Projeto Memória Petrobras
Depoimento de Silvana Fernandes
Entrevistado por Márcia de Paiva
Vitória, 25 de novembro de 2004
Realização Museu da Pessoa
Entrevista CBES 17
Transcrito por Andréa Penna
P/1 – Boa Tarde!
R – Boa Tarde!
P/1 – Gostaria de começar a entrevista pedindo que você nos diga seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Silvana Fagundes Fernandes. Nasci em Teófilo Otoni, Minas Gerais, em 23 de dezembro de 1969.
P/1 – Silvana, conta pra gente como foi seu ingresso na Petrobras.
R – Bem, eu fiz estágio, né, como lá em São Mateus era comum acontecer, todos os adolescentes terminavam o segundo grau e procuravam fazer estágio na Petrobras. Então, eu fiz estágio logo lá no começo.
P/1 – Em que área?
R – Na área de serviços gerais. A primeira área em que trabalhei foi de serviços gerais. Aí depois que eu terminei o estágio eu fiquei um tempo ainda distante da Petrobras e depois fui fazer um trabalho pra Comunicação, na parte de exposições, eventos e visitas de escola.
P/1 – Isso lá em São Mateus?
R – Lá em São Mateus, ainda. No começo, seria um trabalho esporádico, mas depois acabei ficando na Comunicação, trabalhando na Comunicação.
P/1 – E como é que foi o seu trabalho de São Mateus até você chegar aqui em Vitória?
R – Sempre trabalhamos lá na Comunicação com comunidade, com projetos sociais, atendendo pedidos da comunidade. Lá em São Mateus a gente sempre recebeu muitas solicitações.
P/1 – Que tipo de solicitações vocês recebiam?
R – Sempre aparecia de tudo. Pedindo um calçado, pedindo cesta básica, pagar conta de água e luz, benefícios para escolas, associações de moradores, então muita coisa assim de pessoa física mesmo e muita coisa de entidades. A gente recebia pedidos de ambulâncias pra hospitais, todo tipo de ajuda. Sempre a comunidade procurava a Petrobras. Apoio pra eventos, patrocínio pra campeonatos, eventos na praia, atendimento...
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Projeto Memória Petrobras
Depoimento de Silvana Fernandes
Entrevistado por Márcia de Paiva
Vitória, 25 de novembro de 2004
Realização Museu da Pessoa
Entrevista CBES 17
Transcrito por Andréa Penna
P/1 – Boa Tarde!
R – Boa Tarde!
P/1 – Gostaria de começar a entrevista pedindo que você nos diga seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Silvana Fagundes Fernandes. Nasci em Teófilo Otoni, Minas Gerais, em 23 de dezembro de 1969.
P/1 – Silvana, conta pra gente como foi seu ingresso na Petrobras.
R – Bem, eu fiz estágio, né, como lá em São Mateus era comum acontecer, todos os adolescentes terminavam o segundo grau e procuravam fazer estágio na Petrobras. Então, eu fiz estágio logo lá no começo.
P/1 – Em que área?
R – Na área de serviços gerais. A primeira área em que trabalhei foi de serviços gerais. Aí depois que eu terminei o estágio eu fiquei um tempo ainda distante da Petrobras e depois fui fazer um trabalho pra Comunicação, na parte de exposições, eventos e visitas de escola.
P/1 – Isso lá em São Mateus?
R – Lá em São Mateus, ainda. No começo, seria um trabalho esporádico, mas depois acabei ficando na Comunicação, trabalhando na Comunicação.
P/1 – E como é que foi o seu trabalho de São Mateus até você chegar aqui em Vitória?
R – Sempre trabalhamos lá na Comunicação com comunidade, com projetos sociais, atendendo pedidos da comunidade. Lá em São Mateus a gente sempre recebeu muitas solicitações.
P/1 – Que tipo de solicitações vocês recebiam?
R – Sempre aparecia de tudo. Pedindo um calçado, pedindo cesta básica, pagar conta de água e luz, benefícios para escolas, associações de moradores, então muita coisa assim de pessoa física mesmo e muita coisa de entidades. A gente recebia pedidos de ambulâncias pra hospitais, todo tipo de ajuda. Sempre a comunidade procurava a Petrobras. Apoio pra eventos, patrocínio pra campeonatos, eventos na praia, atendimento ao turista. Então, sempre teve assim todo tipo de pedido.
P/1 – Como é que vocês faziam para atender a esses pedidos mais diversos?
R – Nós não tínhamos condições de atender tudo, né, todos os pedidos. Então, alguns eventos a gente podia participar, algumas solicitações a gente conseguia encaminhar pros órgãos competentes atenderem, instituições mesmo, como o comitê da fome, outras entidades que podiam dar esse tipo de apoio que a comunidade buscava lá com a gente.
P/1 – E vocês ajudavam então mais o quê? Como é que eram os critérios?
R – Olha, a gente nunca trabalhou diretamente com pessoa física. Então, às vezes, a gente atendia instituições mesmo, pequenos tipos de ajuda, com algum material que a gente tinha, que poderia fornecer, porque até mesmo a gente não tinha autonomia pra atender certos pedidos, que dependem de autorizações da Sede, eram processos mais complexos. Então, a gente participava de eventos, apoiava eventos, seminários, algumas coisas mais assim, como acontece algumas vezes até hoje lá, solicitação de reforma pra escola, alguma sala, quando é em área rural próxima a estações nossas, aí a gente faz.
P/1 – Isso vocês atendiam?
R – Isso a gente atende. Até hoje a gente atende as comunidades próximas às nossas estações coletoras de petróleo, aí a gente faz reforma de escola, tenta ajudar de uma forma pra amenizar mesmo a situação difícil dessas comunidades.
P/1 – Já tinha um programa social, quando você entrou, ligado à comunidade?
R – Não. Programas maiores a gente não tinha, né, porque o que começou aqui mesmo foi o Programa de Criança, que é da Petrobras nacional, que a gente tem em São Mateus e Conceição da Barra já há bastante tempo, e o Plantando o futuro também, que é nacional, que são hortas nas escolas. Então, são esses os programas principais que a gente tem há bastante tempo. E a gente tem também a Lira Mateense, que é uma banda da cidade que tá agora pra completar 100 anos de idade e ela tava pra ser fechada e a Petrobras resolveu adotar. E aí a gente dá um apoio pra banda se manter, muita gente da cidade já passou ali, aprendeu música ali, é uma escola de música na realidade, ensina música gratuitamente à comunidade. E a gente mantém, a gente adotou de um período pra cá, de uns sete a oito anos pra cá, a Petrobras tá dando esse apoio a eles.
P/1 – E aí então você ficou lá trabalhando em São Mateus, quando é que você veio pra Vitória?
R – Quando a sede da Unidade veio pra Vitória em 2001, eu vim pra cá também com a Comunicação, a gente veio pra cá pra Vitória. E aqui, agora, a partir do ano passado, que foi criado o Programa Ciranda Capixaba, onde definiu realmente uma linha de atuação nessa área social.
P/1 – Fala um pouquinho do Ciranda Capixaba, como é que ele funciona?
R – O Ciranda é uma seleção pública de projetos, tem o regulamento, tem o edital – definiu a linha geração de emprego e renda – e as instituições se inscrevem ali, apresentam o projeto e aí é convidada uma banca, uma comissão pra examinar esses projetos e os que estão mais de acordo com o regulamento recebem um benefício. Aí eles recebem esse benefício por um período pra dar sustentabilidade mesmo ao projeto e quando termina esse convênio com eles, de receber realmente o apoio financeiro, eles continuam fazendo parte do Ciranda, só que aí também eles ajudam a estruturar outros projetos. Todas as instituições que estão dentro do Ciranda, elas trocam informações entre elas pra ta sustentando, aprendendo, né, eles vão estar passando a experiência de cada um. Então os novos que entrarem no programa vão ter a experiência dessa primeira seleção que a gente teve no ano passado. E incorporou também os outros projetos que nós tínhamos. Então a gente ta passando tudo pra dentro da...
P/1 – Então ficou um “projetão”? E incorporou quais projetos?
R – Isso. Ficou um programa, né, ficou o Ciranda Capixaba, e a gente incorporou pra ta tudo unificado, todo mundo participando. Como a Lira Mateense, por exemplo, ela é uma escola de música, então, na realidade, ela ensina música, mas é diferente de um projeto como a Associação de Artesãos, que eles estão produzindo artesanato pra vender. Então, é diferente o trabalho, mas eles podem fazer parte também ali dentro, eles vão ter experiências que podem valer a pena pra algum outro tipo de projeto. Dentro do Ciranda, nós temos o Projeto Araçá, que também tem bastante tempo em São Mateus e que ele também trabalha com adolescentes. Adolescentes assim de baixa renda, então ela dá reforço escolar, ela ensina música, ensina arte e dá uma condição melhor pro adolescente ta ingressando no mercado de trabalho.
P/1 – O Araçá é dos mais antigos que vocês trabalham?
R – É, o Araçá é um dos projetos mais antigos também. Antes, a gente trabalhava só com pequenos apoios mesmo. Eles tinham uma horta do “Plantando o futuro” lá, onde as crianças trabalhavam nessa horta, também aprendiam a cultivar a terra e tal, ali na horta do Araçá. E também o programa que nós tínhamos que, na época, chamava-se “Menor assistido”, eles tinham muitos adolescentes do Araçá que entravam nesse projeto pra aprender uma profissão.
P/1 – O que diferenciava o Araçá do Menor assistido?
R – Porque o “Menor assistido” já era dentro da Petrobras, a criança já convivia no ambiente de trabalho, ele ali já aprendia a tirar uma xerox, atender o telefone, então ele tinha essa experiência já no local de trabalho. Muitos deles estão trabalhando dentro da Petrobras. Nós temos em torno de uns 10 adolescentes que são funcionários de empresas terceirizadas e tem empregado Petrobras que também já foi desse projeto e que passou no concurso da Petrobras.
P/1 – E esse projeto ainda continua, vocês continuam selecionando adolescentes pra trabalhar?
R – É, hoje em dia é o adolescente-aprendiz, né, que a lei mudou, então teve algumas alterações, mas nós temos funcionando também, nós terminamos uma turma agora de 11 adolescentes, nós temos a Tatiana, que ta na Comunicação ainda, porque ela era da turma mais nova, então ela continua ainda com a gente. E agora, em janeiro, deve ter uma seleção já pros adolescentes que vão começar no ano que vem. Nós temos aqui em Vitória, temos em São Mateus e temos em Linhares. Em Linhares nós temos adolescentes da área rural que fazem o curso profissionalizante também pra ta trabalhando nas outras áreas.
P/1 – Bacana. Silvana, me conta uma história engraçada. Você tem quantos anos de trabalho aqui?
R – Vou completar agora oito anos que estou fixa mesmo na Comunicação.
P/1 – Me conta nesses anos de trabalho alguma história que tenha te marcado, alguma história engraçada, uma história interessante, alguma coisa que tenha ficado especialmente marcada pra você.
R – Sempre tem histórias assim, né? E na Comunicação a gente acaba rodando toda a área operacional, então sempre você ouve muita história que ali no momento você ri e acaba passando. A gente na Comunicação visita muito as sondas, estações, então eles falam que eu conheço todo mundo. Tem muita gente que brinca aqui que eu sou quase um BP, quase um bem patrimonial, mas é porque me conhecem há muito tempo, aí pensam assim: “Ah ela tem muito tempo, conhece toda a história.” Mas a gente roda muito a área operacional, então conhece todo mundo da sonda, das estações, os operadores, os jardineiros, então tem uma amizade muito legal, muito boa. Mas assim uma história engraçada que costumava acontecer... A Comunicação, nós tínhamos projetos de verão que aconteciam nas praias no Norte e, então, às vezes, eu ia pra lá, levava brindes pra sortear, a gente ia acompanhar como que tava acontecendo a ginástica, os esportes, se tava legal. E, às vezes, a gente saía, ia pra praia acompanhar o projeto e aí era engraçado chegar, chegava às vezes no carro, o motorista tava lá em pé e tinha três ou quatro pessoas esperando pra poder pedir alguma coisa pra Petrobras, pra levar um cartão, pra apresentar, mostrar o tipo de serviço que ele faz. Então, assim, a Petrobras é muito presente no Norte. Agora tem pouco tempo que a gente ta indo pro Sul do Estado e a gente tem feito um trabalho lá com exposições. Nas festas da cidade, a gente monta stand, apresenta o que é a atividade da Petrobras e é legal você ver isso, como as pessoas ficam surpresas, né? Porque ainda tem muita gente que não conhece o trabalho da Petrobras realmente.
P/1 – Em que exposições que vocês tem ajudado, exposição com arte?
R – Não, a gente monta um stand, geralmente. A gente monta um stand com o trabalho da Petrobras, a gente mostra toda a atividade, da sísmica até o combustível. A gente mostra tudo passo a passo e também projetos sociais, o que a Petrobras faz, como ela trabalha realmente. Então, duas formas que a gente tem de estar mostrando à comunidade, que é o programa de visita também, que desde que eu entrei aqui eu acompanho o programa de visita, que a gente recebe escolas, universidades, instituições, grupos de empresários pra conhecer a Empresa. Então, a gente leva a uma estação coletora de petróleo, a gente leva a um poço pra ver o cavalo-de-pau, porque muita gente querendo saber por que cavalo-de-pau.
P/1 – Conta como é que é o cavalo-de-pau pra gente.
R – Cavalo-de-pau é uma unidade de bombeio mecânico que a gente tem aqui, no Norte temos muitos. Você passa ali em Jaguaré, na Estação Fazenda Alegre, e tem muitos, você vê vários, enormes, unidades de bombeio enormes. Então, é muito comum, as pessoas já estão acostumadas a conviver com isso ali. Então, tem sondas, você passa e sempre você vê uma sonda lá, a Petrobras está bem presente ali no Norte mesmo, nas comunidades ali bem perto.
P/1 – Você chegou a se sindicalizar?
R – Não, porque eu sou terceirizada. Então, as empresas terceirizadas nem todas são do Sindicato dos petroleiros.
P/1 – Silvana, você gostaria de deixar alguma outra história registrada?
R – Não. A única coisa é que, realmente, eu acho que estou no lugar certo. Eu gosto do que faço. Quando eu fui convidada pra fazer o primeiro trabalho na Comunicação, eu falei assim: “Eu vou experimentar, né?” E aí eu me identifiquei, vi que era isso que eu queria. Eu gosto de estar ali na Comunicação e eu conheço todo mundo, eu converso com todo mundo e a gente percebe que as pessoas te recebem bem. Então, apesar de ser contratada, como as pessoas terceirizadas, mas eu sempre fui muito bem tratada, muito bem recebida por todos. Nunca tive nenhum problema. Então eu falo sempre, eu falo assim: “Eu, graças a Deus, trabalho numa coisa que eu gosto, num lugar que eu me sinto muito bem.”
P/1 – Silvana, queria agradecer a sua participação, a sua recepção pra gente aqui, foi muito legal.
R – Obrigada a vocês.
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