Memória Petrobrás
Depoimento de Carmen Andrea Ribeiro Vianna Santos
Entrevistada por Claudia Fonseca e Sérgio Retroz
Rio de Janeiro, 13/08/2009
Realização Museu da Pessoa
Entrevista nº PETRO_HV145
Transcrito por Karina Medici Barrella
P/1 – Andrea, em primeiro lugar muito obrigada por atender ao convite do Memória Petrobrás. Gostaria de começar a entrevista com você nos dizendo o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.
R – Carmem Andrea Vieira Vianna Santos, nasci no Rio de Janeiro dia 14 de julho de 1961, mais especificamente na Tijuca.
P/1 – Na Tijuca, muito bom. E o nome dos seus pais?
R – (Marisca?) Ribeiro e meu pai, Ronaldo Graça.
P/1 – E a atividade deles?
R – Meu pai foi publicitário mas ele é desenhista de origem e a minha mãe é psicóloga.
P/1 – E o nome dos seus avós?
R – Marina Regiana Ribeiro, José Carlos Ribeiro, os avós maternos. Os avós paternos, Clodoaldo e Maria Antonieta Graça Vianna Santos.
P/1 – Você conheceu os seus avós?
R – Conheci os avós maternos principalmente, os paternos morreram quando eu era pequena. O meu avô paterno morreu quando eu tinha quatro anos, lembro dele vagamente. A minha avó paterna quando eu tinha oito, mas eu tive muita convivência com ela, chamava vó Tieta, o apelido dela. Foi uma convivência intensa, a gente se gostava muito. Os avós maternos eu tive uma convivência total, quando minha vó morreu eu já tinha 25 anos, tinha acabado de ter minha primeira filha, e o meu avô morreu dez anos depois, eu já tava com 35. O meu avô foi a grande paixão da minha vida, foi a pessoa mais maravilhosa que eu conheci. A minha avó também. Tive uns avós muito bacanas e muito presentes na minha vida.
P/1 – E o que os seus avós faziam? As atividades...
R – A minha avó era dona de casa, aliás, as duas avós. Naquela época era difícil mulher trabalhar (risos). Meu avô era comerciante, mas ele se aposentou muito cedo porque acabou indo mal nos...
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Depoimento de Carmen Andrea Ribeiro Vianna Santos
Entrevistada por Claudia Fonseca e Sérgio Retroz
Rio de Janeiro, 13/08/2009
Realização Museu da Pessoa
Entrevista nº PETRO_HV145
Transcrito por Karina Medici Barrella
P/1 – Andrea, em primeiro lugar muito obrigada por atender ao convite do Memória Petrobrás. Gostaria de começar a entrevista com você nos dizendo o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.
R – Carmem Andrea Vieira Vianna Santos, nasci no Rio de Janeiro dia 14 de julho de 1961, mais especificamente na Tijuca.
P/1 – Na Tijuca, muito bom. E o nome dos seus pais?
R – (Marisca?) Ribeiro e meu pai, Ronaldo Graça.
P/1 – E a atividade deles?
R – Meu pai foi publicitário mas ele é desenhista de origem e a minha mãe é psicóloga.
P/1 – E o nome dos seus avós?
R – Marina Regiana Ribeiro, José Carlos Ribeiro, os avós maternos. Os avós paternos, Clodoaldo e Maria Antonieta Graça Vianna Santos.
P/1 – Você conheceu os seus avós?
R – Conheci os avós maternos principalmente, os paternos morreram quando eu era pequena. O meu avô paterno morreu quando eu tinha quatro anos, lembro dele vagamente. A minha avó paterna quando eu tinha oito, mas eu tive muita convivência com ela, chamava vó Tieta, o apelido dela. Foi uma convivência intensa, a gente se gostava muito. Os avós maternos eu tive uma convivência total, quando minha vó morreu eu já tinha 25 anos, tinha acabado de ter minha primeira filha, e o meu avô morreu dez anos depois, eu já tava com 35. O meu avô foi a grande paixão da minha vida, foi a pessoa mais maravilhosa que eu conheci. A minha avó também. Tive uns avós muito bacanas e muito presentes na minha vida.
P/1 – E o que os seus avós faziam? As atividades...
R – A minha avó era dona de casa, aliás, as duas avós. Naquela época era difícil mulher trabalhar (risos). Meu avô era comerciante, mas ele se aposentou muito cedo porque acabou indo mal nos negócios, a empresa dele faliu. Com 50 anos ele era um avô aposentado, estava sendo avô e aposentado. Ficou mais em casa, ajudando a minha avó, ajudava a criar os netos, minha mãe e meu pai trabalhavam o dia inteiro. Eles foram uma força na criação minha e do meu irmão, tiveram uma participação total.
P/1 – E você fala com carinho desse avô, teve um momento marcante que você lembra, dentre vários que eu imagino que tenham acontecido?
R – Olha, teve. Teve um momento muito marcante que pra mim foi um momento difícil, foi quando eu decidi me mudar. O que acontece? Na infância eu convivi na casa deles, que moravam no Alto da Boa Vista em uma casa maravilhosa que existe ainda hoje, que é dos meus tios, eu vou muito lá e tudo. E eu fui criada nessa casa durante a infância. Depois na adolescência eu saí, fui morar em Ipanema e voltei quando me casei. Me casei e voltei pra casa que já tinha morado com os meus pais em criança que era uma casinha atrás da casa dos meus avós, mesmo terreno, na Gávea Pequena, no Alto da Boa Vista. Eu tive meus filhos lá, mas quando meu filho mais novo estava com um ano nós decidimos sair de lá porque realmente a vida lá era inviável, trabalhava na Petrobrás, de manhã à noite, não tinha como ficar morando no Alto, tinha três filhos pequenos que tinham escola, uma série de coisas, enfim, inviável. Eu decidi me mudar, mas eu estava com muita dificuldade de dizer pra ele. Porque nessas alturas ele já estava viúvo, minha avó já tinha morrido, eu morava atrás da casa dele, então, eu era um suporte pra ele. A gente tinha uma ligação muito intensa e eu fiquei muito sem saber como dizer, e acabou que o meu tio que disse a ele. Eu me lembro dele sentado comigo na varanda dizendo: “Minha filha, você tem que viver a sua vida, não se preocupe comigo. Vai, você tem que ter a sua casa, o seu lugar, vai ser muito bom pra você”. E eu chorei desabotinadamente. Até hoje quando eu falo nisso eu fico emocionada porque ele todo já velhinho, com oitenta e poucos anos, me dando a maior força que eu fosse tocar a minha vida. E eu sempre fui muito ligada a família, sempre fui muito enraizada na ligação com os meus pais, com meus avós. Então, é meio difícil pra mim pensar em sair dali, com meus filhos pequenos. Ali eu tinha toda uma estrutura, uma certa proteção, digamos assim, por estar com a família de volta. É um momento que foi muito bacana, ele falando muito carinhoso comigo, me dando toda força para eu ir, não me preocupar com ele. Aí ele viveu só mais dois anos depois disso, logo depois ele morreu.
P/1 – Mas é bom manter as boas lembranças, né?
R – É, muito bom.
P/1 – E você tem um irmão?
R – Na verdade eu tenho três irmãos. Eu tenho um irmão um ano mais moço que eu, que é filho do meu pai e da minha mãe, e tenho dois irmãos adolescentes que são mais novos que meus filhos e são filhos do terceiro casamento do meu pai. Nasceram na França, moram na França e veem, em geral, todo ano nesse período julho-agosto. Agora eles estão aqui, estão no Rio.
P/1 – Ah, que gostoso. E como chamam todos esses irmãos?
R – O Alexandre que é o meu irmão um ano mais novo, tem o apelido de Xando, ele é até ator de teatro e usa o nome Xando Graça. Maria, que tem 16 anos, e Antonio que tem 14, 14 pra 15, 16 pra 17, são os mais novos.
P/1 – E vocês todos se dão bem?
R – Muito bem, a gente tem uma convivência muito boa. Eu sempre me sinto meio tia deles porque na verdade eles tem a idade dos meus filhos, a minha filha mais velha vai fazer 23 anos, é mais velha que eles, mas é uma relação legal. Agora que eles estão ficando mais adolescentes e a gente está vivendo um problema comum, que meu pai está doente, então, estamos todos aí meio nessa luta, já dá pra olhar pra eles e pensar meio como irmãos. Mas a verdade é que, pra mim, até há bem pouco tempo, eles eram meio sobrinhos, filhos emprestados, essa coisa (risos).
P/1 – Andrea, você falou um pouquinho dessa sua casa de infância, uma casa agradável. Que lembranças você tem dessa casa?
R – As melhores. Porque eu passei a infância nessa casa e é uma casa linda, realmente. Uma casa com jardim fantástico, uma casa onde eu me sentia totalmente protegida, sabe aquela coisa longe da cidade grande, da loucura da cidade? Então, eu tenho a lembrança de brincar naquele jardim. A única coisa que eu lembro que me incomodava um pouco era uma certa solidão. Porque o que acontece? Durante a semana eu ia pra escola de manhã, voltava pra casa e minha casa era longe de tudo, então, não tinha essa convivência que hoje a garotada tem de ir pra casa dos amigos, amigos na sua casa. Primeiro que naquela época a coisa ainda era mais reservada e depois o fato de eu morar longe atrapalhava. Eu gostava muito dos fins de semana porque os meus primos iam para lá e passavam o fim de semana lá, a gente jantava com a turma e era legal. Às vezes eu sentia um pouco de solidão, mas, pra infância, eu acho que foi maravilhoso.
P/1 – Era grande a casa?
R – Enorme. A casa do meu avô era enorme, dois andares, acho que tinha cinco quartos, agora foi feita uma reforma também. E eu morava em uma casinha menor, atrás, uma casa de dois quartos que o meu pai construiu, muito bonitinha também. Hoje a minha tia reformou também e fez meio que uma casinha de hóspedes, fez uma biblioteca, está super legal. Eu morava nessa casinha menor, atrás dessa casa enorme do meu avô e com todo um jardim, com o guidante (?) que a gente chamava, tinha o apelido de “bidé de elefante” porque era uma piscininha redonda onde a gente brincava, eu com os primos e tal. Anos mais tarde eles construíram uma piscina grande lá na parte de cima do terreno. É um terreno de dez mil metros quadrados, é bem grande.
P/1 – Gostoso, né? Você fala muito de tios, primos. A família é a família do seu...
R – Mãe.
P/1 – Da sua mãe. E é uma família grande?
R – Grande e muito polêmica. São três irmãos, minha mãe e mais dois irmãos, mas tinha os tios-avós, porque a minha avó e o meu avô eram pessoas muito assim, de família, a família da minha avó, principalmente. Então, os irmãos da minha avó, os filhos desses irmãos, meus primos de segundo grau, a gente sempre teve uma convivência muito grande, até hoje. Enquanto a minha avó foi viva tinha aqueles chamados ‘lanches da vovó’ de sábado, em que iam os irmãos dela, os filhos. O irmão mais moço dela era dez anos mais velho que a minha mãe, então, os filhos dele são os meus contemporâneos, e são grande amigos meus, nós crescemos juntos. A gente manteve uma ligação muito boa e até hoje, a minha tia e minha madrinha, irmã da minha mãe, que mora na casa, e o meu tio, irmão da minha mãe, que fez uma casa ao lado, as grandes reuniões, Páscoa, Natal, são lá, na casa dele, sempre. Sempre lá no Alto reunindo a família, os primos.
P/1 – E está na quarta geração já?
R – Já, os meus avós, minha mãe, eu e os meus filhos. Quarta geração.
P/1 – Que coisa boa, não? Que coisa gostosa. E vocês brincavam do quê?
R – A gente brincava de polícia e ladrão, de pique bandeira, de futebol. Eu jogava muito futebol porque eu era a única menina entre os homens, eu só tinha primos homens. Eu era uma goleira (risos), segurava bem a bola. E jogava muito com eles. Era muito isso, polícia e ladrão, pique bandeira, aquele pique-barrilhe, que chamava. Muita brincadeira de jardim. Piscina, entrava no (guidante?), fazia aquelas coisas, marola de correnteza, não sei o quê. Era muito legal. Subia em árvores.
P/1 – E você foi pra escola no período normal?
R – Primeiro eu fui pro Jardim da Infância lá no Alto, em uma escola pública, com cinco anos. Mas aí, tive um problema naquele momento, com cinco anos tive uma pneumonia muito séria, uma pneumonia por um vírus que só dava em adulto, foi um negócio complicado. E precisei ficar internada uns cinco dias, e saí do Jardim naquele momento. Engraçado falar dessa história porque eu sei que a minha pneumonia, pra minha mãe, foi terrível, foi um momento que ela mudou a vida dela inclusive, começou a repensar uma porção de coisas e tal. E pra mim foi um momento bom, porque eu tive mãe full time dando atenção pra mim, direto focada em mim, as pessoas em volta de mim. Então, eu só fui bem tratada naquela pneumonia, não tenho nenhuma reclamação ruim (risos). Mas depois, no primeiro ano primário eu fui pra Laudimia Trotta, que é uma escola pública, não sei se você conhece, não, você é de São Paulo, né? É aqui no Rio, na Avenida Maracanã, na Tijuca, existe até hoje lá. Fiz o primário todo lá. E interessante que aí muita coisa mudou porque o período da Laudimia, que foi o período de infância, foi um período muito opressor, de certa forma. Era uma escola pública, aquela coisa de você ir uniformizado, você fazia fila pra cantar o Hino Nacional vendo hastear a bandeira, tinha aquelas festinhas todas programadas na escola, era aquela coisa bem rigidinha, professoras muito rígidas. Boas professores, ensino bom pra caramba, mas professoras rígidas e tal. Depois, com 11 anos, em 1973, 11 pra 12, eu acabei o Primário e minha mãe decidiu que nós tinhamos que mudar do Alto da Boa Vista: “Chega”. Porque nós estávamos ficando adolescentes, porque ela não sabia dirigir, ela trabalhava o dia inteiro, meu pai trabalhava, ficavam meus avós, a gente dependia do meu avô pra me buscar na escola, meu pai me levava. Se tinha que ir no dentista, despencava meu avô pra ir comigo no dentista, enfim. Mamãe disse: “Chega”. Eu chorei horrores, eu não queria sair do Alto de jeito nenhum, porque ali eu estava sob as asas protetoras de vovó e vovô e tudo de bom, e eu me sentia jogada na selva. E ela alugou um apartamento em Ipanema, um lugar fantástico, esquina da Joana Angélica com a praia de Ipanema. E eu fui falando mal, achando tudo um saco. Eu me lembro que quando eu me mudei o apartamento já estava arrumado, mamãe fez a mudança sozinha, ela foi de uma coragem assim, ela com o ajudante. Porque meu pai era contra se mudar, também adorava o Alto da Boa Vista e não queria sair. Eu e o meu irmão também. E foi a melhor coisa que ela fez pela gente porque ali realmente transformou a minha vida. Porque eu que detestava a praia, passei a adorar, virei garota de Ipanema porque eu fazia meu horário, ia a hora que eu queria, ia pra escola sozinha andando. Agora, no início dei uma pirada porque fui para um colégio totalmente diferente, que era o Colégio Brasileiro de Almeida, que na época era conhecido como ‘boate’, um colégio onde era média cinco pra passar, muito mais moderno, era uma escola que a Diretoria era muito mais moderna, as meninas andavam com saia aqui em cima, fumavam. E eu fiquei meio assustada com aquilo, tanto que no início eu tive problemas lá com algumas meninas que pegaram no meu pé, queriam me bater, faziam aquela pressão. E eu ficava apavorada, depois eu entendi que não. Na época eu conversei com a minha mãe, com a orientadora da escola, não sei o quê, elas me acalmaram. Depois eu vi que não e eu comecei a me impor também, a achar o meu lugar e aí foi maravilhoso. A escola foi ótima sob todos os aspectos. Tive colegas muito bacanas, tive namorados, saía, ia pra festas e comecei a ser uma adolescente com vida de adolescente normal, e é super legal.
P/1 – Era uma escola pública também?
R – Não, privada. Brasileiro de Almeida é privada.
P/1 – E um professor ou uma professora que tenha te marcado, tanto nesse período do primeiro...
R – Eu tenho alguns professores. No primário foi a tia Maísa, que a gente chamava, que foi a minha professora já no final, na quarta e na quinta série, foi minha professora de Matemática e era ótima. Era rigorosa, durona, mas uma ótima professora. Depois, na escola, eu tive a Rosilene que era uma professora de Estudos Sociais, que viajou com a gente. Logo no primeiro ano da escola a gente fez uma viagem à Disney World, foi a única vez que eu fiz Disney World na vida, com 12 anos de idade, foi ótimo, bastou e eu adorei. E ela foi acompanhando, era uma mulher muito inteligente, viajava muito, trazia histórias de fora, da Grécia, do Egito, era uma pessoa muito bacana. E tinha o professor Terdi. Professor Terdi na realidade não era o nosso professor, era uma espécie de coordenador, mas era a pessoa que nos acompanhava, se a gente tinha algum problema poderia recorrer, era uma pessoa muito boa, também do Brasileiro de Almeida.
P/1 – E você gostava de quais matérias?
R – Português, História, Geografia. Gostava das áreas humanas, as áreas exatas eu sempre detestei, Matemática, Química, Física.
P/1 – Mas você era boa aluna?
R – Eu era boa aluna porque eu estudava muito, mas já no atual Ensino Médio, que na minha época era Científico, eu tive dificuldades em Física, Química, Matemática, porque aí eram matérias mais áridas pra mim e eu ficava ali na média, cinco, seis. Mas nas outras, em geral, eu ia bem.
P/1 – Você foi fazer Jornalismo, é isso?
R – Fui fazer Jornalismo, logo depois do Científico.
P/1 – Você lembra por que você decidiu fazer Jornalismo?
R – Lembro, é uma história engraçada. Na verdade, eu queria fazer Teatro, eu tinha feito teatro na adolescência. Outro dia até eu contei na sua frente aquela história da “Bruxinha que era boa”, que foi uma peça da Maria Clara Machado que eu fiz na escola.
P/1 – Você contou pra mim, queria que você contasse de novo.
R – No segundo ano que eu tinha entrado pro Brasileiro de Almeida, o professor de Música resolveu montar uma peça de teatro com o grupo da turma. E nós dividimos os papéis, escolhemos entre nós quem iria fazer o quê. O menino da turma foi o diretor da peça, que depois foi o meu primeiro namorado, a minha primeira paixão na escola, que a gente nunca esquece, e nós escolhemos “A bruxinha que era boa”, da Maria Clara Machado porque a gente achava um texto legal, e quem ia fazer o quê. Eu fiz a Bruxa Caolha, que era uma das bruxas más da história. Também, por que a Caolha? Eu já tinha visto minha mãe representar essa peça uma vez e ela tinha feito o papel da Caolha. E eu fiquei com aquilo na cabeça e quis fazer a Caolha.
P/1 – Só um parênteses, a sua mãe...
R – A minha mãe não tinha nada a ver com teatro, a minha mãe foi por causa de uma festa na escola que ela dava aula. Ela dava aula na Amado Machado que era uma escola bem popular, pública, no Alto da Boa Vista. Teve uma festa na Paróquia Nossa Senhora da Luz, com o pessoal da escola, que as professoras montaram uma peça, e foi a “Bruxinha que era boa” e ela foi a Caolha. E eu quis repetir.
P/1 – Então, você já tinha essa coisa com teatro a partir daí.
R – Já tinha, mas eu dizia que ia ser advogada. Eu botei na cabeça, porque o meu tio é advogado, tem escritório, e desde cedo dizia pra mim: “não filha, você vai ser advogada, vai trabalhar comigo”, e eu fiquei com aquilo na cabeça. Esse meu namorado, eu lembro disso muito bem, um dia a gente andando na Lagoa, de pedalinho, ele virou pra mim: “Por que você tem mania de dizer que vai ser advogada? Você é uma atriz boa, fez a peça tão bacana”. Isso nós tinhamos 13, 14 anos. Imagina a visão de um garoto de 13, 14 anos. “Você fez tão legal a peça, que mania. Por que você não faz teatro?” “É mesmo”. Fiquei com aquilo na cabeça e comecei a pensar nessa hipótese. Lá pelos meus 17 anos, meus pais já estavam separados, eles separaram quando eu tinha 16 anos. Meu pai veio com uma idéia da gente montar uma peça de teatro amador e levar pra periferia, chamava-se “A violência nossa de cada dia”. E era uma peça que pegava os pedaços de textos, o meu texto era o ‘abajur lilás’ de Plínio Marcos, que você sabe que é um texto heavy, né? E aí, meu pai dirigiu essa peça. Na época ele era publicitário, dirigia filmes comerciais e tal, ele resolveu dirigir a peça. Nós fomos contactando alguns amigos, montamos um grupo de teatro. Claro que antes de chegar nessa peça a gente fez muito trabalho de grupo de teatro, pensando no que fazer, até chegarmos em “A violência nossa de cada dia”. E levamos essa peça pra periferia, teve uma aceitação fantástica. E dali eu comecei a querer levar sério essa história, eu falei, eu vou tentar fazer isso. Fiz o vestibular pensando no Teatro e cheguei a fazer o teste de habilidades específicas da UniRio só que levei pau no teste. E foi um ano muito difícil pra mim porque foi um ano que a minha mãe teve uma doença séria e ficou hospitalizada dois meses. Eu com 18 anos ia pra escola, pro vestibular, pro hospital ficar com a minha mãe, aquela coisa. Meu irmão com 17, eu com 18, eu administrando a casa junto com ele e eu aí pensei: “Tá pesado pra mim. Ou eu passo nesse teste, ou eu vou fazer outra coisa”. E eu pensei, o que seria essa outra coisa? E era Comunicação. Eu nem estava muito com essa idéia de Jornalismo na cabeça. Comunicação. Acho interessante Comunicação, acho bacana os repórteres, acho que eu faria bem isso, acho que eu tenho facilidade de falar, enfim. E aí eu fiz o teste e não passei, fiquei decepcionada mas pensei: “Não, eu vou tentar fazer vestibular de Comunicação”. E fiz, passei no CUP que na época era Centro Unificado Profissional, Jacarepaguá, uma escola da Amélia Jacobina Lacombe, que depois foi vendida pro Cespe-Cesgranrio. E aí virou Faculdade da Cidade em Ipanema. Eu comeci no CUP e terminei na Faculdade da Cidade. E aí, também foi o que me fez repensar porque na verdade eu até continuei a fazer um pouco de teatro, fiz peças infantis com um outro grupo, tinha um outro rapaz que eu namorei que fazia teatro, que eu fiz um curso, Jaime Barcelos, conheci ele lá, nessa época a gente não era mais namorado, mas ficamos amigo. E ele dirigia peças infantis e me chamou pra fazer, enfim. Até os meus 21 anos eu fiquei ainda às voltas com o teatro, embora já estudando Jornalismo. Até um determinado momento que eu cheguei a seguinte conclusão: que eu queria ter uma vida mais tranquila, mais estável, uma vida particular com família. Não é que ator não possa ter família, meu irmão tem mulher e filha, mas eu vejo como é muito mais incerta a vida, como é tudo mais instável, a questão econômica, principalmente, pesa muito. E eu fiquei pensando: “É isso que eu quero da minha vida? Ficar trabalhando em fim de semana, feriado, todo dia subindo no palco, repetindo o mesmo texto?”. E eu cheguei a conclusão que não era realmente. E também acho que pesou muito forte a questão econômica porque eu vi minha mãe ralar muito pra acabar de criar eu e meu irmão. Depois meu pai ficou sem trabalho, foi uma coisa meio complicada e gerou muita briga entre eles também. E eu pensava assim: “Eu não quero depender da minha mãe, quero ter minha vida própria”. E pensando nisso eu falei: “eu quero trabalhar nisso”. Estagiei dois anos na Rádio JB, ali na Avenida Brasil, de 81 a 83 e eu adorava, adorava. Fui fazer matéria sobre vários assuntos, os mais diferentes, e aquilo era uma coisa muito bacana, eu gostava muito de rádio. Foi na rádio, inclusive, que eu conheci o Mauro, que é o meu marido, com quem eu casei depois e estamos juntos há 24 anos.
P/1 – Vamos fazer outro parênteses: Como chamava o primeiro namorado?
R – Ronald.
P/1 – Você ainda encontra com ele?
R – Não.
P/1 – Perdeu o contato?
R – Eu encontrei com ele um pouco depois. Foi engraçado porque quando a gente terminou ele deixou de falar comigo. Ele que terminou e deixou de falar comigo. Ficou um ano e meio sem falar comigo, até que um dia ele entrou na minha casa e disse que precisava falar comigo, disse que estava arrependido, que tinha sido um boboca, que não sei o quê. Eu ouvi, conversei, não sei o quê. Aí, ali naquele momento a gente até continuou a se ver às vezes, a irmã dele era minha amiga, sai todo mundo junto, tal. Mas durou pouco essa história porque aí eu comecei a namorar um outro rapaz também, que era de Recife, e ele conheceu. Não sei se ele resolveu sair de cena ou não, o fato é que eu não o vi mais. Cruzei com ele na rua algumas vezes mas já bem mais tempo depois, vi de longe. Foi uma coisa que não... Mas eu penso muito em como estará ele.
P/1 – Esse seu estágio na Rádio JB foi o seu primeiro emprego ou não?
R – Foi. Como emprego, com carteira de estagiária, não que eu ia pro INSS, mas tinha carteira assinada como estagiária e foi o meu primeiro emprego de ter horário. Foi uma época muito louca porque eu comecei estudando lá em Jacarepaguá, eu saía de Ipanema as cinco horas da manhã de ônibus, ia pra Avenida Brasil, chegava às cinco e meia, fazia o estágio até meio-dia e meia. Meio dia e meia me mandava de ônibus, via Madureira, e ia pra Jacarepaguá. Tinha aula até cinco, cinco e meia da tarde e pegava ônibus pra Ipanema e ainda achava fôlego pra fazer Jazz duas vezes por semana e teatro amador à noite. Então, minha mãe não me via, eu saía de casa cinco horas da manhã e chegava em casa meia-noite. Mas foi uma época felicíssima, eu tinha um pique danado, estava sempre fazendo mil coisas, tinha muitos amigos, era bom demais.
P/1 – Legal. Desse tempo que você trabalhou na rádio você fazia o quê? Reportagem de rua...
R – Reportagem de rua. Houve uma época que eu fazia mais estúdio, foi uma época que eu fiquei cobrindo Cultura, então, eu fazia entrevistas com artistas e tal, foi uma época muito legal. Mas eu fiz muita reportagem de rua, cobrindo Educação, Saúde, às vezes cobrindo matérias gerais, fiz muita coisa na área.
P/1 – Alguma que tenha te marcado? Porque acho que sempre tem uma que... Ou não.
R – Estou tentando lembrar. Acho que a primeira, porque a primeira é mais difícil, né? A primeira eu fui no Sindicato dos Professores cobrir uma eleição. E na época o cara do sindicato era o Godofredo Silva Pinto, que veio a ser Prefeito de Niterói. E eu me lembro que fui cobrir a eleição do sindicato, eu nunca tinha entrado no ar, e o Ramiro Alves, que é um jornalista que já foi da Globo, da IstoÉ, nem sei onde ele está agora, trabalhava comigo na rádio JB, era mais experiente que eu, ele ia passar a matéria e eu ia acompanhar. E ele resolveu me botar no ar, falou: “Escreve aí o que você viu disso?”. Eu escrevi, escrevi, ele leu e falou: “Agora você vai falar” “Como eu vou falar?”. Primeiro dia que eu estava indo pra rua, morri de medo. Mas entrei no ar lendo “flash” que se chamava na época, ‘passar o flash’, né? Passei o flash, fui bem e a partir dali o meu editor falou: “Não, já pode ir tranquila e tal”. Porque no início você sempre se enrola um pouco, fica com mais medo, mas depois dessa eu encarei (risos). Batismo de fogo.
P/1 – E você ficou lá dois anos, se formou?
R – Fiquei lá dois anos e saí com a maior tristeza porque não pude ser contratada por falta de verba, mas eu fiquei na esperança, ainda fiquei dois meses depois de formada trabalhando lá, aguardando pra ver se poderia ser contratada. Aí, quando eu saí, eu passei 11 meses meio de fossa porque eu não encontrei emprego logo depois, e eu fiquei angustiada, querendo trabalhar, querendo contribuir com a minha mãe, eu sempre fui de querer ter o meu dinheiro, desde cedo, com 16 anos eu dei aula de jazz pra crianças, eu corri atrás. Eu não encontrava emprego em Jornalismo, fiz teste na TV Globo, tinha um cara que sempre me mandava ligar pra ele, que ele tava tentando, eu ficava ligando pra esse cara e nada acontecia. E aí, nessa eu fiquei 11 meses fora de Jornalismo. Mas nesses 11 meses, durante seis meses, consegui um emprego através de uma prima da minha mãe, no Colégio Sion, ali na Cosme Velho, perto da minha casa, onde eu fui dar aula de biblioteca pra criança. Estavam precisando de alguém que fizesse atividade de biblioteca e eu, como gosto de criança, como tinha feito teatro pra criança, resolvi encarar o desafio. Eu me lembro que eu preparava as aulas e eu ficava assim: “Meu Deus, nunca trabalhei com isso na vida”. Mas eu queria trabalhar com alguma coisa, a ____ de estar formada, dentro de casa era uma coisa que me incomodava demais. E eu trabalhei na biblioteca do Sion, fazia atividades com as crianças, interpretação, desenho, um monte de coisa em cima das histórias, pra alunos de primeira à quarta série. Fiquei seis meses, o meu acordo com eles era, quando eu arranjar um emprego na minha área eu vou, eu me formei pra isso. E eu consegui um emprego na Petrofértil, aí que começa a minha história na Petrobrás, eu fui pra Petrobrás Fertilizantes em 84.
P/1 – E como é que você ficou sabendo desse emprego? Na época não foi...
R – Não era concurso. Até porque as subsidiárias não tinham concurso. O meu tio era o assessor jurídico da Petrofértil, ele era da Petrobrás, tinha feito concurso, mas estava na subsidiária como gerente da área jurídica. Ele conversou com o gerente da área de Comunicação da Petrofértil, perguntou se não precisava de jornalista, tal e o Luís Otávio, que foi meu primeiro chefe, falou: “Diz pra ela vir aqui, trazer o currículo”. Eu fui, levei o currículo, ele gostou e aí eu comecei, fiz um teste e já caí em um fogo de escrever pra jornal, pra mim já foi mais complicado porque eu estava habituada com texto de rádio, que era curto, objetivo, não sei o quê, e eu tive que escrever página inteira pro Globo que era patrocinado pela Petrofértil na época, uma série: “Profissões agrícolas de nível médio”. Eu me lembro que eu fui fazer uma entrevista na Escola Nacional de Agricultura Venceslau Belo, que era ali na Avenida Brasil, que pertencia à Sociedade Nacional de Agricultura, me lembro do professor Luís Emídio, morreu a uns anos atrás. Eu vi a notícia e lembrei dele porque foi a primeira pessoa que eu entrevistei, ele falando sobre Apicultura e eu fui fazer uma matéria sobre isso e depois foi publicada no Globo. Duas semanas depois tive que ir pra Belo Horizonte pra fazer na escola agrícola de nível médio também, era tudo profissão agrícola de nível médio, era uma central que fabricava queijo, leite, não sei o quê, a partir da criação, e fui também entrevistar o diretor. Essas duas matérias de página inteira foram o meu passaporte para o sistema Petrobrás porque ali o Luis Otávio, que era o gerente de comunicação da Petrofértil, gostou muito e disse: “Não, você fica”. E me contratou. Fiquei três meses como experiência.
P/1 – Foi experiência, não foi uma coisa freela.
R – Estava trabalhando mas como experiência durante três meses.
P/1 – Independente da questão da linguagem, do rádio pro jornal evidentemente tem uma diferença gritante, mas você muda de uma coisa rádio, agitada, para uma coisa meio Assessoria de Imprensa. Como é que você viu isso? Porque para quem estava recém-formado era mole de trabalhar em Assessoria de Imprensa nesse período que você está dizendo (risos).
R – É verdade. No início foi difícil. O que era bom é que eu podia fazer essas matérias para o jornal, então, de alguma maneira eu estava escrevendo também. Tinha um outro programa chamado Tupi na Agricultura, que era pra Rádio Tupi, e às vezes eu tinha que escrever para o programa Tupi na Agricultura. Mas eu tinha que fazer matéria do jornal interno que foi criado. Ou seja, eu trabalhava com matérias e jornalismo mas fora de Redação. Mas aí que tá, né, Cláudia, eu acho que eu tinha tão forte essa coisa que eu queria trabalhar, eu queria escrever, mas eu também queria ter minha vida própria, eu também queria ter um horário. E trabalhar na Petrofértil foi muito bom. Eu me lembro como também os melhores anos porque era uma empresa ainda pequena, em torno de 400 empregados, funcionava no Edifício Senador, na Senador Dantas e no Astória, na época que eu entrei era dividido nos dois prédios. E de cara eu encontrei uma acolhida muito grande no grupo que era da Assessoria de Comunicação, que tinha pessoas mais velhas do que eu, tinha um da minha idade que está até hoje na Petrobrás, que é o Neri, que é o Gerente de Responsabilidade Social, eu e ele fomos amigos desde a época de profissionais estagiários, como nós éramos chamados quando estávamos começando, né? E tinham outros amigos, éramos uns dez, onze, e éramos uma família, saíamos juntos todos os dias para almoçar, conversávamos sobre tudo, nós tinhamos tempo, que é uma coisa difícil da gente ter hoje, tempo. Naquela época a gente tinha. Eu me lembro que houve um momento, alguns dias, que a gente ficava sem ter muito o que fazer, porque tinha horas que ficava aquela coisa, jogava porrinha, conversava, falava besteira (risos). Enfim, o tempo passava, e de uma maneira mais tranquila, mais humana, entendeu? Eu acho que as relações 20 anos atrás eram mais humanas. Foi um período muito bom a Petrofértil, eu fiquei dez anos lá. E aí, o que aconteceu? Entrei pra Petrofértil, fui contratada e dois meses depois casei com o Mauro, resolvemos morar juntos, fui morar em Niterói. Aí, um ano e meio depois já nasceu a minha primeira filha, ou seja, eu tive os meus três filhos no período que eu estava na Petrofértil, foram dez anos. O assunto em si era meio árido porque era matéria-prima para fertilizante, ela era uma subsidiária da Petrobrás, mas holding do grupo Petrofértil, que era grupo de empresas que fabricava matéria-prima pra fertilizantes. Então, tinha em Goiás, Goiás Fertil, Nitrofértil na Bahia, ICC em Santa Catarina, eu quase fui trabalhar na ICC, mas não fui. Cinco empresas ligadas. Quando entrou o governo Collor em 1990 ele decidiu acabar com o grupo Petrofértil, acabar e privatizar. Privatizou todas menos as empresas de nitrogenados, que era justamente a Nitrofértil, que aí foi incorporada à Petrobrás. A Nitrofértil foi incorporada e virou a fábrica de fertilizantes, a Fafem, em Laranjeiras e na Bahia. E a parte toda de fosfato, fertilizantes fosfatados, foi vendida pra iniciativa privada. Isso aconteceu entre 90, 92. Em 93 eu estava grávida do meu terceiro filho e aí começou uma história que iam acabar com a Petrofértil, acabar não tem mais razão de ser, uma holding, privatizou o grupo todo, e aí, o que a gente vai fazer? E a decisão do Rennó, que era o então Presidente da Petrobrás, por orientação do governo Collor, foi demitir. Lembro de uma matéria do Globo, da ____ _____, dizendo: “Rennó diz que vai demitir os empregados da Petrofértil”. Nós ficamos apavorados, nos reunimos em assembléia, o que a gente faz, o que não faz. Quando veio essa decisão, acho que eu tinha acabado de ter o Vinícius, que foi o meu terceiro filho, e aí, aquela paranóia, aquele medo todo da gente. Bom, chegou-se à seguinte decisão: um grupo a empresa deu incentivo à demissão, então, uma parte saiu por incentivo à demissão, tive vários amigos que resolveram sair, e o outro decidiu brigar na justiça, que foi o meu caso, o caso do Neri, o caso de outros que ficamos e resolvemos lutar pelos nossos empregos, nós éramos muito novos, estávamos começando a vida, por que? E foi muito bom porque enquanto essa história rolou na justiça anos, eu, quando voltei de licença-maternidade, fui convidada pelo meu ex-gerente de comunicação da Petrofértil, que já não era o primeiro, o Luis Otávio, era o (Bayard Montalagrota?), que era da Petrobrás e que tinha sido meu gerente de comunicação na Petrofértil, e o Bayard me convidou pra ir pra BR, que era onde ele estava. Ele estava como Gerente de Comunicação da BR, isso em 1994, e eu saí da Petrofértil. Quando eu cheguei da licença maternidade cheguei a ficar uns dois meses meio parada, lendo jornal, porque tinha que esperar para o que ia acontecer comigo. O Bayard me convidou para ir pra BR e eu achei o máximo, já cheguei na BR coordenando a área de imprensa e editando o jornal Vibração, que era o jornal pro público interno, na época.
P/1 – Mas na Petrofértil, ainda, você chegou a ser chefe da comunicação interna?
R – Eu fui chefe do setor de comunicação interna logo no início, eu acho que foi... Eu tive a minha filha em 86, isso deve ter sido em 86, 87. Mas aí surgiram algumas questões porque a chefia pra mim nunca foi uma coisa “eu sou chefe”, nunca foi, até hoje não é, eu ‘estou’ chefe. Isso pode mudar a cada momento, e ser chefe pra mim é muito compartilhar com a minha equipe, só que você lida com algumas enciumadas às vezes, né? Nessa minha equipe trabalhava uma moça, aliás até hoje é minha amiga, continuou minha grande amiga mas naquele momento era meio difícil porque ela era substituta do Gerente de Comunicação, quando mudou o gerente, o Luís Otávio saiu e entrou o Bayard, o Bayard, de cara, pegou eu e o Luis Fernando Neri, que éramos jovens, e apostou em nós. E me fez chefe da Comunicação Interna e a ele chefe da área de Relações Externas. E aí, esta moça, ficou se sentindo muito mordida. Nessa altura, voltou a trabalhar lá uma jornalista do mercado, que era da Gazeta Mercantil, depois faleceu, e que era uma pessoa muito complicada também, uma pessoa muito competitiva. E elas começaram meio a me bombardear, isso às vezes acontece em empresa e elas começaram a minar um pouco. E o Bayard chegou pra mim e achou que era melhor me tirar da chefia pra me preservar porque ele acha que eu iria acabar me estressando muito, tal. Isso um ano e meio depois. Claro que eu fiquei chateada mas ao mesmo tempo pensava: “Eu sou muito nova, tenho muitos anos de Petrobrás pela frente ainda. Pra mim é até melhor não ter essa responsabilidade”. E aí, botou então a outra, que havia sido substituta do anterior, a Solange, que é minha amiga até hoje. A Solange passou a ser chefe de setor. A única condição que eu coloquei pra ele foi o seguinte: “Olha, eu fico, fico até na mesma equipe”. Porque ele perguntou se eu queria trabalhar com o Luís Fernando na área de Relações Externas. Eu falei: “Não, eu gosto do trabalho da Comunicação Interna, adoro eventos, a gente fazia eventos, eu fazia o jornal interno, não tem problema, eu fico. Só não quero ser a substituta oficial, porque aí eu fico com os encargos todos e isso não quero, me tira desse papel, mas eu continuo na equipe”. O que pra mim foi um bom exercício, porque quando as pessoas saem da chefia, em geral é muito difícil ficar na mesma área, né? Você se sente fragilizado, é um negócio que fica complicado. Mas eu estava começando a minha vida, não tinha essas coisas na cabeça ainda, não sei, e ali eu me sentia muito bem. Eu continuei lá, inclusive apoiei a Solange, ajudei, mas sem... Aí, eu sentia que ela ficava com ciúmes de mim, que era uma coisa meio complicada. Só que eu estava mais preocupada com os meus filhos, com o meu marido, com a minha casa, as minhas coisas. Eu queria trabalhar bem, dar a minha contribuição, mas sem maiores responsabilidade de chefia. E assim eu fiquei na Petrofértil, trabalhando, contribuindo até ir pra BR Distribuidora.
P/1 – Aí, foi em 94?
TROCA DE CD
P/1 – Daí, Andrea, você foi pra BR. E a BR era onde?
R – A BR é na General Canabarro, ali no Maracanã, no mesmo lugar.
P/1 – Ali onde é o Edib?
R – É o Edib, a BR é no Edib.
P/1 – Aí, você foi pra lá.
R – Eu fui pra lá trabalhar com o Bayard na Comunicação da BR e ele me colocou como Coordenadora da Área de Imprensa e também fazia o jornal da comunicação interna. Era coordenadora informal, não ganhava nada pra isso, mas fiquei três anos à frente dessa área. O que também não é fácil, né, Claudia? Eu costumo dizer que eu acho que na gerência a coisa mais difícil é gerir as pessoas, porque as pessoas são diferentes, diferentes da gente, diferentes entre si. Então, você tentar manter um clima harmônico, que é o que procuro fazer, é sempre uma luta, é o maior desafio, o trabalho eu acho que é mais fácil, agora, as pessoas, né? Então, eu tinha uma turma muito diferente, tive duas que entraram por concurso, que eram duas mulheres mais velhas, que já chegam também se sentindo as estrelas porque afinal de contas estão no mercado há muito tempo, tal. Com uma eu me entendi muito bem, que é a Ana Badaró, que até hoje é minha amiga também, tal. A outra foi meio complicado, a gente teve alguns arranca-rabos, tal, e tinha algumas outras pessoas. E eu tinha que controlar desde o estife das pessoas, a presença, que era um saco aquele sistema, o estife, não sei o quê. Tudo marmanjo e você ter que ficar controlando, até o trabalho em si, o jornal tinha que sair, editar, os eventos que a gente tinha que cobrir. Uma que trabalhava comigo que era assessora de imprensa, eu deixava ela mais à frente lidando com a imprensa, ela gostava muito disso, mas ela era compulsiva por trabalho. E eu fiquei lá trabalhando, administrando essa equipe durante três anos, de 94 até 97.
P/1 – E um momento muito interessante do ponto de vista da história da BR, esse período 94 a 97, um período bastante enfervescente, né?
R – É, foi um período bem efervescente, foi um período que começou também a lançar produtos novos. Eu me lembro que eu acompanhei o lançamento de produtos novos, enfim, a gente teve um momento rico na BR. A própria Comunicação, que era mais restrita, o Bayard realmente fez uma Gerência de Comunicação que ampliou bastante, a gente tinha uma área de publicidade grande atuando, tinha uma área de imprensa e tinha uma área de promoções e de eventos e tudo, que era uma outra pessoa que cuidava. E a BR começou a se abrir em termos de competição e aumentar a sua competitividade no mercado. Ela já era líder no mercado quando eu trabalhei lá, mas a gente via que era uma empresa que estava crescendo muito, estava à frente. Foi um momento bacana também, eu gostei muito de trabalhar lá, a gente tinha um grupo muito grande também, mais uma vez um grupo muito assim, legal, que interagia muito, que a gente saía muito pra almoçar, que a gente tinha uma coisa, aí mais entre setores, não só o meu núcleo de imprensa, mas as outras áreas, a gente tinha muito contato, interagia muito. E foi um momento também que eu, com a minha vida particular, com filhos pequenos, tudo. No momento que eu fui pra BR eu tinha tido um convite para ir pra Assessoria de Imprensa da Petrobrás, importante lembrar disso, Carlos Pinto era o gerente, e ele chegou a me chamar. Só que o que eu pensei foi justamente o seguinte: “Assessoria de Imprensa é uma pauleira, ter três filhos pequenos, um bebê, eu me meter na Assessoria de Imprensa da maior empresa do país, nesse momento, pra mim vai ser uma roubada”. E aí, o Bayard, na mesma época me convidou pra ir pra BR e eu não titubeei e fui.
P/1 – Mas que também não foi menos agitado, né?
R – Não, foi bastante agitado, tinha muita coisa pra fazer, foi muito legal.
P/1 – Aí, você ficou lá até 97?
R – Aí, fiquei lá até 97, e o que aconteceu? Eu também estava cansada dessa coisa de gerenciar e sem ganhar porque era uma coordenadoria informal, e eu comecei a repensar algumas coisas e recebi um convite do Moacir que tinha sido assistente do vice-presidente da Petrofértil, que era o Menezes, que depois veio a ser diretor da Petrobrás até, aliás, um grande chefe que eu tive na vida, Antonio Luís Silva de Menezes, uma pessoa fantástica pela simplicidade, não só pela competência e nome que tinha, mas por ser gente como a gente, sabe? E o Moacir, que tinha sido assistente do Menezes, o Menezes voltou a ser vice-presidente dentro da Petrofértil naquele momento e pra começar a desenvolver as negociações no gasoduto Bolívia-Brasil, 94. E o Moacir conversando comigo, numa festa de fim de ano da Petrofértil, que a gente ia, a gente tem uma Associação dos Empregados da Petrofértil, que depois virou Gaspetro, vou chegar lá também. O Moacir uma vez na festa de fim de ano perguntou: “Você não tem vontade de voltar pra sua empresa?”, porque eu estava cedida à BR. E aí, eu disse: “vontade eu tenho, mas o que a Petrofértil vai fazer?”. Ele falou: “A Petrofértil vai fazer o gasoduto Bolívia-Brasil e nós vamos precisar de uma pessoa de comunicação. Eu não posso te prometer nada nesse momento, não tem chefia, não tem cargo, mas eu sei que você está trabalhando lá na BR no amor, porque você está lá gerenciando uma área”. “Exatamente, por amor”. Ele falou: “Pois é, esse aí é um desafio, uma coisa que está começando, pensa a respeito e tal”. A gente ficou de conversar e uns meses depois ele me chamou de novo e eu falei: “Ô”. Cheguei pro Bayard, agradeci muito a acolhida toda que ele me deu na BR, que o Bayard me acolheu em um momento que eu estava realmente tensa, por questão de emprego, continua, não continua, vai pra onde, né? Ele ter me chamado, eu sou muito grata por ele até hoje por isso. Mas ele também entendeu perfeitamente. Eu falei: “Bayard, eu preciso descobrir novos caminhos, acho que voltar pra Petrofértil vai ser legal porque a empresa vai crescer, vai fazer outras coisas, tal”. E aí, entrei direto na questão gasoduto Bolívia-Brasil e era eu e eu só, não tinha equipe, não tinha nada. Eu intermediava entrevistas do Menezes, eu fazia lá... O clip, a assessoria de imprensa da Petrobrás fazia e eu recebia, mas, eu via as matérias que eram de maior interesse, quando tinha que organizar algum evento eu organizava, mas eu comecei a ter uma interação muito grande com a Comunicação da Petrobrás, que naquele momento se chamava Sercom. Aí, eu quero fazer um parênteses e voltar um pouquinho atrás. Foi um salto na minha vida, eu acho, a relação com o Sercom. Porque nós, enquanto subsidiárias, a Petrobrás era como uma entidade, era aquela coisa que ficava assim, distante, era a grande mãe Petrobrás. E o serviço que na época era Serviço de Comunicação, que era o Sercom, era uma coisa totalmente distante de nós, a gente não ia à Petrobrás, quem ia era o meu chefe, o Luis Otávio, o Bayard. Eu ouvia falar do Adam Barbosa que tinha sido superintendente de Comunicação, depois do Rogério foi o Neto, depois o Leonam, mas eu ouvia falar. Essas pessoas, pra mim, eram quase entidades de um mundo muito mais alto onde eu jamais poderia chegar, não tinha nenhuma relação, pouquíssima relação com a Comunicação da Petrobrás. Na BR já tive um pouco mais, no período BR, o Leonam, na época que eu estava na BR o Carlos Leonam, jornalista, era o superintendente de Comunicação Petrobrás, eu fui fazer uma matéria com ele para o jornal da BR, enfim, comecei um pouquinho, mas no período Petrofértil a minha relação era quase zero com a Petrobrás. No momento que eu volto pra Petrofértil, pra cuidar do gasoduto Bolívia-Brasil eu fui trabalhar no mesmo andar da Comunicação, décimo segundo andar do Edise, onde aliás, a gente está até hoje. E eu, então, comecei a interagir com o Gerente de Comunicação, precisava de apoio de evento, ia lá, eles é que davam todo o suporte pro evento, precisava de divulgação. E comecei, realmente, a interagir muito mais, a ficar mais conhecida na Comunicação, e a conhecer as pessoas da Comunicação. E foi muito legal porque aí eu realmente entrei no ambiente Petrobrás, no ambiente holding, eu, que até então, tinha trabalhado em subsidiária, é diferente. Pra você ter idéia, na BR as pessoas se referiam à Petrobrás como ‘a petróleo’, aquela coisa assim... Eu achava estranho chamar a Petrobrás de petróleo, mas até há pouco tempo todo mundo chamava de petróleo. Era distante, entendeu? Aquela coisa... E aí eu comecei a interagir mais, a me conectar mais com o pessoal da Comunicação e a aprender...
P/1 – Porque você estava sozinha, né?
R – Sozinha. Precisava desse apoio, eles foram muito acolhedores, só posso falar bem realmente das pessoas, dos gerentes, das pessoas dentro da equipe de Comunicação que sempre me acolheram e sempre procuraram me apoiar. Desde os primórdios do gasoduto Bolívia-Brasil, eu me lembro, o primeiro evento que a gente teve que fazer, que foi a pedra fundamental da obra, assinatura do contrato pra início das obras Brasil e Bolívia, na época Fernando Henrique era o Presidente da República. Teve um evento em Corumbá, lá fomos nós pra Corumbá, eu, o engenheiro, o Lúcio Pimentel que hoje é Gerente de Imprensa, que estava na imprensa na ocasião, e foi montar toda a parte de imprensa lá, e eu junto na organização do evento, nos viramos e fizemos a tal assinatura acontecer. E nisso muitos outros eventos do gasoduto vieram, muitas inaugurações, aí, a gente já podia contratar uma empresa de eventos local, eu conhecia uma pessoa lá que tinha uma empresa de eventos e fazia o evento que ficou muito bacana, mas enfim. E aí, a Comunicação começou a entrar mais pesado porque quando a obra começa realmente acontecer, tem que fazer relação com comunidade, tem que fazer eventos de grande porte envolvendo presidência da República. Então, o pessoal do Sercom Petrobrás já entrava mais pesadamente nisso e eu entrava junto e complementava, trabalhava com eles e ajudava, enfim. Foram momentos muito bacanas, aquele momento gasoduto, você ver nascer essa obra grandiosa que ia trazer gás natural para o país, a possibilidade de um combustível alternativo, tudo aquilo, eu me sentia fazendo parte da história: “Puxa, que bom que eu estou fazendo parte dessa história e estou podendo contribuir”.
P/1 – Já dava essa noção pra você nessa época? Já tinha essa perspectiva de...
R – Já. Eu me sentia assim, eu tinha a impressão que realmente era um marco e que ali provavelmente ia ser um divisor de águas no sentido de você trazer um combustível alternativo e que gerava eletricidade, que tinha uma série de vantagens, digamos assim. A gente não via uma coisa competidora de petróleo, nem poderia ser, mas complementar.
P/1 – Como vocês organizavam? Você citou uma coisa interessante, você tinha toda a parte de comunicação com a imprensa e era uma coisa grande, mas também tinha essa parte da comunicação com a comunidade, até a comunicação com as cidades, enfim.
R – Eu não tive uma interação direta nesse processo, por quê? Porque na ocasião quando começou a obra, efetivamente, foi criada a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil, que é a TBG, que hoje funciona na Praia do Flamengo. Então, coube à Transportadora fazer esse relacionamento mais direto com a comunidade, e aí foi criada uma equipezinha de comunicação da TBG e essa equipe é que interagiu mais nessa parte do gasoduto e tal. Eu sabia das coisas, acompanhava junto com a Márcia Calduro, que até hoje está lá como Gerente de Comunicação da TBG, e o Otomar, que era um senhor da Comunicação que foi quem criou a comunicação da TBG. Essa parte da relação com a comunidade ficava realmente mais com ele e eu ficava mais na retaguarda com a vice-presidência que era o Menezes, e com a parte coorporativa, digamos assim, com a Comunicação.
P/1 – E como é que você vai parar na Gerência do Relacionamento Coorporativo.
R – Teve um caminho aí (risos). Eu voltei pra Petrofértil, pra questão do gasoduto, em 97. Em 98 mudou a razão social e a Petrofértil virou a Gaspetro, Petrobrás Gás, cuidar, então, do projeto de gás, e aí foi criada uma assessoria de comunicação e eu já pude trazer algumas pessoas pra trabalhar comigo, aos poucos fui formando uma equipe. Em 2001, aí o gasoduto já implantado, já inaugurado o trecho de norte a sul, operando, a TBG já com autonomia de tocar toda a parte operacional, chegou-se a conclusão de que a Gaspetro não deveria ser mais uma empresa operacional e comercial, ela seria uma empresa de participações, tanto no gasoduto quanto nas termoelétricas, em futuros gasodutos, e ela não deveria portanto ter mais muitos empregados, não fazia sentido porque seria uma empresa de participações. E em 2001 foi feita uma restruturação e criaram as áreas de negócios de Petrobrás, Abastecimento, AIP, Gás e Energia e eu, então, fui transferida. Criaram uma Comunicação no Gás e Energia e eu passei a ser, então, a coordenadora de Comunicação da área de Gás e Energia. Nisso houve mudanças, o Menezes que era vice-presidente da Petrofértil, da Gaspetro foi ser diretor primeiramente da área de serviços e depois da área de gás. Mudaram os gerentes, foi criada uma área chamada Assessoria de Gás e Energia, e a Comunicação ficava ligada a essa assessoria e eu fiquei ligada. E isso foi de 2001 a 2005, todo esse período de área de gás e energia em que às vezes a Comunicação mudava na estrutura à área a qual ela tava ligada. Eu fui ligada primeiro à gerência executiva de gás natural, depois isso mudou, foi criada a Assessoria de Gás e Energia e eu fui ligada ao assessor de Gás e Energia, que seria uma área mais coorporativa dentro do Gás e Energia. E eu fiquei estruturando minha equipe, trazendo outras pessoas pra trabalharem comigo e aí, a gente fazia tudo, fazia jornal, eventos, enfim, toda parte de Comunicação. Só não fazia publicidade que era feita através da Petrobrás e por isso mesmo eu interagia muito com a Comunicação que, por sua vez, deixou de ser Sercom e passou a ser Comunicação Institucional. E eu continuei sempre em contato com a turma toda da Comunicação Institucional, mas lá na área de Gás e Energia. Só até 2005, em 2005 eu tinha um Diretor que era o (Hildo _____?) na época, e ele achou por bem que precisava de uma atuação mais intensa na Assessoria de Imprensa. Nessa ocasião eu tinha me apoiando uma jornalista que era da Comunicação Institucional, que era a Rosane, ela era contratada e fazia toda a parte de Imprensa. E a gente sempre trabalhou muito bem em parceria e tal. Mas o Hildo achou que deveria botar a pessoa que fazia Assessoria de Imprensa na chefia da Comunicação e me tirou. Me tirou e me deu um cargo de Coordenadora de Relações Institucionais, aonde eu fiquei uns seis meses. E aí, eu fiquei lá meio sem saber muito o que fazer porque na verdade essa Relações Institucionais tinha um título mas ela não... Eu comecei a ver com o que eu poderia trabalhar e comecei a me aproximar do então Gerente de Empreendimentos, não me lembro se do Norte, acho que ele era Implementação de Empreendimentos Norte-Nordeste, que era o Fontes, que atualmente está como Diretor da Petrobrás biocombustíveis. Fontes foi um cara super legal que me acolheu muito, ele me levava nas reuniões na Bahia ligadas ao gasoduto, que ia ser feito lá no nordeste, pra gente começar a pensar em como trabalhar a comunidade, foi uma época que eu fiquei interessada a tentar ir por essa área, né? E aí, resolvi até fazer um MBA em Responsabilidade Social e Terceiro Setor, eu já tinha feito um antes em Comunicação e Marketing, e aí, fui fazer esse até por sugestão de uma colega da engenharia da Bahia que estava trabalhando comigo nessa processo, ela falou: “Vamos fazer, está abrindo uma turma”. Eu falei: “Vamos”. Eu achei que ia ser bom pra mim nessa história de trabalhar um pouco a relação comunidade. Eu saí do cargo em setembro e eu fiquei meio nessa parte sabática que chama (risos) até janeiro. Em janeiro eu estava de férias e tive a grata surpresa de que eu seria convidada pelo Santarosa pra ir pra Comunicação, nesse momento houve uma restruturação na Comunicação. E o Santarosa me convidou, perguntou se eu queria ir ocupar um cargo de Gerente Setorial no Relacionamento, que eu não sabia direito como seria, mas puxa, trabalhar na Comunicação Institucional pra mim vai ser ótimo, comunicação coorporativa da companhia, eu vou estar trabalhando com meus pares. Isso é uma coisa que faz diferença, Claudia, você em uma área de negócios, a prioridade não é Comunicação, a prioridade é o negócio. Claro que na Petrobrás a prioridade é o negócio, mas a Comunicação é muito forte e tem que ser vista como estratégica para ajudar no desenvolvimento do negócio. Mas quando você está na área de negócios os caras estão, e eu entendo muito bem o negócio, estão preocupados se o gasoduto vai sair, se a negociação da sociedade com a termoelétrica vai sair. E você chega com os problemas de Comunicação, tudo o que a pessoa menos quer ouvir. Eu sempre procurei trabalhar muito nas áreas onde eu estive, mas eu sentia que a Comunicação ficava em segundo plano. E a perspectiva de ir pra Comunicação Institucional pra mim era muito boa, de poder estar numa área onde se respira comunicação, né? E eu aceitei esse desafio de ir pra Gerência de Relacionamento Coorporativo em 2006.
P/1 – Esse setor, Relacionamento Coorporativo, ele surgiu a partir dessa restruturação, quer dizer, ele não existia. Você chega pra organizar essa área.
R – Chego para uma área nova. Inclusive a Gerência de Relacionamento, que é do Puig, que é a Gerência de Primeira Linha, ela não existia, ela aglutinou três gerencias setoriais: a Comunicação Interna passou a se chamar “Relacionamento com o Público Interno”, a área de então novas mídias, que era a área de toda mídia digital, que era da Patrícia, passou a se chamar “multimeios”, e veio pro guarda-chuva dessa gerência de relacionamento. E essa área de Relacionamento Coorporativo, que era uma área totalmente nova, que é o Relacionamento com Públicos Externos, mas que agregou, digamos assim, algumas áreas que já existiam. Algumas atividades que já existiam, por exemplo, na Gerência de Atendimento, como por exemplo, visitas coorporativas às unidades. O próprio Memória Petrobrás que estava até então na Comunicação Interna, mas entendeu-se que o Memória tinha aí uma função de trabalhar para fora, então, veio pra cá. O Espaço Conhecer que hoje tem esse nome mas era chamado de Espaço Vip, que ficava lá embaixo só pra fornecimento de material promocional, material institucional da Petrobrás, informativos, folders, vídeos, e a gente hoje também já deu um pontapé pra fazer outras ações com o Espaço Conhecer e veio pra cá. Ele adquiriu esse nome, já lá no Relacionamento Coorporativo. Coral Petrobrás, que era relacionamento com público interno, mas começou a ver: “Pôxa, o Coral é um tremendo instrumento de relacionamento para fora porque ele é da força de trabalho mas ele se apresenta externamente”. Então, veio pra cá também. E hoje a gente tem muito mais corais, eu sou apaixonada pelo coral, sou uma fã, tiete do trabalho do Machado, fantástico, também veio pra gestão do Relacionamento Coorporativo. Ou seja, de repente eu me vi lidando com uma série de processos completamente diferentes de tudo, nada a ver com Jornalismo, que é a minha formação. Mais uma série de coisas, a Comunicação Dirigida, toda parte de uso de CRM pra você poder interagir com o público segmentado, e você fazer essa diferenciação, tudo isso é muito novo pra mim, foi um grande desafio. Além de estar na Comunicação Institucional, que era estar numa vitrine “Bom, agora estou na Comunicação Coorporativa da Companhia”. Claro que isso traz também ansiedade. Mas eu acho que foi muito bom, hoje, passados esses três anos, como foi bom formar uma equipe, foi difícil no início você ter que lidar com uma equipe já constituída, porque eu cheguei lá e não escolhi ninguém que iria trabalha comigo, eles já vinham de outra gerência. Na maioria tive gratíssimas surpresas, tive algumas más surpresas, mas isso faz parte, e ao longo do tempo a gente foi conseguindo estruturar uma equipe mais harmônica e mais integrada apesar da diversidade dos processos que tem essa área.
P/1 – Eu tenho impressão que esses três anos seus, Andrea, eu acompanhei uma parte deles, eles parecem dez, né? De tão intensos que foram, de tantas mudanças, boas por sinal.
R – Boas mudanças.
P/1 – Mas eu queria entender como é que você vai parar no Comperj? Porque vocês criaram um grupo de trabalho, você já era uma pessoa cheia de coisa e, de repente, você também pega esse grupo (risos). Menina que não sossega, que coisa!
R – Pois é, e não parei por aí, depois ainda vem o Cepe (risos), com relacionamento com os clubes, esse é o mais novinho, veio a um ano atrás, tava no RH e veio pra nós. Pois é, o Comperj, como é que surge a questão? Bom, Comperj ia ser implantado, foi lançada a pedra fundamental, teve um evento com o Lula, se não me engano foi em 2006 que teve esse grande evento e tal. Aí, começou-se a criar um grupo de trabalho de Comunicação que foi criado em julho de 2007 com a participação nossa, Relacionamento, eu, o Puig, meu gerente, coordenando esse grupo de trabalho de Comunicação, e representantes das outras áreas, da área de Responsabilidade Social, área de SMS, Simulação de Meio Ambiente, área de Engenharia, ou seja, os atores além da equipe do Abastecimento que é a responsável pelo empreendimento. No Abastecimento você tinha também uma área de Relacionamento. Nós juntamos os personagens representantes dessas diversas áreas e o Puig coordenava esse grupo pra ver de que forma nós deveríamos desenvolver aí um amplo trabalho de Comunicação para o Comperj, a idéia era fazer um trabalho de comunicação integrada. Nesse período já se tinha uma ligação grande com o Ministério do Meio Ambiente, que tinha, na sua metodologia, a implementação de Agendas 21 no país, com o apoio das Secretarias de Estado. Então, no Rio de Janeiro, tinha a Secretaria de Estado de Meio Ambiente que era a coordenadora das Agendas 21 no Estado. E aí, nasceu a idéia, em conjunto, Puig enquanto representante Petrobrás, Carla Matos enquanto representante no Ministério do Meio Ambiente e o Cali, da Secretaria de Meio Ambiente, começaram a se reunir e conversar sobre a possibilidade de implementar uma Agenda 21 Comperj, em torno dos municípios. Eu, de cara, achei essa idéia muito interessante porque, de alguma maneira, a gente saía daquele papel da Petrobrás responsável por tudo. Quando chega um empreendimento em uma comunidade ela tem que fazer, ela tem que resolver todos os problemas, sejam eles quais forem. E a gente começa a pensar como é que se pode trabalhar coletivamente e como é que se pode não de acordo com aquilo que a Petrobrás acha que deve (pausa na frase).
P/1 – Bacana essa coisa do coletivo, né?
R – Isso. Eu comecei a perceber que haveria uma mudança nesse processo, não só o olhar da Petrobrás ‘eu vou entrar para levar isto pra comunidade, vou atender a essa questão sob a óptica da Petrobrás’, mas a óptica, realmente, dos diversos atores envolvidos no processo e é aí que você começa a pensar nas chamadas partes interessadas. Quer dizer, quais são aqueles públicos, atores, na região, que serão impactados pelo Comperj, que tem alguma interação, que irão sofrer algum tipo de intervenção ou de impacto em função da chegada do Comperj. Essas pessoas tem que ser chamadas pra conversar. E aí, realmente, eu dou todo o crédito para o Puig nesse sentido porque ele, junto com o Ministério do Meio Ambiente, com a Secretaria, realmente capitanearam muito bem esse processo. Mas eu fazia parte desse grupo de trabalho de Comunicação e aí surgiu a idéia de que, embora o Puig estivesse gerenciando esse processo, o processo deveria ficar ligado ao Relacionamento Coorporativo, que é mais um processo de relacionamento com os públicos externos. Então, nós nos reuníamos semanalmente, discutíamos como seria esse processo e começamos a divulgar essa idéia de se constituir uma Agenda 21 através de caravanas. Nós fizemos as ‘caravanas Comperj’. Ao longo de três meses nós fizemos uma caravana semanal em que nós fomos aos 15 municípios, incluindo o Rio de Janeiro, que eram os municípios considerados na área de influência do Comperj. Nós visitávamos esses municípios e tinhamos palestras sobre o Comperj. De um lado a gente tinha palestra da área de Abastecimento, que falava sobre o empreendimento, o que é o Comperj, como será do ponto de vista do complexo petroquímico, o que vai trazer, quais vão ser os produtos, digamos, do Comperj, tal. E de outro lado tinhamos nós do Relacionamento, na maioria das vezes o Puig, mas por três vezes eu fui também falar nessas caravanas a respeito da Agenda 21, qual era a idéia da Agenda 21, das reuniões setoriais, se reunir aos diversos municípios, diversos setores. A idéia dessa Agenda 21 procurou ser mais abrangente porque a Petrobrás já trabalhava com a metodologia da Agenda 21 através da área da Responsabilidade Social com o programa ‘De Olho no Ambiente’. Mas era uma Agenda 21 focada na comunidade, em áreas onde a Petrobrás tinha atuação, nos municípios, se constituem as Agendas 21 locais para a comunidade. A do Comperj a proposta era justamente envolver os principais atores, então, pegou-se o Primeiro Setor, Poder Público; Segundo Setor, Empresários; Terceiro Setor, as Associações, as ONGs, as organizações da sociedade civil e o Quarto Setor, a própria comunidade.
P/1 – Vocês eram bem recebidos nessas caravanas?
R – Nós éramos, nós éramos muito questionados, claro. A população tinha muito interesse em saber. Às vezes tinha um ou outro, que eram ambientalistas, por exemplo, preocupados com a água da região, que já tinha dificuldade com a água e como seria com o Comperj. A gente sempre levava pessoas ligadas à área ambiental pra poder responder. Às vezes tinham umas cutucatas. Teve um evento que foi quase que uma loucura, foi um evento que nós fizemos em Itaboraí, 2700 pessoas, em que nós convidamos todos, convite foi aberto, e a idéia era ali pra começar a criar um fórum regional pra Agenda 21 em que nós teríamos que ter representantes dos quatro setores em cada município. Nós íamos sair dali com 60 representantes, eram 15 municípios. Então, as pessoas tinham que votar. Primeiro foi feita toda uma palestra sobre Agenda 21, sobre qual era a idéia, sobre Comperj, tal, trouxemos pessoas de fora pra falar, o Puig coordenou esse evento junto com a Carla Matos e tudo. Mas ali nós tivemos mais dificuldade porque as pessoas disputam e qualquer coisa que você propõe, isso dá uma sensação de poder. De repente você ser o representante em um fórum regional que vai poder monitorar, discutir as questões do Comperj, vai poder acompanhar. Porque a idéia desse fórum é que ele acompanhasse o processo da Agenda 21 em cada município. Isso gerava uma disputa, até a votação disso foi um caos (risos), foi horrível. Houve um momento que eu tive que subir na cadeira e gritar pro pessoal de Itaboraí que estavam quase se estapeando porque uns queriam um representante, outros queriam outro, e eu falei: “Gente, não é possível isso. Pelo amor de Deus!”. Mas foi um processo muito rico de convivência com as comunidades, de entender as realidades desses públicos tão diferentes da nossa realidade também, e principalmente acho que é uma postura da Petrobrás de se desarmar um pouco, talvez um pouco de arrogância no sentido de ‘nós é que sabemos o que esse município precisa’. Não, nós não sabemos. A gente tem que extrair do município o que é relevante para aquele município, mas não é extrair na visão só do prefeito, só da visão do empresário que quer ali implantar o seu negócio, é extrair na visão de todos, você tem o Poder Público, mas você tem os empresários, tem a comunidade falando e você tem as ONGs, as associações de moradores também podendo se comunicar e levantando as potencialidades, as preocupações e o que podem ser soluções pra região, soluções no sentido de tentar resolver.
P/1 – Ou até uma experimentação também, por que não? Você até experimentar alguma coisa, qual o problema? Se você estiver com isso consolidado.
R – Exatamento. Agora, quem acompanhou mais de perto toda essa prática da Agenda 21 em todo esse trabalho, foi o Ricardo Frosini que virá conversar com vocês. E é muito legal porque o Ricardo realmente vivenciou todas as Agendas 21, ele pode até detalhar melhor como foi o processo dessa Agenda 21, esse dia a dia, que realmente eu não acompanhei, eu fiquei no processo inicial de implementação da Agenda 21 com o grupo de trabalho.
P/1 – A gente queria também a sua Memória desses primeiros momentos porque eles também sempre são bastante ricos. Atualmente isso continua na Gerência?
R – Continua na Gerência de Relacionamentos.
P/1 – Hoje já está um pouco mais acomodado...
R – É, hoje já está acomodado, as reuniões setoriais já terminaram, os chamados planos de desenvolvimento sustentável locais já foram, digamos assim, construídos, e agora está na fase final, que é justamente quando a gente tem que partir pra publicação da Agenda pra poder desdobrar. Porque aí, tudo bem, construiram-se belas Agendas em cada município reunindo todos os setores, olha que isso é um processo complexo e exige uma visão democrática muito grande, no sentido de que às vezes alguém tem que ceder pra entender que existe uma necessidade maior de um determinado setor. Eu acho que essa vivência de você poder discutir, trocar, entender o outro sem querer enxergar só a sua visão, o que do seu ponto de vista é importante, eu acho um exercício fantástico. Então, a gente está partindo pra fase final, justamente, da Agenda. Mas isso continua na Gerência de Relacionamento Coorporativo, eu não sei se depois irá para Responsabilidade Social, talvez, acho que é um caminho natural porque a área de Responsabilidade Social é que efetivamente tem mais esse relacionamento com as comunidades e também porque eles já vinham trabalhando essa metodologia da Agenda 21. Então, não sei, nos próximos passos, como isso vai ficar, mas por enquanto está lá e o Ricardo continua tocando.
P/1 – Eu acho muito interessante o que você citou. Pelo que a gente acompanha pelo Memória, acho que a Petrobrás hoje vive dois momentos interessantíssimos, aprender a trabalhar com os parceiros do ponto de vista do Présal, e de certa forma também no Comperj, e trabalhar dessa forma, como você mesma destacou, coletivamente. Agora, acho que a idéia de trazer a comunidade, além de trazer o chamado Terceiro Setor foi genial, porque o Terceiro Setor se acostumou a representar o Quarto Setor e achar que estava tudo bem, né?
R – Exatamente.
P/1 – Isso foi muito interessante. Não lembro de outros projetos que isso tenha acontecido no país.
R – Eu também não conheço, até onde eu sei eu acho que foi uma coisa pioneira.
P/1 – Tanto que a molecadinha aqui, molecadinha no sentido carinhoso, eles sabem: “Ah, porque o Quarto Setor”. Nossa, que coisa interessante. Chamar também o Quarto Setor pro Comperj, realmente foi genial.
R – Eu acho que foi fundamental porque a comunidade vive ali a realidade do município dela, ela sabe melhor do que ninguém, eu acho, que tipo de impacto que ela tem e que expectativas ela tem do que pode melhorar. Então, falar por ela é uma coisa complicada. Ok, às vezes você tem ONGs que são representantes, tem as associações de moradores, onde você vê muitas vezes os presidentes das associações falando em causa própria, falando sob a óptica dele. É claro que você não pode reunir todo mundo, não pode pegar toda a população da comunidade, mas você pegar elementos-chave da comunidade, acho que representa a essência de quem está realmente vivendo o dia a dia daquele município.
P/1 – Você destacaria um grande aprendizado desse período, pelo menos até aqui, dessas ações do Comperj?
R – Acho que o grande aprendizado é esse, é o sentido da importância da parceria, da coletividade, no saber ouvir o outro, na gente não querer apenas analisar a coisa da nossa óptica. A nossa óptica tem alguns elementos, mas você tem que trazer quem está do outro lado também pra conversar com quem está ali vivendo diretamente. Então, eu acho que o grande aprendizado é esse. Eu sempre acreditei, Claudia, nisso, em um trabalho integrado, um trabalho de parceria. Eu nunca fui de guardar as coisas pra mim, de querer eu fazer, o contrário, o quanto eu puder delegar, distribuir, fazer junto, é o que eu quero. E aí é interessante porque com o Comperj não só a Agenda 21 trouxe isso e, pra mim, acho que é um grande aprendizado, mas como subproduto desse grupo de trabalho de Comunicação, nós constituímos um outro, digamos assim, subgrupo de Comunicação pra pensar em ações de Comunicação efetivamente, fora a Agenda 21 que é a parte de relacionamento. Mas você ter instrumentos de comunicação funcionando e ter ações desenvolvidas para dar divulgação ao Comperj. E nós construímos um plano de comunicação no ano passado com a participação dos representantes da Comunicação, mas das diversas áreas, então entrou a Engenharia, que fala com a força de trabalho, com o pessoal que está efetivamente construindo o complexo, entrou a área de Saúde, Segurança e Meio Ambiente, entrou o pessoal do Abastecimento, a Comunicação do Comperj, entrou uma pessoa da Comunicação Coorporativa do Abastecimento, entrou a nossa Publicidade, entrou a nossa área de Relacionamento, ou seja, nós envolvemos elementos da Comunicação Institucional e de outras áreas que tem uma interação com o Comperj, participando desse processo, e juntos nós discutimos que ações nós poderiamos desenvolver. Algumas nós já estamos implantando, outras não, porque exigem, inclusive, um maior volume de investimentos, tudo isso em um ano que a gente está lidando com otimização de custos, então, a gente tem que ser cuidadoso nisso.
P/1 – Claro. Esse plano de comunicação é interno e externo?
R – Ele é mais externo até que interno.
P/1- Interessante, porque a gente até conversou com o Giovani, e o Giovani estava até explicando que esse universo Petrobrás é tão imenso que você também, muitas vezes, tem que informar pra própria companhia, pros trabalhadores, o que está acontecendo, né?
R – Claro, claro, sem dúvida.
TROCA DE CD
P/1 – Alguma dessas ações que você disse que já estão em desenvolvimento que você possa contar pra gente, pra gente registrar?
R – Por exemplo, uma das ações do plano que a gente pensou foi na área de interação com as escolas da região, e aí, a gente está usando o nosso Espaço Conhecer. Porque dentro do Espaço Conhecer a gente tem ações pró-ativas de ir às escolas, de divulgar a Petrobrás. A gente usa um contador de histórias, faz isso de uma forma bem lúdica, com crianças do ensino fundamental, de sete a 14 anos, Primeiro e Segundo Ciclos. A gente estava fazendo isso um pouco aleatoriamente, por demanda, e aí, nós pensamos: não, vamos canalizar essa ação do Espaço Conhecer para áreas onde tenha empreendimentos da Petrobrás e onde isso possa ajudar como uma comunicação feita pela Petrobrás. E nós elegemos esse ano, a área do Comperj, e a gente está trabalhando o Espaço Conhecer nos municípios no entorno do Comperj. Então, o contador de histórias vai lá, apoiado pela nossa equipe e fala de Petrobrás, dos projetos, da preocupação da Petrobrás com a questão da preservação ambiental, com energia, importância das alternativas de energia, e aí, fala do empreendimento. “E o Comperj, vocês já ouviram falar no Comperj?” e diz, isso tudo de uma forma mais lúdica, é um trabalho voltado mais pra crianças que a gente já está fazendo. Fora isso, a gente está em parceria com a Publicidade buscando maneiras de chegar ao público em geral, então, nesse momento está em estudo aí, mas está em negociação, um programa na TV Record que é com o Wagner Montes, a gente chegou à conclusão que o Wagner Montes é um grande porta-voz da região porque ele tem um programa ao vivo que as pessoas mandam suas perguntas, tiram dúvidas e a gente decidiu que a gente poderia comprar uma parte do espaço para poder falar de Comperj, abrir mesmo para o que a comunidade queira falar e que a gente possa explicar, que a gente possa levar pautas sobre o Comperj para esse programa, é um programa que tem uma audiência boa, pras pessoas terem informação a respeito. Só pra te citar duas coisas que já estão em andamento. Agora tem vários outros projetos, tem um projeto de uma rádio, de repente voltada a todos os municípios, uma rádio do Comperj, mas aí tem outras questões, não sei se a gente vai conseguir decolar.
P/1 – Mas vai adaptando também, né, Andrea? Acho que vocês tem essa capacidade, que ela não é só da Engenharia ou do Abastecimento, ela permeia, vocês tem esses desafios e acabam resolvendo.
R – E o bacana é a gente poder se integrar com essas áreas, você tem área de Comunicação no Abastecimento, na Engenharia, na SMS, e todas, na verdade, são partes interessadas também no Comperj, do ponto de vista de Comunicação. Então, por que não integrar essas áreas, ver o que uma está fazendo, o que a outra está, o que a gente pode agregar. E a gente está muito em sintonia com a Comunicação do Comperj agora, o que está sendo ótimo, estamos trabalhando juntos, fazemos reuniões pra ver o que podemos fazer juntos e as coisas estão caminhando.
P/1 – Que ótimo, isso é muito bom. Andrea, vamos voltar pro Mauro? Estou aqui com uma dúvida. O Mauro você conheceu na Rádio JB, como é que foi isso, amor à primeira vista ou não?
R – Não (risos), uma história legal também. Eu era estagiária de manhã e ele era à tarde, aí a gente quase não se cruzava nos primeiros meses. Ele me diz sempre que um dia ele viu a lauda da escrita lá Andrea Vianna e perguntou quem era eu e falaram que eu trabalhava de manhã e tal. Aí, um belo dia ele começou a cobrir Esportes e aí, teve que chegar mais cedo. Aliás, acho que é o contrário, antes ele cobria Esportes e trabalhava de tarde e depois passou pra Política e veio pra de manhã. A gente se encontrou e começou a conversar, só que Mauro era noivo nessa época, tinha uma menina que ele namorava há muitos anos em Niterói. Eu também tinha um namorado, eu fazia Teatro de noite e esse meu namorado fazia Teatro comigo e eu ia e voltava, era um namoro conturbado, dois anos nessa lenga-lenga, vai e volta. A gente era amigo, conversava e não sei o quê, aí, um determinado momento começou a rolar um clima, assim, tal, a gente ficou meio atraído um pelo outro, mas ele estava pra casar. E ele chegou a me dizer claramente que estava envolvido comigo mas eu descartei e falei pra ele: “Não, eu acho que você está misturado, afinal de contas você namora essa menina há muitos anos, você está com medo desse casamento, eu acho que você está confundindo as estações, não é por aí”. E saí fora, saí fora muito conscientemente porque eu não queria me sentir atrapalhando o casamento de ninguém, certo? Com essa noiva há anos, eu não queria mais problemas, já estava com um namoro que ia e voltava, não, complicado. Não dei bola, saí fora. Ele casou, eu voltei pro meu namorado, com esse conturbado.
P/1 – Dá pra falar o nome dele?
R – Hilton. Era essa confusão e tal. E aí, eu acabei terminando lá com o Hilton uma época, lá com essas idas e voltas e ele começou também a ficar mal com o casamento dele. Eu não fui ao casamento dele porque achei que iria ficar uma coisa meio chata pra ele, né, porque ele estava meio dividido e tal. Mas aí, depois disso houve uma festa, eu fiz um churrasco pra todo o povo da Rádio JB lá no Alto da Boa Vista, na casa dos meus avós e aí ele foi com a mulher. Mas aí a coisa já estava esquisita, ele dizendo que estava infeliz no casamento, que ele gostava de mim, e eu achando que não era bem assim, e eu fiquei confusa, enfim. No meio dessa confusão toda, um dia ele me diz que tinha saído com uma outra menina lá da rádio, uma outra jornalista. Aí, eu não gostei, aquilo me bateu mal, foi engraçado. Porque enquanto era a mulher dele, era a mulher dele, era a noiva dele há anos, eu me sentia uma intrusa na história. Mas quando ele falou que ele tinha saído com uma outra menina, eu falei: “Cara, qual é a sua afinal de contas?”. Aí, chegamos a sair pra jantar, conversar sobre essa história, ele falou que estava muito misturado, até que um dia ele falou assim: “Olha, quer saber de uma coisa? Eu cheguei a conclusão que a única pessoa que me balança é você, não adianta, isso continua, você queira ou não queira, é assim”. Aí, aquilo me pegou, eu já tinha terminado o meu namoro, eu realmente estava começando a ver que não era eu a culpada pelo fim daquele casamento, que aquele casamento já tinha começado mal, e a gente acabou saindo um dia. Eu viajei com o meu pai e a então mulher dele na época, segunda mulher dele, pra São Paulo passar o fim de semana, quando voltei na segunda-feira ele me disse: “Saí de casa”. Assim, ele tinha um ano de casado. Aí, eu fiz aquela cara, fiquei espantadíssima, não imaginei que ele tivesse coragem de sair de casa tão rápido. Era uma coisa que até o meu pai na época me dizia: “Você tem cuidado, vê lá se você não vai ser uma muleta pra esse rapaz, porque ele não está bem no casamento dele, de repente você vai ser um apoio pra ele sair fora”. Então, eu achava que aquela coisa ainda ia render, e ele, em uma semana saiu fora. Eu achei aquilo de uma coragem enorme porque eu sei o processo de sofrimento que foi, claro, achei muita coragem. E daí a gente começou a sair, começamos a namorar e divulgamos na rádio, dois meses depois, que nós estávamos namorando, tornamos oficial o nosso namoro, e assim ficamos. E um ano e meio depois, quando eu entrei pra Petrofértil ele se propôs a gente morar junto, ele queria até casar comigo antes de eu trabalhar e eu dizia o seguinte: “Eu não quero sair da dependência da minha mãe pra ir pra sua independência. Não quero começar uma relação nesse nível. Uma coisa é ao longo da vida, se eu perder o emprego, se você perder o emprego, a gente se ajuda, faz parte, está no processo. Agora, já começar um vida sem trabalhar, eu não quero, só quero quando tiver o meu emprego”. Aí, quando eu fui finalmente contratada da Petrofértil em outubro de 84, daí nós decidimos casar em janeiro de 85. Fizemos uma festa e tal porque ele estava separado, não podia se casar, fizemos uma festa. E um ano e meio depois nasceu a nossa primeira filha, Carolina, que hoje está com quase 23 anos, quatro anos depois o Léo, que vai fazer 19 agora e o Vinícius, em 93, está com 15 pra 16. E foi muito legal tudo, porque antes a gente era amigo, e essa amizade foi uma coisa que se transformou e eu realmente me apaixonei por ele e ele era aquele namorado que eu esperava, que até então eu nunca tinha tido, que era aquele cara carinhoso, presente, às vezes até demais. Às vezes eu dizia ‘pera aí’, porque eu sempre fui rainha da galera, eu era aquela adolescente que tinha mil amigos em volta gravitando, tudo era na casa da Dea, na casa da Dea, que é o meu apelido entre os meus amigos ‘vamos embora, vamos pra casa da Dea’. E a minha mãe sempre foi muito aberta, sempre acolheu meus amigos todos de braços abertos, então, de repente eu ter alguém me cerceando, era uma coisa complicada. Mas aí é que vinha o amadurecimento de uma relação, todos os outros namoros, eu acho que eu namorei junto com a galera, e ele já era um cara três anos mais velho que eu, com uma cabeça, já tinha sido casado, profissional formado, mais na dele, ele não tem esse temperamento tão expressivo, ele é mais reservado (risos). Então, acho que isso deu uma equilibrada, ele equilibrou o meu lado espivetado, aquela coisa elétrica, e eu também dei uma puxada nele pra cima porque ele ficava muito quietinho, muito na dele. Então, acho que a gente tem um equilíbrio muito legal, a gente tá planejando comemorar as Bodas de Prata, ano que vem, em janeiro. Nunca casamos oficialmente por opção nossa, ele me canta pra casar, eu falo de repente nas Bodas de Prata pode ser que até a gente resolva casar, mas é uma coisa que ainda está...
P/1 – É um momento bacana...
R – Mas que assim, a nossa vida com os três filhos é muito legal. A gente tem uma abertura muito grande, a gente fala sobre tudo, e eu até digo pras minhas amigas, eu acho que o segredo de estar junto até hoje é que a gente não botou nada pra debaixo do tapete. Tem problema, ta pegando, vamos lá. Às vezes a gente quebra o pau, mas tudo bem, porque dali a gente sai melhor, tanto eu quanto ele. Acho que se a gente ficasse deixando rolar, deixando rolar, daí acho que a gente não chegaria onde a gente chegou. A gente tem um casamento muito vivo ainda, graças a Deus, a gente é muito parceiro um com o outro, a gente gosta muito das mesmas coisas, tem coisa que a gente gosta diferente e é quando eu digo pra ele, ‘a gente tem que respeitar’, né? Se eu estou afim de fazer uma coisa e você não está, ninguém vai morrer por causa disso, eu faço, você não faz, vice-versa, está tudo bem. Estamos juntos aí. Ele é jornalista, trabalhou sempre em Redação, até a dois anos atrás quando ele foi pra Assessoria do Tribunal de Contas do Estado, nesse momento ele está lá no TCE, mas ele teve uma vivência muito maior que eu de Redação, a minha vivência sempre foi de comunicação empresarial e a dele foi sempre Redação, rádio, jornal.
P/1 – O que é bom, inclusive.
R – Muito legal.
P/1 – Andrea, a gente está chegando no finalzinho da entrevista. Você está há bastante tempo na Petrobrás, queria te perguntar o que você aprendeu nesses seus anos de Petrobrás. Envolvendo já o geral, perguntei o aprendizado no Comperj, mas agora, se você tivesse que nesse momento definir “eu aprendi”.
R – Olha, é difícil falar, porque uma coisa é assim, eu aprendi do ponto de vista profissional, eu aprendi muita coisa, aprendi a entender realmente o que era a Petrobrás.
P/1 – Desculpa, eu não expliquei, do ponto de vista pessoal.
R – Do ponto de vista pessoal eu aprendi a conviver com as diferenças, o que é muito bom. A Petrobrás é um universo muito amplo, então, você lida com as mais diferentes pessoas, uma diversidade muito grande e eu acho que consegui navegar por momentos muito diferentes da empresa e aprendi a conviver com as diferenças, isso eu acho muito enriquecedor.
P/1 – E o maior desafio, aí do ponto de vista profissional.
R – É a nossa energia, o maior desafio é a nossa energia (risos), é o slogan da Petrobrás. O maior desafio, acho que o que eu almejo hoje, Claudia, é completar os anos que me faltam de Petrobrás com a mesma energia, com o mesmo entusiasmo. Porque claro, quando você está há muito anos em uma mesma companhia, embora essa companhia seja muito dinâmica, você acaba de alguma maneira, às vezes, se desanimando com algumas coisas, o que é natural no processo, você tem dificuldades internas. Então, acho que o maior desafio é esse, você manter o entusiasmo, saber que há momentos que as situações são mais difíceis mas você tem como superar e tem como às vezes galgar caminhos novos. Eu estou sempre otimista nesse ponto, acho que o maior desafio é completar a minha carreira na Petrobrás da mesma maneira digna que eu vim tendo até agora, com o mesmo senso de responsabilidade, com o mesmo entusiasmo pelo meu trabalho. Eu sou muito grata à Petrobrás, eu acho que realmente é uma empresa fantástica, sou orgulhosa de trabalhar na empresa, é uma empresa fantástica, que só vem crescendo, expandindo, mostrando caminhos novos pra todos nós e que é uma excelente empregadora. Realmente eu sou fã da Petrobrás.
P/1 – Você é sindicalizada, Andrea?
R – Sou, pelo Sindicato dos Petroleiros.
P/1 – Essa é pra todo mundo, não tem jeito. O que você acha da idéia do Memória Petrobrás de contar a história por meio da vida de vocês?
R – Eu acho fantástico porque eu acho que é uma oportunidade da gente, ao contar a nossa vida, a gente vai também resgatando um pouco da história da Petrobrás, um pouco da sua história na Petrobrás. Eu acho que é uma idéia muito boa, acho que é uma idéia realmente da gente preservar a história dessa companhia sem desvincular que quem faz a história dessa companhia são pessoas. Porque não adianta só chegar e falar do Comperj do ponto de vista do complexo, do Presal do ponto de vista desse desafio da exploração em águas ultraprofundas até chegar na área do Presal, mas quem são essas pessoas que hoje estão lidando com esses desafios? Essa companhia é feita por gente, então, você poder contar a história da Petrobrás e, ao mesmo tempo, integrando com o lado humano que faz a companhia, eu acho da maior importância.
P/1 – Quando você pegou a Gerência de Relacionamento Coorporativo daí o Memória foi, você lembra quando você pegou, você falou, ‘nossa, o que é isso?’, você lembra da sua reação?
R – Primeiro eu quis entender o que era o Memória, né? E por que ele estava na Gerência de Relacionamentos. Primeiro que relacionamento é uma coisa meio complexa, o que quer dizer essa palavra relacionamento? Pode ter relacionamento em vários níveis e o que é isso? Eu procurei entender um pouco melhor isso e o Memória não deixa de ser um instrumento de relacionamento à medida que ele interage, que ele busca respostas, em que ele entrevista pessoas e você, a partir daí, muitas vezes você pode, inclusive, ter o contato dessas pessoas pra outros desdobramentos de atividade, então, ele é, sem dúvida, um instrumento de relacionamento externo e, ao mesmo tempo, ele é uma forma de divulgar a companhia para fora. Em um primeiro momento eu fiquei assim, ‘bom, mas como podemos trabalhar o Memória com relacionamento e como é que é isso?’, procurei conversar muito com Miriam e Sheila pra entender. Aliás, essa é uma coisa que eu acho fundamental, você não pode chegar em um área achando que você sabe, você está chegando de fora. Minha história era Gás e Energia, mais recente, antes era BR, antes era Petrofértil, quer dizer, eu não podia chegar já achando que eu iria dar as cartas, eu precisava entender o ambiente onde eu estava, e eu procurei ouvir muito. No caso específico do Memória eu conversei muito com a Miriam e com a Sheila pra entender como é que era, é que o programa estava se desenvolvendo, qual era a importância dele, como era feito. E foi muito bom, foi uma grata surpresa, o Memória é um dos processos que me motiva. Aliás, quase todos eles, mas o Memória, o Coral, Espaço Conhecer, são processos que realmente eu acho muito bacanas.
P/1 – Eu nem perguntei qual desse você mais gostava porque pelos contatos que a gente tem eu tenho a impressão que você gosta de todos como filhos de uma forma bastante igual, né?
R – É, eu acho que cada um deles tem a sua importância.
P/1 – É, eu vejo você tratando todos eles com a mesma importância.
R – É, eu procuro pelo menos tentar me distribuir entre todos. Às vezes é aquela coisa, você está com a cabeça sintonizada aqui, falando com a Sheila ou com a Miriam, aí, entra o Machado, com a questão do Coral, daqui a pouco vem o Ricardo falar do Comperj ou do Cepe, enfim. Mas é muito gratificante, inclusive essa complexidade de atividades te faz estar ligada a muitas coisas e isso é muito bom.
P/1 – Pra gente encerrar, o que você achou de dar esse depoimento pro Memória Petrobrás?
R – Adorei.
P/1 – É mesmo?
R – Adorei. Primeiro eu achei que pudesse ficar um pouco travada porque eu não sabia exatamente o que você iria me perguntar, eu vim pra cá sem saber nem se seria uma entrevista temática ou se História de Vida, e eu achei ótimo ser Historia de Vida porque tenho mais facilidade de falar, a gente fala com mais desenvoltura. E ao mesmo tempo me fez resgatar um pouco, lembrar toda essa trajetória da Petrofértil até aqui, o que é muito importante pra mim. Você como canceriana deve saber que a gente gosta do passado também, a gente não consegue deixar o passado de lado e ir em frente. Então, é uma oportunidade de relembrar toda essa história.
P/1 – Muito bom. Alguma coisa que eu faltou eu perguntar e que você gostaria de deixar registrado?
R – Acho que não, Claudia. Acho que as coisas que eu queria falar, acho que todas foram faladas.
P/1 – Então, Andrea, muito obrigada por você ter atendido a nossa luta para que você viesse, era muito importante pro programa. Muito obrigada, foi uma ótima entrevista, eu tive muita honra em te entrevistar, gostei mesmo, realmente gostei muito.
R – Obrigada vocês, eu que agradeço e espero ter contribuído aí pro acervo do Memórias.
P/1 – Obrigada.
R – Obrigada vocês gente, obrigada mesmo.
FINAL DE ENTREVISTA
Dúvidas na grafia de nomes e trechos com dúvidas.
(Marisca?) – Página 1.
guidante (?) – Página 3 e 4.
Mas eu queria trabalhar com alguma coisa, a ____ de estar formada, dentro de casa era uma coisa que me incomodava demais. – Página 10.
E a decisão do Rennó, que era o então Presidente da Petrobrás, por orientação do governo Collor, foi demitir. Lembro de uma matéria do Globo, da ____ _____, dizendo – Página 12.
Bayard Montalagrota – Página 12.
Só até 2005, em 2005 eu tinha um Diretor que era o (Hildo _____?) na época, e ele achou por bem que precisava de uma atuação mais intensa na Assessoria de Imprensa. – Página 17.
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