Projeto: Memória Petrobras
Depoimento: Ruth Ferreira
Entrevistado por: Heloísa Gesteira
Local: Rio, 26/4/2005
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista: PETRO_CB693
Transcrito por: Maria da Conceição Amaral da Silva
P – Boa tarde.
R – Boa tarde.
P – Eu queria começar você falando seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Ruth Ferreira. Eu nasci em Niterói no dia 24/1/1955.
P – Ô Ruth, conta para mim como é que foi a sua entrada na Petrobras, e quando foi?
R – Olha, eu entrei na Petrobras no dia 6/5/1983. Um pouco por acaso. Porque na realidade eu trabalhava em uma multinacional. Estava muito bem lá. Como secretária de um americano, bilíngüe. Mas o meu irmão achou que seria importantíssimo entrar no sistema Petrobras por questão de segurança. E eu disse para que: “Tá bom, vou fazer os testes. Se eu passar eu vejo depois. Sem nenhum compromisso.” E fui passando, passando, passando, quando chegou no momento de decidir: “O que é que eu faço?” na realidade eu entrei na Braspetro para ganhar metade (riso) do que eu ganhava na empresa multinacional. Mas foi muito gratificante porque foi uma escola. E em pouco tempo eu galguei. Passei o que a experiência que eu tinha lá na área multinacional, salário e tudo. Então foi maravilhoso. Não me arrependo, no me arrependo.
P – E assim, além da segurança, alguma coisa mais te moveu a escolher a Petrobras depois que você tinha feito concurso, que estava aprovada, que foi chamada?
R – A segurança em primeiro lugar e o desafio. Eu gosto de ser desafiada.
P – Hum, hum.
R – Então era algo novo. E como eu fui muito bem colocada, eu fui a primeira no concurso. Então eu vou partir para esse desafio e foi muito bom, foi muito bom. Não me arrependo. Eu, para mim eu tenho uma carreira brilhante na Petrobras.
P – Me diz uma coisa: quando você fez concurso você já fez para a Braspetro, ou fez para a Petrobras e acabou indo para a Braspetro?
R – Não,...
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Depoimento: Ruth Ferreira
Entrevistado por: Heloísa Gesteira
Local: Rio, 26/4/2005
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista: PETRO_CB693
Transcrito por: Maria da Conceição Amaral da Silva
P – Boa tarde.
R – Boa tarde.
P – Eu queria começar você falando seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Ruth Ferreira. Eu nasci em Niterói no dia 24/1/1955.
P – Ô Ruth, conta para mim como é que foi a sua entrada na Petrobras, e quando foi?
R – Olha, eu entrei na Petrobras no dia 6/5/1983. Um pouco por acaso. Porque na realidade eu trabalhava em uma multinacional. Estava muito bem lá. Como secretária de um americano, bilíngüe. Mas o meu irmão achou que seria importantíssimo entrar no sistema Petrobras por questão de segurança. E eu disse para que: “Tá bom, vou fazer os testes. Se eu passar eu vejo depois. Sem nenhum compromisso.” E fui passando, passando, passando, quando chegou no momento de decidir: “O que é que eu faço?” na realidade eu entrei na Braspetro para ganhar metade (riso) do que eu ganhava na empresa multinacional. Mas foi muito gratificante porque foi uma escola. E em pouco tempo eu galguei. Passei o que a experiência que eu tinha lá na área multinacional, salário e tudo. Então foi maravilhoso. Não me arrependo, no me arrependo.
P – E assim, além da segurança, alguma coisa mais te moveu a escolher a Petrobras depois que você tinha feito concurso, que estava aprovada, que foi chamada?
R – A segurança em primeiro lugar e o desafio. Eu gosto de ser desafiada.
P – Hum, hum.
R – Então era algo novo. E como eu fui muito bem colocada, eu fui a primeira no concurso. Então eu vou partir para esse desafio e foi muito bom, foi muito bom. Não me arrependo. Eu, para mim eu tenho uma carreira brilhante na Petrobras.
P – Me diz uma coisa: quando você fez concurso você já fez para a Braspetro, ou fez para a Petrobras e acabou indo para a Braspetro?
R – Não, eu fiz para a Braspetro.
P – Já fez especificamente então?
R – Foi especificamente para a Braspetro, sim. E com o passar dos anos a Braspetro foi incorporada ao sistema Petrobras. Mas eu fiz para a Braspetro.
P – Me conta um pouco, assim, dos lugares que você trabalhou na Petrobras, dos setores, um pouco da sua trajetória dentro dessa empresa.
R – Pois é, na realidade na Petrobras eu andei pouco. Eu andei pouco embora tenha trabalhado muito. Eu entrei na Braspetro e na Braspetro eu fui trabalhar na Assessoria Jurídica. Eu logo depois fui para a Gerência de Engenharia. Fiquei lá mais ou menos entre 2, 3 anos nos dois órgãos. E vim aqui para a Petrobras, fui convidada para ser secretária do presidente. Fiquei 12 anos como secretária do presidente. Foi ótimo a experiência. Muito boa experiência. E agora, estou retornando de novo à área internacional. A antiga Braspetro. Então eu andei pouco embora tenha trabalhado muito.
P – E quais são as lembranças mais marcantes que você tem aí desse período de trabalho?
R – Olha, muitas alegrias, muitas alegrias, inúmeras. Muitas amizades. Eu gosto muito de ter contato com as pessoas. Agora, na Presidência eu acho que eu passei os momentos mais marcantes, principalmente na administração do presidente Reischtul. Porque foi o momento onde a Petrobras mudou. Então eu acho que eu aprendi ser muito mais pessoas, porque foi a fase que a Petrobras pegou de pior. Foram os acidentes, as mortes, os problemas. Então foi um momento que eu tive que me superar. Porque o presidente, coitado, ele sofreu as agruras da administração dele, dos acidentes inúmeros que a Petrobras passou. E eu estava ao lado dele como tipo um pára-raio. Então foi bom porque eu acho que eu aprendi muito. Eu acho que as maiores emoções da minha vida foi nesse período. Da administração do presidente Reischtul, certamente o foi. Certamente.
P – Tem como descrever para a gente esse impacto de um acidente, como é que isso reflete no cotidiano da Presidência, na empresa, da empresa com a sociedade?
R – Olha, primeiramente é como reflete na pessoa. Porque antes de ser empregado da Petrobras, ou ser presidente, ou ser secretária do presidente, nós somos um ser dotado de emoções. Então a primeira emoção que eu tive foi ser acordada de madrugada, e quando eu ouvia voz do interlocutor eu percebi que era o assessor de imprensa do presidente. E eu me lembrava da agenda do presidente que ele teria tido um jantar com algumas pessoas estrangeiras. E eu imaginei que tivesse acontecido alguma coisa com ele. Porque...
P – Você recebeu esse telefonema de madrugada?
R – É. Logo depois da explosão da plataforma. E eu imaginava que tivesse acontecido alguma coisa com ele quando eu ouvi a voz de um assessor dele. E a primeira pergunta que eu me lembro que eu fiz foi: “o presidente está bem?” Ele falou: “o presidente está. Mas eu preciso achar uma outra pessoa de Brasília que estava aqui, que você sabe qual é o hotel. Porque houve um problema e eu acho que você vai ter que vir para a Petrobras.” Eu falei: “Qual problema?” “A plataforma explodiu. E o presidente vai estar indo para a empresa e precisa de você lá.” Então foi, eu me lembro, que eu fiquei assim sem entender muito na hora. “Explodiu? Explodiu como?” Porque primeiro você está acordando...
P – Foi a P-36?
R – Foi, a P-36. Primeiro porque era, sei lá, tipo 3 da manhã. Alguma coisa nesse sentido. Então você está um pouco sonada e não sabe exatamente a dimensão do que está acontecendo. Ele falou: “Ô Ruth, é sério. Tem mortos e a gente precisa de você lá.” Eu falei: “Tá bom. Vou tomar um banho e vou para a Petrobras.” E eu fiquei assim surpresa porque eu cheguei aqui de madrugada e a garagem estava absolutamente lotada. E aí a gente começa a ver que o impacto era bem maior do que a gente imaginava. Porque aí é a questão do ser humano. Depois tem a questão de que eu sou parte da Petrobras. E tinha 11 corpos lá dentro da plataforma. E de Niterói até chegar aqui o presidente tentando falar comigo. A gente tentando acordar as pessoas, as outras secretárias. Então o primeiro impacto você fica meio que desnorteado. E ao mesmo tempo você sabe que você tem que dar tudo de si, porque a gente está vivendo um momento assim único e completamente fora de controle. E aí você tem que se superar. É questão de você, não é que tentar colocar as emoções de lado. Mas é você superar a emoção que você tem para você conseguir fazer alguma coisa no meio do pânico. E tentar manter a calma. E acalmar quem está nervoso. (riso) Então é uma coisa assim bem indescritível. Eu me lembro que eu cheguei aqui de madrugada e foi difícil acordar as pessoas. Porque um tinha esquecido a internet ligada, então, coisas desse tipo. E eu me lembro, eu nem sei se a gente almoçou. Parece que a gente foi almoçar 6 horas da tarde nesse dia. Então era muita emoção. Era muita emoção.
P – Hum, hum. Ruth você falou que entrou na Braspetro e 12 anos depois você voltou já era Petrobras Internacional, área internacional.
R – Hum, hum.
P – Mudou alguma coisa no trabalho? Porque era uma subsidiária que foi incorporada, então...
R – Isso, isso.
P - ...teve alguma mudança significativa de antes para agora?
R – Mudou. Mudou muito pelo que eu estou sentindo. Porque como eu fiquei 12 anos fora, eu deixei uma Braspetro pequena, que era tipo uma família. E quando eu voltei à área internacional tinha um mundo de pessoas que eu não conhecia. E então tinha talvez uma dúzia de pessoas que eu convivi. Tinha convivido há 12 anos atrás. Então a dimensão da área internacional está muito, muito, muito maior do que quando eu deixei há 12 anos atrás. Completamente diferente, mudou.
P – Aumentou muito o número de países que a Petrobras atua?
R – Mudou, sim. É mudança de quantidade em conseqüência ao número de países crescente que a Petrobras vem atuando. Então, sem dúvida alguma, aumentou. Aumentou em todos os níveis.
P – E no teu trabalho assim, fala um pouquinho qual é o cotidiano do seu trabalho? Como é que você sente esse processo de internacionalização da Petrobras?
R – O que me dá prazer, o que me dá muito prazer, o que eu me lembro que o presidente Reischtul, ele queria fazer da Petrobras uma multinacional. E, alguns anos após a sua administração eu consigo ver que a Petrobras está praticamente nesse caminho que ele queria fazer. E então, por exemplo, hoje a gente fala com Índia, daqui a pouco Buenos Aires, daqui a pouco com outro país. E isso a gente vê que é a Petrobras lá fora. Então é muito bom, enquanto brasileiro, saber que existe uma empresa brasileira fazendo sucesso no exterior. E fazendo bonito. Então é muito bom, é muito bom. Esse dia-a-dia de falar com várias pessoas de nacionalidades diferentes, e saber no que é que a Petrobras pode ser útil, e ver o que é que a Petrobras pode ser útil é melhor ainda, é maravilhoso.
P – Hum, hum. Você já nesse período você trabalhou alguma vez fora do Brasil, em algum escritório?
R – Não, não, não. Sempre aqui.
P – Sempre aqui.
R – Sempre aqui.
P – Hum, hum. Mas tem algum país em particular que você cuide mais das relações entre o Petrobras e o país?
R – Não, porque especificamente na gerência aonde eu estou trabalhando é o mundo. É o mundo, o que significa desenvolvimento de negócios no exterior. E então a minha gerência sai em busca de projetos que pode ser materializados para a Petrobras. Então não importa aonde esses projetos possam estar. O que interessa é a materialização em dinheiro para a Petrobras. Então isso que é gostoso. É o desafio de você procurar e trazer, e levar isso pronto para as outras gerências se ocuparem disso e fazer da Petrobras essa história de sucesso no exterior. Já que ela é história de sucesso no Brasil.
P – Tem algum projeto que você destaca assim que tenha te dado mais prazer que você tenha trabalhado, que te dê prazer por estar trabalhando?
R – Sei, eu acho que o projeto que me dá prazer de eu estar trabalhando é trabalhar com pessoas. E saber que cada pessoa tem uma característica diferente, tem dons diferentes, e cada característica e cada dom você pode aperfeiçoar em um bem comum para a empresa. E isso é o maior projeto da vida nossa. Que dá muito prazer.
P – Hum, hum.
R – Você saber colocar pessoas que são diferentes, são completamente heterogêneas, trabalhando junto e acaba falando a mesma linguagem e dando certo. Isso é o maior projeto da vida de qualquer ser humano. Me dá muito prazer.
P – Mas assim, é a mesma coisa desenvolver um projeto mais voltado para a Líbia, para Angola ou para a Bolívia ou você também, você não trabalha especificamente por regiões?
R – Eu acho que cada, sim, cada país tem características diferentes. Até por razões culturais. Mas é bom quando você consegue absorver essas culturas que são diferentes, trabalhar com essas pessoas que têm culturas diferentes. Absorver, inclusive, coisas que são boas para você. E fazer do mundo do negócio o negócio final que é dinheiro. Isso que é muito bom. Então, independente em qual continente esteja, você vai trabalhar com pessoas, culturas diferentes, mas que o resultado é único para a Petrobras, que interessa: é lucro. Lucro, dinheiro.
P – Ruth, eu vou insistir mais um pouquinho. Mas assim, fora o lado mais pessoal tem algum projeto? Como é que é o desenvolvimento de um projeto? Vocês fazem um estudo de uma determinada região que a Petrobras vá atuar?
R – Isso, tem estudo de viabilidade econômica, certamente. Que cada área, se é exploração em produção, abastecimento eles vão entrar em cada projeto especificamente nisso. Não caberia aqui eu entrar em pormenores. Mesmo porque tem pessoas hábeis para fazê-lo. Mas independente disso, claro que a Petrobras tem que ver a viabilidade econômica, técnica, o que se pode fazer ou deixar de fazer. Mas o importante é o resultado final disso tudo. É o resultado final disso tudo. É claro que nem sempre a Petrobras vai poder dizer sim, ou vamos entrar nesse projeto ou não. Enfim, é um estudo, um conjunto de estudos e esse estudo vai levar a Petrobras a decidir ou não o que fazer.
P – Tá. E do momento que você entrou, para agora, o teu trabalho mudou muito ou você continua, assim fora o intervalo da Presidência que você falou que ficou 12 anos, né?
R – Hum, hum.
P – Da Braspetro para agora, mudou muito?
R – Ah, mudou. Mudou porque a Petrobras mudou muito. Eu digo sempre que a Petrobras engrenou uma terceira marcha, ou quarta, que não volta mais. Então tem muito serviço, é bem diversificado mas é muito gostoso. O dia passa rápido.
P – Passa?
R – Passa rápido, é muito bom.
P – O seu expediente você fica em média 8 horas, na empresa?
R – Eu fico 8, 9, depende. Agora, porque na Presidência eu ficava 12, 13, não tem horário. Mas agora eu costumo dizer que eu voltei a ser gente. Então eu estou cumprindo um horário mais normal.
P – Mais normal.
R – Isso.
P – E ao longo desses anos tem algumas histórias assim marcantes no seu dia-a-dia que você gostaria de, que você poderia contar para a gente? Pode ser engraçada, mais dramática, assim.
R – Tem uma que eu gostaria de destacar porque eu acho que uma das maiores emoções da minha vida realmente, da minha vida e da Petrobras, foram da época do presidente Raschtulz. Porque a Petrobras mudou a partir dele. A partir da administração dele.
P – E nesse momento você era secretária da Presidência?
R – Isso, do presidente Raschtulz. E eu me lembro que nesse episódio da P-36, que foi uma coisa muito difícil, os primeiros 2 dias, praticamente, o presidente ficou em Macaé. E a gente se falava muito por telefone. Porque ele tinha que ficar mais assim lá. E eu me lembro que o primeiro dia que a gente iria se encontrar seria na sexta-feira que ele viria de Macaé, e o sábado e o domingo. Mas ele ia todos os dias lá em Macaé, etc e tal. Então eu me lembro que no sábado, quando eu deixei aqui a Petrobras, era tipo umas 8, 9 horas da noite eu estava indo para casa. Aí na ponte eu comecei a pensar o que eu poderia fazer para poder ajudar o presidente. E aí entrava o lado emocional. Não era o lado da profissão de secretária. Mas era o lado humanitário. Porque ele estava muito acabado em função da situação. E não era para menos. A responsabilidade toda era dele. Então eu comecei a perguntar: “Deus, o que fazer?” Para ver se dava uma injeção de ânimo. Porque a situação era grave. Era grave e para ele próprio enquanto pessoa. Para ele não se abater tanto. E eu me lembro que eu comecei receber de muitas pessoas, de motorista de táxi da cooperativa que servia a Petrobras, recado para passar para ele. Várias pessoas, empregados, pessoas que sabia que eu trabalhava com ele: “Olha, avisa o presidente que a gente está aqui torcendo para tudo dar certo.”
P – Eram palavras mais de apoio?
R – Palavras de apoio. Muitas palavras de apoio. E eu pensei de colocar isso no papel. Para a hora que quando ele chegasse de Macaé no domingo ele tivesse acesso a várias frases. Então eu me lembro que eu cheguei no domingo cedo aqui e comecei a escrever vários bilhetinhos de vários recados com o nome das pessoas. Coloquei muitos versículos bíblicos que desse força. E distribuí em vários pontos chave da sala dele. Em maçaneta, no telefone, no computador. Mas vários, vários, vários. E eu me lembro que quando ele chegou de Macaé, era tipo horário de almoço, que ele entrou na sala dele, que ele foi vendo uma porção de bilhete. A reação dele que me deixou muito surpresa. Ele me chamou à sala dele, e ele não falou uma palavra. Me deu um abraço. E aquilo foi um marco. Ele levantou a moral a partir daquele momento. Porque a situação era difícil. E ele começou a reagir melhor. Porque ele estava muito, muito abatido. E foi interessante que quando acabou o episódio todo da P-36 eu fui começar a tirar os bilhetes. Ele não me deixou tirar os bilhetes. Falou: “Não, Ruth, deixa os bilhetes aí. Eu quero que os bilhetes.” Então os bilhetes estavam lá, ficaram presos. Quando ele saiu da Petrobras, que era o último dia dele, que a gente estava arrumando a mudança eu fui pegar os bilhetes para jogar fora. Ele falou: “Não, eu vou levá-los, porque eu quero guardar.” Então isso foi assim algo que eu jamais vou esquecer. Porque aquilo ali foi um marco que o ajudou muito naquele momento muito difícil que ele estava passando. Enquanto pessoa.
P – Ô, Ruth, você está falando aí de um momento que foi muito delicado para a empresa...
R – Hum, hum.
P - ...e como é o oposto? Receber um prêmio, um reconhecimento internacional? Como é que isso é recebido então na Presidência?
R – Ah, sim, porque por exemplo, o prêmio da OTC, que a Petrobras é vista no mundo como a maior empresa que produz em águas profundas, e que toda a comunidade científica e técnica do mundo percebe isso, é indescritível. Então nesse mesmo presidente eu consegui ver os dois lados. Porque ele foi a Houston receber o prêmio pela empresa. Então, sem dúvida alguma, é ganhar uma copa do mundo. Porque a Petrobras estando no Brasil, um país ainda subdesenvolvido, que vai competir com grandes multinacionais fora do Brasil, e ganhar, e ser reconhecido por essas empresas de outros continentes, ah é maravilhoso. Maravilhoso, é uma copa do mundo. Certamente.
P – Você se sente também gratificada como pessoa.
R – Nós fazemos parte, todos nós fazemos parte. E eu me lembro que quando eu cheguei à presidência há 12 anos e que reuni as pessoas que trabalhavam lá, os auxiliares como contínuos e garçons eu falei para eles o seguinte: “O presidente não faz nada sozinho aqui. Vocês fazem parte da equipe dele. Se vocês não trabalharem bem ele também, ele tão pouco poderá trabalhar.” E eu percebi que todos perceberam e pegaram essa mensagem e trabalharam com afinco. E faziam parte da equipe do presidente e ganharam o prêmio com ele. Então todas as pessoas que trabalham nessa empresa ganham o prêmio, sem dúvida alguma. É que não dá para colocar o nome de todos lá. Mas ganham prêmio.
P – E só para encaminhar para o final eu queria saber o que você achou de ter prestado esse depoimento? E o que você acha da Petrobras estar desenvolvendo um projeto como esse? De contar a história através do relato da experiência das personagens, das pessoas que efetivamente construíram?
R – Bem, eu me sinto uma pessoa privilegiada de trabalhar aqui, sempre. Muitas pessoas gostariam de ter essa oportunidade e infelizmente não a tem. E com relação ao projeto Memória eu acho isso magnífico. Muitas pessoas gostariam por exemplo, de saber de como é por exemplo a vida do presidente. E nesse pequeno relato que eu fiz certamente elas vão ficar deslumbradas. Graças ao Projeto Memória. Então simplesmente é fantástico. Porque como eu, muitos empregados têm muitas histórias para contar. E seria maravilhoso se eles tivessem oportunidade de contá-las. Porque Petrobras é um mundo. É um mundo. E com experiências diversas de cada empregado você escreve livros, e livros, e livros, e livros. Então é fantástico. Certamente é fantástico.
P – Tem alguma coisa que vocês gostaria de deixar registrado ainda?
R – Agradecer vocês. E parabenizar a Petrobras e vocês pelo sucesso. Sem dúvida alguma.
P – Eu é que te agradeço pelo teu depoimento.
R – Imagine, obrigada. Se deixar eu falo muito.
P – Infelizmente a gente tem que...
(Fim da entrevista e do CD)
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