Maria Cleuza Padilha Lisboa, nasceu em uma pequena cidade do interior do estado do Paraná chamada Peabiru, no dia 22 de abril de 1954. Ela foi a terceira filha de seus pais, Eurides Soares Padilha e Jaci Benedita Padilha, ela ainda teve mais 8 irmãos, sendo eles: José, Maria José, Tereza e Osvaldo, por parte de mãe e pai e Euza, José Carlos, Sirlene e Cenira por parte de pai. Seus pais eram pessoas humildes que moravam na zona rural da cidadezinha em desenvolvimento, sua mãe era dona de casa e era responsável por cuidar das crianças, enquanto seu pai trabalhava na roça. Seu Eurides era um homem muito trabalhador, mas sua filha Maria, relatou algumas vezes que ele usava castigos violentos quando os filhos faziam alguma estrepolia.
Aos seis anos de idade perdeu sua mãe, D. Jaci faleceu em um parto enquanto dava à luz ao seu sexto filho, uma menininha que foi entregue para a adoção logo que nasceu, já que não teria quem cuidasse dela, Cleuza nunca teve notícias da irmã. Como não tinha mais sua mãe para cuidar dela e dos irmãos, a responsabilidade dos cuidados deles passou a ser de sua irmã mais velha, Maria José Padilha, que também era rude com ela e seus irmãos.
Quando completou 16 anos, Maria Cleuza casou-se com Noelito Ferreira Lisboa, não há relatos de como eles se conheceram, mas eles se casaram no dia 19 de julho de 1970 na cidadezinha de Peabiru. Após o casamento foram morar na cidade de Alto Piquiri. Ainda no estado do Paraná, o casal teve seu primeiro filho no ano de 1973, nos anos seguintes nasceram seus filhos Sérgio e Selma. Noelito, seguindo padrões impostos pela sociedade da época, era machista e travava Cleuza com desrespeito e chegou até a agredi-la e também aos filhos quando chegava em casa bêbado. A história de medo e tristeza, com o passar dos anos transformou-se em uma história de amor, respeito e cumplicidade. Em meados de 1979, seu pai faleceu em decorrência de um câncer.
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Maria Cleuza Padilha Lisboa, nasceu em uma pequena cidade do interior do estado do Paraná chamada Peabiru, no dia 22 de abril de 1954. Ela foi a terceira filha de seus pais, Eurides Soares Padilha e Jaci Benedita Padilha, ela ainda teve mais 8 irmãos, sendo eles: José, Maria José, Tereza e Osvaldo, por parte de mãe e pai e Euza, José Carlos, Sirlene e Cenira por parte de pai. Seus pais eram pessoas humildes que moravam na zona rural da cidadezinha em desenvolvimento, sua mãe era dona de casa e era responsável por cuidar das crianças, enquanto seu pai trabalhava na roça. Seu Eurides era um homem muito trabalhador, mas sua filha Maria, relatou algumas vezes que ele usava castigos violentos quando os filhos faziam alguma estrepolia.
Aos seis anos de idade perdeu sua mãe, D. Jaci faleceu em um parto enquanto dava à luz ao seu sexto filho, uma menininha que foi entregue para a adoção logo que nasceu, já que não teria quem cuidasse dela, Cleuza nunca teve notícias da irmã. Como não tinha mais sua mãe para cuidar dela e dos irmãos, a responsabilidade dos cuidados deles passou a ser de sua irmã mais velha, Maria José Padilha, que também era rude com ela e seus irmãos.
Quando completou 16 anos, Maria Cleuza casou-se com Noelito Ferreira Lisboa, não há relatos de como eles se conheceram, mas eles se casaram no dia 19 de julho de 1970 na cidadezinha de Peabiru. Após o casamento foram morar na cidade de Alto Piquiri. Ainda no estado do Paraná, o casal teve seu primeiro filho no ano de 1973, nos anos seguintes nasceram seus filhos Sérgio e Selma. Noelito, seguindo padrões impostos pela sociedade da época, era machista e travava Cleuza com desrespeito e chegou até a agredi-la e também aos filhos quando chegava em casa bêbado. A história de medo e tristeza, com o passar dos anos transformou-se em uma história de amor, respeito e cumplicidade. Em meados de 1979, seu pai faleceu em decorrência de um câncer.
Em busca de novas oportunidades e esperança de uma vida melhor, no dia 23 de outubro de 1979, Noelito, Cleuza e seus três filhos foram morar no interior do Mato Grosso, em uma cidade chamada Carlinda, onde passaram a morar em uma colônia, como eram chamados os campos com casas em uma fazenda que eram cedidas pelos fazendeiros para os trabalhadores. Naquele lugar, Cleuza e Noelito trabalhavam na roça, tirando lenha, roçando pasto, cuidando dos bichos e, por vezes, não tinham sequer uma sombra para descansarem. Os filhos ficavam em casa e o mais velho era responsável por cuidar dos outros dois, Selma, a única filha mulher, aprendeu desde cedo a fazer comida e a cuidar da casa, os filhos, às vezes, tinham que andar quilômetros para levar almoço para os seus pais.
No Mato Grosso nasceram os outros três filhos do casal, Cezar, Rodrigo e Leandro. A vida dessa família nunca foi fácil, Cleuza sempre ajudou seu marido na lida da vida e foi assim que foi criando uma relação de respeito e companheirismo entre eles, a partir das dores e alegrias da vida. Eles não tinham muitas condições e seus filhos viviam com doações que recebiam dos outros, comida nunca faltou, era pouca, mas sempre tinha. Mesmo não tendo completado os estudos, Cleuza sabia escrever algumas coisas e sabia ler e era assim que ajudava os filhos nas lições da escola.
Com o passar dos anos, puderam comprar sua própria terra, como chamavam sua propriedade na zona rural de Carlinda, o lugar era lindo, tinha um pomar com diversas frutas, laranja, abacate, jaca, jabuticaba, ingá, pocã, mexerica, maricota, cacau, manga, abacaxi e mamão; o quintal era todo coberto por altas mangueiras que faziam uma sombra perfeita; ao redor tinha o pasto, onde eles iriam começar a criar seu gado. Mal sabiam eles que este sítio seria a melhor lembrança de seus netos. Cleuza sabia fazer um pão como ninguém, assava ali em seu forno de lenha, ela também sabia fazer chocolate artesanal, detalhe, todos o processo de preparação da semente do cacau era feito por ela e seu marido; ela utilizava as frutas que tinha em seu pomar para fazer polpas de frutas e doces caseiros, seu doce de abóbora e doce de leite eram de lamber os lábios. Com um tempo seus filhos foram se casando, alguns foram tentar a vida em outro lugar, como fez seu filho Celso, indo morar no Acre. Sua filha Selma casou-se com Gerson, um rapaz que morava em um sítio vizinho, dessa união nasceu o primeiro neto de Cleuza, o pequeno Ricardo, que trouxe tanta alegria para aquela família que já tinha passado por tantas coisas e que agora estava, aos poucos, conquistando o que pretendiam. Mas, infelizmente, seu netinho faleceu com 1 ano e 6 meses de idade, ele havia começado a andar e caiu no vapor de um forno feito no chão para a produção de carvão, que seu pai havia feito atrás de sua casa, teve queimaduras de 2o e 3o grau, foi levado urgentemente para um hospital na capital, Cuiabá. Quando estava prestes a receber alta, por negligência médica, recebeu uma transfusão de tipagem sanguínea errada e faleceu. Foram momentos de tristeza e luto, Cleuza amava seu netinho e ficou profundamente triste.
Com seis meses do falecimento de seu primeiro neto, receberam a notícia de que sua filha estava esperando o segundo filho, dessa vez, uma menininha, essa criança foi tão esperada, pois ela iria trazer novamente alegria para aquela família. Foi uma briga para escolher seu nome, sua avó queria Cleuza, sua mãe queria Elen, então, um amigo da família sugeriu que seu nome fosse Letícia e juntando Cleuza com Elen criou o nome Cleilen.
Maria Cleuza amava sua neta, mas nunca se esqueceu de seu primeiro netinho, em longas conversas com sua neta, sempre lembrava desse momento em sua vida.
Os anos foram passando e Maria Cleuza tornou-se a melhor avó do mundo e que era amada por todos os seus netos , ao total foram 12 netos, sendo eles: Ricardo, Letícia, Liliana, Guilherme, Murilo, Henrique, Mariano, Ryka, Maria Clara, João Pedro, Maria Luísa e Júlia, os quais também lhes trouxeram momentos de muitas risadas e felicidade. Mesmo com tantos netos, ela sonhava em ser bisavó.
Maria Cleuza fez algumas viagens para o Acre com seu esposo e sua neta Letícia, para visitar seus filhos. Também viajou para Goiânia com sua filha para comprar roupas para venderem.
No dia 10 de julho de 2009, Maria Cleuza e seu Noelito foram morar em Brasiléia, no Acre, onde morava seu primogênito, que visava dar uma qualidade de vida ainda melhor para seus pais. No ano de 2012, sua única filha mulher, Selma, e sua família também vieram morar no Acre para ficar mais próxima a mãe, ainda, seus netos eram muito apegados a ela e não queriam ficar longe.
No ano de 2017, após sofrer uma queda e fraturar o fêmur, Cleuza descobriu que estava com câncer, o que foi um soco no estômago para toda a sua família. Infelizmente, os médicos do Acre não deram esperanças para ela, pois, ao fazerem os exames complementares, descobriram que a doença já se encontrava em metástase. Foram dias de extrema angústia, seus filhos fizeram diversas reuniões para verificar as possibilidades de ajuda. Decidiram, então, que sua filha Selma ficaria responsável por cuidar dela em tempo integral e teria o apoio de seus irmãos nos demais dias.
Ao saberem que em Porto Velho tinha um hospital similar ao Hospital do Câncer de Barretos, seus filhos conseguiram levar Cleuza para fazer o tratamento lá. Ela iniciou o tratamento com quimioterapia e radioterapia, o que deixou ela tão fraquinha, mas jamais sem sua fé. Ah, por falar nisso, ela era uma mulher de muita fé, frequentava a Igreja Católica e sempre se apegou nas palavras de Deus e nunca deixou de acreditar que ficaria curada, tal motivo ajudou para que ela não se abatesse. Em meio a idas e vindas, seu quadro de avanços parecia uma montanha-russa, um dia estava bem, no outro era acometida por algo que fazia com que ela passasse dias internada.
No seu aniversário de 65 anos, mesmo debilitada, reuniu toda a sua família,, seu esposo, seus filhos, noras, netos e netas e sua tão sonhada bisneta que sua neta Letícia estava à espera. Foi um momento cheio de emoção e com certeza digno de uma boa lembrança.
Infelizmente, no dia 12 de fevereiro de 2020, ela faleceu, pois a doença já estava em estado terminal, sua filha esteve a todo momento segurando sua mão, até seu último suspiro, próximo das 07h no Pronto Socorro da capital Rio Branco. Quando ela faleceu, sua bisneta Alice já tinha 10 meses, o que fez com que seu último desejo fosse realizado, o de, em vida, conhecer sua bisneta.
Para seus familiares a dor ainda é a mesma, mas as grandes lembranças e aprendizados ficarão para sempre. Ela que sempre fez o possível e o impossível para manter sua família unida, que escutava a todos e sabia o jeito certo de fazer qualquer um sorrir, ela que nunca perdeu as esperanças mesmo em situações que pareciam impossíveis, ela que sentiu dores que nunca soube se quer mensurar, mas que colheu todas as alegrias depois das tempestades.
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