Meu nome é Waldo Gomes dos Santos, eu nasci em São João de Meriti, no Estado do Rio de Janeiro, no dia três de outubro de 1963.
Eu sou engenheiro mecânico com especialização em terminais e oleodutos.
Eu entrei na Petrobras em 1989. Naquela oportunidade surgiu um concurso para operador com experiência. Eu tinha formação de marítimo, sou oficial de máquinas da Marinha Mercante. Conversando com um colega, ele olhou e falou: “Olha, eu acho que isso aqui se enquadra no que a gente costuma fazer aqui no navio.” E como já não era mais de interesse nosso permanecer viajando, nós resolvemos fazer esse concurso para operador com experiência. Fiz o concurso, fui aprovado e comecei a trabalhar na Reduc [Refinaria de Duque de Caxias], no Rio de Janeiro, em 1989. Fiquei lá até 2003, mas nesse período eu fiz vestibular para Universidade Federal do Rio de Janeiro e comecei a fazer engenharia mecânica. Inicialmente eu ia fazer engenharia naval, mas no final dos anos 1980 e começo dos 1990 a indústria naval estava passando por sérias dificuldades, então eu achei por bem redirecionar o meu curso e passei então para engenharia mecânica. Um pouco depois eu mudei de faculdade, fui para o Cefet-RJ [Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio
Logo depois de formado eu fiquei aguardando uma oportunidade para um concurso na área de engenharia e essa oportunidade apareceu em 2002, quando houve um concurso para Transpetro [Petrobras Transporte S.A.] Eu prestei o concurso, fui aprovado, e em março de 2003 eu pedi demissão da Petrobras, no mesmo dia em que fui admitido na Transpetro. Entrei como engenheiro mecânico e fiz um curso de um pouco mais de um ano me especializando em engenharia de terminais e oleodutos. O curso eu fiz lá no Maracanã, na Universidade Corporativa, pela própria Transpetro.
Eu comecei na Reduc trabalhando na área de utilidades como Operador 1. Basicamente não era muito diferente de um navio, haviam bombas, compressores,...
Continuar leituraMeu nome é Waldo Gomes dos Santos, eu nasci em São João de Meriti, no Estado do Rio de Janeiro, no dia três de outubro de 1963.
Eu sou engenheiro mecânico com especialização em terminais e oleodutos.
Eu entrei na Petrobras em 1989. Naquela oportunidade surgiu um concurso para operador com experiência. Eu tinha formação de marítimo, sou oficial de máquinas da Marinha Mercante. Conversando com um colega, ele olhou e falou: “Olha, eu acho que isso aqui se enquadra no que a gente costuma fazer aqui no navio.” E como já não era mais de interesse nosso permanecer viajando, nós resolvemos fazer esse concurso para operador com experiência. Fiz o concurso, fui aprovado e comecei a trabalhar na Reduc [Refinaria de Duque de Caxias], no Rio de Janeiro, em 1989. Fiquei lá até 2003, mas nesse período eu fiz vestibular para Universidade Federal do Rio de Janeiro e comecei a fazer engenharia mecânica. Inicialmente eu ia fazer engenharia naval, mas no final dos anos 1980 e começo dos 1990 a indústria naval estava passando por sérias dificuldades, então eu achei por bem redirecionar o meu curso e passei então para engenharia mecânica. Um pouco depois eu mudei de faculdade, fui para o Cefet-RJ [Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio
Logo depois de formado eu fiquei aguardando uma oportunidade para um concurso na área de engenharia e essa oportunidade apareceu em 2002, quando houve um concurso para Transpetro [Petrobras Transporte S.A.] Eu prestei o concurso, fui aprovado, e em março de 2003 eu pedi demissão da Petrobras, no mesmo dia em que fui admitido na Transpetro. Entrei como engenheiro mecânico e fiz um curso de um pouco mais de um ano me especializando em engenharia de terminais e oleodutos. O curso eu fiz lá no Maracanã, na Universidade Corporativa, pela própria Transpetro.
Eu comecei na Reduc trabalhando na área de utilidades como Operador 1. Basicamente não era muito diferente de um navio, haviam bombas, compressores, caldeiras e o objetivo do trabalho era fornecer as utilidades para as demais unidades. As demais unidades tinham como objetivo fazer as transformações, do petróleo e dos seus derivados. As unidades – no caso, eu trabalhei na unidade 2200 e na unidade 1320 – tinham como finalidade oferecer as utilidades para que as outras pudessem executar o seu plano. Nós oferecíamos ar comprimido, vapor, água, enfim, as utilidades que as outras unidades precisavam para fazer a quebra do petróleo. Fiquei executando esse trabalho por 13 anos mais ou menos.
Houve uma diferença muito grande na Reduc desde que eu entrei lá. Hoje em dia aquilo ali já está bem diferente do que estava há 20 anos. No meu tempo de Reduc foram construídas novas unidades, próximo da unidade 2200, por exemplo, havia unidades novas que tratavam a gasolina, faziam um produto melhor, com mais qualidade para agregar valor ao produto. Essas unidades quando eu saí já estavam operando, só com esse exemplo é possível perceber que houve grandes mudanças.
Na Transpetro eu fiz o curso de especialização em engenharia de terminais e oleodutos. Na minha turma havia engenheiros mecânicos, poucos engenheiros civis e também engenheiros químicos. Todos nós saímos do curso para trabalhar, basicamente, nos terminais terrestres e nos terminais aquaviários da Transpetro. A princípio, eu teria ido para a sede. A minha vaga era para trabalhar em terminais aquaviários na sede. Por que terminais aquaviários? Eu escolhi essa vaga, na verdade era uma briga forte para escolher as vagas, por dois motivos: primeiro, porque era no Rio de Janeiro, que era o lugar onde eu morava; e, segundo, porque era uma vaga de terminais aquaviários que tinha alguma interface com navios, que é uma atividade que eu também gosto. Antes de ter entrado para Petrobras eu trabalhei como oficial de marinha mercante, eu me formei como oficial de marinha mercante com especialidade em máquinas, em 1984. A ida para terminais aquaviários me daria de volta essa oportunidade de trabalhar próximo aos navios. Eu gostava muito dos navios, só não gostava muito de viajar, de ficar muito tempo longe de casa, por isso eu não consegui me adaptar. Porém eu não cheguei a ir para sede, porque na fase dos estágios da Petrobras, eu fui fazer uma visita ao terminal aquaviário na Baía de Guanabara e conheci o gerente de lá, que era o engenheiro Paulo Pestiná, que atualmente é o nosso gerente executivo. Ele era gerente do terminal e conversando com os operadores, com os técnicos de manutenção e operação, que estavam nos acompanhando, eu comentei que era oriundo de navio e que também tinha sido operador na Reduc. Como ele tinha uma vaga naquele terminal pediu para que eu fosse conversar com ele. Eu fui lá conversar com ele e falei um pouquinho sobre essa minha experiência anterior relacionada a navio e também à operação, que era, basicamente, o que era feito na ilha. Diante da minha experiência ele me convidou se eu não queria, ao invés de ir para sede, trabalhar na Baía de Guanabara. Eu falei: “Ah, eu acho ótimo. Se você puder, então, me transferir para cá, eu vou ficar muito feliz” Eu nem cheguei a começar a trabalhar na sede, já comecei no terminal na Baía de Guanabara.
Quando eu comecei a estudar os processos lá do Tabg [Terminal Aquaviário da Baía de Guanabara], isso em meados de 2004, aconteceu do Terminal de São Sebastião precisar de algumas pessoas para ajudar a reforçar o seu time por um período. Alguém tinha que vir para cá numa situação de empréstimo, eu vim para cá emprestado. Eu disse na época que não teria nenhum problema para mim, que eu poderia ir tranquilamente, seria até bom viajar. Eu precisaria fazer novos memoriais descritivos para os contratos e também reforçar a equipe. Enfim, seis pessoas de diferentes locais do Brasil vieram para cá, para o Terminal São Sebastião. Nessa oportunidade eu conheci o gerente daqui, que era o Geraldo Mafurte, que hoje em dia é gerente do terminal terrestre lá em Duque de Caxias. Eu o conheci antes de começar o trabalho, até para que ele pudesse nortear o que seria preciso fazer, porque a ajuda estava sendo oferecida pelo gerente geral, eu ainda não sabia direito o que seria preciso ser feito. Eu me apresentei para ajudar e eu achava que o trabalho seria na operação, porque até então, eu tinha, basicamente, trabalhado em operação na Petrobras. Mas quando cheguei aqui o gerente me falou: “Eu já tenho bastante ajuda para operação, eu precisava que você me apoiasse na manutenção.” Eu falei: “Não tem nenhum problema. Eu estou aqui para ajudar e se for essa a sua intenção, eu vou para a manutenção. Não tenho muita experiência em manutenção, mas eu faço o que for possível.” Eu comecei a fazer um trabalho na manutenção e passei a conhecer mais o trabalho nessa área. Fiquei aqui durante seis meses, até o final de 2004. Trabalhei em todos os memoriais descritivos que tinha na manutenção, que são cinco contratos diferentes. Também trabalhei apoiando a área de caldeiraria. Na ocasião em que eu estava aqui de empréstimo aconteceu um acidente com um navio aqui e uma das defensas nossas foi avariada, eu trabalhei lá na área, lá no píer na desmontagem dessa defensa, e nisso o Geraldo gostou do meu trabalho e me convidou para permanecer no terminal. Só que a minha vaga não era aqui, a minha vaga era na Tabg, então não deu pra fechar essa minha permanência e acabei retornando. Voltei no final de 2004 e começo de 2005. Passei todo o ano de 2005 apoiando a operação e a gestão do Terminal, mas no final desse ano o Geraldo me ligou novamente: “Olha, eu preciso que você venha para cá, mas dessa vez em definitivo, para trabalhar coordenando a manutenção do terminal, porque o nosso coordenador de manutenção pediu para sair. Ele está indo para outra vaga. A vaga está em aberto e eu gostei do seu trabalho aqui com a gente. Eu achei interessante, era uma boa oportunidade, apesar de eu ter pouca experiência, naquela época, em manutenção, mas a coisa parecia ser bastante dinâmica e era uma oportunidade ótima. E isso se consolidou realmente. Eu falei que iria. Vim para cá, encarei esse desafio, e estou aqui há três anos e pouco nessa luta com a manutenção. A equipe desde que entrei já cresceu um pouco, conseguimos uma reformulação. Hoje em dia temos uma equipe de planejamento. As atividades estão rodando um pouco mais fácil, mas está bem bacana trabalhar na manutenção. Eu já me acostumei com essa idéia, parece que eu sempre trabalhei na manutenção.
O memorial descritivo é um documento técnico onde você descreve tudo que vai esperar de um contrato. Se você vai, por exemplo, precisar de um contrato de mecânica, você coloca lá no seu memorial descritivo todas as atividades que a contratada vai ter que executar no andamento daquele contrato. Você coloca ali que tem tantas bombas com tal potência, outras bombas com outras potências e que ele vai ter que cuidar das caixetas, dos selos mecânicos, do rotor etc. É um documento técnico, que é um anexo do contrato, e o contratado antes de fornecer o seu preço, evidentemente, tem que conhecer muito bem o memorial descritivo, para ter conhecimento do trabalho a ser executado e desse modo dar o seu preço.
A diferença do Tebar é o tamanho. O Tebar é o maior terminal aquaviário que nós temos na Transpetro. Tudo aqui é muito grande, os equipamentos e os tanques são enormes. Além disso, nós bombeamos para quatro refinarias diferentes, todas de São Paulo. É um terminal que, estrategicamente, é muito importante. O Tabg tem algumas coisas especificidades, são ilhas, então tem aquelas dificuldades a mais de localização. É preciso ter alguns cuidados a mais, não pode nem pensar em vazamento, porque vai direto na água. São terminais com características diferentes, mas, na verdade, o dia a dia acaba se tornando parecido porque o objetivo do terminal acaba sendo mesmo transferir o petróleo do navio para os terminais terrestres ou paras refinarias ou então ao contrário. A Petrobras, como a Transpetro, procura padronizar o trabalho. De uma maneira geral, os procedimentos são muito parecidos.
Aqui no nosso terminal nós bombeamos petróleo para RPBC [Refinaria Presidente Bernardes] e para a RECAP [Refinaria de Capuava], por esse duto Osbat [oleoduto São Sebastião - Cubatão], e além disso para Paulínia e São José dos Campos, pelo duto Osvat [oleoduto São Sebastião-Vale do Paraíba]. O óleo que nós recebemos a maior parte vem da Bacia de Campos. Temos algum petróleo importado ainda, temos algum petróleo que vem do Espírito Santo, mas a maior parte é da Bacia de Campos.
A novidade do dia de hoje é que temos um navio aqui que está operando pela primeira vez com petróleo do campo de Tupi, que é uma recente descoberta da Petrobras, que deve mudar até a matriz de petróleo do país. É bem interessante e muito bacana, todo mundo está bastante feliz com isso, já ouvimos falar há algum tempo dessa questão do campo de Tupi, do Pré-Sal, mas uma coisa é você ouvir falar e saber que está sendo pesquisada, outra é você realmente receber o petróleo que vem de lá, e perceber que tanta pesquisa teve um resultado palpável. Estamos transferindo esse óleo para os nosso tanques para ser bombeado daqui a pouquinho no Osbat.
O projeto para ampliação do terminal já está em andamento. Outros dois berços vão ser instalados aqui no terminal. É um projeto que já está andando e acredito que essa matriz de petróleo deve ir mudando com o tempo. Não sabemos exatamente qual vai ser a estratégia da companhia, mas de qualquer forma, o terminal de São Sebastião tem que estar preparado para receber quantidades cada vez maiores. A existência desses dois novos berços já vai ser para desafogar a taxa de ocupação dos nossos berços, que é bastante alta, para adequar ao número mais próximo das médias.
A manutenção é o time que não é para aparecer muito. A manutenção quando não aparece muito é que está tudo bem e a operação está jogando bem, eu diria. Nós temos lá na manutenção um time com 35 pessoas próprias e cedidas. Quando dizemos própria, estamos nos referindo tanto a um empregado da própria Transpetro, como cedido da Petrobras, proveniente do antigo departamento de transporte, o Detran. Temos, portanto, 35 próprios e cerca de 200 contratados. Esses contratados são divididos em cinco contratos que nós chamamos de contratos de demanda continuada. Temos o contrato de mecânica, que é para exatamente tratar da parte mecânica dos nossos equipamentos; temos um contrato de elétrica, que faz a parte de elétrica e instrumentação e também cuida dos nossos equipamentos; o contrato da caldeiraria, que trata mais da questão dos tanques e dos dutos, como troca de um trecho de linha que estiver fora de especificação; o contrato de limpeza industrial dá conta de manter tudo funcionando, tudo limpo e se, eventualmente, acontecer um acidente, o pessoal está preparado para dar o primeiro atendimento; e por fim, temos o contrato de pintura, considerando-se o píer uma área bastante agressiva, porque está praticamente no meio do mar. Temos que fazer a preventiva de pintura para poder manter esses dutos sempre íntegros. Nesses cinco contratos nós temos cerca de 200 pessoas trabalhando. Nosso objetivo é manter tudo funcionando. Para que isso ocorra nós não trabalhamos só em corretivo, pelo contrário, procuramos fazer o mínimo de corretivo, fazemos a preventiva, sempre nos antecipamos. A manutenção tem plano de manutenção preventiva para todos os principais equipamentos que nós temos. Nós paramos equipamentos antes da falha e executamos as tarefas que precisam ser executadas. Descobrimos antes de acontecer a falha, e, desse modo, providenciamos a substituição do equipamento. Aqui no terminal nós já tínhamos os planos de manutenção, mas quando eu cheguei, nós recebemos mais 12 técnicos, porque precisávamos de recursos humanos para poder fazer frente às necessidades de tocar os processos, os padrões etc. Com a chegada de mais 12 novos técnicos, passamos a contar com 35 pessoas. E com essa equipe enfim conseguimos implantar um grupo que chamamos de Grupo de Planejamento, que trabalha, basicamente, planejando as paradas de manutenção preventiva. É evidente que eles também fazem alguma coisa de manutenção corretiva, porque se algum equipamento falha, nós temos que dar conta de executar a manutenção. Mas esse grupo trabalha fortemente para melhorar, cada vez mais, a manutenção preventiva, de forma que em algum dia atingiremos o marco, que é não ter uma manutenção corretiva. Essa sempre tem que ser a nossa meta, mas é claro que tem muita coisa ainda a ser resolvida, tem um tipo de equipamento, por exemplo, que você tem que ir até o limite com ele porque a manutenção sempre é custo. Costumamos dizer que a manutenção não é um custo, é um investimento. Você investe aquele valor ali para não ter problema, para não parar, evitando um custo maior no futuro.
Os nossos equipamentos são relativamente antigos, mas nós fazemos uma manutenção dentro dos parâmetros informados pelos fabricantes. Nós não costumamos ter muitos problemas pela idade deles. Eu acho que o que dá mais trabalho é a parte de caldeiraria, porque a nossa área é muito agressiva, temos que ter muito cuidado com a questão da pintura, que protege bastante das intempéries e, de uma maneira geral, consegue fazer o equipamento ficar íntegro por mais tempo. Existe uma atividade que não é da manutenção, mas que é importantíssima para trabalhar junto com a manutenção, que é o relacionamento com o pessoal lá da inspeção de equipamentos, porque eles sempre sinalizam, por exemplo, em relação ao estado das tubulações, informando se elas estão precisando de alguma intervenção da manutenção. Eu acho que temos bastante cuidado com a parte de elétrica.
Nos últimos anos houve muitos acidentes na área de elétrica e nós estamos fazendo no terminal um trabalho bastante forte ligado à área de manutenção elétrica. Implantamos aqui a NR-10, que é a norma que trata dessas intervenções de equipamentos elétricos em si. Nós estamos modernizando os nossos painéis elétricos. Estamos dando uma atenção maior à parte elétrica para evitar os acidentes. A energia elétrica você não enxerga e às vezes você tem que fazer alguma intervenção num painel que está energizado e isso é algo bem perigoso. Estamos modernizando os nossos painéis, inclusive, com proteção contra arco de voltagem. Existem painéis antigos que não é preciso nem ter um contato para ser atingido, bastando apenas que você esteja próximo, com alguma parte metálica capaz de permitir uma transferência de elétrons, isto é, que exista um arco entre você e o painel, aquilo com certeza pode matar a pessoa. Os painéis protegidos contra arco desarmam no início desse processo, ele tem a possibilidade de proteger um trabalhador que, eventualmente, esteja fazendo alguma intervenção, numa parte que está desligada, mas que por um acaso possa chegar a um contato próximo, a uma parte que ainda esteja energizada. Até um chaveiro pode fazer um acidente acontecer. Tem todo esse procedimento, na verdade, a pessoa não deve fazer, não é para fazer uma intervenção com nada disso. Celular, chaveiro e outras coisas do tipo devem ficar fora. O pessoal já sabe disso. Todo mundo recebe um treinamento e a reciclagem nessa nova NR-10 é feita periodicamente. A manutenção é responsável tanto pelos equipamentos do píer, como dos equipamentos que estão aqui no terminal. Fora dos limites do terminal é o pessoal do oleoduto. Aliás, a manutenção do oleoduto é um outro coordenador que vai tomar conta disso.
Hoje em dia quando a Petrobras coloca os projetos para rodar ela cria uma equipe núcleo. Essa equipe núcleo são pessoas dos diversos segmentos que vão acompanhar as reuniões para que elas possam inclusive opinar, oferecer a sua experiência no local que ela conhece mais. A manutenção sempre faz parte da equipe núcleo dos projetos que estão sendo rodados. O projeto do novo píer, por exemplo, tem uma pessoa da manutenção que acompanha as reuniões. O nosso foco não é o projeto, porque isso é feito por quem tem essa especialidade, mas o nosso foco é levar, olhar, observar, ver se aquele projeto que está sendo feito vai permitir uma fácil manutenção. Nossa opinião é sempre no sentido de buscar alguma melhoria a fim de facilitar o trabalho futuro da manutenção.
Aqui sempre tem algum acidente sem afastamento. Procuramos cercar de todas as formas, mas sempre ocorre algo, por exemplo, um cara que vem de bicicleta trabalhar e cai durante o percurso, isso nós tratamos no relatório de RTA, Relatório de Tratamento de Anomalia. Outro dia aconteceu de um rapaz estar fazendo uma arrumação lá na parte de pintura e de repente apareceu por lá uma cobra e tentou pegá-lo. Isso é um acidente, são desvios que temos que tratar e procurar fazer que não aconteça de novo. Mas um acidente grave aqui no terminal, graças a Deus, eu não presenciei. Espero não presenciar nunca. Não consigo relatar algum importante acidente que tenha acontecido. Eu soube de acidentes ocorridos antes da minha chegada, um acidente grave com um painel elétrico.
A Transpetro, a Petrobras, vem investindo muito forte para que não aconteça o acidente ambiental. As nossas linhas quase todas foram substituídas, as que não foram substituídas estão com projeto para isso. O pessoal da inspeção faz um acompanhamento muito próximo dessas tubulações, estão sempre vendo se a tubulação está íntegra. Sempre é verificada a integridade de dutos e de tanques, são muitos projetos que acontecem para que o acidente não ocorra. Mas se chegar a acontecer um acidente, nós também temos uma equipe que está preparada para dar o combate, para poder minimizar uma eventual agressão ao meio ambiente. Nós mesmos na manutenção temos um contrato de limpeza industrial e temos cerca de 40 homens que trabalham em diversas atividades e que podem ser direcionados para dar o primeiro tratamento se houver um acidente de vazamento que possa afetar o meio ambiente. Nós temos também temos o CRE, que é de uma outra coordenadoria, mas que é do terminal também, que também dá o combate. O nosso foco é para que não aconteça, mas se acontecer, nós nos consideramos preparados para dar o combate, minimizar ao máximo as perdas por conta disso.
Eu gostaria de dizer que eu sou um petroleiro nato. Como assim petroleiro nato? Porque eu nasci no mesmo dia do aniversário da Petrobras. Eu nasci no dia 3 de outubro de 1963, no dia que a Petrobras estava comemorando dez anos de vida. Toda a vez que tem a festa de aniversário da empresa, eu dizia que era para mim aquela festa. Demorou um pouco para eu entrar na Petrobras, eu passei por outras atividades primeiro, mas eu sempre fui ligado à empresa, porque quando eu fui para marinha mercante, o primeiro navio que eu tripulei, era um navio da Petrobras. Por coincidência esse navio existe ainda e estava aqui ontem, que é o Diva. Ele estava aqui ontem, eu até queria dar um pulo lá, mas havia mil coisas aqui para fazer, eu não consegui. Mas da próxima vez que ele vier, eu vou lá. Isso é interessante, o primeiro navio que eu tripulei foi esse aí da Petrobras, eu era garoto ainda, menino de uns 19 anos. Depois, antes de eu entrar na Petrobras ainda, eu trabalhei um tempo em estaleiro, porque eu parei de viajar e passei a trabalhar como inspetor de obras de navios, eu fui trabalhar numa terceirizada e ela trabalhava, basicamente, com o Estaleiro Verolme. Eu fui cair na fiscalização de dois navios da Petrobras. Basicamente, no tempo que eu fiquei na Verolme, eu trabalhei na fiscalização de navios da Petrobras. Enfim, depois de um tempo, eu entrei para a Petrobras pela Reduc. Eu pensei o seguinte: “Isso tinha que ser mesmo, não tinha jeito. Tentei ir para um lado e para o outro e acabei aparecendo na Petrobras, para poder comemorar o aniversário junto, senão, não tem graça.”
Ser petroleiro é uma coisa que dá orgulho, dá bastante orgulho. Acho que dá orgulho não só ao trabalhador da Petrobras, mas ao brasileiro de uma maneira geral. Eu me lembro que quando entrei na Reduc, a Petrobras estava buscando melhorar essa questão de importação de petróleo, porque importávamos bastante. O terminal de Angra dos Reis, por exemplo, foi inaugurado em 1977, se a memória não me falta, e ele foi inaugurado para ser um terminal importador, porque tinha muito petróleo para ser importado e os navios eram grandes, precisavam de grande calado, outros terminais não tem uma capacidade de receber navios tão grandes e Angra tinha uma possibilidade de receber navios enormes. Eles podem receber navios VLCC, que são os navios bem grandes, que eram basicamente para receber esse petróleo importado, que era mandado pelo duto ORBIG [Oleoduto Angra-Campos Elíseos] para o Rio de Janeiro, para a Refinaria de Duque de Caxias, ou então para Minas Gerais, para a Regap [Refinaria Gabriel Passos]. Muita coisa aconteceu, a Petrobras investiu muito em pesquisa e descobriu muita coisa na Bacia de Campos, e essa importação de petróleo começou a diminuir. A Petrobras sempre procurou autossuficiência, que seria excelente para o balança comercial do país, porque você ia ter tanto petróleo aqui que não ia depender do mercado externo, as oscilações já não iam te atingir tão fortemente, e eu participei disso. Quer dizer, eu fiquei olhando, eu estava ali trabalhando, oferecendo a minha mão de obra para a companhia. Com o tempo o terminal de Angra dos Reis começou a não ter mais utilidade, não tinha muito o quê fazer com ele, porque quase não estávamos importando mais petróleo. Mas acredito que o pessoal da Petrobras, lá da gerência, já estava pensando no futuro, porque agora o Terminal está virando um exportador. O terminal de Angra dos Reis, de importador, está passando a ser um terminal exportador. O petróleo chega, vai para os tanques de Angra dos Reis, passa por um processo de retirada de água, passa para navios maiores e é exportado. Eu acho que isso é bem a visão do que aconteceu nesse tempo todo. É bem legal todo esse processo e todo mundo se orgulha disso. Acho que todo petroleiro se orgulha muito. Por isso que o orgulho é a característica principal de um petroleiro.
Eu acho importante registrar esse orgulho que nós petroleiros sentimos pela companhia, essa vontade que nós temos de trabalhar, de atingir as metas cada vez mais difíceis. Os desafios são muito grandes, as exigências também, em termos de SMS, de procedimentos. Mas vale a pena trabalhar nessa companhia, nos enche de orgulho. Eu fiquei bastante feliz em contribuir.
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