IDENTIFICAÇÃO Eu me chamo Márcio Baroukel de Souza Braga, sou carioca de nascimento, nasci em Copacabana e tenho 70 anos de idade. FORMAÇÃO E TRAJETÓRIA Eu sou formado em direito e sou tabelião na cidade do Rio de Janeiro, há 50 anos. Eu fui um bom atleta, não vou te dizer que fui um excelente atleta, mas sou um bom desportista. Eu convivo com a legislação desportiva formalmente, desde fevereiro de 1963, quando fui nomeado juiz-auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, da então Confederação Brasileira de Desportos. Desde então, fiquei no Superior Tribunal durante 13 anos e fui deputado federal, deputado constituinte; sou autor do decreto que criou a Comissão de Esportes da Câmara dos Deputados; sou autor do texto constitucional relativo ao desporto; fui secretário estadual de esportes, fui secretario nacional de esportes e fui oito vezes presidente do Flamengo. Eu fico lá um período, saio, depois volto, fico outro período, volto... Nos últimos 30 anos, eu fui seis vezes presidente do Conselho Diretor do Flamengo e duas vezes presidente do Conselho Deliberativo. Essa é a minha vida, tabelião de um lado, eu vivo do meu tabelionato há 50 anos, e o meu hobby é o Flamengo, é trabalhar pela minha instituição, pelo meu clube. INFÂNCIA RUBRO-NEGRA Vovó costumava dizer que antes de dizer papai e mamãe, eu disse “mengo”. Eu sou flamengo desde pequeno. Vamos nos alongar um pouco nessa resposta: eu morei um grande período, desde pequeno, no Posto 6, em Copacabana com minha avó, principalmente. Mamãe se casou novamente, foi morar em Buenos Aires e eu ficava mais com a vovó. Dali do Posto 6 nós saíamos, pegávamos o bonde, íamos até o Bar 20, em Ipanema, saltávamos do bonde, atravessávamos a Favela do Pinto – não existia o Leblon, aquilo era um grande areal, ali a Lagoa – para ver o Flamengo jogar. Eu era muito, muito guri, mas me lembro do tri-campeonato do...
Continuar leituraIDENTIFICAÇÃO Eu me chamo Márcio Baroukel de Souza Braga, sou carioca de nascimento, nasci em Copacabana e tenho 70 anos de idade. FORMAÇÃO E TRAJETÓRIA Eu sou formado em direito e sou tabelião na cidade do Rio de Janeiro, há 50 anos. Eu fui um bom atleta, não vou te dizer que fui um excelente atleta, mas sou um bom desportista. Eu convivo com a legislação desportiva formalmente, desde fevereiro de 1963, quando fui nomeado juiz-auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, da então Confederação Brasileira de Desportos. Desde então, fiquei no Superior Tribunal durante 13 anos e fui deputado federal, deputado constituinte; sou autor do decreto que criou a Comissão de Esportes da Câmara dos Deputados; sou autor do texto constitucional relativo ao desporto; fui secretário estadual de esportes, fui secretario nacional de esportes e fui oito vezes presidente do Flamengo. Eu fico lá um período, saio, depois volto, fico outro período, volto... Nos últimos 30 anos, eu fui seis vezes presidente do Conselho Diretor do Flamengo e duas vezes presidente do Conselho Deliberativo. Essa é a minha vida, tabelião de um lado, eu vivo do meu tabelionato há 50 anos, e o meu hobby é o Flamengo, é trabalhar pela minha instituição, pelo meu clube. INFÂNCIA RUBRO-NEGRA Vovó costumava dizer que antes de dizer papai e mamãe, eu disse “mengo”. Eu sou flamengo desde pequeno. Vamos nos alongar um pouco nessa resposta: eu morei um grande período, desde pequeno, no Posto 6, em Copacabana com minha avó, principalmente. Mamãe se casou novamente, foi morar em Buenos Aires e eu ficava mais com a vovó. Dali do Posto 6 nós saíamos, pegávamos o bonde, íamos até o Bar 20, em Ipanema, saltávamos do bonde, atravessávamos a Favela do Pinto – não existia o Leblon, aquilo era um grande areal, ali a Lagoa – para ver o Flamengo jogar. Eu era muito, muito guri, mas me lembro do tri-campeonato do Flamengo que o clube ganhou na Gávea, em 1942, 1943 e 1944. Talvez tenha sido, ou certamente foi, a chama rubro-negra, a chama da torcida do Flamengo, o vermelho e preto que me levaram a ser um torcedor desde que me entendo por gente. EXPERIÊNCIA DESPORTIVA Minha experiência de atleta é toda no campo estudantil, na minha época de colégio. Eu estudava no Anglo-Americano e já tinha algumas aptidões esportivas ali reconhecidas, mas foi essencialmente quando eu fui para a Fundação Getúlio Vargas, em 1949. Em 1950, a Fundação fundou o Colégio Nova Friburgo, lá em Nova Friburgo. Eu estava com 13 anos; dos 13 aos 18 anos ali vivi a minha maior expressão de atleta, atleta do esporte base, do atletismo e também dos esportes coletivos. Mas ali foram sendimentadas as minhas aptidões para algumas modalidades esportivas. UMA VEZ FLAMENGO, SEMPRE FLAMENGO Eu fiquei de 1963 a 1976 no Superior Tribunal de Justiça Desportiva e naquele momento o Flamengo vivia uma crise, como sempre, por falta de recursos. Eu procurava sempre ajudar o clube, lá tínhamos os nossos grupos, tinha o Dragão Negro – que era de gente muito mais velha do que eu, mas afinal tínhamos o nome, Sr. Antonio Moreira Leite, o presidente dos Dragões, sempre junto conosco, principalmente seus filhos, Marco Aurélio, Marco Antonio, Marco Pólo. Em 1976, nós resolvemos lançar um candidato à presidência do clube e eu fui o escolhido. Ganhamos a maior eleição de até então na história do Flamengo, tivemos uma grande cobertura jornalística, todos aqueles diretores, dirigentes da TV Globo, inclusive o Dr. Roberto – principalmente o Dr. Roberto Marinho, o grande benemérito do Flamengo, nos ajudou muito – e ganhamos. Tomei posse em janeiro de 1977, e aí se iniciou uma revolução no Flamengo: em 1978 nós fomos campeões; em 1979 fomos tri-campeões; em 1980, pela primeira vez, fomos campeões do Brasil; em 1981 fomos campeões da Libertadores e campeões do mundo. Eu já não estava mais na presidência do Conselho Diretor, porque no Flamengo só se permite uma reeleição e eu já tinha sido eleito, reeleito, sido tri-campeão, campeão do Brasil, tive que ir para o conselho deliberativo para que outro ocupasse o poder executivo mas fomos em continuidade ao trabalho desenvolvido naquele quadriênio, campeões da Libertadores e campeões do mundo. Então eu saí, estamos falando já de 1982, eu entrei em campanha eleitoral, fui eleito nesse ano deputado federal, fui para Brasília. Em 1986 nós tivemos problemas no Flamengo, fui reeleito deputado federal e voltei à presidência do clube. Fiquei na presidência em 1987 e 1988, depois saí novamente, fiquei de presidente do conselho deliberativo por dois anos e saí. Mas tive que voltar à presidência novamente. Em todas as vezes que passei pelo Flamengo nós fomos campeões. Nós fomos campeões carioca e do Brasil. Eu sou o presidente que detém o maior número de títulos na história do Flamengo, e também títulos brasileiros como presidente do Conselho Diretor: o primeiro, o terceiro e o pentacampeonato. Está na história, fica na história. O Flamengo foi recentemente campeão da Taça Guanabara; eu estava dizendo que já perdi a conta das Taças Guanabaras que ganhei. Na semana seguinte fomos tri-campeões da Taça Guanabara de juniores. Realmente, nós temos alcançado – não tenho a menor dúvida que é a grandeza do Flamengo que me dá esse galardão de ter tantos títulos no meu currículo. DESAFIOS DE GESTÃO O problema do Flamengo é simples de explicar. Equilibrei o Flamengo duas ou três vezes e o que que significa equilibrar o Flamengo economicamente, financeiramente? É o futebol viver dos seus recursos e a parte social e olímpica viver da arrecadação da taxa de manutenção do associado e da arrecadação das escolinhas. Este é o equilíbrio do clube, dificílimo de ser encontrado, muito difícil. Tivemos aquele período de inflação que o associado não conseguia pagar a taxa de manutenção e a escolinha, tivemos períodos muito difíceis. Eu já tinha me aposentado, para dizer a verdade, em 1992 eu deixei o Flamengo, no meu último biênio de mandato – Campeão do Rio de Janeiro e campeão Brasileiro, pentacampeão brasileiro – eu já tinha me aposentado e fiquei 12 anos fora do Flamengo. Mas ocorre que o Flamengo entrou numa gravíssima crise administrativa e financeira, o que me obrigou a recentemente, há 3 anos atrás, a me recandidatar, a voltar à presidência do clube, para tirar o Flamengo de uma situação muito perversa que o colocaram. O Flamengo entrou em estado de insolvência: o Ministério Público Federal, em janeiro de 2004, aqui no Rio de Janeiro, entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal, dizendo que o Flamengo estava em estado de insolvência provada e o juiz consagrou isso em sentença. Desde então, o que temos vivido é para tirar o Flamengo desta ingrata e perversa situação. Essas são as maiores dificuldades: o que você arrecada não dá para pagar as suas despesas, o imposto, o salário e as demais despesas do clube. E onde está o grande saco sem fundo, onde está o grande buraco disso tudo? Além da malversação que ocorreu, teve até um presidente afastado por improbidade administrativa, além desse problema, o desporto amador dá muita despesa e nenhuma receita. O Flamengo é um clube muito comprometido – como deve sê-lo – com os esportes olímpicos. O Flamengo, clube de regatas, nasceu em 1895 como clube de remo. Ele vai completar 112 anos agora em 2007. O futebol do Flamengo nasceu em 1911, então ele é mais novo e tem uma arrecadação que equilibra as suas despesas, não dá para fazer grandes investimentos, mas também dá para ter um time realmente satisfatório, vamos assim dizer. No desporto olímpico, para mantermos e formarmos atletas, principalmente formarmos, atletas campeões – vide o caso dos irmãos Hipólito e já criamos outros na ginástica olímpica, no nado sincronizado, na natação – é um investimento sem retorno e quase não há recursos. Aí falaram: “Mas tem patrocinador”. A contribuição dos patrocinadores no desporto olímpico é mínima, no clube é quase nenhuma. Nós temos, para manter esses atletas e formá-los, que ter técnicos, preparadores físicos, fisioterapeutas, afinal um sem número de profissionais que geralmente são convocados também para as seleções nacionais das diversas modalidades. Isso tudo trás muita despesa e você tem que pagar o salário dessa gente, ajuda de custo, às vezes, na formação dos atletas e pagar o imposto devido. Não dá, não dá E isso posso lhes dizer de cadeira porque estou, como disse, há 30 anos nisso, não dá no Flamengo e não dá nos outros clubes também. Tanto que hoje estão transformando entidades de administração, essas federações, confederações, em entidades de prática, porque as entidades de prática, que são os clubes, não conseguem sobreviver. Esse é o grande problema do Flamengo, isso é o que nós vivemos nesses últimos 30 anos. Volto a dizer, estamos procurando aquele equilíbrio, mas raramente conseguimos alcançar. Acredito que agora, com a política que estamos fazendo, com o programa de revitalização da sede da Gávea, com a separação do futebol das demais atividades do clube, nós vamos alcançar isso. Eu acho que até o final deste meu mandato, em 2009, nós vamos ter um outro Flamengo, um Flamengo mais forte, mais poderoso, para enfrentar os grandes desafios do século XXI. REVITALIZAÇÃO DO CLUBE DE REGATAS O programa de revitalização da Gávea é composto por quatro projetos: o estádio na Gávea, para completarmos aquele estádio que começamos em 1933, foi inaugurado em 1938 e que foi mutilado nos anos 1960 pelo poder público para duplicar a Av. Mário Ribeiro e na frente, a Borges de Medeiros. Então é completar o nosso estádio, realmente fazer um estádio moderno, dentro do caderno de encargos da FIFA e que seja âncora de um centro sócio-desportivo de entretenimento para o Flamengo e para toda a zona sul do Rio de Janeiro. Esse é o primeiro projeto. O segundo projeto é modernizarmos o nosso parque olímpico, porque o Flamengo tem muito compromisso na sua formação, na sua cultura com o desporto olímpico. Nós temos oito modalidades, além do futebol, que nós não podemos desprezar, que são: o remo, o vôlei, o basquete, o nado sincronizado, o waterpolo, a natação, o judô e a ginástica olímpica. Nós temos um ginásio dedicado só à ginástica olímpica; um estádio só para o basquete; afinal, nós temos lá o nosso tatame de judô e temos formado grandes campeões, estão lá praticando; nós temos um parque de piscinas maravilhoso, em que está o waterpolo, vencendo no masculino e no feminino O nado sincronizado, com moças tão bonitas e grandes campeãs; na natação hoje temos a musa da natação brasileira, formada no clube, a Mariana Brochado. Então o Flamengo não vai abdicar disso, é o segundo projeto do programa de revitalização da Gávea, a revitalização, em particular, do seu espaço dedicado ao esporte olímpico. O terceiro projeto é a expansão da sede social. Nós só ocupamos parte da nossa sede social e recentemente recuperamos o canto da Mario Ribeiro com a Borges de Medeiros, onde tinha um posto de gasolina Esso – conhecido como Posto Mengão. O Flamengo retomou aquele espaço de 1800 metros quadrados e pretendemos expandir as nossas atividades sociais e desportivas até ali. É o terceiro projeto, ocupação total da sede e a sua expansão. E o quarto projeto do programa de revitalização é o Estádio de Remo, é o centro de excelência de remo do Flamengo. O Flamengo tem um espaço na Lagoa que deveria ser considerado, tanto quanto o Cristo e o Pão de Açúcar, uma das sete maravilhas do mundo Não existe um clube de remo no mundo inteiro com a beleza que tem o Flamengo, na Lagoa. A raia termina ali, são dois mil metros de raia que começam no túnel Rebouças, lá no fim da Lagoa e vem até a sede da Gávea. Você ali fica de frente para o nascente do sol; a lua nasce ali, é de uma beleza incomensurável E se pratica remo os 365 dias do ano, não tem neve, nem frio, é sempre bonito – pode ter um vento ou outro, mais do que natural, mas não atrapalha. O Flamengo é um clube de remo, ele tem um compromisso com a sociedade de prática esportiva de remo há 112 anos; é um clube campeão de remo, nós precisamos agora melhorar, aproveitar, ver se algo desses jogos Pan Americanos chegam ali, melhorar o nosso centro de remo, transformá-lo realmente em padrão para o Brasil. Aliás, quero dizer uma coisa, o remo do Flamengo recebe um pequeno patrocínio da Petrobras. Eu falo é do nosso parque, ao lado daquela arquibancada começa o terreno do Flamengo. Estamos ali instalados há muitos anos, ali estão nossas magníficas garagens, temos a piscina de remo, temos a nossa carpintaria do remo, afinal é melhorar isso tudo, nós precisamos ficar melhor aparelhados para atender ao remo do Brasil. E tenham a certeza do que estou dizendo, porque convivo com isso há muitos anos, o Flamengo subindo o padrão, vai melhorar o Vasco da Gama, vai melhorar o Botafogo, vai melhorar o Piraquê, que são clubes tradicionais de remo. REMO NO RIO DE JANEIRO Aqui no Rio de Janeiro, no final do século XIX, no início do século XX o esporte popular era o remo, que era praticado aqui na Baía de Guanabara, na praia de Botafogo, na praia do Flamengo, no Calabouço e nós tínhamos o São Cristóvão – São Cristóvão é clube de regatas, não é? Nós tínhamos o Boqueirão do Passeio, o Internacional de Regatas, do outro lado da Baía: o Gragoatá, o Icaraí. Afinal, criaram grandes competições e muito populares, muito mais populares que o futebol. O remo continua se fazendo na Lagoa, nós temos ali, por ano, seis competições do Campeonato Estadual, temos o Campeonato Brasileiro ou Copa do Brasil, a Regata da Escola Naval, a Escola Naval também compete. Então tenha certeza que se o Flamengo conseguir realizar esse sonho – e vai fazê-lo – de realmente modernizar o seu centro de remo, o centro de excelência de remo, vai vir remador de todo o Brasil e a competição vai florescer para todo o desporto. JOGOS PAN AMERICANOS Nós temos cerca de 60 atletas sendo preparados para participar das preliminares dos jogos Pan Americanos. Vamos ver desses 60, quais serão os classificados. Nós temos realmente condições de talvez ser o clube que mais atletas vai fornecer para o Brasil, nos jogos Pan Americanos. Eu tenho quase certeza do que estou dizendo, o Flamengo vai ser o clube que vai oferecer o maior número de atletas para os jogos Pan Americanos. Nós estamos sendo bem preparados e as expectativas são enormes. Isso tudo sem recurso, apenas com recursos lá do clube. Com muita dificuldade, mas os atletas, a força dos atletas, a dedicação dos nossos técnicos, dos nossos professores é digna dos maiores elogios, é um esforço realmente característico do Flamengo: essa garra, essa força que o Flamengo põe e que aparece muito no futebol, mas ela existe ali dentro, nas demais modalidades, ela está na camisa, no vermelho e preto, na paixão. PATROCÍNIO DA PETROBRAS A Petrobras está conosco há cerca de 20 anos. Primeiro foi o contrato de camisa, de anúncio em camisa, vamos assim dizer, no Brasil. É um casamento feliz, o Flamengo encontra-se de uma maneira muito tranqüila, muito feliz, muito satisfeito com esse contrato com a Petrobras. Sempre que me reúno com a Petrobras – que tem excelentes profissionais e tenho convivido com vários, em 20 e tantos anos – eu vejo também a felicidade da empresa no contrato que tem com o Flamengo. Já chegaram a me dizer que dos contratos no campo do desporto, o que dá melhor resposta continua sendo o mais antigo: o contrato com o Flamengo. Chegou um momento que aquele produto da BR Distribuidora que era anunciado na camisa do Flamengo, o Lubrax, vendia tanto através da camisa do Flamengo que eles não anunciavam em mais nenhum outro veículo. O único veículo era a camisa do Flamengo. PATROCÍNIO DA PETROBRAS / LUBRAX Com o passar dos anos, são quase 24 anos de contrato, ultimamente resolveram mudar: já não mais usar o Lubrax no peito; passaram-no para a manga. Isso foi de 2006 para cá, passaram o Lubrax para uma das mangas, a gasolina Podium para a outra manga e passaram a anunciar o cartão Petrobras no peito. Aquele Lubrax já fazia parte da imagem, já era uma paisagem do Flamengo e ninguém pensava na camisa do Flamengo sem o Lubrax. Às vezes havia até quem pensasse que o nome do clube era Lubrax São mais de 20 anos de Lubrax. LUBRAX NO PEITO Até outro dia eu estava me relembrando e contando uma passagem muito interessante que aconteceu no ano passado, por ocasião, eu acredito, do cinqüentenário da Petrobras: fez-se um jogo em Sergipe do time argentino Racing, patrocinado pela Petrobras Argentina, contra o Flamengo, patrocinado pela Petrobras Brasil. A população de Sergipe inteira se vestiu de Flamengo e tinham as mais diversas camisas – todas piratas – do Flamengo; o vermelho e preto ocupou a cidade toda. O Lubrax aparecia nas camisas com as mais diversas grafias, mas sempre as camisas continham Lubrax. Até com K Houve um que botou “Lubrak”, mas estava lá a marca. Ou seja, Lubrax já faz parte da intrínseca da camisa do Flamengo. Eu falo isso com muita satisfação, com muito orgulho: eu me orgulho de ser brasileiro, eu me orgulho de ser Flamengo, eu me orgulho de ter uma empresa da importância da Petrobras no Brasil Quando ultimamente colocaram o verde e amarelo na gola da camisa dos jogadores, eu nunca quis perder aquele BR da Petrobras também em verde e amarelo na camisa. Há uma identificação forte, muito forte, são marcas de peso para o país, para a nação, Flamengo e Petrobras, verde e amarelo, unidos... Eu sou um senhor de 70 anos de idade, tenho 50 anos de política, portanto, sou um homem com vocação para a vida pública, de exercício da vida pública e acho isso muito importante para o nosso país. É, forte Para a nação e para o povo. Eu estou há 30 anos no Flamengo. Antigamente você só tinha a renda do campo, a bilheteria. Depois conseguimos, e foi o Flamengo o pioneiro, comercializar o nosso direito de imagem e as televisões começaram a pagar. Também o Flamengo foi pioneiro, colocando o Lubrax na camisa, então, entrou o patrocinador. Isso tudo tem avançado e precisamos avançar muito mais. ESPORTES NO BRASIL Acho que nós estamos, em relação à Europa e aos Estados Unidos, 20 anos atrás deles. Precisamos formar a Liga do Futebol, como já tem a Liga do Basquete, como tem a Liga do Vôlei; tem que ter a liga do futebol. Precisamos transformar nossas atividades profissionais em sociedade empresária; hoje isso é até uma exigência do Código Civil, serão avanços significativos. Não vamos passar na frente dos europeus, nem dos Estados Unidos, mas vamos começar a chegar junto com eles. O Brasil anda exportando cerca de 800 jogadores por ano para o exterior, os nossos craques estão jogando lá fora e não é só no futebol. Estou falando no fortalecimento do desporto, os jogadores de basquete, a NBA já está vindo aqui e pegando um, outro, um, outro, um, outro. No vôlei, aquilo: um, outro, um, outro, um, outro e levando para Itália, Espanha. No futebol de salão, um, outro, um, outro. Ou seja, os nossos grandes astros, as nossas grandes estrelas dos espetáculos desportivos do Brasil têm que ficar aqui. Nós temos que exportar o espetáculo e não o artista. Eu acho que é isso que precisa mudar, é nisso que nós temos que avançar. É nessa linha de raciocínio, com essa lógica é que o Flamengo vai para frente. Na formação o Brasil é craque, não precisamos discutir a qualidade da mão-de-obra formadora de atletas no Brasil, isso é indiscutível Agora, precisa ficar aqui, ou precisa se ter patrocínio, precisa ter mais recurso circulando no setor. A questão é como outra qualquer: falta grana. SOCIEDADE EMPRESÁRIA DE FUTEBOL No campo do futebol a solução é a sociedade empresária. Você não tem como concorrer com as sociedades empresarias. Não pensa que o Manchester United, é o maior clube de futebol do mundo porque é um clube. Não é. É uma grande empresa O Milan, todos são empresas, todos são sociedades empresárias. Aqui nós continuamos... eu não estou dizendo que o Flamengo vai se tornar uma empresa, não. O Flamengo instituição continuará sendo uma sociedade civil sem finalidade lucrativa e será dona de uma empresa da prática de futebol, será detentora das ações daquela empresa que pratica futebol. Aliás hoje é até uma obrigação do Código Civil. Essa sociedade empresária tem outros poderes, é uma empresa, então tem outros mecanismos para angariar recursos e investimentos para o nosso produto principal, o futebol. Para o caso dos esportes olímpicos vale o mesmo princípio. Você tem que ter mais capacidade de investimento para a formação e para a manutenção dos nossos atletas aqui, porque não tenham dúvida que criar um atleta do nível do Diego Hipólito, imagina que estrutura em torno desta formação é preciso ter e ser mantida pelo clube. Pelo clube com que recurso? Com recurso da taxa de manutenção ou das escolinhas? Aí realmente não avança. Criamos a sociedade empresarial, modernizarmos as nossas atividades para podermos manter esses atletas aqui e melhorar os nossos espetáculos. Esse é o futuro, é com isso que o Flamengo está lidando hoje no seu dia-a-dia. A sociedade empresarial obrigatória para as atividades profissionais já está no código civil. Agora, são transformações mais administrativas, internas do clube do que da própria legislação. Não precisa legislação mais nenhuma para fazer o que tem que ser feito. TIME MANIA Isso foi uma solução que o governo encontrou, provocada por nós até, que é muito inteligente. É o seguinte: todos os clubes brasileiros de futebol são devedores da previdência, da receita federal e do fundo de garantia, todos, não há um que esteja em dia. E esse montante cresceu muito nos últimos 10 anos, vamos assim dizer. Como o governo vai recuperar estes créditos fiscais que estariam perdidos nessas instituições, que são sociedades civis sem finalidade lucrativa? Se fecha um clube desses, se fecha um Flamengo da vida, eles vão perder todos os créditos que lá ficaram. Então o governo inventou essa mágica solução, essa inteligente solução, com o seguinte mecanismo: os 80 clubes devedores da previdência, da receita e do fundo de garantia vão confessar a sua dívida na Caixa Econômica, num contrato de adesão, dando em garantia a esta dívida, a sua marca. Esta marca será utilizada numa loteria que vai correr pela Caixa Econômica Federal e os recursos porventura auferidos desta loteria para aquele clube vão diretamente para os cofres públicos para pagar a dívida anterior. O clube quando quitar, fica com o recurso da loteria direto e quando não quitar, são 180 meses, então você vai ter condições de saldar esse débito anterior, mantendo em dia os pagamentos mensais. A Time Mania, como se convencionou chamar essa loteria, tem o programa que eu acabei de explicitar. Nada mais do que um programa de recuperação de créditos fiscais perdidos pela União, em entidades, entre sociedades civis sem finalidade lucrativa. O recurso é securitizado, porque está confessada a dívida e dada a garantia da marca pela Caixa Econômica, que fará a arrecadação e passará diretamente os recursos para os cofres públicos. Para descer um pouco mais a detalhes: eu disse no início que é uma solução inteligente e é, porque no mundo inteiro, na França, na Itália, na Espanha, na Inglaterra, em Portugal, todos os clubes tiveram problemas fiscais com os seus estados, dívidas grandes. E o governo, para recuperar esses créditos, teve que botar dinheiro. Na Itália o governo contribuiu com muito recurso, para o sistema voltar a funcionar. Aqui no Brasil o governo vai recuperar o crédito que estava perdido, sem colocar um centavo sequer. Então é um programa inteligente. PATROCÍNIO DA PETROBRAS Agora tem o cartão Petrobras. Do ano passado para cá, como eu já me referi, a BR tirou o Lubrax da camisa do Flamengo, passou para a manga e a gasolina Podium entrou na outra manga. Aliás, a gasolina Podium é maravilhosa Veio para o braço e, hoje, anunciamos o cartão Petrobras no peito. Eu me referi à gasolina Podium; acho que eu hoje sou um bom menino propaganda dessa gasolina, porque numa das reuniões na Petrobras, na BR, nós estávamos discutindo o contrato do Flamengo, a renovação, e o diretor de marketing me falou sobre a gasolina Podium, sobre o seu valor, como ela melhora a performance do automóvel e também me falou sobre o biodiesel naquela mesma oportunidade. Eu tenho dois carros, um é a diesel e o outro é a gasolina. Eu quero dizer a todos que eu virei garoto propaganda da gasolina Podium e do biodiesel, porque realmente melhoram muito a performance do automóvel, realmente é impressionante a diferença do diesel e da gasolina normais, para o biodiesel e a gasolina Podium, pode usar que é uma boa. Eu tenho o cartão Petrobras. E eu acho que em razão de eu ter me tornado um garoto propaganda do biodiesel e da gasolina Podium, a BR Distribuidora teve a gentileza de me dar um cartão Petrobras, quer dizer, eu anuncio na camisa do Flamengo e uso para pagar o meu diesel e a minha gasolina. COTIDIANO DE TRABALHO Eu trabalho há 50 anos. Eu acordo todo dia de manhã, aliás, muito cedo, porque eu levo minhas crianças pequenas ainda – o neto já está maior do que eu, mas eu tenho um filho de 10 anos – na escola, levo às sete e meia da manhã e trabalho até nove, 10 horas da noite. Então o meu hobby – no fim de semana eu procuro descansar, mas de qualquer maneira tem sempre um jogo do Flamengo para assistir – é o Flamengo. Eu trabalho no meu cartório, no centro da cidade, vou para o Flamengo de manhã e mesmo no centro da cidade trato assuntos do Flamengo ou fico no Flamengo até 10 da noite, quase que diariamente. Essa é a minha vida, é uma vida de trabalho. O que quero é ver o projeto social, seja do Flamengo, seja da sociedade como um todo, avançar, crescer, melhorar, isso é o que satisfaria o meu ego. Eu tenho formação política desde muito moço, eu sou cria do Doutor Juscelino, eu trabalhei com ele, viajei com o Dr. Juscelino para Brasília, na segunda vez que ele foi a Brasília eu fui com ele. Eu fiz política desde muito jovem, então eu tenho compromisso com a vida pública, eu gosto de gente, de povo, eu não me perturbo no meio da nossa gente, pelo contrário, eu me sinto agasalhado, me sinto amparado; eu tenho esse espírito. Tudo isso passa a ser uma diversão, passa a ser uma alegria. Não quer dizer que eu não tenha problema, eu tenho problema como qualquer pessoa normal e, às vezes, até problemas pesados, graves, sérios, mas, há que enfrentá-los, não é? E quem trabalha acaba chegando. Lá em Búzios, onde eu tenho casa, tem um barquinho muito antigo, um barquinho de pescador, que traz escrito “lutando, vence”. Esse é o meu lema: lutando, vence. Trabalhando com afinco, com dedicação, com persistência, com pertinácia, você chega aonde quer. Minha grande lição de vida é essa: 50 anos de trabalho, estou satisfeito; estou com 70 anos, 50 trabalhados, com as filhas grandes, os netos, os filhos pequenos sendo criados e sou uma pessoa que se sente feliz com o que viu, com o que vê, com o que fez, com o que está fazendo, está realizando, tem as perspectivas, isso tudo é fruto de trabalho. HISTÓRIAS / CAUSOS / LEMBRANÇAS Os pontos mais marcantes na minha vida de Flamengo, que é o que importa aqui, foram: o gol do Rondinelli em 1978, aos 42 minutos do segundo tempo, foi o nosso primeiro campeonato. Eu tenho aquele gol na memória e até hoje ao vê-lo na televisão eu me emociono, fico todo arrepiado. Foi a maior emoção que tive de expressão de alegria na minha vida. Como também a maior decepção, a maior tristeza que guardo no fundo do coração, também é relativa ao Flamengo: em 2004, quando nós perdemos um jogo final, com o Maracanã cheio, 85 mil espectadores. Perdemos a final da Copa do Brasil por 2 a 0 para um time da segunda divisão do futebol de São Paulo, chamado Santo André. Jamais, na minha vida, pude imaginar ver o Flamengo chegar a uma final no Maracanã, com aquela torcida incendiada, perder o jogo. Está foi a minha maior decepção. São essas as minhas histórias, a maior alegria e a maior tristeza são relativas ao meu Flamengo. Na política eu também vivi momentos muito ricos porque, como já disse, eu fui criado pelo Dr. Juscelino, muito próximo dele e vivi na política, nesses últimos 50 anos, intensamente. Eu era do PSD daqui do Rio de Janeiro quando veio o ato institucional que instinguiu os partidos; eu sou fundador do MDB, do PMDB, fui deputado pelo PMDB; convivi de uma maneira muito presente, muito forte com o Dr. Tancredo, com o Dr. Ulysses no Congresso Nacional. Afinal, vivi um momento rico da política, porque era o final da ditadura, a campanha das Diretas Já, a Constituinte e tudo isso. Nesse período todo eu convivi, vivi com os presidentes todos que passaram pela República, uns mais próximos, outros mais distantes, mas de qualquer maneira uma convivência, então tive uma vida no campo político muito rica, lembranças muito boas. FLAMENGO E PETROBRAS Eu estou presidente do Flamengo, eu não sou o presidente do Flamengo; estou presidente do Flamengo, no meu oitavo mandato. Não acredito que vá haver mais mandatos pela frente porque já sou um homem de 70 anos e acho que já cumpri com a minha missão com o Flamengo, principamente se conseguir realizar esse programa de revitalização da Gávea, terei cumprido a minha missão. Eu quero deixar registrado que a convivência com a Petrobras foi – não pessoalmente, eu falo para o Flamengo, como instituição – muito enriquecedora. O contrato que o Flamengo tem com a Petrobras é um contrato, como eu já disse aqui, matrimonial. Não há porque separar essas duas marcas tão poderosas para esse país, para a nossa nação, para o nosso povo, para nossa gente. Não há como separar o verde e amarelo que a Petrobras carrega intrinsecamente no seu coração, do vermelho e preto que representa a garra, a gana, a grande paixão do brasileiro. Seria um crime afastar uma entidade dessas de uma empresa como tal. É isso que eu posso deixar como mensagem de uma pessoa mais velha, experiente, que viveu intensamente a vida do país como um todo nesses 50 anos, deixar para as gerações no futuro. O Flamengo tem 112 anos, completa 112 anos esse ano, viverá certamente mais 112, mais 112, mais 112... ele está radicado, tem raízes profundas na cultura brasileira. E esta empresa também o tem. É preciso que o brasileiro fique consciente de que a Petrobras é nossa, que o petróleo, como se dizia há 50 anos, é nosso Essa força de comunicação dessas duas entidades é muito poderosa, é muito válida, é muito rica para o nosso país. Não vamos deixar que se separem em nenhum momento essas duas identidades. Essa é a mensagem que eu gostaria de deixar no final desse pronunciamento. MEMÓRIA PETROBRAS Muito bom, muito bom poder contribuir mais diretamente, com a minha presença e com essas idéias aqui expressas, que sirvam de boas memórias para a Petrobras.
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