Eu me chamo Yvan Barreto de Carvalho, sou nascido na cidade Juazeiro, no estado da Bahia, em 26 de janeiro de 1920.
Meu pai era telegrafista, também nascido na Bahia, na cidade do Senhor do Bonfim. A minha mãe nasceu na cidade de Juazeiro, na Bahia. Filho de uma classe média baixa, razão pela qual eu comecei a trabalhar como telegrafista, dependendo sempre de uma verba de tarifeiro.
Com a descoberta do petróleo, aproveitei a chegada dos técnicos estrangeiros, já estava na escola superior de Engenharia, e com mais 18 colegas fizemos um estágio de 3 meses.
Após o estágio, eu fui convidado a permanecer como operário.
A companhia era americana - Deline Exploration Company. Eles tinham como obrigação treinar engenheiros brasileiros e mandá-los para o Estados Unidos, fazer curso. Eu precisava ficar nos campos de Salvador e me iniciaram o trabalho no campo de Lobato, onde eu comecei com o nível mais inferior de uma sonda, chamado plataformista.
Continuamos trabalhando sempre em Lobato. Foi uma fase muito boa prá mim, me deu uma aptidão muito grande, uma ajuda quando eu tive que ser selecionado para os Estados Unidos. Ao me formar, não podia continuar como operário, então fui chamado prá sede em Salvador. Passei a trabalhar como auxiliar de engenheiro. Em dezembro de 1945, eu me formei e já estava trabalhando como auxiliar de engenheiro. Fui para os Estados Unidos, fazer o curso de engenharia de petróleo, na minha especialidade de perfuração, na Universidade do Sul da Califórnia. Vim de lá como engenheiro de petróleo especializado em perfurações. Eu fui o primeiro engenheiro brasileiro a substituir um americano na perfuração e assim passei quase 2 anos. Terminei como assistente do Superintendente das perfurações, o senhor Uda - que foi acidentado no campo da Bahia. Fui substituí-lo. Com a minha substituição, não pediram mais nenhum Superintendente americano. Passei a ser Superintendente das perfurações da Bahia.
Eu trabalhava...
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Eu me chamo Yvan Barreto de Carvalho, sou nascido na cidade Juazeiro, no estado da Bahia, em 26 de janeiro de 1920.
Meu pai era telegrafista, também nascido na Bahia, na cidade do Senhor do Bonfim. A minha mãe nasceu na cidade de Juazeiro, na Bahia. Filho de uma classe média baixa, razão pela qual eu comecei a trabalhar como telegrafista, dependendo sempre de uma verba de tarifeiro.
Com a descoberta do petróleo, aproveitei a chegada dos técnicos estrangeiros, já estava na escola superior de Engenharia, e com mais 18 colegas fizemos um estágio de 3 meses.
Após o estágio, eu fui convidado a permanecer como operário.
A companhia era americana - Deline Exploration Company. Eles tinham como obrigação treinar engenheiros brasileiros e mandá-los para o Estados Unidos, fazer curso. Eu precisava ficar nos campos de Salvador e me iniciaram o trabalho no campo de Lobato, onde eu comecei com o nível mais inferior de uma sonda, chamado plataformista.
Continuamos trabalhando sempre em Lobato. Foi uma fase muito boa prá mim, me deu uma aptidão muito grande, uma ajuda quando eu tive que ser selecionado para os Estados Unidos. Ao me formar, não podia continuar como operário, então fui chamado prá sede em Salvador. Passei a trabalhar como auxiliar de engenheiro. Em dezembro de 1945, eu me formei e já estava trabalhando como auxiliar de engenheiro. Fui para os Estados Unidos, fazer o curso de engenharia de petróleo, na minha especialidade de perfuração, na Universidade do Sul da Califórnia. Vim de lá como engenheiro de petróleo especializado em perfurações. Eu fui o primeiro engenheiro brasileiro a substituir um americano na perfuração e assim passei quase 2 anos. Terminei como assistente do Superintendente das perfurações, o senhor Uda - que foi acidentado no campo da Bahia. Fui substituí-lo. Com a minha substituição, não pediram mais nenhum Superintendente americano. Passei a ser Superintendente das perfurações da Bahia.
Eu trabalhava no Conselho Nacional do Petróleo e quando fui prá Petrobrás, ocupava o cargo de engenheiro de operações da Bahia.
Naquela época o caminho era esse mesmo, Superintende de Perfurações na Bahia ou Superintendente de Refinaria ou Diretor de Produção ou Diretor de Refino, como era antigamente.
O cargo que mais me marcou foi a Superintendência da Bahia, eu era o único especializado na Bahia. Era um Superintendente que tinha visto grandes erupções de poços, tinha experiência de incêndio ou qualquer coisa dessas. Eu chegava sempre prá ajudar.
Teve o incêndio do AG13, em Água Grande - deve ter sido antes da Petrobras. Que levou um nosso colega, o Haroldo. Um engenheiro novo que estava fazendo estágio e morreu nesse incêndio. O poço entrou em erupção, explodiu. Foi necessário dinamitar a torre, derrubar, prá depois apagar o poço.
Depois houve o incêndio do DJ 66 de Dom João. Esse aí foi praticamente apagado por nós mesmos. Até o Mapeli, que foi o maior de todos e que queimou por mais de 1 ano e meio. E que nos obrigou a trabalhar com engenharia especializada perfurando três poços, prá atingir a jazida onde ele estava queimando e inundá-lo com cimento e lama, até ele apagar.
Eu era o único com experiência na área de perfuração. E estava começando a trabalhar no campo de Dom João, nos poços sobre água. Era para um poço para ser perfurado em seis dias, mas levava de seis a cinco dias prá mover um equipamento de um bloco para outro. Então eu tive que ir a Maracá, examinar como eles faziam o transporte das sondas. Eu verifiquei que eles levavam umas barcaças enormes, entravam do lado da sonda e enchiam os bulhões de água. Colocavam a barcaça por baixo da sonda, tiravam a água e levavam a sonda prá outro local. Essa viagem foi interessante, eu ia também ver um navio de posicionamento dinâmico, quer dizer: não tem correntes nem nada, apenas hélices. De Maracá eu ia à Paris. De lá, à Indonésia prá ver essa sonda. Quando eu cheguei em Maracá e vi, voltei direto prá Bahia. Na Bahia nós temos 2 metros de maré, então nós idealizamos a barcaça com umas estruturas metálicas, que a gente encostava do lado da sonda, quando a maré descia, a gente encostava a barcaça por baixo da sonda e pivotiava prá não sair do lugar. Quando a maré subia, a gente saía com a sonda completa prá nova locação.
Isso foi invenção e o nome é Transporte de Equipamento de Sondagens Completo. A Petrobras chamou um técnico americano prá fazer uma inspeção. Ele passou uns 15 dias e quando voltou, prestou uma declaração formidável. "Não existe nada mais barato do quê o que está sendo feito na Bahia." A invenção foi que eu usei a própria natureza. Isso me trouxe elogios e cartas de recomendação da Presidência da Petrobras.
Em 1970, deixei a diretoria da Petrobras, porque em 1963 eu fui exonerado na Bahia e transferido pro Rio. Naquele tempo quando você não tinha função, diziam que estava "em órbita." "O Yvan é muito pesado prá ficar em órbita." E me ofereceram os Estados Unidos. Eu voltei prá lá, para ser chefe do escritório em Nova York. Eu fiquei nos Estados Unidos até 1967. Depois fui chamado prá ser Diretor de Exploração e Produção no Rio de Janeiro, fiquei de 1967 a 1970. Quando o General Geisel assumiu, eu coloquei o cargo a disposição e fui fazer Escola Superior de Guerra. Fiz esse curso, em seguida o Ministro me chamou para o Ministério de Minas e Energia. Fui Diretor Geral do Departamento de Produção Mineral por duas gestões. Fui Presidente da CPRM - Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais. Em 1985, voltando prá cá, para me enquadrar na empresa, já estava aposentado.
Fui Diretor da Petros de 1986 a 1989.
Eu vinha prá Braspetro, que era exploração. Eu tinha 8 anos de exterior, cheguei aqui me disseram: "A Braspetro já tem outra indicação, você vai prá Petros." Cheguei lá, encontrei o Orfila Lima dos Santos, que tinha sido meu estagiário, foi Diretor aqui. Fiquei dois mandatos na Petros. Então, resolvi descansar e viver com os netos e a mulher. Passei a ser Presidente da Associação dos Mantenedores de Beneficiários da Petros, a AMBP, fui Presidente durante 6 anos. Em janeiro, fui eleito para o Conselho Deliberativo da Petros, um mandato de 4 anos.
Eu comecei como operário e acabei como Diretor da Petrobras. A satisfação que existe disso, é que meu pai começou trabalhando no Correio e Telégrafos. Ele dizia: "Eu vivia em cima de uma escada emendando fio." Passou por todas funções, chegou a Diretor do Correio e Telégrafos. Era uma repetição, eu passei do cargo mais inferior de uma sondagem e terminei Diretor da Petrobras.
A Petrobras é a minha vida. Toda a minha vida foi trabalhar na Petrobras, sempre pensando no país. Continuo devoto, apaixonado pela indústria e pela casa, embora aposentado. Mas até Associação que eu dirigia a AMBP, ela tem como objetivo a preservação da Petrobras e da Petros, foi um dos fatores que fizeram permanecer.
Eu já tinha 14 anos de petróleo quando a Petrobrás começou, nós julgávamos que era uma coisa duvidosa, mas passamos a acreditar e a lutar por ela.
E este projeto da Memória dos Trabalhadores da Petrobrás eu acho que já veio atrasado. É necessário porque representa a força da Petrobrás, força que está no trabalhador da Petrobrás.
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