas vislumbrava isso e queria ter minhas conquistas. Passar a ter o meu, a lutar por aquilo. Minha família sempre teve alguma expectativa em relação a uma carreira, mas nunca fui cobrado por isso. Sempre tive liberdade para definir minha situação. Minhas escolhas partiram mais de mim. PRIMEIRO TRABALHO Terminei o Técnico em Contabilidade em dezembro de 1971 e, em fevereiro de 1972, ingressei no mercado de trabalho. Tive um mês de afastamento entre as atividades, que foi preenchido com uma viagem familiar. Na ocasião, minha mãe tinha perdido um familiar e demos esta ajuda psicológica a ela. Eu, meu pai e minha mãe chegamos até Foz do Iguaçu. Já fui viajar sabendo que estava empregado. Consegui esse emprego através de uma pessoa que trabalhava na imobiliária que administrava o prédio onde morávamos. Na ocasião, meu pai era síndico e tinha contato com essa pessoa, que me levou para trabalhar na imobiliária. Esta imobiliária era a Cantição, que trabalhava com condomínios e locação de imóveis. Ficava na Rua da Quitanda, no centro da cidade. Tinha como ponto forte a administração de condomínios e chegou a ter 150 prédios administrados. Foi um grande aprendizado de vida. Até hoje, uma coisa que acompanho é o mercado imobiliário. Não gosto de participar de reunião de condomínio, porque é enfadonho, mas na medida em que posso, não falto às reuniões. É o momento de participar da vida de condômino, de se inteirar dos problemas ao seu redor, da sua comunidade. Trabalhei dois anos e meio nessa Imobiliária. Em seguida, fui trabalhar numa fábrica de comércio e indústria de embalagens, na área de contabilidade. Essa fábrica ficava na Rua São Luiz Gonzaga, em São Cristóvão. Dessa firma, fui trabalhar no Mercado São Sebastião, numa firma holandesa de pesca. Pedi demissão, muito a contragosto, porque fui trabalhar na Petrobras. INGRESSO NA PETROBRAS A Petrobras apareceu para mim através de um vizinho, que fazia uma campanha forte com minha mãe, no sentido de que eu deveria fazer uma prova para a Empresa. Nessa época, estava trabalhando nessa firma do mercado São Sebastião, que fica no acesso da Rodovia Rio-Petrópolis. Não pensava em sair de lá. Fui muito bem recebido e estava começando a ter conquistas num curto espaço de tempo. Não achava interessante trocar isso por uma situação nova, ingressando numa outra firma. Mas acabei aceitando o convite, participei do processo seletivo e fui trabalhar na Petrobras. E, por ironia do destino, essa pessoa que me convidou, foi um dos meus 52 chefes na Petrobras. Ele era uma pessoa muito amiga. Até hoje, temos uma forte ligação. Um dos seus irmãos, o mais novo, é um dos meus grandes amigos. Foi uma pessoa que me acompanhou também na parte esportiva. Jogamos juntos, éramos vizinhos de bairro. Não morava no mesmo prédio, mas ao lado. É uma pessoa muito estimada por toda nossa família. Hoje, ele mora em Curitiba e mantemos uma ligação. Nos telefonamos algumas vezes, nas grandes festas, aniversário, final de ano. Ele é aposentado da Petrobras. Devo muito a ele e à sua irmã também, porque ela fez muita força. Era uma contratada da Petrobras, que, depois, se efetivou. Aposentou-se pelo Centro de Pesquisas. Optei pela Petrobras porque, na época, já vislumbrava uma situação de garantia de trabalho, de uma parte beneficiária. Temos um plano de benefícios muito forte na Petrobras. Entrei em 1975, com 24 anos. O peso da idade já começava a pesar. Queria um mercado definido, não podia arriscar certas coisas. Este vizinho que me convidou se chama Marconi Rodrigues da Cunha, sua irmã, Mercedes Campos da Cunha, e seu irmão mais novo Marco Antonio Rodrigues da Cunha. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Entrei em novembro de 1975 e fui trabalhar na área de pessoal, na SEPES, Serviço de Pessoal. Fui trabalhar no que, hoje, se chama Universidade Petrobras, na área de ensino, onde as pessoas que ingressam em cargos profissionais fazem um curso voltado para sua especialização. Um exemplo prático é o do Engenheiro Químico. Na Petrobras, o Engenheiro Químico, hoje chamado Engenheiro de Petróleo, faz um curso de curso de Engenharia de Processo, para trabalhar em refinaria. Existem outras especialidades, mas quem já tinha formação acadêmica e entrava como empregado efetivo, tinha um curso que durava meses, um curso “puxadíssimo” para prepará-lo para o dia-a-dia na Petrobras. COTIDIANO DE TRABALHO Nesta área administrativa dos cursos tinha um serviço de datilografia, onde datilografava as apostilas, provas, testes e folhas curriculares dos cursos. Hoje, na Petrobras, esse setor chama-se Supervisão. Minha supervisora se chamava Maria de Lourdes Rocha de Toledo, que é amazonense. De vez em quando, nos encontramos nos almoços anuais que fazemos com a “velha guarda”. Colávamos o retrato e colocávamos as notas que eles tiravam durante o curso. Tudo isso era feito à máquina, não tínhamos computador. Era algo até “primata” Cada um tinha uma ficha individual. E tinham vários cursos, o de Engenharia Química, o curso para os eletricistas, para os contadores, administradores. A Petrobras estava começando a crescer e os processos eram anuais. Em setembro ou outubro, eu era cedido à parte de seleção. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Houve uma ocasião em que fiquei cedido, mas, antes disso, passei pela Replan, a Refinaria de Paulínia, um local maravilhoso. Passei seis meses lá, porque a Empresa estava fazendo uma adequação de procedimentos. Tinha que sair do Rio de Janeiro para fazer esta adequação em vários locais. Passei também pela Refinaria Duque de Caxias. Por acaso, eram, na ocasião, as duas maiores refinarias da Petrobras. A Replan é um local onde, até hoje, tenho grandes recordações e amigos. Já a Reduc mudou muito o seu quadro. Voltando, trabalhei também na área de desenvolvimento gerencial, nos cursos que a Petrobras oferecia para seus gerentes. Trabalhei em recrutamento de seleção, com remuneração, que foi quando o Marconi Rodrigues da Cunha foi meu chefe, no setor de Estudos e Pesquisas. Tínhamos as pesquisas salariais, na época do dissídio coletivo, a parte de pesquisas, a parte das vantagens que as pessoas recebiam quando viajam, que são os percursos, aquele valor que se recebe para se deslocar do aeroporto até o local onde se está a serviço da Empresa. Passei muito tempo trabalhando nessa atividade. Conheci muito da área de pessoal. Praticamente, conheci 80% desta área. Em 1984, trabalhei na área industrial, que se chamava Departamento Industrial. Fui para o DEPIN, que é uma parte do Setor de Abastecimento na Petrobras. Passei dois anos e meio no Departamento Industrial, no órgão que gerenciava as ações das Refinarias. Quando ingressei na Petrobras, trabalhei no Rio de Janeiro, no décimo oitavo andar do Edifício Sede. Saí em função de ter sido designado para acompanhar a rotina de procedimentos. Fui deslocado para implantar isso em algumas unidades. Implantar procedimentos de área de pessoal, não só na parte de treinamento, mas na de recrutamento de seleção. Buscávamos que as unidades tivessem os mesmos formulários, as mesmas condições que a Sede. Uma equalização de procedimentos, como se chamava. Fui primeiro para a Replan e depois para a Reduc. Talvez em 1977. HISTÓRIAS / CAUSOS / LEMBRANÇAS Aprendi rápido este novo serviço e tive o mérito de ter excelentes chefes. Pessoas com uma “visão de Petrobras” muito grande, de negócios. Até tem um lado muito grotesco que foi a primeira vez que falei em público. Foi em um trabalho realizado no auditório da USP. Fui como acompanhante. Tínhamos um grupo de pessoas que iriam dar palestras nas universidades. A Empresa tinha um projeto chamado “A Petrobras convida você”. Esse projeto ganhou um slogan, cartazes e encartes onde se lançava o processo seletivo do ano. A Petrobras ia até as universidades para tentar incentivar os estudantes a ingressarem na Empresa. Acompanhávamos um grupo de pessoas que iam dar essas palestras, para aprendermos, mas, depois, iríamos desenvolver essa atividade sozinhos. Foi uma situação muito engraçada. Chegamos na véspera e o colega que foi comigo ficou muito apreensivo quando viu o tamanho do auditório da USP. Conseguimos fazê-lo relaxar, porque a pessoa que tomava conta desse auditório disse que jamais tinha visto o auditório cheio. No dia seguinte, quando chegamos, do portão já se escutava um burburinho de vozes. Sabíamos que não tinham apenas 100 pessoas lá. Tinham pessoas até nos corredores do auditório. Meu colega “amarelou”. Sobrou para mim a dura missão de dar a palestra. Eu tinha a vantagem, e volto ao que falei, de ter pessoas muito competentes entre nós. Tínhamos um chefe chamado Gilnei Mourão Teixeira, que era chefe de pessoal, que dava palestras antes de viajarmos. Ele queria demonstrar às pessoas o que falariam, de modo que todos também falassem a mesma linguagem, de norte a sul do país. Conseguia, no meu inconsciente, ouvir o que ele falava e, praticamente, copiava o que ele falava com as pessoas. Combinamos falarmos 45 minutos e abrir 15 minutos para perguntas. Nesses 15 das perguntas, é que pensei que ia “cair do cavalo”. Só tinha uma alternativa. Falar por uma hora, pedir desculpas encarecidamente, e dizer que, em função de um novo compromisso, deixaríamos um número de fax ou telex para que as pessoas fizessem perguntas. Passado o susto inicial, rimos muito. Mas na ocasião, não foi fácil. Tinha a apreensão. Nessa questão de dar 15 minutos para perguntas, considerei que só tinha dois anos de “casa” e que não poderia falar sobre a “casa”, por melhor que fosse minha boa vontade. IMAGEM DA PETROBRAS Demorei um ano para ser convencido a ir trabalhar na Petrobras. De repente, era eu quem estava chamando as pessoas para trabalharem. Vesti a camisa da Empresa. A maior característica do petroleiro é que ele veste a camisa. Teve uma ocasião em que o petroleiro andou de cabeça baixa, apanhou muito da mídia. Mas no geral, quando você entra na casa, pode vislumbrar uma situação da direção. Você observa que nem todos os presidentes e os diretores foram pessoas de carreira. Ao sair, geralmente, fazem uma manifestação. Recentemente, o Henri Philippe Reichstul deixou a “casa” numa situação delicada. Foi um presidente que passou por várias situações de afundamento de plataforma, de vazamento da Baía de Guanabara, mas sua própria saída foi vitoriosa, com garra e emoção. Isso é muito próprio. Gosto muito de trabalhar na Petrobras. Tenho uniforme e não tenho receio dizer que sou petroleiro. Nunca tive, mesmo nos piores momentos. Trazemos isso e queremos levar para as pessoas. De início, minha maior reação era a de trabalhar em uma nova empresa e conquistar novas amizades, começar tudo de novo. “Como vou trabalhar numa Petrobras?” Passei a questionar se teria condição. Concorri com 900 pessoas e me perguntava se teria tanta competência. Depois, quando fui fazer a prova de datilografia, fiquei apavorado vendo os outros concorrentes. Quando veio a notícia de que tinha passado nesta prova, tomei um choque, pensei que fosse uma brincadeira. Pensei que o Marconi estivesse brincando com minha mãe, porque foi ele quem deu a notícia para ela. Depois de dois anos, falar da Empresa, já foi um prazer, porque já tinha uma referência, começava a ver o tamanho da Empresa. É como entrar pela primeira vez no Maracanã. Fico pensando nessa garotada que joga futebol e vai jogar no Maracanã ou num estádio desses pelo mundo. É um baque Lembro da dimensão de descobrir a Petrobras. Tinha o hábito da leitura, sabia o que era a Petrobras, o que se pensava sobre ela e vislumbra a chance de ficar muito tempo nessa Empresa, de galgar. E quando você entra, começa a conviver com pessoas que trabalham lá há 15, 18 anos. Temos muita força de trabalho terceirizada e essas pessoas, quando conversam comigo, falam que tenho mais tempo de Petrobras do que suas idades Você se torna um divulgador da Petrobras. Por exemplo, nesse trabalho que fazia junto às universidades, estava vendendo um produto chamado Petrobras, estava chamando alguém para a Petrobras. Não se convida para uma festa que não seja boa. Tenho um orgulho muito grande disso. O Rodolfo Landim, presidente da BR Distribuidora, me chama carinhosamente de “culpado”. Ele me chama de culpado, porque fui eu quem fez sua inscrição, apliquei sua prova e fiz sua admissão na Petrobras. A pessoa que me chefiou até dezembro de 2004, o Luís Antônio de Carvalho Vargas, que hoje é o Gerente de Propaganda da Comunicação, fui eu quem admiti. A doutora Lia Blower, que trabalhou na Petrobras e foi minha chefe, foi do mesmo processo seletivo. Você vê aquilo ali também como um bebê que carrega e vê formado. Você cria um filho e vê seu filho gerar um neto. É a mesma sensação. Você não pode ficar omisso a isso. Você vibra com as conquistas. Não posso perder minha vontade, até mesmo pelo trabalho que faço hoje. Sou um divulgador da Empresa. Levo as pessoas para conhecerem a Bacia Petrolífera de Urucu, a Bacia de Campos. Na última quinta-feira, levei um primo do Nelson Piquet no Centro de Pesquisas. As pessoas vibram com a Petrobras. E, se o externo vibra, o interno também tem que vibrar. Todo petroleiro tem a característica maior da garra e do amor. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Foi uma experiência boa trabalhar fora do Rio de Janeiro. Fui com a missão de equalizar procedimentos e foi a primeira oportunidade que tive de acompanhar algo fora da Sede, em uma nova realidade. O Edise é um grande escritório e fui para uma refinaria ver as coisas, de fato, acontecerem. Fui com um trabalho administrativo, mas tive a oportunidade de ver a produção, a parte de derivados de petróleo, como na Refinaria Duque de Caxias. Conheci o dia-a-dia da Companhia. O Edíficio Sede é um grande catalisador da parte administrativa da Empresa, mas é na parte operacional que comecei a vislumbrar o tamanho da Empresa. A Replan assusta pelo seu tamanho. Se o bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, fosse uma peça de encaixe, caberia dentro da Reduc. Já tinha visto antes, mas muito rapidamente, a produção de petróleo. Esse trabalho que faço hoje, a Empresa também fazia a nível de integração, de aperfeiçoamento do empregado. Através de uma competição, um sorteio, você ia a alguns pontos da Empresa. Na Replan, foi a primeira vez que acompanhei um turno de zero hora, que é o turno das pessoas que entram à meia noite. Passei seis meses na Replan e seis meses na Reduc. Passei a ser um divulgador, passei para uma situação de “ensinar” alguma coisa. Estava participando de um processo de divulgação e estava engajado naquilo. Não era um mero espectador, estava participando de uma rotina, por mais elementar que fosse. Estava deixando uma mensagem às pessoas e a reciprocidade disso me gratificava. Depois, voltei para o Rio. Fui para a Replan sabendo que voltaria. Quando voltei, fui para o Setor de Desenvolvimento Gerencial, de recrutamento de seleção. Fiquei nesta área de 1979 até 1984. E, em todo período que tinha o processo seletivo, era cedido para este trabalho. Mas, passado um tempo, já era do recrutamento de seleção efetivamente. Hoje, trabalho na gerência de Atendimento da Comunicação Institucional. Nossa maior atividade é a divulgação dos pólos da Petrobras, dos seus carros chefes que são Urucu, em plena selva amazônica e as plataformas. Também temos, no Rio de Janeiro, o Centro de Pesquisa, o Cenpes, a Refinaria Duque de Caxias, os terminais de Campos Elíseos e de Ilha Grande, em Angra dos Reis e a fábrica de lubrificantes da BR Distribuidora, um local espetacular, 90% automatizado. Conduzimos diversos públicos a conhecerem nossa realidade. COTIDIANO DE TRABALHO Esses públicos são selecionados pelas gerências das Refinarias e são nossos convidados para conhecerem nosso trabalho, uma extração de petróleo, a realidade da Petrobras na Amazônia, o trabalho desenvolvido pelo Centro de Pesquisa. Eles vão como formadores de opinião. Esse público é o mais variado possível. Existe o público da BR Distribuidora, composto por seus revendedores, dos donos de postos de gasolina, de pessoas que representam o sindicato das indústrias de entrega de combustível. Temos o quadro político, o quadro dos investidores da Companhia. A área jurídica da Petrobras, por exemplo, tem em seu público, desembargadores e juízes. Por exemplo, um perito do INSS, vai conhecer a realidade com que se trabalha nesse local. Tínhamos um problema no estado de São Paulo, na ocasião das aposentadorias especiais, de saber como essas pessoas trabalhavam. E esses peritos ficaram espantados quando foram à Refinaria Duque de Caxias e viram que, no forno, a temperatura pode atingir 1000 graus, que a casa de bombas de uma plataforma é um local severo, onde o calor é forte e, por isso, os trabalhadores devem receber aposentadorias especiais. A planta de gás em Urucu fica a 600 quilômetros de Manaus, em plena selva e tem uma área de preservação ambiental. Você deve levar as pessoas para que conheçam esta realidade, para que não haja descrença. No começo do nosso trabalho, as pessoas estavam voltadas para o passeio, mas não é essa a realidade. Levamos as pessoas para uma visita técnica e institucional. Toda a montagem da estrutura de Urucu foi construída em seis meses por causa do verão e do inverno. Todo o deslocamento de comida, de maquinário, de equipamentos, só pôde ser feito em seis meses. As pessoas trabalham lá por 14 dias. O embarcado da Bacia de Campos, por exemplo, fica 14 dias confinado em alto mar nas condições mais severas. As pessoas vão lá para conhecer a realidade desses trabalhadores. Tem sido muito comum a mídia divulgar nosso trabalho. Há pouco tempo, a Record fez uma reportagem a bordo. Só trabalho com público externo, mas estamos montando um programa voltado somente para a força de trabalho da Petrobras, para o empregado que não conhecia a realidade da Empresa. O que se busca nesse tipo de trabalho é transformar o visitante num defensor e aliado, em um formador de opinião que ajude a combater a descrença que a Empresa teve, porque ela passou por muito tempo de descrença. Quando comentaram que, no Brasil, não haveria uma gota de petróleo, o povo aceitou essa informação. O começo da exploração na Bacia de Campos foi muito sofrido por causa dessa descrença. Nossa expectativa é levar essas pessoas formadoras de opinião para que sejam um elemento de divulgação. Não compramos as pessoas, elas vêem, sentem. Tenho testemunhos de pessoas que choram quando chegam a bordo. Tenho o depoimento do cônsul do Canadá, que foi até uma plataforma e, em determinado momento, interrompeu a visita e me pediu que levasse até ele o maior número possível de trabalhadores da plataforma. Tentamos argumentar dizendo que seria impossível retirar as pessoas dos seus postos de trabalho e que, na medida do possível, tiraríamos um grupo que seria o porta-voz da mensagem. O cônsul do Canadá assumiu o compromisso pessoal de, ao retornar ao Canadá, explicar ao seu povo e às autoridades canadenses, o que viu no Brasil operado por brasileiros. Foi um momento de emoção na plataforma. As pessoas choraram, ele se emocionou e confessou publicamente que jamais acreditava que, no Brasil, tivesse o que ele estava acabando de ver. Essa situação nos motiva a levar o projeto em frente. O projeto é vitorioso. O convidado que é político é sempre muito crítico, porque a crítica política é muito voltada para o lado da descrença. Isso, de um modo geral. A descrença parte das coisas mais absurdas possíveis. De levar uma comitiva e, na volta, as pessoas confessarem que ficaram surpresas pelas pessoas trabalharem uniformizadas. Muitas vezes, temos que reagir de um modo severo para motivar aquela pessoa. Perguntamos se, na empresa onde ela trabalha, as pessoas não trabalham uniformizadas. No começo desse trabalho, as pessoas tinham a nítida crença de que iam chegar na plataforma e iam encontrar as pessoas pescando É uma jornada severa, de 12 horas para a maior parte das pessoas que trabalham numa plataforma. E tem as pessoas que são desinformadas. Você modifica este quadro, principalmente a partir do momento em que existe uma divulgação mais ampla da mídia e da internet. HISTÓRIAS / CAUSOS / LEMBRANÇAS Existe uma grande jornalista que está na TV Globo e que fez parte de uma visita durante a ocasião dos 500 anos da descoberta do Brasil. Fomos a uma determinada plataforma onde pretendíamos passar três dias. No final do segundo dia, estava conversando com o Geplat, que é o Gerente da Plataforma, a pessoa que comanda a embarcação. Essa repórter manifestou um ar de preocupação, porque só falávamos em metros cúbicos e em barril de petróleo e, até aquele momento, ela ainda não tinha visto nenhum barril Isso gerou uma gargalhada muito grande a bordo. Toda vez que vou até esta plataforma e esse Geplat está presente, me pergunta se eu trouxe o barril Essa plataforma, naquela ocasião, estava produzindo cem mil barris. O Geplat, em tom de brincadeira, disse para a nossa jornalista que seria muito difícil ela ver os barris, porque eles tinham ido para a costa. Na volta sim, ela veria, mas ia dar um pouco de trabalho, porque eles voltariam vazios e recolheriam o pessoal que estava visitando a plataforma para ajudar a subir com os barris. COTIDIANO DE TRABALHO O Geplat é o anfitrião em nossas visitas. Ele recebe a comitiva, acompanha nas explicações, faz a designação de um supervisor ou técnico bem informado para explicar como funciona uma plataforma no seu dia-a-dia, não só no que se refere à parte operacional como à parte administrativa, sobre o restaurante, a hotelaria, área de lazer, academia de ginástica, enfermaria. As pessoas nem acreditam, mas tem tudo isso numa plataforma. As pessoas que são levadas para essas visitas são jornalistas, empresários, grupos de investidores, empresas, bancos. Para selecionar os grupos, partimos fundamentalmente dos pedidos dos nossos clientes internos. As Refinarias têm seu público de relacionamento na região. Entram em contato conosco, fazemos o cronograma e eles selecionam o público. São os públicos de relacionamento, de interesse daquela refinaria, daquele terminal. Eles sabem quem são os parceiros da Petrobras e dão oportunidade à essas pessoas de conhecer a Empresa. Pode ser um promotor de justiça, um prefeito recém-empossado, um vereador, um jornalista regional, algum representante do poder público, alguém da Secretaria de Meio Ambiente, de uma empresa ambiental, algum empresário, algum representante da guarnição florestal ou ambiental, da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros. Pessoas que lidam diariamente com situações nas localidades onde temos Refinarias. No próximo domingo, chegará uma comitiva de convidados da BR Distribuidora e da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão. Teremos, no grupo, promotores de justiça, representantes de áreas ambientais, representantes da CETESB. Já levamos a Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, a delegacia de Tocantins e o Governador do estado de Tocantins. VISITAS A URUCU A visita a Urucu demora três dias, no mínimo. O primeiro dia é o da viagem do estado de origem até Manaus. Nesse dia, não se faz a ida para Urucu, porque, geralmente, esse dia corresponde a domingo. Chegamos e vamos para um hotel em Manaus. Na segunda-feira, partimos para Urucu, fazemos a visita e voltamos para Manaus neste mesmo dia. O deslocamento é aéreo, em um avião turbo hélice, de um consórcio franco-italiano de uma empresa contratada pela Petrobras. Não é um vôo comercial, são pessoas somente de interesse da Petrobras. O vôo dura, em média, uma hora e 40 minutos, bem em cima da selva. É um espetáculo muito bonito pelas características da região. Você vê o traçado dos rios, a selva. O pouso e a decolagem também são muito bonitos. Temos um aeroporto homologado da Petrobras, que é onde o avião pousa e faz o transporte do nosso pessoal. Em Urucu, temos uma visita normal como em qualquer outro local, ou seja, mostramos o que se faz lá. Primeiro, levamos a um poço de petróleo, damos informações do trabalho desenvolvido, do que a Petrobras representa para a Amazônia, do que se paga de carga tributária, o que se desenvolve a nível de royalties. Depois, fazemos a visita propriamente dita. Na extração do petróleo até sua chegada na planta, o processo, a separação do petróleo, a sala de controle, as esferas de GLP, que é o gás liquefeito de petróleo, o popular gás de cozinha e que tem uma demanda muito grande. Fazemos a demonstração do que é o GLP, porque ninguém sabe o que tem dentro do botijão da nossa casa. Também temos o replantio de tudo o que foi desmatado. Em Urucu, mantemos um orquidário com as mudas do que retiramos para desmatar. Urucu é uma área de mais ou menos 100 quilômetros. Hoje, 70 ou 80% já está asfaltado, ou seja, existem condições de transportar os visitantes em ônibus. Não se transita muito a pé em Urucu, principalmente com os visitantes, porque o local é abafado, a umidade é alta, o que causa desconforto. O trânsito é feito em microônibus ou em Topic, dependendo da quantidade de pessoas que estejam fazendo a visita. No começo da implantação da parte de processo, a Petrobras recorreu a alguns cientistas e ambientalistas para que traçassem normas para a utilização de Urucu. Foram feitas várias recomendações, inclusive a de minimizar estradas, para não termos público em volta, para não descaracterizar o local a nível de população, já que passaríamos a ter problemas de relacionamento e geraríamos comunidades em volta. A única coisa que temos em Urucu são as pessoas que trabalham lá. As pessoas trabalham 14 dias e vão embora. Urucu não tem CEP, as pessoas trabalham lá, acabam sua jornada, vão embora e são substituídas por outras. A chegada a Urucu é por helicóptero, por balsa ou rebocador e isso leva muito tempo. Urucu pertence ao município de Coari, que fica distante cerca de 200 quilômetros. As estradas de acesso são em função desses projetos traçados. Elas basicamente se dirigem aos poços, funcionando como um facilitador para se chegar a eles. A maior produção em Urucu é de gás. Sua produção de petróleo propriamente dita é de, pouco menos de 60 mil barris por dia, todo ele desenvolvido na Refinaria de Manaus. Urucu teve um processo com duas fases bem distintas. A partir do momento de divulgação pela mídia, da campanha dos 50 anos da Petrobras, Urucu passou a ser mais explorada, mais divulgada e mais procurada. Todas as pessoas que tinham medo de andar de helicóptero na Bacia de Campos e andar de avião em cima da selva, passaram a sentir que não havia tanto risco. Estamos praticamente no final de fevereiro e já tenho um cronograma de visitas agendadas que contempla todo o ano de 2005. Temos duas visitas por mês a Urucu, que passou a ser um pólo de visitação. Divido essa atividade com um colega e, por isso, vou uma vez por mês em Manaus. Durante a visita, ocorre uma primeira fase de deslumbramento pelo desafio e ousadia de montar aquilo em plena selva amazônica. Temos praticamente seis meses de navegação possível para montar uma estrutura, uma planta de processo de petróleo. Uma planta de processo é comum a qualquer refinaria, mas, pelo traçado, logística e pela dificuldade para montar Urucu, torna-se muito mais atraente. As pessoas partem daquela descrença e, quando chegam, se deparam com isso. Hoje, devemos ter em torno de 1.200 pessoas trabalhando em Urucu, entre mão-de-obra nossa e terceirizada. Por isso, temos toda a parte de hotelaria, de alojamentos e atividades incentivadas pela Companhia. COTIDIANO DE TRABALHO Inicialmente, este programa de visitas não contemplava todos os órgãos. Havia apenas um trabalho desenvolvido a nível de integração dos empregados do Rio de Janeiro. Depois, na Bacia de Campos, passamos a levar investidores. Houve aceitação de alguns presidentes, dirigentes e, no nosso caso, de alguns gerentes. E vislumbramos a oportunidade de divulgar o programa fora dos locais regionais. Ainda temos projetos regionais, ou seja, o público tem acesso a uma refinaria ou a um terminal, mas não tinha a oportunidade de conhecer algo fora dali. Não adianta conhecer a Petrobras só em Araucária, por exemplo. Temos a oportunidade de trazer o pessoal de Curitiba para conhecer a realidade da Petrobras na Amazônia. O programa foi crescendo com o incentivo de algumas gerências. Estou no Projeto há sete anos. Quando aceitei o convite para trabalhar na Comunicação, ele ainda não estava todo delineado, era bem mais esporádico. Depois, foi crescendo, conseguindo verbas, incentivo, apoio e, principalmente, procura das pessoas. Não havia demanda de pessoas para conhecer por dois motivos. Pelo medo do helicóptero, no caso da Bacia de Campos, e pelo medo da selva, em relação a Urucu. A área de abastecimento tem o Programa “Portas Abertas”, voltado para comunidades regionais. Em função de problemas técnicos, não temos visitas à Bacia de Campos. Estamos indo muito a Urucu, ao Centro de Pesquisas, por sua qualidade e excelência. O Cenpes é um lugar muito bonito, bastante procurado. Convivo muito com a Reduc, que também é muito procurada. Recebemos autorização da BR Distribuidora para aumentar a divulgação da fábrica de lubrificantes, da gerência industrial da BR Distribuidora que também é um local bem bonito. O Terminal de Angra dos Reis também é muito procurado. Praticamente, o que se faz é a adequação em cima do que o público precisa. O Engenheiro Naval gosta de procurar algo voltado para o navio. O pesquisador quer ir ao Centro de Pesquisa. Fiz 207 visitas em plataformas. PLATAFORMA P-26 Passamos a freqüentar muito a Plataforma P-26 que fica no Campo de Marlim. Ela passou a ficar muito em evidência, porque no Programa de 50 Anos fez uma filmagem e, depois, ela foi agraciada em uma homenagem ao trabalhador embarcado no programa do Faustão. Conseguimos fazer um link. Nós, a bordo, e o Faustão, no Projac. Foi um momento de muita emoção. Tem uma novela da TV Globo que está sendo filmada na P-40. A P-26 não é mais o único foco. As pessoas reclamavam comigo que “tudo era a P-26”. Tenho um laço muito forte com ela, porque as pessoas que trabalham lá nos recebem muito bem. Sem nenhum demérito às outras embarcações, a P-26 é novinha, muito limpa, atraente. Em um dia claro, é possível ver as outras embarcações. Em Marlim, devemos ter uma média de umas nove embarcações e, no campo visual, se vê o bonito espetáculo do entardecer a bordo. Ela tem seis ou sete anos de produção, de locação. Chama-se locação quando a plataforma já está no local da produção. Nosso atual Presidente da República, na época da campanha, também esteve por lá e isso começou a ficar muito marcado. Pessoas representativas estavam indo até a P-26. Levamos a Ana Maria Braga na P-27, ou seja, a P-26 não é exclusiva. Até porque, muitas vezes, a indicação da plataforma não depende de nós. A escolha pode ser pela disponibilidade do momento, se a plataforma está ou não em manutenção, para evitar visitas em troca de turno. Paguei esse tributo de dizerem que prefiro a P-26, como pago até hoje pela Replan, porque há algumas pessoas que consideram que tenho um carinho diferenciado por ela, isso não é verdadeiro. Tenho carinho por todas as refinarias que pude freqüentar. Convivi na Replan e mantive meus laços de amizade com as pessoas que trabalham lá. Mas gosto de todos. Sou um agraciado por ter conhecido todas as refinarias da Petrobras no Brasil e convivi também com todos os terminais. Conheci o Gasoduto Brasil-Bolívia na fase de sua construção e isso me deu um embasamento “Petrobras Cultural” muito grande e forte. Sou muito grato por isso PROGRAMA DO FAUSTÃO O Programa do Faustão surgiu de uma homenagem ao embarcado. A Petrobras procurou a TV Globo para algumas ações e este Programa foi escolhido pela possibilidade de gravação ao vivo, já que tínhamos uma hora própria para o retorno da plataforma. No dia, levamos um susto muito grande, porque o satélite saiu do lugar numa hora que não deveria sair, mas, depois, voltou ao normal. O Leonardo apresentou um número no Programa, que foi cantado a bordo da Plataforma. Foi o maior coral do Programa, como disse o Faustão. Foi um momento de muita emoção. As pessoas se emocionaram muito, principalmente quando o programa saiu do ar. A divulgação disso ficou guardada a sete chaves. Eles só souberam no domingo pela manhã. Eles começaram a ficar desconfiados, porque, de quinta a domingo, passei a ir à plataforma com a equipe da TV Globo. Começaram a desconfiar que alguma coisa iria ser feita, mas não sabiam a amplitude, porque queríamos que fosse surpresa. No domingo, pouco depois do almoço, fizemos a divulgação. Foi uma correria muito grande para telefonar para os familiares para que vissem o Programa. Fiquei muito contente com isso, porque participei com eles. Fiquei ao vivo. Fui ao heliponto, porque a gravação foi toda lá. Foi muito bacana, porque era possível sentir a emoção. Fiquei com o ponto, que chamam de sinal, que ficou por baixo do meu macacão e quase não podia me mexer. Mas achei que foi muito gratificante para eles. O que pude fazer, fiz. E pedi para participar. Se não me engano, foi no dia 7 de setembro. VISITANTES ILUSTRES Temos comitivas que variam muito pelo grupo em si, até pela forma de perguntar, de conhecimento. Um grupo pode ser mais sensibilizado do que outro. Hoje, o conhecimento sobre a indústria do petróleo é bem maior. Geralmente as pessoas que vão já têm um embasamento, diferente do que ocorria no passado, quando as pessoas iam buscar esse conhecimento. Por exemplo, a pessoa que vai à Bacia de Campos sabe que tem uma rocha do fundo do mar puxada por uma broca. Antigamente, as pessoas pensavam que era uma grande piscina e que uma bomba de sucção puxava o petróleo. É difícil destacar individualmente os visitantes. Destacaria o cônsul do Canadá, pela situação que me marcou muito. Fui agraciado em trabalhar na equipe da visita do Príncipe Charles, há três ou quatro anos atrás, na Refinaria Duque de Caxias. Participei também da visita do presidente Lula, já como Presidente da República, no estaleiro de Angra dos Reis, no Estaleiro Brasfeals. Foi uma visita complicada, dentro do estaleiro, um ambiente impróprio, com muito calor. O Presidente estava recém-empossado e você via a vibração dos colegas com sua chegada. Foi um momento de rara felicidade, porque o Presidente da República rompeu com todo o cerimonial e deixou os parceiros que estavam acompanhando, a Governadora do Estado e alguns Ministros, entre outros, para abraçar seus colegas metalúrgicos. Isso mexeu comigo, porque participei daquilo. Estava fazendo um trabalho revestido da maior seriedade possível, e a pessoa mais representativa do seu país te retribui de forma simples, humana, indo cumprimentar o grupo de metalúrgicos. REAÇÃO DAS VISITAS Às vezes, temos problemas nas comitivas, principalmente pelas reações ao nível de saúde das pessoas. Nem todos são ambientados ao mar, nem todos têm boa reação à altura. Algumas pessoas passam mal e não conseguimos mostrar nosso trabalho. Ficamos frustrados, quando uma pessoa começa a passar mal e temos que levá-la para a enfermaria. Sinto que as pessoas que nos visitam têm o mesmo sentimento que eu tenho. Os colegas que são designados para acompanhar a comitiva nas explicações também transmitem isso. E os visitantes observam que aquelas pessoas trabalham com vontade, com dedicação e amor. Quando se conjuga o pensamento externo com o seu, você percebe que está no caminho certo. E passo essa vibração. Em muitas visitas, a descrença predominava, mas quando retornavam, vinham com outro pensamento. É uma vitória, uma consagração, o resultado final do seu trabalho. Você desenvolveu, mostrou e conseguiu um aliado. Conseguiu que aquela pessoa enxergasse que a Petrobras é grande, que não é aquilo que saia no jornal. O pensamento que saiu, um dia, no jornal, deixa de representar o pensamento daquele visitante. Eu diria que, no mínimo 90% viaja com uma idéia e ratifica isso. Muitas vezes, ratifica no papel. Recebo muitos e-mails de pessoas dizendo do prazer que tiveram, que sua brasilidade aumentou. Quando levamos pessoas que têm formação militar, eles enfatizam isso. Sinto que meu trabalho está sendo valorizado, que estou no caminho correto. Porque se eu tiver qualquer descrença, não conseguirei vender nossa mercadoria. As visitas não são compradas, mas queremos retorno. O lucro que temos é nossa divulgação real. Queremos a realidade. Pergunto: “Viu? Gostou? Aprendeu? Entendeu o que é a Petrobras? O que significa para o Brasil? Você calcula o que representa uma Petrobras em cada município que atua? Calcula como Macaé seria sem a Petrobras, sem os royalties que recebe, sem os impostos que se paga? Teríamos a explosão demográfica que estamos tendo hoje? Como seria Coari sem receber essa carga tributária da Petrobras? No nordeste brasileiro, como seriam os municípios que recebem essa parcela? Conheceríamos esses municípios, saberíamos o nome deles? Será que as disputas das Prefeituras seriam tão acirradas?” Temos o nosso valor, nosso papel. Acho que acima de tudo, tenho a gratidão de trazer as pessoas mais elevadas para o nosso lado. O Governador de Tocantins, por exemplo, fez a divulgação de Urucu. Será que ele só fez configuração política? Que seu depoimento foi totalmente político? Será que ele não trouxe nada humano? O que se tem de produtivo, de lucro, é a divulgação, a forma como as pessoas começam a encarar a Petrobras. A cada visita, aprendo alguma coisa. Um detalhe, o posicionamento de uma Árvore de Natal, uma informação nova, um separador, uma nova unidade de produção de gás lançada. 30 ANOS DE TRABALHO Estou num aprendizado constante, profissional e pessoal. Pretendo completar 30 anos de Petrobras. Será um momento de muita alegria e felicidade, porque me considero uma engrenagem da Petrobras. Me sinto peça disso. Minha maior gratidão foi a oportunidade de conhecer minha Empresa. A Petrobras é uma empresa que está onde deveria estar. Digo para os meus visitantes, numa mensagem de fim de visita, que a Petrobras nunca vai dar errado. Pelo que já vi de descrença, de tentativas de privatização para depreciar a imagem da Empresa, deixá-la no marasmo, sua sobrevivência foi fatal. Seu reconhecimento é internacional. Mas sua maior valorização é a do povo brasileiro que passou a acreditar nela. Porque se o povo acreditar, você resolve tudo. PROJETOS FUTUROS Como meta pessoal, em 31 de dezembro próximo ou 31 de maio de 2006, vou tentar parar de trabalhar. Mas queria ter oportunidade de passar o meu amor, minha vontade, minha disposição para alguém que desse continuidade ao meu trabalho. Seria minha última vitória como petroleiro. PROJETO MEMÓRIA PETROBRAS Participar do Projeto Memória Petrobras foi muito gratificante, porque conversei muito com as pessoas que estavam à frente deste Projeto, citando nomes, indicando pessoas, acompanhando idas a alguns Estados. A criação do Projeto Memória foi muito bacana. É gratificante para nós que convivemos e, principalmente, como uma motivação aos que estão entrando. A Petrobras deveria caminhar para o que a Companhia Siderúrgica Nacional vem fazendo agora. Ela tem um projeto que traz o aposentado para conhecer a Companhia, já que, no momento em que estavam na ativa, não conheceram a Empresa. Eles conheceram o estacionamento, o posto de trabalho, o refeitório, o estacionamento. E, hoje, estão de volta. Talvez eu não venha a ter esse tipo de problema porque, como disse, sou um felizardo, conheço a Petrobras de norte a sul. Para mim, o baque maior será o afastamento do dia-a-dia, mas minha gratidão será eterna. Meu último desejo como petroleiro é que se continuasse este Projeto, trazendo pessoas mais novas para começarem a sentir o que está se passando. Minha última mensagem é essa: a Petrobras é nossa