IDENTIFICAÇÃO
O meu nome é Adélia de Fátima Machado Sabino. Eu nasci no dia quatro de maio de 1959, em Aracaju, Sergipe.
INGRESSO NA PETROBRAS
Eu entrei aqui em 1978, estava fazendo a escola técnica, terminei em 1977 e fiz prova pra cá em 1977. Eu estava no último ano da Escola Técnica de Eletrônica. Fiz prova, passei e fiquei aguardando o chamado. Uma turma entrou em 1977 e eu só fui admitida em 1978. Quer dizer, nesse ano eu estou fazendo 31 anos de empresa. Eu tenho mais tempo aqui do que, (riso) propriamente dito lá fora. Entrei [já] na Reduc. Na época que eu fiz prova pra cá, as provas eram direcionadas para as unidades. Não é como hoje, que é um concurso nacional. Eu fiz prova para cá para ser instrumentista. Eu fui a segunda instrumentista na Petrobras. Tem uma outra colega, que ainda está trabalhando hoje, que foi a primeira mulher na área de manutenção. Quer dizer, nós duas fomos pioneiras nessa área. Eu sempre trabalhei aqui na Refinaria, e sempre trabalhei no mesmo setor. Fui passando todas as etapas dentro da área de Instrumentação, onde sou supervisora de instrumentação. Atualmente estou como coordenadora do Ecolub [Continuidade Operacional na área de Lubrificantes].
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
O trabalho de um instrumentista é fazer manutenção nos equipamentos que controlam ou que estão no nosso parque industrial. Fazemos manutenção em transmissores, em indicadores, controladores e na época nós fazíamos manutenção também na parte de analisadores. Quando eu entrei tudo era 90% pneumático, quer dizer, tudo era ar. Depois foi passando para a parte eletrônica. Hoje [com] a tecnologia, já temos a parte de SDCD [Sistema Digital de Controle Distribuído], temos fieldbus. Toda tecnologia vai mudando e tem que ir acompanhando todas essas mudanças para que você se mantenha no seu trabalho. É isso que um instrumentista faz.
TRABALHO FEMININO
[Trabalhar em meio] a tantos homens? Posso dizer que nunca me arrependi...
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O meu nome é Adélia de Fátima Machado Sabino. Eu nasci no dia quatro de maio de 1959, em Aracaju, Sergipe.
INGRESSO NA PETROBRAS
Eu entrei aqui em 1978, estava fazendo a escola técnica, terminei em 1977 e fiz prova pra cá em 1977. Eu estava no último ano da Escola Técnica de Eletrônica. Fiz prova, passei e fiquei aguardando o chamado. Uma turma entrou em 1977 e eu só fui admitida em 1978. Quer dizer, nesse ano eu estou fazendo 31 anos de empresa. Eu tenho mais tempo aqui do que, (riso) propriamente dito lá fora. Entrei [já] na Reduc. Na época que eu fiz prova pra cá, as provas eram direcionadas para as unidades. Não é como hoje, que é um concurso nacional. Eu fiz prova para cá para ser instrumentista. Eu fui a segunda instrumentista na Petrobras. Tem uma outra colega, que ainda está trabalhando hoje, que foi a primeira mulher na área de manutenção. Quer dizer, nós duas fomos pioneiras nessa área. Eu sempre trabalhei aqui na Refinaria, e sempre trabalhei no mesmo setor. Fui passando todas as etapas dentro da área de Instrumentação, onde sou supervisora de instrumentação. Atualmente estou como coordenadora do Ecolub [Continuidade Operacional na área de Lubrificantes].
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
O trabalho de um instrumentista é fazer manutenção nos equipamentos que controlam ou que estão no nosso parque industrial. Fazemos manutenção em transmissores, em indicadores, controladores e na época nós fazíamos manutenção também na parte de analisadores. Quando eu entrei tudo era 90% pneumático, quer dizer, tudo era ar. Depois foi passando para a parte eletrônica. Hoje [com] a tecnologia, já temos a parte de SDCD [Sistema Digital de Controle Distribuído], temos fieldbus. Toda tecnologia vai mudando e tem que ir acompanhando todas essas mudanças para que você se mantenha no seu trabalho. É isso que um instrumentista faz.
TRABALHO FEMININO
[Trabalhar em meio] a tantos homens? Posso dizer que nunca me arrependi disso. Acho que foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida foi vir trabalhar aqui e justamente no meio masculino. Acho que quando existe amizade é uma amizade muito mais sincera. Não existe uma competitividade, vamos dizer assim, como quando tem muitas mulheres trabalhando. E eu não tenho do que me arrepender de ter trabalhado com os meus amigos. São meus amigos Na época eram colegas e hoje são os meus amigos, tanto aqui dentro como lá fora. São 30 anos de convivência. A gente tem uma história para contar. Eu não tenho o que reclamar. Eu já vinha de uma escola técnica onde, na época, só eram quatro mulheres. Quer dizer, há praticamente 35, era muito difícil ver mulher na escola técnica. 95% eram homens e 5% mulheres. Eu aprendi, tive que aprender novos hábitos, como ler jornal na parte de esporte, acompanhar corrida para que na segunda ou terça-feira eu tivesse assunto com os meus colegas. Era difícil. E com esse envolvimento, dos três anos de escola técnica, não foi muito difícil me adaptar ao mundo masculino. Eu não tenho o que reclamar.
TRAJETÓRIA DE TRABALHO / ECOS
Dentro da carreira, na área de instrumentação, essa coordenação da Eco foge um pouco. Quando eu entrei aqui nós tínhamos o instrumentista, o instrumentista de sistema, o mestre e o técnico de manutenção. Um plano de reclassificação mudou esse quadro. [A função] de mestre, que era o supervisor, acabou e virou apenas um supervisor de uma equipe grande, antes era uma equipe menor. Hoje, no crachá, sou supervisora de instrumentação. Eu tinha uma equipe só da instrumentação. Há um, dois anos houve uma mudança estrutural dentro da Reduc, onde foram criadas as Ecos, Equipe de Continuidade Operacional. Quer dizer, a Eco foi criada há uns quatro ou cinco anos, mas essa estrutura dos coordenadores de Eco há uns dois anos. Na época, fizeram um trabalho entre operação em todas as áreas da Refinaria e foi instituído que ia ter uns coordenadores. Esse coordenador trabalha em todas as especializadas: elétrica, instrumentação, mecânica, caldeiraria, fazendo um elo entre a manutenção e a operação. A nossa figura lá é atender às solicitações da operação dentro dos nossos limites e dos [limites] dos recursos para atender à operação. A gente faz esse meio de campo aí. É uma área excepcional. Até então eu só trabalhava na minha área, que era instrumentação. Hoje eu tenho uma visão completamente diferente, porque tem outras especialidades, você trabalha com outras pessoas. Acho que nesse ano que eu estou nessa coordenação, não digo que eu aprendi mais do que dos outros que eu trabalhei na minha área, mas foi gratificante o nível do que eu aprendi. Tanto profissionalmente como sobre relacionamento, porque você trata com outras pessoas [com as quais], antes você só dizia: "Bom dia, boa tarde." Era aquela coisa assim muito superficial. Esse campo de trabalho com pessoas que não estão ali no seu dia a dia também faz a gente crescer, porque você tem que aprender com cada um deles o modo de ser, de pensar. Isso faz a gente crescer também como pessoa: lidar e aprender a superar os obstáculos do dia a dia. A Eco hoje é esse elo entre a operação e a manutenção. E [o] Lub é porque eu trabalho nos dois conjuntos de lubrificantes. A gente tem aqui a Ecocomb [, que é a parte de combustível; tem a Tanque, que só trabalha com a parte de tancagem, de movimentação de combustível e lubrificante; tem a Logística, que trabalha com águas, efluente, a parte de vapor e energia. E tem a parte de Lubrificantes, que é onde eu trabalho. São os dois conjuntos de lubrificantes aqui da Refinaria.
Temos [relação com as outras Ecos], temos a Execução, porque os nossos recursos são compartilhados. Tem recursos que eu tenho na minha Eco, mas um outro colega também, e às vezes você tem uma demanda maior. Tem que ter esse jogo de cintura, de você conversar com as outras Ecos, mostrar sua necessidade. Às vezes um libera recurso para você atender. Tem um coordenador central – o que a gente chama o coordenador das Ecos – que trabalha com a gente. Quando não acontece harmoniosamente essa liberação de recursos, ele é quem vê, no topo da Refinaria qual é a área em que é, vamos dizer assim, mais importante para você direcionar um recurso. Nós somos sete pessoas na Eco, como coordenadores e líder das Ecos. Nossa demanda hoje está na parte de bombas. Embora não seja a minha área, não foi a minha atividade principal, mas hoje é. A parte de bombas é uma área que demanda hoje assim 90% do meu tempo. Porque é onde a gente tem um, não digo problema maior, mas tem uma demanda maior de serviço na área do UED, que é a área de dinâmicos. Obviamente, o nosso trabalho maior é focado nessa parte. Mas eu tenho os colegas da área do UED que me dão suporte, me explicam, me explicam de novo quando eu não entendo, o que nos ajuda a tocar o dia a dia. Então, a minha maior demanda hoje é na área de dinâmicos. A minha especialidade antes era a parte de instrumentação, como eu falei: entrei aqui como instrumentista. Na parte de instrumentação é fácil, quando tem algum problema eu vou na frente, vejo o que é e chamo os meus colegas para resolver. Na parte da mecânica, eu tenho que chamar o pessoal especializado para me ajudar no diagnóstico. Mas cada dia é um aprendizado que eu tenho.
REDUC / CRESCIMENTO REGIONAL
Eu acho que [a Petrobras] foi um fator importante para o pessoal da região, porque no início nós tínhamos poucas pessoas trabalhando aqui do entorno. A própria Refinaria, vamos dizer assim, a própria Petrobras foi desenvolvendo centros de trabalho, foi criando maneiras de treinar o pessoal que está trabalhando aqui em volta e foi desenvolvendo esse entorno todo que a gente tem aqui. A maioria hoje do pessoal contratado que a gente tem aqui é de moradores da comunidade: Caxias e Campos Elíseos. A circunvizinhança daqui, a maioria do pessoal trabalha aqui na refinaria. Eu entendo que isso também foi importante para o desenvolvimento, porque você gera recurso, recurso é passado para fora, acaba desenvolvendo, digamos assim, a comunidade. Poxa, (riso) eu acompanhei bastante [mudança] sim. Quando eu entrei aqui estava sendo inaugurado o segundo conjunto de Lubrificantes, uma casa de forças novas que a gente fala (casa de força é onde é gerada a energia). Depois disso a Reduc só fez crescer. Ela vinha de um período, até 1975, mais ou menos estável em nível de desenvolvimento aqui dentro de novas unidades. Na década de 1980, 1985 pra cá ela só foi desenvolvendo, criando novas unidades. Hoje mesmo eu posso dizer que eu não conheço a fundo todas as unidades que tem aqui dentro da Refinaria. Isto porque você acaba se envolvendo muito com uma área, a outra você sabe onde é, o que é, o que produz. Mas o detalhe: hoje eu não consigo dizer que eu conheço tudo aqui dentro, como eu conhecia há uns anos, porque o desenvolvimento foi muito grande. E daqui pra frente a gente tem novas unidades e novos conjuntos ainda para serem feitos e inaugurados. Não sei, talvez eu não esteja mais nem aqui quando isso for desenvolvido.
REDUC / PRODUÇÃO
Hoje tem vários tipos de produto aqui. Não sei de cabeça quantas unidades nós temos, mas já houve uma época que eu sabia todos, toda a quantidade de produtos. Mas tem diversidade: tem gás; tem óleo lubrificante; tem diesel de S-50, que é o mais novo no mercado, que em relação ao nível de restrições, é o que o mercado e é o que o meio-ambiente está exigindo hoje. Tem a produção de lubrificantes, tem óleo combustível; tem, eles chamam de bright stock, que é óleo neutro leve; neutro pesado, porque tem quer para o mercado; parafina industrial e parafina comestível. Deixa eu ver se eu lembro mais, gasolina, que alimenta a parte de petroquímicas aqui em volta. Eu teria que ter uma lista preparada antes para falar todos os produtos, (riso) pois eu certamente esqueci algum. Não sei se a Reduc é a mais complexa, mas é a que mais produz. A que tem mais diversidade de produtos é a Reduc, assim a maior área construída é a dela. Ela não é a maior em termos de produção, mas ela é a maior em área e em quantidade de unidades.
PETROBRAS / MEIO AMBIENTE
Hoje nós trabalhamos muito com metas. Hoje se vê um controle muito grande, por exemplo, qualquer evidência do flair um pouco mais alto, já existe uma cobrança para saber o que foi, de onde está vindo aquela queima, qual é a unidade que está produzindo e qual é o retorno mais rápido para aquilo ali sumir. [Quanto] ao papel, existe campanha de conscientização de quanto se gasta em papel toalha na Reduc, para diminuir essa quantidade. As novas unidades têm um controle ambiental, porque você só pode construir uma nova desde que você tenha uma autorização do que é que isso impacta, tem controle de índice de efluentes [também]. Quer dizer, hoje nós temos um analisador na saída de água da Refinaria, que é a água que vai para o canal. Qualquer mudança lá a instrumentação tem que atuar. Hoje a parte de Analisadores é feita com a parte de Qualidade. Existe uma preocupação muito grande com o meio ambiente. Há 10 anos não existia isso. A ponto de passar isso para todo mundo, não é só da Petrobras, da gerência. Isso é repassado para todo mundo, para que os supervisores cheguem aos executantes, para que todo mundo tenha essa consciência. A gente sabe que uma empresa que produz, que processa petróleo e derivados, tem um componente muito grande [para] comprometer o meio ambiente. Mas ela tem uma preocupação muito grande para essa contaminação ser a menor possível. Porque tem a nossa continuidade. Hoje nós estamos aqui, amanhã tem um outro grupo. Tem que ter uma continuidade não só do pessoal daqui mas do entorno, do meio ambiente, de quem está lá fora. Uma qualidade de vida melhor. [Há 10 anos] nós não víamos assim na Petrobras, você não via as pessoas falando de qualidade de ar, você não via falando da Feema [Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente]. As multas não eram tão altas. Eu digo que o mundo está evoluindo para isso.
Houve um marco, quando nós tivemos aquele acidente da Baía [da Guanabara], aquilo ali foi um marco para todo mundo, tanto para os funcionários como para a Petrobras, para todos. Mesmo antes disso, não me recordo a data quando aconteceu, mas já vinha vindo um desenvolvimento dentro da Petrobras, preocupada com o meio ambiente. Agora, houve acidentes muito graves, teve um no Paraná, teve um em São Paulo. Isso choca a sociedade. Você tem uma empresa cujo entorno ficou muito grande. Mas o trabalho que ela também desenvolveu aqui na Baía... Eu tenho certeza de que se fosse outra empresa não faria o que a Petrobras fez. Não gastaria o que ela gastou envolvendo o seu corpo técnico, todo mundo para entregar a Baía melhor do que ela encontrou. Isso aí eu tenho certeza. Eu não trabalhei direto [na Baía da Guanabara], mas tive colegas muito próximos que trabalharam direto e que tinha [essas] preocupações. A gente sabia das informações. Toda hora a mídia [estava] bombardeando direto que a Petrobras tinha acabado com a Baía; que a Petrobras tinha jogado não sei quantas toneladas de produto na Baía; que estava acabando com o meio ambiente; que acabou com a vida dos pescadores. Só que a gente sabe que não é só isso. Por trás disso tem uma informação, tem a mídia em cima. Mas eu vejo assim, no balanço final: a Petrobras teve um erro? Teve. Não era para acontecer? Não era. Todos nós sabemos disso. Para isso tem o monitoramento, pra isso depois desse trabalho, hoje tem um controle do que a empresa, do que nós mandamos para fora, e o que a pessoa está recebendo, qualquer empresa, qualquer navio sabe o que está recebendo. Qualquer mudança nessa vazão se avisa e se corta o produto para que não aconteça o que aconteceu da outra vez. Eu vejo que todos nós hoje somos muito mais conscientes em todos os níveis. Mas se foi um marco ruim para a gente? Ruim num ponto e bom no outro, porque fez a gente acordar de muitas coisas que talvez estivessem adormecidas. Isso aí foi uma mudança muito grande na empresa.
REDUC / SEGURANÇA
Posso falar que [segurança] foi o que mais mudou aqui com relação ao nosso trabalho. Volto a dizer: no mundo, a Petrobras é pioneira em muitas coisas. Eu lembro que na época que eu fiz faculdade, na época que eu uma pós-graduação, há uns três anos, eu tinha um professor que – ele não sabia que eu era da Petrobras –falava muito assim: "A Petrobras está sendo pioneira nesse trabalho, a Petrobras está fazendo isso." Ela sempre se preocupa, eu vejo, muito mais do que muitas empresas. Não vou chegar ao nível da Dupont, porque a Dupont é nossa referência em termos de Segurança do Trabalho, tanto que ela nos ajuda aqui com consultoria. Não estamos, mas espero um dia chegar nesse nível. A Dupont é referência mundial. Mas [a Petrobras] melhorou muito. O que melhorou? Se você vir algumas fotos nossas há uns 15, 20 anos, vai nos ver trabalhando dentro de uma caldeira de blusa de manga comprida, de manga curta, de repente sem capacete ou sem óculos. E a gente achava isso a coisa mais natural do mundo. Por quê? Porque a caldeira estava parada, não existia preocupação em termos de acidente, de a gente se machucar ali dentro. Aí houve a mudança. Óculos de segurança, nem se falava. Tinha? Tinha, mas não existia uma cobrança sobre o uso. Aí foram começando a incutir nas pessoas a importância dos óculos, do cuidado com os olhos. Podia cair em trabalho, cair alguma coisa no olho e você perder a visão, ou ficar com a visão comprometida. Foi gerando a cultura dos óculos de segurança. A cultura do capacete já era uma coisa assim bem mais trabalhada, mas não era aquela cobrança. [Não é questão de] cobrança, mas de conscientização do porque você tem que usar cada equipamento e onde você tem que usar. Eu acho que não é a Petrobras que tem que cobrar, você como pessoa tem que cuidar de você. Não adianta a empresa cuidar de você. Você tem que cuidar da sua vida. Mais importante de tudo é você sair aqui no final do dia e voltar para a sua casa. Esse é o lado mais importante. Aí começa a conscientização do porque usar capacete, do porque usar protetor, do porque usar óculos, do porque trabalharmos com blusa de manga comprida, bota, uniforme. Isso foi um processo, como toda mudança de cultura é um processo lento. Não é de um dia para outro. Vejo nesses 30 anos que talvez a maior mudança tenha sido na forma da gente trabalhar [em relação] a conscientização de segurança. Hoje é impossível a gente ir na área sem o capacete, sem botar a jugular, sem o meu óculos. Por exemplo, eu não ando sem o óculos nunca, meu óculos é um óculos de segurança de grau. Eu vou na área, uso luva, uso capacete, uso protetor. Dependendo dos lugares eu posso até usar os dois. Eu uso o plugue e o concha. Cabe a cada um ter a sua consciência de que mais importante do que a empresa é você. Você tem que sair daqui, você tem que se aposentar com vida, com tempo para curtir o que você construiu no tempo que você esteve trabalhando. Esse é um processo de cultura. Existem ainda uns desvios? Existem. Existem porque a cultura leva tempo [para mudar]. Então tem que ser uma coisa maçante. Hoje a gente faz um diálogo diário de segurança, focado no trabalho que fazemos a cada dia, onde é abordada a execução do trabalho, os cuidados, a percepção de risco, os equipamentos que você usa. Isso não era falado antigamente. A gente sabia que tinha que usar equipamento, mas também se não usasse, não tinha conseqüência nenhuma. Vejo hoje que para você exercer uma atividade na área existe toda uma sistemática: você tem que ter liberação da operação, todas as fontes de energia devem estar esgotadas para que você possa trabalhar com segurança. Tem que ter essa consciência para que não haja acidente. Só dessa forma a gente vai conseguir chegar ao nível da Dupont.
REDUC / FUNCIONÁRIOS
A Reduc, acho que ela duplicou de tamanho de 1978 pra cá. O que impactou muito é que a Petrobras não é sozinha no mundo, [ou seja], as transformações que o mundo vai passando, certamente, chegam para ela também. A redução do número de pessoas, isso afetou drasticamente o nosso trabalho. Como eu falei, antigamente nós tínhamos um supervisor para uma equipe de cinco pessoas na sua área de trabalho. Cada unidade nossa, ou cada conjunto de unidades agregadas, tinha um supervisor de cada área especializada, com a sua equipe. Hoje, para você ter uma idéia, eu sou supervisora de instrumentação dos dois conjuntos de lubrificantes. Mudou o enfoque completamente. Esse corte ao longo dos anos, no número de pessoas em todas as especializadas, nos cortes de contratados, isso afetou realmente, diretamente o nosso trabalho. Isso é uma coisa que se perguntar a qualquer pessoa aqui elas vão falar: "Antigamente a gente tinha uma quantidade de pessoas no setor, hoje não tem." "Hoje a gente trabalha sempre na prioridade, a gente tem que trabalhar e focar mais a preventiva do que a corretiva." A gente não consegue ainda trabalhar nesse nível. Mas foi uma mudança de cultura. Quando eu entrei aqui você quase não via contratado. Já houve uma época dentro da Reduc, antes de eu chegar aqui, que o restaurante, a manutenção dos carros, tudo aqui dentro, tudo era com o pessoal da casa. Tudo, tudo. Mas a atividade fim da Petrobras não é essa, não é consertar carro, não é fazer almoço. Então, essa mudança de cultura nesses 30 anos foi sendo muito forte. Algumas especialidades deixaram de ser primeirizadas para serem terceirizadas. Na área em que eu trabalho houve um enfoque nisso, mas hoje está mudando para primeirização de novo. Essa mudança foi muito drástica para quem já estava aqui: de ter um grupo grande e [depois] trabalhar com um grupo menor. Talvez para quem esteja chegando, que já a encontra assim não seja um choque, mas para quem trabalhou de uma outra forma foi bastante difícil. Então esse foi um impacto grande.
A Petrobras, por ela não ser uma empresa particular, ela sofre muito com as mudanças de governo, com as orientações que ela tem. Em cada época você tem uma diretriz. Nós já tivemos uma época que a diretriz era a terceirização. Ou seja, nós tivemos uma época do PIDV [Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário], um incentivo à demissão voluntária e onde a contratação era o maior foco. Para aquela época, era melhor você ter pessoas contratadas do que pessoas da casa. Só que aí não se tem contratos muito longos. As pessoas não têm o vínculo que o funcionário tem. Em algumas especialidades, como a inspeção de equipamento, a parte de elétrica e instrumentação, está voltando. A inspeção já é praticamente [feita] por todo mundo da casa. Até por poder de uma norma que é a Norma Regulamentadora NR-13. Tem o SPIE [Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos], que é um serviço de inspeção que tem que ter aval do Inmetro [Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial] tem vários pontos que primeiriza a atividade da inspeção. Ele chega ao ponto de dizer qual é o treinamento que a pessoa tem que ter, o que é que você pode contratar, qual é a carga horária de treinamento. Essa norma direcionou a parte de Inspeção. Na parte de Elétrica e Instrumentação nós tivemos uma perda de conhecimento muito grande e de qualidade da mão-de-obra. A gente costuma dizer que aqui nós formamos os técnicos e as empresas contratavam esses técnicos saídos daqui por um valor maior. O que é que estava acontecendo? Nós estávamos tendo uma saída muito grande de pessoas daqui. O nosso quadro foi reduzido, muito reduzido. Aí mudou a política da empresa, graças a Deus, e a Petrobras voltou a contratar. De 1979 a 1989 nós não contratamos ninguém aqui. Teve a minha turma que foi a de 1978, teve mais uma turma de 1979, estou falando da minha área de instrumentação – uma turma de umas 15 pessoas. Nesse período não se contratou mais ninguém. Teve [contratação] em 1985, 1980, mas muito pouco. Uma turma de dez pessoas no máximo. Nós ficamos um espaço [de tempo] muito grande sem ninguém aqui, de 1989 até 2002 sem ninguém. E só saindo pessoas, só saindo. Para você ter uma idéia, o meu setor, é de Elétrica e Instrumentação, mas já houve época que era setor de Elétrica e setor de Instrumentação. No setor de Instrumentação nós chegamos a 111 pessoas. Quando houve a fusão, com essa política de saída de pessoal, nós chegamos os dois setores, acho que a 78 pessoas. Houve uma redução muito grande. E, óbvio, e a Refinaria crescendo. O nosso conhecimento, o know-how indo embora. Houve uma mudança na companhia, de estrutura, de política, e foi admitido pessoal. E a partir de 2002 começaram a entrar novos colegas. A gente fala que é o sangue novo que, graças a Deus, entrou. O pessoal novo vem trazendo uma tecnologia que a gente fala que eles foram criados no joystick. Quando entrei aqui a gente encontrava máquina de escrever. Hoje é tudo no computador. Hoje para parametrizar um instrumento você tem um programador. Tem um carro, você leva na agência, o cara coloca um laptop, pega um programador e faz a programação do carro ali. É o que acontece hoje aqui. Que bom que vieram essas pessoas novas e que a gente troca informação. Os meus colegas de hoje, falo que eles são meus filhos. São da idade das minhas filhas. É bom porque a gente aprende, a gente vê o mundo de forma diferente. Isso também é bom pra gente, porque faz a gente também se sentir mais novo. Você tem coisas mais novas para ver, uma visão diferente. Às vezes você está acostumado naquela mesmice e eles vêm com um mundo novo.
REDUC / FAMÍLIA
Tenho duas filhas, a Paulinha e a Carol. E, (choro), eu casei de novo e o meu marido trabalha aqui comigo. Acho que isso foi o maior presente que a Petrobras me deu. (choro). O meu marido também trabalha aqui. Nós somos colegas há 30 anos. Eu entrei em 1978, ele entrou em 1979. A vida é muito interessante. Eu entrei solteira, ele entrou solteiro. Eu me casei, ele também. Ele teve os filhos dele, eu também tive as minhas filhas. E eu me separei em 1995, ele em 2000. E a gente trabalhando tantos anos juntos, mas assim, cada um se respeitava. Eu tinha a minha família, ele a dele. E [quando] menos a gente esperava, a gente se encontrou e estamos juntos até hoje. Quer dizer, vai fazer nove anos que nós estamos morando juntos, hoje somos casados. Eu tenho as minhas duas filhas e ganhei mais dois filhos. As minhas filhas se dão muito bem com os filhos dele. A minha filha mais nova então tem nele o pai, aquele pai presente, de participar e compartilhar de tudo. Quando ela tirou a carteira de motorista era com ele que ela dirigia. Tudo dela é muito dividido com a gente. A Paulinha também. E os filhos dele, a Larissa e o Igor, também passaram a ser meus filhos. Hoje, eu digo que depois que nós passamos a viver juntos a minha vida deu assim um salto de melhoria. Eu falo que é o bom humor dele. Ele também viria dar o depoimento hoje, mas teve um problema – aqui as coisas são assim – e não pode comparecer. Eu falo que a minha vida é antes dele e depois dele. O antes, o que eu tenho de mais maravilhoso são as minhas duas filhas, e o depois dele é a nossa família, a nossa família nova. É tudo de bom, porque uma mulher na área de manutenção tem muitas coisas diferentes do que numa área comum, numa área administrativa, em que quatro e meia você desliga o seu computador e vai para casa. Muitas vezes eu estou aqui e de uma hora para outra surge um problema e eu tenho que ficar aqui. A minha filha ela fala assim: "Ah, tu vai ficar em parada? O que parou agora? Foi a 1250?" Quer dizer, até o tag das unidades ela – algumas assim mais importantes – ela sabe. E sabe quem foi o meu chefe que me pediu para eu ficar aqui. Quando eu vou trabalhar sábado ela me pede para ficar em casa. Hoje uma tem 19 anos a outra tem 24 [anos], mas é como se ainda fossem pequenas. Toda mãe é assim: os filhos não crescem. O nome do meu marido é Marcos Marcelo. Ele hoje trabalha no Empreendimento. Ele trabalhou durante muitos anos, até 2000, no mesmo setor que eu, na Instrumentação. Ele também entrou aqui como instrumentista. Quando ele saiu do meu setor eu fiquei no lugar dele. Ele era supervisor desse Conjunto de Lubrificantes [sobre o qual] eu falei anteriormente. Hoje ele está trabalhando na parte de Empreendimentos, que são as unidades novas, que são montadas aqui na Refinaria. Toda a parte de projeto, desenho, essas coisas, é ele quem trabalha na área de Instrumentação. Na Operação você trabalha em turno, é mais difícil ainda para quem é casado, para quem tem filho. Na Manutenção a gente não tem o horário fixo, algumas vezes a gente tem que ficar aqui até mais tarde, trabalhar sábado, ou trabalhar domingo. Então o que eu ia comentar é que hoje eu tenho um suporte muito grande dele por ele também já ter trabalhado aqui, por já ter trabalhado onde eu trabalho hoje. É muito mais fácil chegar em casa e dizer: "Ó, amanhã eu vou trabalhar porque eu tive uma demanda de última hora." Você está falando a mesma língua. Até hoje ele é, digamos assim, meu consultor. Porque como ele trabalhou muitos anos nessa área, quando eu tenho alguma dúvida aqui eu ligo para ele. Falo assim: "Olha, está pegando isso aqui." Aí ele me explica. Na última parada em 2007, 2008, ele foi trabalhar comigo. O meu chefe pediu ao setor dele que ele fosse trabalhar lá na área. Acho que isso ajuda muito. A gente procura ao máximo não falar em casa de trabalho, porque senão você só fala disso aqui. Cada um tem uma coisa diferente do dia a dia. Cada dia aqui é uma coisa diferente, então a gente evita. Mas muitas vezes é a ele que eu recorro quando tenho alguma, [quando] eu preciso de alguma ajuda. Mas isso para mim foi muito bom, porque ele fica com as minhas filhas. Hoje nem tanto, porque já são duas moças, mas quando nós fomos morar juntos elas eram pequenas, não ficavam ainda sozinhas em casa. O suporte de pai e mãe era ele que dava a elas, enquanto eu estava trabalhando aqui.
MOVIMENTO SINDICAL
Sempre fui sindicalizada, ativista. (riso) Participei muito de todas as greves que nós tivemos aqui, por achar que era o ideal. Eu achava, não por ser contra a empresa, por achar que aquilo que o sindicato estava brigando era o meu ponto de vista também. O sindicato estava brigando para mim também. A nossa maior greve aqui foi a de 1995, em que nós ficamos 28 dias parados. Então nós vínhamos para cá, eu e outras amigas, daqui a gente ia para a Globo, a gente ia para a Manchete, a gente ia para a cidade, ia para o Edise [Edifício Sede]. Fazíamos passeata, entregávamos panfleto, vínhamos parar aqui. A gente se dedicava muito a isso. Mas como tudo muda, a mudança do sindicato, as pessoas que estão hoje no sindicato, estão contra o que eu acho. Se estão contra o que eu acho eu não posso pactuar com isso. Então saí do sindicato. Não sou contra o movimento sindical, acho que tem que ter, porque a gente tem que ter alguém que lute, que veja pelos trabalhadores. Ou que mostre para a empresa que ela está errada, porque o sindicato é representante dessa classe, mas hoje eu não vejo as coisas assim. Mas não estou dizendo que eu não vou ser mais sindicalizada, de repente na mudança de pessoal no sindicato eu posso voltar a ser. Nada contra.
TRABALHO FEMININO
Já teve épocas até de ter bem mais garotas. Mas já teve épocas de ter só duas: eu e uma outra menina, a Clarice. Ela foi a primeira aqui na Petrobras e aqui na Refinaria. Mas hoje nós somos, no meu setor, nós somos quatro. Tem uma menina na parte de Planejamento de Parada. Tem mais engenheiras, tem estagiárias. Ontem nós recebemos cinco estagiárias. Isso é sempre bom. A gente vê a evolução das mulheres no mercado de trabalho. Quando eu entrei, eu vim fazer prova primeiro do que a Clarice. O rapaz quando veio me atender ele falou assim: "Nós não temos mulheres aqui na área de Manutenção. Então, de repente, se você passar, você vai trabalhar no Cenpes [Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Miguez de Mello], porque aqui nós não temos estrutura." "Está legal." Só que na época, o chefe da Manutenção, que depois foi superintendente, falou assim: "Não, se elas fizeram prova pra cá, elas vão trabalhar aqui." Realmente, no início era tudo muito difícil. Não tinha vestiário, não tinha nada. A gente usava o vestiário dos nossos chefes. Hoje a gente tem vestiário. É difícil, porque a empresa por si só ela é muito masculina. É difícil essa mudança de cultura, mas com o passar do tempo isso aí já foi mudando. Hoje você vê as mulheres trabalhando em todas as áreas. Isso é bom pra gente.
IMAGEM PETROBRAS
O meu trabalho aqui se confunde muito com a minha vida, porque eu entrei aqui com 19 anos e hoje tenho 50. Eu passei mais tempo aqui do que lá fora. Tudo que eu construí... É óbvio que eu também dei a minha parcela para a Petrobras. O que eu trabalhei, o que eu deixei muitas vezes de ficar com as minhas filhas, de ficar com a minha família trabalhando aqui foi a minha parcela que, “ela tomou de mim”. Teve festas das minhas filhas que eu não fui porque eu estava aqui trabalhando. Isso não tem dinheiro que pague. Mas se hoje eu consigo proporcionar às minhas filhas uma vida melhor, elas estudarem o que elas querem, fazerem o curso que elas querem, terem uma vida bem mais tranqüila do que a que eu tive, foi porque eu trabalho aqui. A gente não tem a preocupação, podemos fazer um plano de longo prazo. Acho que todo mundo quando começa a trabalhar ou quando casa tem o sonho de ter um apartamento, de ter um carro novo. Quando você não tem o fantasma de ser demitido no dia seguinte, tudo isso é muito mais fácil de conseguir. A Petrobras me ajudou em tudo. Me deu conhecimento, treinamento – não digo como pessoa, porque isso é uma coisa que a gente trás de casa, e os meus pais me ensinaram muita coisa. O que seria de mim se não fossem os dois? (choro) Mas ela me deu tudo isso. Se hoje eu tenho o que eu tenho foi porque ela também me proporcionou isso. Eu digo assim: é uma troca. É uma via de mão dupla, onde você dá uma parte e [a empresa] te dá outra. Isso aí é [também] no relacionamento, é entre mãe e filho, é no casal, sempre tem uma troca. Muitas vezes tem um lado que sai perdendo. Eu não digo assim que eu saí perdendo, mas às vezes a gente brinca aqui e diz assim: "Hoje a Petrobras me roubou, eu trabalhei mais do que o que eu recebi." Mas que bom que, graças a Deus eu posso dizer assim: “Eu trabalhei demais.” Quantas pessoas não gostariam de estar no meu lugar, querendo reclamar de um emprego e não o tem? Por pior que muitas vezes isso aqui esteve, por mudanças de governo, por tudo, em momento nenhum eu pensei em sair daqui. A gente sempre fala assim: "Eu só saio daqui, no dia que ela me mandar embora. Enquanto não me mandar embora eu estou aqui." Pra quem se dedica, eu acho que é uma empresa maravilhosa. Tem muitas coisas para melhorar? Acho que tem, porque a gente sempre tem que buscar alguma coisa melhor. Pode nos oferecer mais? Pode. Pelo tamanho da Petrobras ela poderia nos oferecer mais coisas, mas eu me orgulho de trabalhar aqui. Me orgulho mesmo, do fundo do coração. Tenho orgulho de dizer que eu trabalho aqui. Nos lugares que eu freqüento, não gosto quando eu estou numa roda de amigos – às vezes até os meus amigos já sabem, fora Petrobras – aí vem falando da empresa, eu falo: "Vocês falam porque vocês não conhecem. Quem conhece não fala mal." Toda empresa tem seu lado bom e tem seu lado ruim. Não existe uma empresa que seja a melhor do mundo em tudo, não existe isso. É o que eu estou falando: existe coisas para melhorar? Existe. Ela poderia nos fornecer muito mais? Poderia, pelo potencial, pela grandeza que é a minha empresa e por alguma razão não oferece. Mas eu não posso dizer que eu não me orgulho de trabalhar aqui, me orgulho e muito. E tenho certeza de que muitos brasileiros gostariam. Em qualquer pesquisa que você vê hoje, do mercado de trabalho, em qualquer faculdade, a maioria do pessoal gostaria de ser funcionário da Petrobras. Pesquisas em universidades sempre falam isso. Então não serei eu, que sou funcionária, que vou dizer que não gostaria, que não me orgulho disso. Eu me orgulho e muito. Tenho certeza de que as minhas filhas se orgulham por eu trabalhar aqui. Elas participam muito. Se eu estou triste aqui elas sabem porque eu estou triste, se eu estou feliz porque eu fui promovida elas estão felizes comigo. Elas participam disso tudo, as festas comemorativas que a gente tem aqui, elas veem comigo. Até muito porque a nossa família hoje é de petroleiros. Eu e meu marido somos petroleiros, então o nosso envolvimento é muito grande. Eu gostaria muito que elas tivessem escolhido uma área técnica, mas nenhuma das duas se interessou por isso, e respeito. Espero que elas tenham sucesso, porque eu me sinto vitoriosa aqui, que elas tenham o mesmo sucesso que eu tive aqui. Quando eu decidi fazer uma escola técnica todos os meus familiares foram contra, porque era impossível uma mulher naquela época, em 1973, 1974 fazer uma escola técnica. Era: ou você ia ser professora ou secretária. E eu detestava as duas. E o meu pai: "Não, é isso que ela quer é isso que ela vai fazer." Meu pai era uma pessoa que não tinha instrução mas tinha uma sabedoria ímpar: "É isso que ela vai fazer e é isso que ela vai correr atrás." Nós somos três irmãos, todos os três fizemos escola técnica e todos os três sobrevivem disso. Quer dizer, eu tenho que agradecer isso ao meu pai e à minha mãe, que sempre estiveram com a gente. Eles que (choro) me ajudaram muito nesses 30 anos a cuidar das minhas filhas.
MEMÓRIA PETROBRAS
Eu fiquei muito lisonjeada de ser convidada. Quem dera [todos] os funcionários pudessem participar. Eu sei que isso é impossível, hoje com o tamanho da Petrobras. Mas é importante cada um dar o seu depoimento, dizer o que é que tem de importante nessa empresa, o quanto ela é importante para a gente e importante para o país. Eu não consigo dissociar o Brasil hoje da Petrobras. Ela está em todas as frentes, ela está em todos os lugares. Cada dia que passa surge um ponto, um local que antes não era descoberto e que ela foi descobrir. Participei aqui da comemoração dos 500 mil barris. Foi um marco para a gente aqui. Hoje a Petrobras está descobrindo mais e mais reservas e graças a Deus, é ela que está descobrindo. Nós vivemos épocas aí que quase perdemos a Petrobras, como perdemos outras empresas. E graças a Deus, ela ainda continuou nacional. É importante, acho que a memória tem que ser preservada. Eu ouvi um outro colega que já está aposentado: quem dera os aposentados mais antigos que eu também pudessem contar a história, que certamente eles teriam muito mais história para contar, do terreno, de como isso aqui surgiu. Eu falo que eu nem tive problema, problema teve quem entrou aqui no início. Então seria interessante se as pessoas, talvez mais antigas, ainda pudessem dar seu depoimento para realmente fazer parte da história da Petrobras. Eu queria agradecer a vocês, agradecer a Reduc por essa oportunidade. Obrigada.
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