Projeto Opera Urbana
Entrevistado por Márcia Ruiz
Depoimento Jervane Simplício dos Santos
Local São Paulo, 05/08/2009
Realização Museu da Pessoa
Depoimento OPSESCSP_CB018
Transcrito por Maria da Conceição Amaral da Silva
P – Boa tarde.
R – Boa tarde.
P – Jervane, para iniciar eu queria que você me dissesse seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Local onde eu moro ou local onde eu trabalho?
P – Onde você nasceu.
R – Ah, tá.
P – Local e data de nascimento.
R – É...
P – E o seu nome completo primeiro.
R – Meu nome é Jervane Simplício dos Santos. E eu nasci em Rio Largo em Alagoas. E minha mãe veio de lá para cá eu tinha três aninhos de idade ou menos, não lembro. E eu moro em Osasco.
P – E me diz uma coisa, Jervane, que data que você nasceu?
R – 9 de dezembro de 1948.
P – E você sabe por que sua mãe veio para São Paulo?
R – Trabalhar, né?
P – Tá. Jervane, me diz uma coisa: qual que é a sua relação com a Paulista? Você mora aqui, você falou que você mora em Osasco, né? Você trabalha aqui perto?
R – Eu trabalho aqui. Eu passo na Paulista todos os dias, porque eu trabalho 24 por 24. Então eu acho interessante porque aqui eu vejo gente de tudo quanto é jeito: pobre, rico, mendigo. Quando chove, quando faz frio os mendigos ficam na rua, mas também já vi o pessoal da, da, Social vir atrás deles. Tem uns que vão, outros não querem saber porque querem ficar na rua mesmo, gostam, né? E então é divertido, porque você vê gente de tudo quanto é espécie. Gente boa, gente antipática, gente ruim, gente simpática, entendeu? Então, e esse é direto: sábado, domingo, feriado, não fica sem ninguém na rua. Pode ficar a noite inteira andando aqui que não tem perigo nenhum. E eu pego metrô, venho. Então eu já assisti assim, quando eu comecei nesse trabalho aqui na [rua] Leôncio de Carvalho, ali naquele prédio grande estava, tinha um negócio, eles estavam arrumando a...
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Projeto Opera Urbana
Entrevistado por Márcia Ruiz
Depoimento Jervane Simplício dos Santos
Local São Paulo, 05/08/2009
Realização Museu da Pessoa
Depoimento OPSESCSP_CB018
Transcrito por Maria da Conceição Amaral da Silva
P – Boa tarde.
R – Boa tarde.
P – Jervane, para iniciar eu queria que você me dissesse seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Local onde eu moro ou local onde eu trabalho?
P – Onde você nasceu.
R – Ah, tá.
P – Local e data de nascimento.
R – É...
P – E o seu nome completo primeiro.
R – Meu nome é Jervane Simplício dos Santos. E eu nasci em Rio Largo em Alagoas. E minha mãe veio de lá para cá eu tinha três aninhos de idade ou menos, não lembro. E eu moro em Osasco.
P – E me diz uma coisa, Jervane, que data que você nasceu?
R – 9 de dezembro de 1948.
P – E você sabe por que sua mãe veio para São Paulo?
R – Trabalhar, né?
P – Tá. Jervane, me diz uma coisa: qual que é a sua relação com a Paulista? Você mora aqui, você falou que você mora em Osasco, né? Você trabalha aqui perto?
R – Eu trabalho aqui. Eu passo na Paulista todos os dias, porque eu trabalho 24 por 24. Então eu acho interessante porque aqui eu vejo gente de tudo quanto é jeito: pobre, rico, mendigo. Quando chove, quando faz frio os mendigos ficam na rua, mas também já vi o pessoal da, da, Social vir atrás deles. Tem uns que vão, outros não querem saber porque querem ficar na rua mesmo, gostam, né? E então é divertido, porque você vê gente de tudo quanto é espécie. Gente boa, gente antipática, gente ruim, gente simpática, entendeu? Então, e esse é direto: sábado, domingo, feriado, não fica sem ninguém na rua. Pode ficar a noite inteira andando aqui que não tem perigo nenhum. E eu pego metrô, venho. Então eu já assisti assim, quando eu comecei nesse trabalho aqui na [rua] Leôncio de Carvalho, ali naquele prédio grande estava, tinha um negócio, eles estavam arrumando a frente. Aí arrumaram tudo bonitinho. Depois começaram a arrumar a Paulista. Então eu assisti toda a reforma da Paulista. Eu achei muito interessante, porque eu xingava todo dia as calçadas. Quando chovia ficavam aquelas poças d'água, né? E acabava com o salto do sapato da gente também, né? Eu falava: "Nossa, vou trabalhar para comprar sapato, porque come todo o salto." Aí reformaram, ficaram as calçadas todas lisinhas. Então ficou mais bonito, né, e ficou mais gostoso de andar também.
P – E, fala uma coisa, Jervane, você falou que você pode andar de noite e tal. Você tem alguma história, alguma coisa que você vivenciou, que você viu na Paulista que você achou interessante? Uma história para contar para a gente?
R – A única coisa interessante que eu vi foi um, acho que esse homem é modelo, ele estava tirando fotos. Ele estava do lado de cá num carro esporte, chique, né? De terno. E estavam filmando ele lá do outro lado da Paulista. Então todo mundo passava com o celular filmando ele também, né? E ele estava se sentindo o próprio, né? Depois de muito, uns três meses que eu vi passar o comercial que não tinha nada a ver com ele nem com o carro. Era uma coisa completamente diferente.
P – E, me fala uma coisa, Gervane, se você pudesse fazer uma imagem da Paulista, ou resumir a Paulista com uma palavra, qual seria essa?
R – Qual seria essa?
P – Ou a imagem ou a palavra, não tem problema.
R – Hum, é que todo mundo tem a Paulista como o Centro de São Paulo, né? O Centro de São Paulo não é aqui, mas a Paulista para a maioria das pessoas é o Centro. Então quando eu falo para as minhas amigas que eu passo todo dia na Paulista, elas acham que eu sou chique. Eu falo: "Não sou, querida, eu sou apenas mais uma que passa por lá. Porque lá passa gente de tudo quanto é jeito, né? Quem é chique passa de carro e quem é pobre passa a pé porque tem que trabalhar." não é verdade? (risos) Então aqui é um desfile, né? Todo mundo desfila na Paulista: pobre, rico, mendigo. É uma passarela. Eu acho isso.
P – Então tá bom, Jervane, muito obrigada pela sua contribuição.
R – De nada, imagina, foi um prazer.
FIM DA ENTREVISTA
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