Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Edson Torres Bessa
Entrevistado por Larissa Rangel (P/1)
Macaé, 18 de junho de 2008
Realização Instituto Museu da Pessoa.Net
Entrevista n° PETRO_CB424
Transcrito por Michelle de Oliveira Alencar
P/1 – Pra começar, qual o seu nome completo, data e local de nascimento?
R – Meu nome é Edson Torres Bessa, nasci no dia 21 de fevereiro de 1953, nasci no Rio de Janeiro, batizado na Penha.
P/1 – E qual é a sua formação?
R – Eu sou formado na área contábil. Trabalhei bastante tempo na área financeira e, mais tarde, eu pulei um pouco pra área operacional e é onde eu tô até hoje.
P/1 – Mas quando o senhor ingressou, e como ingressou na Petrobras?
R – Ingressei na Petrobras eu era, praticamente, uma criança, né, eu trabalhava numa competidora no ramo de petróleo já tinha um bom tempo e, de repente, a BR Distribuidora abriu um campo pra que a gente tentasse novas chances, né, e aí foi quando despertou. Eu fiz uma prova na BR Distribuidora em 74, a BR era novata ainda também no mercado, que ela vem de uma área de Petrobras, que a Petrobras começou a distribuir petróleo, né? E por razões governamentais ela teve que abrir uma subsidiária, a BR Distribuidora, e foi nesse momento aí que eu fiz uma prova e passei, tô até hoje aqui.
P/1 – E o senhor lembra desse dia quando o senhor viu que tinha passado, tinha ingressado na Petrobras?
R – Eu lembro. Antes, antes de trabalhar na Petrobras eu trabalhava numa competidora, como eu te falei, e tinha uma certa experiência administrativa. Nesse momento a BR precisou de pessoal que tivesse uma pequena experiência administrativa e fez um contrato com esse pessoal, e eu fui um deles contratos. Então, nesse momento, ela também estava admitindo, pô, eu arrisquei a sorte saí e tô até hoje lá. Nesse momento, na verdade, a BR não era ainda uma empresa consolidada, ela era uma tentativa de crescimento, de abocanhar o...
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Depoimento de Edson Torres Bessa
Entrevistado por Larissa Rangel (P/1)
Macaé, 18 de junho de 2008
Realização Instituto Museu da Pessoa.Net
Entrevista n° PETRO_CB424
Transcrito por Michelle de Oliveira Alencar
P/1 – Pra começar, qual o seu nome completo, data e local de nascimento?
R – Meu nome é Edson Torres Bessa, nasci no dia 21 de fevereiro de 1953, nasci no Rio de Janeiro, batizado na Penha.
P/1 – E qual é a sua formação?
R – Eu sou formado na área contábil. Trabalhei bastante tempo na área financeira e, mais tarde, eu pulei um pouco pra área operacional e é onde eu tô até hoje.
P/1 – Mas quando o senhor ingressou, e como ingressou na Petrobras?
R – Ingressei na Petrobras eu era, praticamente, uma criança, né, eu trabalhava numa competidora no ramo de petróleo já tinha um bom tempo e, de repente, a BR Distribuidora abriu um campo pra que a gente tentasse novas chances, né, e aí foi quando despertou. Eu fiz uma prova na BR Distribuidora em 74, a BR era novata ainda também no mercado, que ela vem de uma área de Petrobras, que a Petrobras começou a distribuir petróleo, né? E por razões governamentais ela teve que abrir uma subsidiária, a BR Distribuidora, e foi nesse momento aí que eu fiz uma prova e passei, tô até hoje aqui.
P/1 – E o senhor lembra desse dia quando o senhor viu que tinha passado, tinha ingressado na Petrobras?
R – Eu lembro. Antes, antes de trabalhar na Petrobras eu trabalhava numa competidora, como eu te falei, e tinha uma certa experiência administrativa. Nesse momento a BR precisou de pessoal que tivesse uma pequena experiência administrativa e fez um contrato com esse pessoal, e eu fui um deles contratos. Então, nesse momento, ela também estava admitindo, pô, eu arrisquei a sorte saí e tô até hoje lá. Nesse momento, na verdade, a BR não era ainda uma empresa consolidada, ela era uma tentativa de crescimento, de abocanhar o mercado, e conseguiu, né, e eu cresci junto com ela, quer dizer, cresci junto com ela não, nós temos uma identidade aí no momento do nascimento dela até hoje ainda tô acompanhando, né?
P/1 – E em que área o senhor está trabalhando atualmente?
R – Hoje eu tô na área de suprimento de produtos químicos pra exploração de petróleo. Eu tô na, a BR identifica isso como o depósito supply house. Os Depósitos supply house eles tem a finalidade de suprir produtos químicos pra exploração de petróleo, ele tem, no caso, eu tô lotado aqui em Macaé mas ele tem em alguns estados aí, ele acompanha a Petrobras em alguns, alguns estados, né?
P/1 – E quanto tempo você está aqui trabalhando na Bacia de Campos?
R – Eu tô aqui na Bacia de Campos, aproximadamente, três anos e meio, aproximadamente, não posso ser muito preciso não, sou muito fraco pra guardar data (risos).
P/1 – Mas o senhor entrou em 74, não foi isso?
R – Na Petrobras Distribuidora.
P/1 – E desse tempo pra cá qual é a seu envolvimento na produção da Bacia de Campos com o seu trabalho no Rio de Janeiro?
R – Olha só, na produção, como eu te disse, tô aqui dentro desse depósito supply house eu tô há três anos e meio, aproximadamente, né? Mas minha história BR se confunde com a Petrobras, porque eu comecei a trabalhar na BR numa dissidência da Petrobras no ramo de distribuição, então foi fundada a BR. A partir daí a BR começou a crescer sozinha, né, e ela as compras de produtos derivados que são derivados de petróleo praticamente são todas feitas com a próprio Petrobras, né? E nesse momento a BR crescendo eu fui coordenar um setor de negociações de muto entre Petrobras e BR. Esse muto envolvia produtos, compras de produtos que BR fazia e produtos, serviços, e diversas coisas que envolvessem as duas empresas. Como as duas eram interligadas, então a história se confundia, eu trabalhava na BR mas tava sempre junto com a Petrobras, os acordos, nas negociações, nos encontros de contas, enfim, pô, eu tava sempre envolvido com a Petrobras, e até hoje tô, né, sempre envolvido.
P/1 – E qual foi o maior desafio, desafios enfrentados na sua trajetória?
R – Eu não sei qual foi o maior, mas eu tive uma porção deles, né? Olha só, quando, o primeiro desafio foi pessoal, né, quando ainda garoto, pô, tinha aquela ânsia de crescer, pô, eu tive que enfrentar alguns desafios, primeiro competitivos, segundo desenvolvimento pessoal, estrutura, a gente não tinha estrutura educacional, essas coisas todas você vem crescendo juntos, né? Depois veio a competição entre cargos, entre pessoas. Depois veio competições de tarefas, algumas tarefas dentro da Petrobras Distribuidora ainda não eram definidas. A Petrobras, também Distribuidora, ela tinha diversos desafios que eu não sabia como enfrentar, entendeu? Então coube pra mim e pra outros, eu pra outras pessoas, decisões que não foram muito planejadas e essas decisões, por falta de planejamento, e por falta de se esperar que isso acontecesse, né, as coisas acontecessem de repente e veio acontecendo no dia-a-dia, essas coisas dependiam de decisões, de estudos nossos, de resoluções nossas e a gente tinha que apresentar aos superiores certas decisões que nem você mesmo esperava que fosse acontecer, e a própria empresa também não esperou, que a empresa foi, ela foi, ela não foi planejada, ela aconteceu, vamos chamar assim. E os acontecimentos iam se multiplicando, os desafios se multiplicando, muitos deles nós enfrentamos por nós mesmo, entendeu? Por nós mesmo, é claro, tivemos os nossos estudos, resultados de estudos e o poder de decisão não nos cabia, mas nós criávamos, e estamos criando aí até hoje, né?
P/1 – Então hoje seria, essa mesma filosofia se encontra ainda hoje?
R – Não, hoje não. Hoje a empresa se estruturou porque, como eu falei, foi uma empresa que talvez não tenha sido muito planejada, é uma empresa que aconteceu por circunstância, circunstâncias que levaram a alguns desafios. Mas hoje não, a empresa hoje se estruturou, agora ela tem 35 anos de existência, então ela se estruturou, se planejou. Mas alguns desafios aí ainda são surpresas pra BR, né? Pra BR e pra muitos de nós mesmo, nós empregados. Então essas surpresas a gente se planeja, a empresa tem planejamentos já hoje, tem planejamento até pra 2012. Mas dentro desse planejamento o que se espera às vezes se surpreende, porque você tem um planejamento pra um determinado período a frente só que esses períodos aí que você está planejando eles estão acontecendo muito rapidamente, aliás o Brasil todo, né, tá mudando rapidamente. Pra te dar um exemplo muito rápido, eu falo pra caramba, né, vou me estender um pouquinho, né? Então, pra te dar um exemplo muito rápido, pô, a tecnologia de hoje pro programa de computador que você usa hoje, daqui a dez minutos já, teoricamente, ele já não serve mais, já é obsoleto, né? Então o Brasil cresceu muito, o país cresceu muito, a Petrobras é um elo forte do Brasil, a sua subsidiária também tem que acompanhar, então muita coisa acontece inesperadamente. E eu acho que a Petrobras e a BR sistema Petrobras eles são surpreendentes, são cicatrizantes, no mesmo momento que eles se ferem, entendeu, eles se cicatrizam muito rápido porque eu não sei se é sorte, ou se é planejamento, é ter uma qualidade de profissional muito boa, né? Talvez seja por causa desses investimentos que a Petrobras, eu até, acho até em certos momentos, assim, acho absurdo o quanto ela investe nesse, na aplicação, no desenvolvimento de pessoal. Mas pô, eu ao mesmo tempo que eu acho que é absurdo financeiramente, daqui a pouco eu vejo: “Pô, não foi absurdo isso aqui era realmente, necessitava, né?” Ou se não necessitava, se gastou inesperadamente por, mas rapidamente também tá tendo retorno, né? Então de repente a minha visão não é tão macro quanto a visão de quem tá coordenando essa parte aí, né? Mas é legal, trabalhar numa empresa é muito bom, pô, eu gosto.
P/1 – E qual foi a sua maior dificuldade?
R – Dificuldade profissional?
P/1 – Isso.
R – Olha só, eu tive uma dificuldade enorme, pô, isso recentemente. Quer dizer, tive diversas, eu não posso dizer qual é a maior, né? Tive diversas dificuldades, diversas alegrias. Mas uma dificuldade muito grande foi a pouco tempo atrás eu fui chamado pela, por uma gerência pra prestar um serviço que eu via que a anos se arrastava dentro da BR, da Petrobras Distribuidora. Esse serviço não foi destinado a mim, foi destinado a um amigo meu, um gerente que eu gosto como pessoa, por isso que eu chamo amigo meu, né, aqui dentro a gente acaba virando família, né? Mas esse gerente me chamou pra ajudá-lo, falou: “Pô, você aceita esse desafio? Vamos trabalhar juntos?” Era o seguinte: a BR fornece produto pras três Forças Armadas, e as Forças Armadas, você sabe, que tem diversas unidades pelo Brasil afora, né, tem quartéis espalhados de norte ao sul, do sul ao leste e assim vai, né? Então essas unidades elas consomem, elas tem autonomia de consumo próprio, certo? Sendo que é coordenado por um, tem um setor que coordena. E a medida que elas tem uma cota de utilização, cada unidade dessa, uma ultrapassava a cota da outra, e a BR teria que ser o quê? Teria que ser o juiz do caso, ou seja, ela que distribuía o produto, ela tem que, ela tem que delimitar, obedecer a cota delimitada pelas Forças Armadas, Exército, Marinha e Aeronáutica, mas determinado momento se perdeu o controle ela acaba fornecendo cota de outra, de uma unidade pra outra, e depois dá aquela briga. Por conseqüência, cada unidade ela tem interesse mesmo de ultrapassar aquele limite dela desde que não haja um controlador, no caso o controlador seria a BR. E nesse momento, quando um tá, um ultrapassar uma unidade do Exército, vou dar por exemplo o Exército, ultrapassava a cota do outro, claro, tira de um alguém vai se prejudicar, né? Então no cômputo geral faltava pra alguém, e essa, os prejudicados sempre queriam a cota dele, até por necessidade, as três Forças Armadas são a segurança nacional, eles tem necessidade mesmo, não pode faltar, né? E essa cota que era paga antecipadamente eles exigiam, pô, então a BR ficava plena discussão: “Não, já esgotou a cota do”, usando aí por exemplo, o Ministério do Exército, “esgotou a cota do Ministério do Exército o governo federal tem que liberar uma cota maior, um complemento de cota”. Aí, nesses casos, vinha as conciliações, entendeu? Aquelas centenas de unidades, ou sei lá até milhares de unidades das três Forças Armadas batia tudo em cima da BR pra fazer a conciliação. Como conciliar isso, entendeu? Documentalmente você tinha que mexer em arquivos e arquivos, doideira aquela busca, né, pô. Pessoal, a gente já não tinha pessoal pra atender aquele monte de unidade do Exército pra conciliar aquilo tudo. Então partia-se do princípio pra gente vamos ao órgão central, vamos no Ministério do Exército, nesse exemplo que eu tô dando, assim acontecia com a Marinha, Aeronáutica. Então vamos a unidade central, a unidade central, por sua vez, trazia seus representantes, então ninguém conseguia conciliar nada, e a BR sempre acatando as situações de divida. Pô, é até legal, vamos pagar pra começar do zero e isso era uma freqüência, isso era uma doideira, isso ficou anos e anos, anos, essa situação assim. Então esse desafio foi passado pra gente a uns anos atrás: vamos regulamentar esse negócio, vamos melhorar esse negócio. Como eu te falei: planejamento, “Vamos planejar”. Agora a coisa aconteceu e toma uma solução: “Vamos planejar”. Sentamos, planejamos, ficamos estudando aí bateu uma feliz idéia: “Pô, vem cá, os bancos, os bancos eles tem n clientes, tem milhares de clientes pelo Brasil afora e todos eles controlam conta individual, entendeu? Pô, por que que nós não vamos controlar conta individual?” Aí vem a pergunta: como? Então parte um planejamento, parte uma série de pessoas, parte equipes de apoio, tecnologia e assim vai, né? Então, pô, a gente começou a criar esse planejamento e colocando em execução, entendeu? Resumo: uma parafernália, estudo, uma dedicação dia e noite de trabalho, não foi assim tão fácil, né? Depois vamos colocar em teste, colocamos em teste e o desafio que era desafio depois virou até glória, porque pô, a gente só faltou ser canonizado, né? Porque...
P/1 – Deu um resultado positivo essa...
R – Foi glória, elogios, essas coisas. As três Forças Armadas elogiam. Hoje eles têm, cada unidade, tem uma conta corrente, e conta corrente codificada como se fosse uma conta mesmo bancária, tem uma conta corrente, tem um código de acesso pra sacar saldo de cota, de volume de derivado de petróleo, entendeu? Tá com um bom resultado. Então isso foi um grande desafio, pô, e tá marcante, foi um dos grandes desafios, teve outros aí mas esse é o mais recente que está na minha memória e sucesso total. Mas como você tá fazendo um trabalho aí: Memória da Petrobras, vai, pode ficar gravado na memória, mas, pô, a BR hoje tem esse controle e já há pouco tempo eu tava conversando com alguém sobre esse controle, alguém queria me ensinar como é feito isso daí. A memória de quem fez (risos) já tá esquecida, né, de quem fez e como aconteceu, mas alguém tava tentando me ensinar como é feito busca, é bacana o trabalho, eu me senti lisonjeado mas também não falei nada, né, pô, falei não deixa rolar porque talvez ninguém saiba, talvez ninguém não, poucos saibam como aconteceu e quando aconteceu isso aí. Falei muito, né?
P/1 – Não. E agora o senhor trabalha aqui na Bacia de Campos, né? Foi um período de três anos o senhor comentou, né?
R – É três anos, três anos e pouco aqui.
P/1 – E como você identifica esse trabalhador da Bacia de Campos? Quem é esse trabalhador?
R – Esse trabalhador é o Bessa. É o Bessa que, é o Bessa que tava em fase de aposentadoria, tava com a documentação pra aposentar e de repente me apareceu um gerente sabendo até desses desafios que a gente já tinha passado, já tinha enfrentado, né? E aí me ofereceu mais um desafio: “Ei cara, você vai aposentar? Vai ficar jogando carta na praça? (riso) Vai inventar o que fazer? Vai aporrinhar a família em casa? Vou te passar um desafio antes de você sair”. O DKE aqui é o nosso depósito BR aqui em Macaé é chamado DKE. “O DKE tá precisando de uma reestruturação. Tem algumas coisas que não tão legais, o controle de estoque tá problemático, não existe procedimentos normais, procedimentos escritos, as coisas estão acontecendo, elas não estão procedimentadas e não estão acontecendo da forma que a gente espera, você não que ir pra lá tentar dar uma força?” Eu neguei, eu disse que: “Não, não quero, tô fora, chega de problemas, né?” Mas depois eu pensei muito, repensei no negócio, falei: “Tá bom, vamos mais um ano”. E tá indo pro quarto já nesse negócio. Então, pô, já mudamos bastante, hoje de três anos e pouco atrás, pô, sem querer menosprezar antecessores mas, pô, eles não tem culpa porque a própria empresa, não te disse, as coisas, muitas coisas acontecem elas não são planejadas. O depósito de Macaé, o famoso DKE, eu também acredito que não tenha sido muito planejado, entendeu? E foi acontecendo e tá crescendo a cada dia que passa, entendeu? E nesse momento a gente, a BR parou pra planejar pra acertar, entendeu, e pegou algumas pessoas, eu não sei se eu posso dizer que eu fui um dos escolhidos ou felizardo, ou premiado, ou castigado (risos), mas eu fui um dos novos representantes aí do DKE, e tô aí, tô no meu desafio, mas ainda não tá como a gente quer, mas também quanto tiver como eu espero que esteja a gente busca outro (risos), sai já tá tudo legal vamos pra outro problema. Mas é por aí, é mais ou menos isso, o trabalhador é esse aí.
P/1 – E o que é ser petroleiro?
R – Olha, pra cada um deve ter a sua definição, entendeu? Eu, Bessa, eu tenho a minha definição que é muito pessoal, não sei se ela caberia pra outras pessoas que trabalham aqui dentro da Petrobras. Mas pra mim ser petroleiro é, eu acho que é ser, eu não sei, brasileiro, essa história se confunde comigo, pô, a Petrobras foi fundado dentro do ano do meu nascimento, Petróleo Brasileiro. Acho que é um karma. A BR quando foi fundada eu fui chamado por acaso, por obra de Deus, pra trabalhar na BR como contratado. Depois fiz uma prova quando a BR tinha um e pouco ou dois anos, não tenho certeza, trabalhei, tô trabalhando até hoje, fiz uma prova depois de dois anos, até a presente data continuo trabalhando na Petrobras. Ó, eu vi a Petrobras nascer, tô vendo ela crescer, tô vendo ela se multiplicar, e a história da vida dela se confunde com a minha, pô, eu nasci, cresci, eu não vou dizer progredi, mas tive alguma coisa de progressão na minha vida pessoal e financeira e profissional, entendeu? E tô vendo cada dia crescendo cada dia mais, entendeu? Só tem um detalhe: a gente tá na, chega uma fase da idade que começa na fase de ascendência, a BR, a Petrobras ainda estão na fase de crescimento ainda, são crianças ainda comparada a crescimento de uma empresa, né? Mas elas cresceram muito. Então o que ser petroleiro? Pô, eu acho que é a minha vida aqui, entendeu? É tudo que eu imaginei e até o que eu não imaginei em termos profissionais, em termos de realização. Acho que tudo que eu tenho eu agradeço a Petrobras, tudo o que eu tenho cultural, financeiro, intelectual, moralmente. Pô, talvez eu tivesse outra empresa, eu não posso dizer que eu praticamente não trabalhei outra, a experiência que eu tive em outra praticamente criança comecei com 14 anos, entendeu? Então, pô, a Petrobras na minha vida é tudo. E espero que seja na de vocês, e nas pessoas que pretendem trabalhar e que consigam também gostar tanto da Petrobras como eu gosto, entendeu? Eu não sei pros outros, essa é a minha opinião.
P/1 – E o que o senhor achou de ter participado dessa entrevista contribuindo para o projeto da Memória dos Trabalhadores?
R – Já acabou? Eu tenho tanto pra falar (risos). É vibrador, né, eu sou muito vibrador. Não, olha só.
P/1 – Se o senhor quiser comentar, Edson...
R – Não, não posso me arriscar também que eu tenho trabalho. Mas olha só, eu achei muito legal, muito legal. Primeiro, as pessoas que estão trabalhando aqui com a gente, muito legal, muito bacana. E segundo, contar isso tudo, entendeu, pra mim é como abrir assim umas páginas da minha vida, umas páginas da vida da Petrobras, da, como abrir página de um livro, entendeu, e reler tudo que eu já sabia, mas pô, cada vez que você relê o que você sabe parece que você tá revivendo, entendeu? Pra mim um espetáculo! Maravilhoso”
P/1 – Edson, se você quiser você pode falar alguma, um momento que você gostaria de registrar.
R – Um momento que eu gostaria de registrar? Eu gostaria de registrar assim: as vontades que eu tenho assim no momento, todos nós na vida temos um momento de vontade de parar tudo, de desistir, entendeu? Então toda a vez que eu tenho essa vontade de desistir, todos nós passamos por isso tem aquele momento que tu fraqueja fala: “Pô, parei!” Aí eu paro, eu penso em parar, eu penso em acabar o meu casamento com a Petrobras (risos), falo assim: “Pô, eu vou reviver alguma coisa, entendeu? Vou passar, fazer outra coisa na vida”, mas eu sempre fico naquela: “Mais um pouquinho, mais seis meses, mais um ano, entendeu?” Aí, pô, como eu vejo as pessoas lá de fora falar assim: “Rapaz, você tem um campo aberto lá fora”, eu tenho um campo aberto mas, pô, eu tenho um campo de trabalho, de busca, de campo novo pra ver. Pô, mas eu também tenho um lado muito forte afetivo com a Petrobras, entendeu? Esse lado forte afetivo, é como eu te falei pô, nós é como se fosse uma irmã: nascemos juntos, nos criamos juntos. Agora tem o momento da separação, eu sei que quando esse momento aparecer, já apareceu, eu venho postergando, entendeu? E quando aparecer eu acho que vai ficar registrado pra sempre no meu coração, entendeu? Por isso que eu falo, pô, eu trouxe aí, tô escrevendo essa página de um livro aí, essa página que eu tenho guardada comigo, esse livro eu leio pra mim mesmo eu não sei se vai ser útil pra outras pessoas lerem isso aí, o que tá sendo, o que eu tô dizendo aqui, de repente alguém lê, entendeu, aí pelo menos não fica guardado só comigo. Mas ou menos isso que eu queria dizer.
P/1 – Tá ok.
R – Eu te agradeço aí.
P/1 – Obrigada.
R – Nada.
FIM DA ENTREVISTA
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