Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Neuza Planinschek
Entrevistado por Heloísa Gesteira
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2005
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB689
Transcrito por Susy Ramos
P/1 – Boa tarde!
R – Boa tarde!
P/1 – Vou começar perguntando seu nome, local e data de nascimento.
R – Eu sou Neuza Planinscheki, nasci no Rio de Janeiro, 4 de julho de 1956.
P/1 – Quando e como se deu seu ingresso na Petrobras?
R – Já se deu há muitos anos. Eu entrei na Petrobras em novembro de 1976. Na verdade no Sistema Petrobras, oficialmente, na Petrobras Internacional, a Braspetro, que era subsidiária internacional da Petrobras. A Braspetro existiu até 2002 quando foi incorporada pela Petrobras; com a mudança da lei do petróleo, em 97, 98 a Petrobras pôde abrir diretamente empresas no exterior então não precisava mais ter uma subsidiária para operar no exterior, ela própria já poderia ir diretamente. Nesse sentido é que se decidiu pela fusão da Braspetro e a Petrobras assumiu, não só nós, os empregados, mas também as empresas que através da Braspetro já, e a holding Petrobras atuava no exterior. Àquela altura era em torno de 26 empresas.
P/1 – Fala um pouco do seu trabalhou, dos locais que você trabalhou ao longo desses anos que você está na empresa.
R – Já são muitos anos, mas a maior parte deles eu passei no jurídico. Eu fiquei 12 anos no jurídico e isso faz com que as pessoas até achem que eu tenha um certo jeito de advogada, mas eu não tenho nada de advogada. Na verdade eu sou bióloga por formação, pós-graduada em meio ambiente; mas desde então sempre trabalhei nas áreas ligadas, de alguma forma, às questões de direito e questões jurídicas. Depois de sair do jurídico trabalhei em uma assessoria de mercados que abrangia a área de comunicação social, análise de mercados internacionais, naturalmente, e a área de desenvolvimento de mercados. Nessa assessoria eu...
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Depoimento de Neuza Planinschek
Entrevistado por Heloísa Gesteira
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2005
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB689
Transcrito por Susy Ramos
P/1 – Boa tarde!
R – Boa tarde!
P/1 – Vou começar perguntando seu nome, local e data de nascimento.
R – Eu sou Neuza Planinscheki, nasci no Rio de Janeiro, 4 de julho de 1956.
P/1 – Quando e como se deu seu ingresso na Petrobras?
R – Já se deu há muitos anos. Eu entrei na Petrobras em novembro de 1976. Na verdade no Sistema Petrobras, oficialmente, na Petrobras Internacional, a Braspetro, que era subsidiária internacional da Petrobras. A Braspetro existiu até 2002 quando foi incorporada pela Petrobras; com a mudança da lei do petróleo, em 97, 98 a Petrobras pôde abrir diretamente empresas no exterior então não precisava mais ter uma subsidiária para operar no exterior, ela própria já poderia ir diretamente. Nesse sentido é que se decidiu pela fusão da Braspetro e a Petrobras assumiu, não só nós, os empregados, mas também as empresas que através da Braspetro já, e a holding Petrobras atuava no exterior. Àquela altura era em torno de 26 empresas.
P/1 – Fala um pouco do seu trabalhou, dos locais que você trabalhou ao longo desses anos que você está na empresa.
R – Já são muitos anos, mas a maior parte deles eu passei no jurídico. Eu fiquei 12 anos no jurídico e isso faz com que as pessoas até achem que eu tenha um certo jeito de advogada, mas eu não tenho nada de advogada. Na verdade eu sou bióloga por formação, pós-graduada em meio ambiente; mas desde então sempre trabalhei nas áreas ligadas, de alguma forma, às questões de direito e questões jurídicas. Depois de sair do jurídico trabalhei em uma assessoria de mercados que abrangia a área de comunicação social, análise de mercados internacionais, naturalmente, e a área de desenvolvimento de mercados. Nessa assessoria eu fiquei por dois ou três anos, e depois fui para uma área de negociação de contratos de exploração, que também fiquei por três anos. Depois desses três anos fui para a área administrativa, fui exercer a função de chefe dos serviços administrativos, que era uma área, como o próprio nome já diz, administrativa, mas que englobava toda a gestão administrativa da então Braspetro. Eram compras, viagens, materiais, toda a parte de telefonia – naquele tempo tinha fax e reprografia – tudo isso era administrado pela nossa área. Saí dessa área e fui trabalhar nos serviços de perfuração, trabalhar com plataforma, e eu recrutava pessoas, homens – só tinha homens naquela época, hoje já se encontram mulheres nesse meio, mas naquela época eram só homens – para trabalhar em plataformas que nós tínhamos no exterior. Eram duas plataformas, eram em Angola, e uma sonda na Líbia; uma sonda de terra na Líbia e duas plataformas offshore em Angola. Também fiquei três anos, é meio cabalístico o número três, né? De três em três anos as coisas, dá alguma mexida e eu mudo de área. Passados esses três anos eu voltei para a área administrativa, para a mesma função de antes, com um perfil um pouco mais complexo porque outras funções, outras atividades foram juntadas à inicial, mas lá fiquei também por três anos. Aí então fui ser secretária geral da Braspetro, eu passei a lidar com a alta administração da empresa, diretores, não só da Braspetro, mas também o conselho da administração que era formado por diretores e pelo presidente da Petrobras. Ministros de Estados também fizeram parte do nosso conselho, embaixador, tinha um embaixador também; aí eu comecei a ficar mais tendendo para o lado societário porque a área de secretaria geral é uma área bastante formal, mas que faz os registros legais e oficiais da empresa, então a memória oficial da empresa, não romanceada, mas de decisões, são registradas nos registros societários, nas pautas, nas atas de reuniões, e essa era a parte que eu fiz nos três últimos anos da Braspetro. Não, não foram três não, foi de 1999 até 2002. Não, três anos, exatamente três anos. E nessa fase, já no último ano já tinha havido a incorporação da Braspetro pela Petrobras como eu lhe falei, em função da mudança da lei do petróleo a Petrobras pôde diretamente exercer atividades no exterior, antes ela não podia, ela fazia através da sua subsidiária Braspetro, então a gente começou a ser desviado para ter outros olhos que não só a Braspetro, mas também voltada às outras empresas que já existiam no exterior. Hoje a nossa função, gerência de relações societárias, nós coordenamos e acompanhamos os processos societários dessas empresas, atualmente são 101 empresas entre empresas operativas, empresas financeiras, algumas são não-operativas – operativas e não-operativas, têm algumas classificações de empresas – e sucursais, temos algumas em encerramento, em liquidação, mas somando todas, atualmente são 101 empresas que a gente tem que estar debruçado sobre elas acompanhando o que está acontecendo.
P/1 – Você chegou a morar fora do Brasil?
R – Não, sempre trabalhei aqui no Rio, só estive afastada por um período maior durante um mês que eu fiquei em Angola, na época das plataformas.
P/1 – Como foi essa experiência de recrutar pessoas em todas essas plataformas?
R – Olha, eu posso dizer, eu me considero uma pessoa agraciada, abençoada por ter tido a oportunidade de trabalhar na Braspetro e de ter girado assim a empresa e sempre com pessoas maravilhosas trabalhar. Todos os meus superiores sempre foram pessoas ótimas e que sempre me estimularam, enfim, eu sempre trabalhei super motivada e fui feliz em todos os lugares, mas onde eu fui mais feliz foi trabalhar com o pessoal de plataforma; foi uma experiência ímpar na minha vida como pessoa também, eu convivi com muitos dramas humanos, não é fácil você trabalhar em plataformas.
P/1 - Tinha funcionários da Petrobras também?
R – Não. Tínhamos alguns funcionários Petrobras que iam, mas não era a grande maioria das pessoas. A grande maioria nós recrutávamos em nome da dona da plataforma, que era a Brasoil, então era um outro tipo de relação trabalhista e as pessoas vinham do mercado. Primeiro o mercado brasileiro, que a gente tentava naturalmente fomentar para dar emprego ao brasileiro, mas muitas das vezes algumas das qualificações exigidas, no mercado não tinha, então a gente tinha que buscar fora. A Inglaterra é um grande centro fornecedor de mão-de-obra para a indústria do petróleo, então houve ocasiões que a gente tinha que recorrer aos men power suppliers que a gente chama para poder fornecer mão-de-obra. E foi uma experiência realmente assim muito gratificante, foi onde eu fiz muitas amizades, eu passei por experiências até na minha condição feminina.
P/1 – Você chegou a embarcar?
R – Cheguei a embarcar, fiquei em Angola dois dias na plataforma, e não tinha nem alojamento para mim, eu tive que dormir com o capitão da plataforma que se chama Barge. Não tinha cabine para mulher, então a gente tem que ter flexibilidade também para poder viver uma circunstância dessa. Angola ainda é um país muito carente.
P/1 – Você lembra o ano?
R – Isso foi no ano de 1996, então quantos anos? Seis, três...
P/1 – Nove?
R – Nove anos atrás. Ainda hoje é um país muito pobre, ainda vive aí os reflexos da guerra civil, há nove anos atrás ainda existia uma guerra civil, então tinha todo um esquema de segurança para a gente poder circular na cidade, a base era Luanda, e entre a distância do escritório para a vila onde a Petrobras tinha as suas casas, onde tinha os seus gerentes e onde também tinha uma casa grande, confortável, que era justamente do pessoal em trânsito ou então em missão no país. Nessa casa que eu fiquei. Então era muito interessante que era só eu de mulher e vários homens circulando pela casa. Tinha uns que ficavam um dia, dois; eram três quartos, um eu fiquei ocupando durante um mês, os outros dois quartos estavam sempre ocupados. Eu costumo dizer que a maior de todas as experiências nessa fase foi ter ficado lá e nesse período ter ido um engenheiro aqui da Petrobras, que também estava conhecendo essa parte internacional, e eu conheci lá. Um nordestino de família numerosa, só ele de homem, mulher, duas filhas ou três – eu não me lembro bem – mais com a sogra que mora junto – os nordestinos têm uma característica familiar muito forte. Então ele estava acostumado com um esquema muito matriarcal, e muito alegre, muito solícito: “Eu não sei cozinhar porque tem minha mulher que cozinha, tem a minha sogra que cozinha.” Acho que a cunhada dele também morava junto, era uma família numerosa, e só mulheres, só ele de homem, então imagina como ele paparicado. “Mas eu posso lavar a louça, botar a mesa, mas cozinhar eu não sei.” Aí me causou um problema porque eu sou super preguiçosa, então quando estava sozinha não estava nem aí para cozinhar, mas durante uma semana ele ia para o supermercado fazer compras, eu cozinhava, ele botava a mesa, ele lavava a louça, foi muito engraçado. E uma pessoa que eu conheci lá, você conviver assim na mesma casa, foi realmente muito...
P/1 – Cada um com suas funções...
R – É, eu falei: “Meu Deus do céu, vou ter que fazer aqui o que eu não faço na minha casa!”, mas foi muito boa experiência. Os primeiros 15 dias em Luanda eu me senti, acredito que a maior parte das pessoas se sente chocado. Não sei como hoje está esses detalhes, mas era muito comum você ver os ônibus, ônibus da década de 20, 30, dos Estados Unidos, era ônibus sem farol, sem vidro, caminhões tinham três rodas em um aro, um aro em um número menor, então o caminhão andava cheio de gente, não tinha praticamente transporte público, a não ser esses caminhões e esses ônibus antiqüésimos. Então as pessoas iam entulhadas dentro, aquilo tudo era um choque, nos primeiros 15 dias era aquela surpresa: “Isso existe? Não estou acreditando no que estou vendo!”, e os restantes 15 dias – eu fiquei lá um mês – aí não, aí aquilo já, como ser humano, começa a te incomodar, de ver aquele estado de pobreza absoluta, qualquer favela aqui no Rio de Janeiro é infinitamente melhor do que eu vi em Luanda, aí entendi um pouco a música do Gilberto Gil que diz que “Só quem sabe onde é Luanda saberá me dar valor”. Uma cidade linda, que foi linda, uma baía maravilhosa, mas muito destruída pela guerra civil, mas enfim foi a época que eu tenho como maior experiência, um momento bastante especial.
P/1 – Neusa, você falou que até o momento, a partir da mudança da legislação do petróleo a Braspetro foi incorporada...
R – É, demorou um tempinho.
P/1 – Nessa mudança, teve mudança qualitativa, em termos da atuação do que era Braspetro e o que é hoje a área internacional?
R – Ah, com certeza!
P/1 – Dá para pontuar para a gente as principais mudanças?
R – Dá para tentar pontuar sim. Bom, as principais mudanças é que enquanto uma empresa subsidiária da Petrobras, nós éramos Braspetro, uma companhia de pequeno porte internacional, o nível dos nossos ativos, o valor do portfolio da empresa era bem modesto; do momento que foi incorporado à Petrobras, foi quando foi criada a área internacional dentro da Petrobras, então o que aconteceu? Nós passamos a ter um orçamento próprio que, societariamente falando, era tocado pela Braspetro, mas aí entrou uma materialidade maior. Aí já tivemos um grande ganho até com a troca de ativos com a Repsol, que foi muito comentado na ocasião, e nós entramos no mercado argentino, 720 postos de serviço, e mais recentemente é com a aquisição da Perez Companc na Argentina. Aí a área internacional aumentou muito mais a sua atuação, não só a projeção da companhia internacionalmente, mas principalmente em termos da Petrobras empresa, por si só, o que representa a área internacional dentro da Petrobras? Hoje nós temos uma materialidade em torno de 12% de tudo que é Petrobras. Temos cerca de seis mil empregados espalhados por 13 países.
P/1 – Quais são os principais países?
R – O principal país é a Argentina, é onde estão os nossos principais ativos; América Latina, a gente segue o foco estratégico da Petrobras, ser líder na América Latina, e Costa Oeste da África, Golfo do México e monitorando todo o mundo. Onde existir uma boa oportunidade de negócio não há porque não ir. Nós somos fortes efetivamente na América Latina, estamos em praticamente todos os países, à exceção das Guianas, não estamos nas Guianas, e Chile, só. Em todos os outros países têm algum negócio nosso. Na África nós estamos na Nigéria, Angola – Angola desde 1979, foi praticamente o nosso, nós começamos pelo Oriente Médio –, na verdade a Braspetro em 72, 74, começou pelo Oriente Médio, Egito, Irã, Iraque, até então era a maior descoberta em terra de petróleo, o maior campo de petróleo do mundo coube a nós, brasileiros, descobrir no Iraque. O campo quando ia entrar em desenvolvimento estourou a guerra Irã-Iraque, e até hoje está lá, o poço está lá tampado provavelmente esperando a Petrobras voltar para desenvolver o campo, é uma esperança que a gente tem. Até um lado romântico da história (RISOS), pois é, mas lá as guerras não param, também tem isso.
P/1 – Mas ainda é da Petrobras? Como é isso?
R - Não, não. Esse é um mito que na época, não sei se vocês se lembram, foi pelos anos de 79, 81, que houve a crise, a segunda grande crise do petróleo que foi em 79, foi quando nós renegociamos o contrato com o governo iraquiano. Assim como qualquer país, à exceção dos Estados Unidos, o subsolo é da nação, o que você faz, na verdade você presta um serviço, a Braspetro prestava um serviço ao governo iraquiano e naturalmente tinha uma contrapartida pelo serviço que ela prestava. Na época da renegociação do contrato se falou muito: “A Petrobras entregou, deixou, o petróleo era nosso.”, a grande dependência do petróleo sempre, agora que nós estamos chegando na auto-suficiência, mas a história não foi bem essa. O contrato foi renegociado, o petróleo nunca foi dos brasileiros, coube aos brasileiros o privilégio, a sorte, a capacidade técnica de descobrir aquele manancial de petróleo, mas o subsolo pertencia à nação iraquiana. Quando houve a decisão pelo não desenvolvimento do campo, os conflitos locais que depois culminou com a guerra Irã-Iraque, que era um conflito para durar uma semana e durou oito anos, o contrato foi renegociado e com isso nós tivemos a garantia de abastecimento para o Brasil. Não houve racionamento de petróleo nas duas crises mundiais graças a essa descoberta que foi feita pela Braspetro, pelo corpo técnico – porque o corpo técnico era Petrobras – pela Petrobras no Iraque. Daí, mas acabei me perdendo um pouquinho, a pergunta inicial era a grande mudança de materialidade com a mudança da lei do petróleo, que foi em 98 que mudou a lei, então a Petrobras pôde ir para fora e aumentou a materialidade desde que ela própria assumiu a Braspetro, então chegou um momento que a Braspetro perdeu a sua função institucional de existir, não tinha mais sentido ela continuar existindo. Já tinha uma decisão estratégica divulgada para o mercado, criação da área internacional para tocar a gestão, a Petrobras já podia ir para o exterior, podia constituir, atuar mais diretamente, então houve a fusão. Qualitativamente foi um salto imenso, não tenho a menor dúvida. Como empregados, nós tivemos o nosso grupo inicialmente Braspetro desfeito, porque aí fomos destacados para a corporação, mas por outro lado, novas pessoas se juntaram a esse grupo porque muitas pessoas foram se aposentando também, foi dando tempo, foi se afastando. Hoje, poucas as pessoas que estão na ativa ainda como empregados e não aposentados que presenciaram todos esses acontecimentos, e eu sou uma delas, mas também já estou aí perto de me aposentar.
P/1 – Neuza, me diz uma coisa. Como é a relação da Petrobras com os países para onde ela vai buscar petróleo, uma vez que essa questão aqui no Brasil é muito marcada pela idéia do monopólio, uma empresa, enfim, de certa forma lutou pelo monopólio. Como era essa relação com os outros países?
R – Olha, Heloísa, para nós, Braspetro, essa postura sempre foi muito simples porque a Braspetro apesar de ser uma empresa pequena de petróleo, internacionalmente falando, ela estava acostumada à competição. Então os técnicos da Petrobras que passaram, que ficaram algum tempo na Braspetro, eles têm, tinham, agora à medida que o tempo vai passando graças a Deus esse tipo de coisa não acontece muito, mas estavam muito mais preparados para a competitividade do que o pessoal doméstico, então na verdade foi um aprendizado ao contrário: nós é que ensinamos aos empregados Petrobras o que é viver em um ambiente competitivo onde você não é o maioral. Nós aqui no Brasil ainda somos a primeira empresa do país, apesar de não sermos mais monopolistas, mas a cultura ainda é uma cultura, a gente ainda identifica alguns focos dessa cultura monopolista, mas não afetava a Braspetro e não afeta a área internacional. As pessoas que vêm trabalhar conosco rapidamente elas incorporam esses novos valores e visões de negócio, então a dificuldade não é nos países não, nunca foi, eu não sei nem te dizer se há dificuldade porque sempre fez parte da realidade. Talvez há dificuldade em quem seja Petrobras eminentemente do mercado doméstico e que tenha ido trabalhar na parte internacional, eu acredito que essas pessoas sim, sintam uma diferença maior do que as outras que vieram da competição para uma coisa mais monopolista.
P/1 – Já encaminhando para o final da entrevista, tem alguma coisa que você gostaria de registrar sobre a Petrobras? O que representa a Petrobras para você?
R – Esse já é um assunto mais delicado porque até eu fico muito emocionada, espero não me emocionar muito aqui, mas eu me sinto muito orgulhosa e honrada de trabalhar nessa empresa. Estou nela já vão fazer, vou completar 29 anos, e nesses 29 anos eu me mantenho motivada e tenho orgulho de dizer que trabalho na Petrobras. É um trabalho belíssimo que é feito, é um trabalho muito sério, são pessoas extremamente capazes, em todos os níveis de atividade. Eu sou uma daquelas assim Petrobras de carteirinha, então na verdade o que eu posso deixar registrado na parte pessoal é um orgulho e uma honra, me sinto honrada de trabalhar na maior empresa deste país.
P/1 – Como última pergunta, eu queria saber o que você achou de ter participado, de ter dado esse depoimento e o que você acha da Petrobras investir em um projeto como esse, de contar sua história através da memória dos funcionários?
R – Essa é a minha primeira experiência, eu acho que eu não sei se me saí muito bem, normalmente eu falo pra caramba, então desculpe se eu me excedi um pouco nas palavras. Pessoalmente, achei, tudo é novidade, essas luzes, luzes, câmera, ação, fotos, é tudo novidade. E o projeto em si, ele vem ao encontro favoravelmente a um projeto que nós já tínhamos, algum grupo pequeno de pessoas oriundas da Braspetro de registrar não só a memória dos trabalhadores, mas a história da internacionalização da Petrobras, que é uma idéia, não é ainda um projeto, ainda estamos cultivando isso, reunindo documentos, fatos e também depoimento de pessoas. Eu acho que esse projeto agora deve ter um desmembramento, ou pelo menos parte dos depoimentos serem aproveitados para esse outro projeto que é contar a história de como a Petrobras se internacionalizou, então eu acho importantíssimo, estou também feliz de participar dele.
P/1 – Muito obrigado!
R – Eu que agradeço! Espero ter correspondido à expectativa de vocês.
P/1 – Foi ótimo! E ainda me deu uma pergunta para os próximos.
R – Está certo.
(fim da fita ___________).
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