IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Wilton Valença da Silva. Nasci em Ilhéus, Bahia, em 22 de outubro de 1933. INGRESSO NA PETROBRAS Meu ingresso foi posterior à criação da Petrobras. Eu estudava no Rio de Janeiro, tive uma doença, cancelei minha matrícula e vim para a Bahia descansar. Quando fiquei bom, aqui no interior, voltei para Salvador, saltei na calçada e aí vi, numa banca de jornal, que até hoje existe lá, “Petrobras, curso de formação de especialista de indústria e petróleo”. Então parei e disse para mim mesmo: “Estou com a minha matrícula trancada, durante 2 anos não posso sair daqui, então vou me matricular nesse curso, para eu sentir realmente na prática, se o que defendi na teoria, na campanha ‘O Petróleo é Nosso’ , estava correto”. Quando cheguei no centro de treinamento, o chefe do centro virou-se para mim, o doutor Salomão, e disse: “Jovem, essa turma sua é a terceira. Você quer fazer primeiro curso ou estágio?” Parei e disse: “Doutor, por que o senhor está me fazenda essa pergunta?” “Estou lhe fazendo essa pergunta, porque das duas turmas formadas, mais de 80% dos formandos desistiram” “Então, bom, se é assim, prefiro fazer o estágio, porque se não me adaptar ao trabalho, nem a Petrobras gasta dinheiro comigo e nem eu perco tempo”. Aí me inscrevi na terceira turma do curso de especialista de indústria e petróleo e fui lotado em Candeias, no histórico Campo de Candeias. Tenho muita saudade de lá, onde surgiu o primeiro campo de petróleo no Brasil, o primeiro ponto produtor comercial é o C1, Candeias 1. Eu entrei na Petrobras em 1º de setembro de 1956. A Petrobras foi criada em 55, 54. Eu entrei, me inscrevi no curso, entrei como auxiliar de campo, e aí me jogaram para trabalhar em Candeias. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Em Candeias de Campo, quando saltei do trem, de noite, já tinha um caminhão esperando. Fui eu...
Continuar leituraIDENTIFICAÇÃO Meu nome é Wilton Valença da Silva. Nasci em Ilhéus, Bahia, em 22 de outubro de 1933. INGRESSO NA PETROBRAS Meu ingresso foi posterior à criação da Petrobras. Eu estudava no Rio de Janeiro, tive uma doença, cancelei minha matrícula e vim para a Bahia descansar. Quando fiquei bom, aqui no interior, voltei para Salvador, saltei na calçada e aí vi, numa banca de jornal, que até hoje existe lá, “Petrobras, curso de formação de especialista de indústria e petróleo”. Então parei e disse para mim mesmo: “Estou com a minha matrícula trancada, durante 2 anos não posso sair daqui, então vou me matricular nesse curso, para eu sentir realmente na prática, se o que defendi na teoria, na campanha ‘O Petróleo é Nosso’ , estava correto”. Quando cheguei no centro de treinamento, o chefe do centro virou-se para mim, o doutor Salomão, e disse: “Jovem, essa turma sua é a terceira. Você quer fazer primeiro curso ou estágio?” Parei e disse: “Doutor, por que o senhor está me fazenda essa pergunta?” “Estou lhe fazendo essa pergunta, porque das duas turmas formadas, mais de 80% dos formandos desistiram” “Então, bom, se é assim, prefiro fazer o estágio, porque se não me adaptar ao trabalho, nem a Petrobras gasta dinheiro comigo e nem eu perco tempo”. Aí me inscrevi na terceira turma do curso de especialista de indústria e petróleo e fui lotado em Candeias, no histórico Campo de Candeias. Tenho muita saudade de lá, onde surgiu o primeiro campo de petróleo no Brasil, o primeiro ponto produtor comercial é o C1, Candeias 1. Eu entrei na Petrobras em 1º de setembro de 1956. A Petrobras foi criada em 55, 54. Eu entrei, me inscrevi no curso, entrei como auxiliar de campo, e aí me jogaram para trabalhar em Candeias. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Em Candeias de Campo, quando saltei do trem, de noite, já tinha um caminhão esperando. Fui eu e mais oito companheiros para lá. Quando saltei no campo, me jogaram num acampamento técnico e os outros seis companheiros foram para o campo de pessoal. De manhã, na hora do café, olhei para o lado e não encontrei ninguém dos que foram comigo. Quando cheguei na área de serviço para pegar o transporte, perguntei ao meu apontador o que tinha acontecido. Ele disse “O problema é o seguinte, você ficou no acampamento técnico, porque você já tem formação, início de curso superior, e os outros não têm”. “Não, nós estamos aqui em igualdade, essa diferença eu não aceito não”. “Então essa conversa não é comigo, quando você voltar do serviço, de tarde, vá ao escritório e acerta lá com seu escritório”. Fui trabalhar, à tarde, voltei e o chefe me explicou que era uma ordem de Jequitaia. “Mas eu não aceito não”. Então, fui por conta própria para o alojamento, ficar com meus companheiros. Já existia uma luta, já existia uma associação profissional para ser transformada em sindicato, me envolveram também nessa luta, e eu disse: “Aceito com uma condição. Meu projeto é levar 2 anos aqui, porque pretendo voltar para o Rio para concluir meus estudos. Então eu posso ajudar, mas não quero participar de chapa coisa nenhuma”. O chefe de perfuração gostava muito de mim. Quando eu estava numa hora vaga, ele deixava o carro à minha disposição para correr as áreas. Eu corria essas áreas todas, pegando o pessoal da perfuração, para jogar dentro da associação, para a gente ter um número grande e se transformar em sindicato. Quando veio o Sindicato em 56, 57, inclusive, assisti à assinatura da carta, foi Percival Barroso, que era deputado pelo Ceará, muito ligado a Jango, essa coisa toda. A carta saiu na base de amizades, porque a empresa achava que dentro da Petrobras não devia existir sindicato, porque dentro, todo mundo era igual, tinha chefia, mas todos eram iguais. Mas, isso, só na teoria funcionava, porque na pratica, não. Ainda mais aqui na Bahia. Os companheiros velhos do conselho, a esses eu quero fazer uma homenagem, esses realmente são os pioneiros, tinham ciúmes da gente, porque sabiam que os especialistas iam tomar, no futuro, o lugar deles, porque a Petrobras estava desenvolvendo e tinha que fazer isso. Mas a gente criou uma associação profissional lá em Candeias e, graças a Deus, conseguiu terminar com essa luta, unindo os velhos com os novos, graças a Deus. SINDICATO - STIEP Fui o segundo presidente do sindicato, o primeiro eu não quis. Na hora de fazer a chapa, quando veio a carta sindical, falei “eu não quero participar da chapa, porque meu objetivo é, daqui a 2 anos, voltar para estudar. Vou lutar na sua eleição, como lutei pela criação da associação, que se transformou em sindicato. Mas, fazer parte da chapa, eu não faço”. Ajudei a eleição dele e tudo, terminou o mandato dele e depois o que aconteceu, ele não se saiu bem. O sindicato naquela época, o Sindicato da Petrobras, o nosso aqui, o Stiep, foi o primeiro sindicato de petróleo no Brasil. Depois veio Cubatão, Rio de Janeiro e o daqui, da Refinaria, os quatro primeiros. Esses quatro sindicatos ajudaram muita gente. A gente lutou pelo interesse do trabalhador, mas, esses quatro, deram uma ajuda fabulosa ao desenvolvimento da Petrobras. A principal luta foi junto com o sindipetro, porque, naquela época, os companheiros de Cubatão tinham um salário e nós, aqui na Bahia, outro salário. Os salários não eram iguais, a gente descobriu. O pessoal da refinaria começou uma luta exatamente pela equiparação, criaram até um slogan: “Pára, equipara ou pára”. Essa luta começou, houve uma parada. O diretor da área, o doutor Pinto de Aguiar, que era baiano, veio aqui, a gente fez um comício lá em Candeias e ele explicou que a Petrobras estava nascendo naquela época. Reconhecia que a diretoria, a Petrobras, tinha que fazer essa equiparação, mas ela não tinha dinheiro para fazer. Entendi isso, porque, realmente, eu entrei na Petrobrás, me julgo como um soldado raso, até escrevi isso. Entrei no sindicato, mais para ajudar a empresa a crescer, porque eu queria ver a Petrobras crescer. Então, aceitei a tese dele. Mas, os companheiros da refinaria não aceitaram, queriam de qualquer forma parar e essa coisa toda. Sei que não veio coisa nenhuma. Foi com o segundo presidente, Francisco Mangabeira, que eu consegui, porque a Petrobras já estava numa situação financeira melhor. Com Francisco Mangabeira, fizemos a primeira Convenção Nacional dos Trabalhadores de Petróleo aqui na Bahia. Ele veio nessa convenção, está tudo escrito aí, e assinou a equiparação no ato. Foi um negócio lindo. Então ficou tudo certo. A gente começou a ganhar igual a São Paulo e, depois, nós soubemos porque São Paulo ganhava mais. É outra história, não vou entrar nisso. Na Bahia, os primeiros trabalhadores da Petrobras saíam do engenho de cana-de-açúcar. Em São Paulo foi diferente, porque tinha que ser diferente mesmo. Então aqui tudo começou nessa base, os operários eram realmente trabalhadores de cana-de-açúcar, semi-analfabetos. Os maiores técnicos de petróleo, de perfuração. Mestre Jonas foi um cara fabuloso, analfabeto. Então a luta nasceu disso. Com a equiparação, a Petrobras gastou muito dinheiro, então assumimos um compromisso, na região, porque a região era a mais antiga, mas tinha muitos problemas. Um dos problemas que a gente descobriu foi que, todo material, nosso, era importando naquela época e o Banco do Brasil, a Cacex e a Simox exigiam o depósito em cruzeiros, mas não liberavam o dólar para a gente comprar o material nos Estados Unidos. Tudo vinha de lá. Nós apresentamos uma queixa, o ministro interino da Fazenda, Antônio Balbino, era baiano. Fomos a ele com um pedido de material. Ele, na mesma hora ligou para o superintendente e mandou, depois assinou, a Cacex liberar os dólares que a Petrobras precisava, para comprar esse material. Quando o material chegou aqui nas Docas, foi uma festa grande. A gente levou todo mundo lá para as Docas, foi superintendente, associação. Hoje, os engenheiros têm associação própria, mas naquela época só existia a Associação dos Engenheiros da Bahia, do Recôncavo. Então fizemos uma reunião no ato com o pessoal, com o superintendente, e assumimos um compromisso. Já que tivemos a equiparação, a gente ia fazer de tudo para aumentar a produção. Na época, a produção estava marcada para 100 mil barris. Com o trabalho que fizemos, trabalhamos dia e noite sem descanso, foi a 103 mil barris. Ultrapassamos Foi uma outra festa muito linda. Tudo isso, tivemos companheiros que adoeceram, que trabalharam todos os dias o dia todo, não é brincadeira. Companheiros que morreram, uns dois ou três morreram, virada de carro, com sono e trabalhando, ir para o poço, morreram. Com Geonisio Barroso, o presidente do sindicato, nós criamos dentro da Petrobras uma complementação salarial. Para atender - porque o salário do INSS é pouco - esses companheiros doentes, que ficaram muito fora da função, não podiam ser aproveitados em outra função. Então, quando veio a Petros, acabou essa complementação, veio a suplementação, que foi um trabalho mais amplo. O Superintendente de Pessoal da Petrobras, na Petros, que veio do Dasp, José Arantes era um cara que conhecia esse trabalho. Ele trouxe do Banco do Brasil, que o Banco do Brasil é perfeito e aplicou. Aí, o negócio foi melhorando. Nossa segunda luta importante, foi essa. Depois, criamos em função disso, porque a unidade é antiga, uma comissão de produtividade, para ver o que está acontecendo com a produção, o que precisa fazer. O Francisco Mangabeira, que era presidente, criou a comissão a pedido do nosso sindicato. Depois estendeu para todas as unidades. Nessa comissão, estou com o relatório, o ponto de atrito da região, aqui, era o departamento de material, que não funcionava. Então, esses dados todos foram para a Petrobras e ela melhorou a situação. Tudo isso foi um trabalho do finado Stiep, que morreu há muito tempo. Veio a união depois com o sindicato da refinaria e, agora, com os petroquímicos, o sindicato já é outro. No trabalho, a gente teve essas lutas todas. Como a minha área foi industrial, está escrito aí Sindi-Industrial, eu conheci o arsenal da Marinha do Exercito, lá no Cajú. Fui lá várias vezes, achei o negócio lindo. Depois, eu levei o doutor Renato do Amaral, o primeiro diretor de operações da Petrobras no governo do Juraci Magalhães, que foi o primeiro presidente da Petrobras. Ficaram encantados, tanto que, depois, ele levou o Francisco Mangabeira. A Petrobras, com o serviço de materiais, fez lá um acordo e o Exército começou a recuperar nosso material velho. A gente usava material de perfuração, depois jogava fora, para poder comprar novo, no Estados Unidos. Tudo era importando e a gente não tinha dólar, nessa época, para fazer isso. Tudo jogava fora. Aí, o Exército começou a fazer, eu escrevi, está tudo escrito, um negócio lindo. Fizemos essas coisas para ver a Petrobras crescer. CONSELHO NACIONAL DE PETRÓLEO Muitos engenheiros - antes da minha época, de me apresentar, lá no Dppa, Departamento de Rede e Exploração - não sabem que, o primeiro poço marítimo do Brasil foi aqui, no Campo de Dom João, ao sul da refinaria. Era um campo raso, mas mais profundo que o primeiro poço, lá do mar do norte dos ingleses. Mas, esses ingleses foram técnicos e, aqui, foram brasileiros que construíram. O Geonisio Barroso foi para os Estados Unidos, fez um curso, se especializou em técnico de produção, com Haroldo Ramos, que fundou a Embepe, essa coisa toda. O Haroldo é um cara fabuloso, acho que morreu antes do tempo. O Barroso, quando voltou dos Estados Unidos, José Lima o nomeou superintendente, mas antes dele foi o Villar, Luiz da Silva Villar, engenheiro, também, e primeiro superintendente da Refinaria. Esse também foi um cara fabuloso. No problema de Dom João, Geonisio era superintendente de produção e Villar de material. Na época da criação da Refinaria de Mataripe, em matéria de refinaria os americanos são os maiores, até hoje, eles indicaram uma firma de pessoas, no Rio de Janeiro, para fazer a terraplanagem. Mas o doutor Pedro de Moura, que para mim foi o geólogo maior da Petrobras, descobriu que o trabalho dessa firma estava errado e estava cobrando uma fortuna, para poder fazer. Aí ele mesmo, como era superintendente, ainda, do Conselho Nacional do Petróleo, superintendente da Bahia, tinha autoridade. Dissolveu essa empresa, e foi ele construir também a terraplanagem. Luiz da Silva Villar foi o técnico que fez, com mais dois engenheiros, a terraplanagem. Era o doutor Villar, o doutor Gilberto Franco, esse Gilberto foi um dos primeiros planejadores da construção da coisa, da ampliação da refinaria. Então, por isso que estou falando o negócio do Conselho. Eles, quando estavam estudando, já no último ano de engenharia... Fernando Santana, você deve ter pelo menos ouvido falar, porque já está com 90 anos, era presidente da União do Estudante da Bahia. Foi ele que agitou a vinda de Getúlio Vargas, aqui, para a Bahia. Getúlio veio visitar Candeias 1 e ele foi a Getúlio pedir autorização para alguns dos formandos de engenharia fazerem estágio na Petrobras. Desse estágio, o que aconteceu? Veio Villar, o Barroso, veio até Norberto Odebrech, dono da Norberto Odebrech. Norberto não veio, minto, não veio porque é um homem rico, veio da Itália rico. Já estava na cabeça dele que depois de formado, ia montar a firma dele e ficou no Rio de Janeiro, não entrou na Petrobras. A gente tinha uma base lá no Maranhão, em Barreirinhas, não existia trabalho coisa nenhuma, estrada. O Villar foi à frente, um homem doente depois, tem problema de gota, fez a terraplanagem, pôs uma sonda e foi embora para Barreirinhas. A sonda foi e infelizmente não encontrou óleo, porque a capacidade é funda e não foi até onde era preciso. Mas ele fez um trabalho fabuloso. Construiu a Copebe, Conjunto Petroquímico, primeira unidade aqui na Bahia. Em São Paulo, na época, já estava na agenda do diretor da Copebe a construção do Conjunto Petroquímico de São Paulo. O trabalho de Rômulo Almeida, o homem, na época de Getúlio, que coordenou a criação da lei 2004. Já estava na cabeça dele o pólo, para poder apresentar derivados de petróleo. Então já estava no plano da Petrobras fazer essa coisa. Porém um dia, o Presidente da Assembléia, Jutair Magalhães, recebeu um telefonema do pai, o governador Juraci Magalhães. Pedia para eu ir até o gabinete dele. Eu era do Partido Socialista, o Juraci era DN, mas era governador e me mandou chamar. Tive que ir lá. Ele era muito educado, já estava na escada me esperando, quando eu cheguei lá: “Deputado, eu mandei lhe chamar, porque já estou com a passagem aqui da Vasp que o Ademar de Barros (governador de São Paulo) me mandou. Ele quer uma conversa com urgência com você”. O carro, então, já me levou para o aeroporto. Quando chego em São Paulo, no Palácio, Ademar, vermelho, não usava manga, e começou já meio nervoso: “Deputado, eu mandei lhe chamar para lhe dizer que, nós paulistas não vamos permitir que a Bahia crie o pólo petroquímico”. Eu fiquei parado, ele era governador, mandou me chamar, mandou uma passagem, fiquei ouvindo. Quando ele terminou de falar, eu disse: “Governador, o senhor terminou, dá licença”. A mesma escada que subi, eu desci. Nem peguei o carro que estava lá esperando, peguei um táxi, fui para o aeroporto e fui para o Rio. Cheguei no Rio e fui para o gabinete de Jairo que era diretor, foi superintendente da Refinaria depois foi diretor, tinha intimidade com ele: “Jairo, se passou isso, isso, isso”. Ele disse: “Você pode voltar e dizer aos seus companheiros que, o quê nós estamos fazendo é revelando os planos, mas o pólo vai ser construído na Bahia”. Eu disse: “Quero que você escreva isso”. Ele passou um telegrama, receberam o telegrama no sindicato e botaram no jornal. Saiu no jornal que Jairo afirmou que ia sair o pólo na Bahia e saiu. Na nossa gestão, como presidente, o nosso projeto era construir um hospital regional dos petroleiros, porque, naquela época, fazia parte do antigo Epitec, hospital de transporte. Queríamos construir o hospital da gente. Então, a prefeitura, lá de Camaçari - o prefeito era filho de um petroleiro - desapropriou uma fazenda, a Olho D’água, me lembro como se fosse hoje, na entrada de Camaçari, e colocou à disposição do sindicato, para a gente construir esse hospital. Acontece que veio 64, veio a cassação e não tive condições de fazer mais nada. Mas a Petrobras se aproveitou desse terreno e construiu uma unidade, que foi a primeira unidade petroquímica, e está lá até hoje, e nasceu o pólo na Bahia. Esse trabalho que me deixou à vontade. Esse Villar construiu lá, foi ele e o superintendente do pólo. Essa foi a primeira unidade. Depois ele foi para Catu, construiu ponto de gasolina natural e depois, em Candeias, a planta de gasolina natural. É um cara que tem uma fibra fabulosa. Todos esses técnicos da velha guarda tem fibra, por isso estou dizendo, que a gente precisa agradecer, porque foram eles realmente os pioneiros. Era isso que eu tinha de dizer. ENTREVISTA Acho que a essa altura da vida, em outubro estou fazendo 80, para mim talvez seja a última. Não é a última, Deus vai permitir, vai me dar vida, porque tem um projeto, fazer ainda em Candeias um memorial sobre o Pedro de Moura. Foi ele que descobriu petróleo lá em Candeias, Candeias 1, o primeiro campo comercial do Brasil. Deus vai permitir eu ter saúde ainda. Agora o diretor financeiro é amigo nosso, é o Gabriele aqui da Bahia. Foi com ele que fundamos o PT. Hoje não estou mais em partido político, estou aposentado e dei a minha contribuição. Fiz o que tinha que fazer. Depois que saí não quero, tem o Gabriele, tem o diretor da área de exploração que é um gaúcho fabuloso, um técnico, e tem o presidente que é aqui de Sergipe, foi senador e é presidente. Depois que passar essas coisas, vou me juntar aos três para fazer o Memorial Pedro de Moura em Candeias. Aí dou por encerrada a minha missão, com fé em Deus.
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