Assim que chegou a Miritituba, Hildeny se deparou com um grande rio que liga o distrito até a cidade de Itaituba: o magnífico Rio Tapajós. Logo que chegou, conseguiu emprego como atendente de uma casa lotérica que ficava localizada do outro lado do rio. Por isso, começou a atravessar o Tapajós rotineiramente através da balsa que, naquela época, era o único meio de transporte gratuito. Muitas vezes, Hildeny enfrentou temporais ou perdeu a balsa enquanto tentava fazer a travessia, mas encontrava apoio. Seu vizinho, chamado seu Pitoca, trabalhava como barqueiro no barco Joia do Tapajós, fazendo a travessia de passageiros, e sempre que podia lhe dava a tão preciosa carona para que ela chegasse ao trabalho. Hildeny costumava escrever cartas a seus familiares que ficaram no Maranhão. Então, aconteceu um momento mágico. Um belo dia, quando fazia sua travessia rotineira até a lotérica, uma diretora chamada Stella Noemi, da Escola Integração Nacional, viu Hildeny sentada no banco da balsa com uma carta em suas mãos. A diretora observou a carta que Hildeny carregava e disse: Nossa! Que letra linda!. Stella lhe perguntou se ela era professora, Hildeny respondeu que não. A diretora perguntou se ela gostaria de ser professora e ministrar aulas na Integração Nacional. Hildeny aceitou o convite, deixou seu emprego na lotérica e foi trabalhar na escola como professora, onde ficou até se aposentar. O Rio Tapajós estava lá e presenciou essa linda história.

Sonhos de uma travessia