Memória dos trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Luiz Fernando Gomes de Carvalho
Entrevistado por Larissa Rangel
Macaé, 18/06/2008
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB421
Transcrito por Maria Janecilda da Silva
P/2 - Pra começar a entrevista, gostaria de saber o seu nome completo, data e local de nascimento.
R - Luiz Fernando Gomes de Carvalho, 18 de junho de 2008.
P/2 - A data de nascimento:
R - 8 de setembro de 1963.
P/2 - E o local de nascimento?
R - Campos dos Goytacazes.
P/2 - E qual é a sua formação?
R - Sou formado em tornearia mecânica.
P/2 - E quando e como ingressou pra Petrobras?
R - Ingressei em 12 de março de 1984, pelo antigo DPSA.
P/2 - E qual era a sua função?
R - Auxiliar de plataforma, trabalhei até 1987.
P/2 - E nesse trabalho, como é que era, como é que foi esse aprendizado, como é que foram os primeiros momentos?
R - Foi bom, onde nós podemos desenvolver várias coisas que vejo que está aí até hoje, sendo os ligamentos de tubo, onde apresentou uma economia em termos de embarcações para Petrobras e a segurança do pessoal que manuseava essas tubulações e estamos aí até hoje utilizando isso aí, os ligamentos de tubos. Nessa época, no final de 87, eu vim trabalhar no setor de suprimentos, onde, também nós conseguimos desenvolver uns berços que para economia e segurança de pessoal e transporte, essas tubulações passaram também a ser colocadas nesses berços e transportadas para sondas.
P/2 - O que era esses berços?
R - Esses berços, eles são pequenas peças onde você coloca uma camada de tubos, uma em cima da outra, separadas e travadas entre elas. Antigamente quando você manuseava, levava tudo solto e esmagava, danificava. Nós temos tubos, muitos tubos aí sendo transportados assim principalmente em cromo 22, que exige um manuseio melhor.
P/2 - Então o senhor viu o processo de mudança em termos de tecnologia?
R - Em termos de tecnologia e mudanças,...
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Memória dos trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Luiz Fernando Gomes de Carvalho
Entrevistado por Larissa Rangel
Macaé, 18/06/2008
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB421
Transcrito por Maria Janecilda da Silva
P/2 - Pra começar a entrevista, gostaria de saber o seu nome completo, data e local de nascimento.
R - Luiz Fernando Gomes de Carvalho, 18 de junho de 2008.
P/2 - A data de nascimento:
R - 8 de setembro de 1963.
P/2 - E o local de nascimento?
R - Campos dos Goytacazes.
P/2 - E qual é a sua formação?
R - Sou formado em tornearia mecânica.
P/2 - E quando e como ingressou pra Petrobras?
R - Ingressei em 12 de março de 1984, pelo antigo DPSA.
P/2 - E qual era a sua função?
R - Auxiliar de plataforma, trabalhei até 1987.
P/2 - E nesse trabalho, como é que era, como é que foi esse aprendizado, como é que foram os primeiros momentos?
R - Foi bom, onde nós podemos desenvolver várias coisas que vejo que está aí até hoje, sendo os ligamentos de tubo, onde apresentou uma economia em termos de embarcações para Petrobras e a segurança do pessoal que manuseava essas tubulações e estamos aí até hoje utilizando isso aí, os ligamentos de tubos. Nessa época, no final de 87, eu vim trabalhar no setor de suprimentos, onde, também nós conseguimos desenvolver uns berços que para economia e segurança de pessoal e transporte, essas tubulações passaram também a ser colocadas nesses berços e transportadas para sondas.
P/2 - O que era esses berços?
R - Esses berços, eles são pequenas peças onde você coloca uma camada de tubos, uma em cima da outra, separadas e travadas entre elas. Antigamente quando você manuseava, levava tudo solto e esmagava, danificava. Nós temos tubos, muitos tubos aí sendo transportados assim principalmente em cromo 22, que exige um manuseio melhor.
P/2 - Então o senhor viu o processo de mudança em termos de tecnologia?
R - Em termos de tecnologia e mudanças, bastante.
P/2 - E nesse primeiro momento embarcado, como é que foi essa experiência, como foi a sua reação em vê uma plataforma, qual foi o primeiro momento que o senhor sentiu dificuldade?
R - Eu, devido minha formação em tornearia, eu também trabalhei muito tempo, em área de montagem e a primeira plataforma que eu trabalhei foi em (Pompa?), na plataforma de perfuração SM12, aonde eu trabalhei na montagem, então desde lá eu não senti tanta diferença assim.
P/2 - E como é que era o dia-a- dia?
R - Era corrido. As mudanças que vêm ocorrendo são muito benéficas pois a palavra que o pessoal usava era “a sonda não pode parar”. Trabalhei em sonda de perfuração e aconteça o que acontecer a gente tinha que continuar trabalhando.
P/2 - E hoje, qual é a sua função?
R - Sou técnico de suprimentos, bens de serviço, trabalho no revestimento e cimentação já há bastante tempo.
P/2 - E durante esses anos todos de trabalho, qual foi seu maior desafio?
R - Só o desenvolver equipamentos para melhoria continua da empresa.
P/2 - O senhor desenvolveu algum equipamento?
R - Sim, desenvolvi, tanto que já tem uma patente, a solicitação de patentes já está em 15 países, foi a partir de uma necessidade, devido eu vir de uma família de inventores, eu via a possibilidade de modificar um equipamento e esse equipamento é uma âncora torpedo, né, que a gente chama torpedo e ela desenvolveu uns (flaps?)laterais que aumentou o poder de garra. Hoje está sendo, já usada.
P/2 - e quando foi isso?
R - Eu recebi o prêmio inventor e 1985, aliás 2005, desculpa.
P/2 - 2005. E hoje ela é utilizada em todas plataformas?
R - Sim, em algumas.
P/2 - E qual era a diferença, da anterior pra agora?
R - Ela aumentou o poder de garra, tipo ela agüentava 100 mil, cem mil toneladas, pra você retirar, ela aumentou muito mais, ela foi pra 200 ou mais.
P/2 - E o senhor inventou mais alguma coisa?
R - Tem mais alguns inventos aí para apresentar.
P/2 - eles estão pra vir ainda né?
R - É, eles estão ainda pra vir.
P/2 - E esses inventos são trabalhos em equipe, é o senhor, como é que é a dinâmica disso?
R - Primeiro, apresentar a idéia e depois dessa idéia, eu tento levar pra alguma equipe desenvolver, sendo que aí eu entro, eu sou o inventor, primeiro o inventor e a equipe entra como o restante de inventores.
P/ 2 - E é estimulado pela Petrobras, esse tipo de atividade diante dos funcionários?
R - Eu não sinto que seja tanto, mas, deveria ser mais bem divulgado, a Petrobras investir mais em pessoas que queiram ajudar mais a empresa, mas, estamos aí, isso não me desestimula.
P/2 - E pro senhor, que viveu em plataforma, o senhor viveu em plataforma, não é isso?
R - Sim.
P/2 - E como era ficar longe da família?
R - Quando eu entrei, era difícil, às vezes até a comunicação com terra, eu tinha que falar via rádio_______era_____com rádio, rio rádio e ficava difícil. Muitas vezes a gente se escrevia cartas, mandava pra terra e o pessoal de terra enviava pra casa.
P/2 - E como é que você ficava sabendo das coisas que estavam acontecendo, como é que eram essas informações do mundo, Brasil, o que estava ocorrendo, existiam essas informações?
R - Nós tínhamos televisões, dava pra gente saber.
P/2 - E hoje, como é que é?
R - Bem, eu tô afastado do mar, já há bastante tempo, tanto é que eu vim em 87, eu vim pra terra, então pelo o que sei dos colegas, melhorou bastante.
P/2 - Hoje você está na área administrativa?
R - Administrativa. Como eu falei anteriormente no revestimento e cimentação na OSP.
P/2 - E como é que foi essa mudança em tremo físico, do crescimento físico da Petrobras em Macaé?
R - A Petrobras cresceu bastante em vista do que nós éramos na época, são setores pequenos e veio desenvolvendo, tanto que veio pra população de Macaé e as quantidades de plataformas perfurando.
P/2 - E desde a sua entrada, qual a função que existia na época, né do seu início e que hoje não existe mais?
R - Função... eu tenho algo a falar sobre nacionalização, não era uma função, era um setor de nacionalização que nós tínhamos que era da antiga RPSE e DPSE que extinguiu e foi um setor bastante benéfico pra empresa e sobre desenvolvimento de equipamentos que a gente procurava nacionalizar, aonde a Petrobras cresceu, né, e hoje em dia eu não vejo mais isso, mas era bonito, a gente pegava o equipamento, desenhava, procurava fornecedores capacitados, eu tenho visto mais isso.
P/2 - E quando isso não teve mais estímulo, um investimento da Petrobras nesse sentido, em que momento isso parou?
R - (pausa) Em torno de 2000 por aí assim, eu não vi mais, foi quando eu saí do setor e o setor foi extinto, né, que ela trabalhava no setor de engenharia de equipamentos, antigo CETEQ e daí pra cá... Veio as mudanças, né, foi extinguindo setores e esse foi um deles.
P/2 - E durantes esses anos todos em que momento o senhor percebeu que a Bacia de Campos deu certo?
R - Desde o início, desde de quando eu entrei que era uma bacia promissora.
P/2 - Ela era promissora e que iria...
R - Iria crescer conforme estamos aí crescendo a cada dia mais.
P/2 - E qual foi sua maior dificuldade nesses anos?
R - Minha dificuldade é desenvolver mais, eu ainda tenho, ainda sinto dentro da empresa, algumas coisas travando ainda um pouco o funcionário a desenvolver, deveria ter mais estímulo pra que a gente possa desenvolver mais coisas, né, que a Petrobras garanto que cresceria mais um pouco do que ela está crescendo.
P/2 - Mais estímulo né?
R - Mais estímulo aos funcionários, principalmente, eu tiro por mim e pelas invenções, pelas criações(pausa) e deveria ter mais incentivo né.
P/2 - E o senhor pode contar alguma história que você vivenciou entre companheiro de equipe, uma história engraçada, interessante?
R - Tenho vários colegas que a gente ainda se comunica até hoje via correio. É o Cláudio Barcelos, o Mário Sérgio, um colega que já tá aposentado, Marcos, temos o Marcos Baloco e a gente sempre cria situações de sempre contando piadas um sobre o outro, um fala que o carro do outro não andava porque a gente um outro não forneceu um peneu e um colega fez um churrasco e quis salmão, um outro na vinda atropelou uma vaca e a gente falou que ele matou a vaca pra levar pro churrasco, então são coisas bem engraçadas que a gente vai conversando e crescendo até que um as vezes fala “epa” fica um pouco bloqueado(risos).
P/2 - E qual fase da produção da Bacia foi mais marcante e porque?
R - (pausa)Bem, foi aquele período que houve o acidente de Enchova que a gente tava crescendo bastante com a sonda não pode parar, ali mexeu um bocado com as pessoas, né... E dali pra cá, o pessoal tomou outros tipos de... Vem tomando outras atitudes para que não ocorram mais aqueles tipos de acidentes e daí pra cá eu vi a Petrobras crescer em termos gerais.
P/2 - E na questão de segurança, o que mudou?
R - Nós temos aí o SMS, temos a CIPA que sempre atuou, eu venho na CIPA, sou um assíduo da CIPA, né, a cada 2 anos eu faço o meu período de CIPA, fico um ano fora e volto e venho sempre procurando ajudar e vejo que tá crescendo.
P/2 - A CIPA... Poderia explicar pra gente?
R - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. É como se fosse um técnico de segurança, auxiliando a empresa.
P/2 - E com é que é a dinâmica, como é que é o trabalho?
R - Aí são desenvolvidos dentro da própria CIPA, nós montamos alguns grupos, uns de inspeção, outros de divulgação, então tem que ter vários grupos que auxiliam, né, a empresa num todo.
P/2 - E o que mudou na Bacia de Campos desde a sua entrada em termos de equipamentos, enfim, comunicação?
R - Em equipamentos teve mudança muito drástica porque a gente antigamente produzia com equipamentos que eram pequenas e baixas profundidades e hoje em dia a gente com essas produções de 2000 metros, aí que já está previsto, né, então eu vi que modificou bastante e cada vez mais, vai mudar, aonde eu falei agora a pouco que deveria ter mais inventivo em cima dos funcionários que muitos deles ainda tem muito apresentar e soluções que podem ser boas, não ficar restrita apenas a um grupo, deveria ter mais divulgações aí e incentivos.
P/2 - A própria equipe que lida com isso, né?
R - É, tem equipes no centro de pesquisas que cuida para esse desenvolvimento fluir. Muitas vezes uma pessoa externa pode apresentar uma idéia que seja promissora, essas idéias elas estão por aí, estão perdidas, acho que a Petrobras tem que incentivar para tentar resgatar alguma coisa.
P/2 - E como o senhor via a Bacia no futuro?
R - Crescendo cada vez mais.
P/2 - E o que é ser petroleiro?
R - É a pessoa que desenvolve muito aqui dentro, aprende bastante, eu sinto que eu cresci bastante como pessoa, em todos os sentidos.
P/2 - E esse aprendizado também tá ligado a esse convívio com outras pessoas de outras regiões dentro da Petrobras?
R - Outras regiões, outras culturas e cada dia a gente aprende cada vez mais.
P/2 - E como você identificaria, né, quem seria esse trabalhador da Bacia de Campos?
R - São os amigos do dia-a-dia, são os que estão aí fazendo a Petrobras crescer.
P/2 - E o senhor o que achou deter participado dessa entrevista contribuindo para memória do projeto?
R - Tentei dá um depoimento,o tanto que eu to podendo apresentar, né, mas esse depoimento e acho que escrito daria muito mais subsídios, incentivo também né, a você escrever, que apresenta muita coisa, então por exemplo, agora a pouco, o que eu me lembro, seis coisas que eu me lembrei rapidamente que iria até apresentar que envolve a segurança das embarcações, no abastecimento do óleo diesel, a segurança que eu falei de transporte de tubulações, então são coisas que a gente as vezes escrevendo passando para a memória seria interessante.
P/2 - Você gostaria de falar mais um pouco?
R - Não, tá ok, até aqui tá bom.
P/2 - Ok, obrigada.
R - Tá ok.
Fim do Cd.
Palavras desconhecidas:
(Pompa?)
(flaps?)
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