IDENTIFICAÇÃO
O meu nome completo é Marcia Helena Figueiredo Magnus Leite, mas meu nome de guerra desde que entrei para a Petrobras, há 22 anos, é Marcia Figueiredo. A minha data de nascimento é cinco de agosto de 1959, no Rio de Janeiro.
INGRESSO NA PETROBRAS
Eu tenho um tio que trabalhava na Braspetro, se chama Ronaldo Alves. Ele foi morar no Iraque, em Basrah. Na época, a família dele foi chamada pelo Jornal Nacional para falar sobre a guerra no Iraque. Eles fugiram, foram para um outro país, mas ele só falava sobre a Petrobras. Ele nos visitava e ficava na minha casa. Ele sempre trazia folhetos da história da Petrobras: o que é a Petrobras, o que a Petrobras tinha, o que ela representava para o país. Então eu lia, com nove, 10, 12 anos. E eu falava para ele: “Eu vou trabalhar na Petrobras, eu quero trabalhar na Petrobras, eu amo essa empresa pela sua história”. Isso com nove, 10 anos. E eu escrevia em cima no folheto: “Vou trabalhar na Petrobras, é o meu desejo, essa empresa é muito rica, valiosa”. Eu colocava vários adjetivos sobre a Petrobras. Então eu falo que ele tem grande importância na minha vida profissional, porque eu quis, coloquei na minha cabeça, fiz vestibular para a área de comunicação e quando me formei falei: “Eu vou entrar na Petrobras”. E entrei Eu acho que isso foi muito forte. Eu falo: “Ronaldo Alves, graças a você, eu estou dentro da Petrobras”. E graças a minha determinação, perseverança. Quando se deseja, a gente tem que continuar falando com o espelho, falando para tudo; isso é neuro-lingüístico, a gente fala e consegue. É determinação. Eu entrei na área de relações-públicas, porque a minha formação é em relações-públicas e jornalismo. Eu entrei primeiro na área de relações-públicas, fiquei pouco tempo e depois eu fui para a assessoria de imprensa – hoje é chamada de gerência de imprensa.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Na assessoria de imprensa, eu comecei a fazer o...
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O meu nome completo é Marcia Helena Figueiredo Magnus Leite, mas meu nome de guerra desde que entrei para a Petrobras, há 22 anos, é Marcia Figueiredo. A minha data de nascimento é cinco de agosto de 1959, no Rio de Janeiro.
INGRESSO NA PETROBRAS
Eu tenho um tio que trabalhava na Braspetro, se chama Ronaldo Alves. Ele foi morar no Iraque, em Basrah. Na época, a família dele foi chamada pelo Jornal Nacional para falar sobre a guerra no Iraque. Eles fugiram, foram para um outro país, mas ele só falava sobre a Petrobras. Ele nos visitava e ficava na minha casa. Ele sempre trazia folhetos da história da Petrobras: o que é a Petrobras, o que a Petrobras tinha, o que ela representava para o país. Então eu lia, com nove, 10, 12 anos. E eu falava para ele: “Eu vou trabalhar na Petrobras, eu quero trabalhar na Petrobras, eu amo essa empresa pela sua história”. Isso com nove, 10 anos. E eu escrevia em cima no folheto: “Vou trabalhar na Petrobras, é o meu desejo, essa empresa é muito rica, valiosa”. Eu colocava vários adjetivos sobre a Petrobras. Então eu falo que ele tem grande importância na minha vida profissional, porque eu quis, coloquei na minha cabeça, fiz vestibular para a área de comunicação e quando me formei falei: “Eu vou entrar na Petrobras”. E entrei Eu acho que isso foi muito forte. Eu falo: “Ronaldo Alves, graças a você, eu estou dentro da Petrobras”. E graças a minha determinação, perseverança. Quando se deseja, a gente tem que continuar falando com o espelho, falando para tudo; isso é neuro-lingüístico, a gente fala e consegue. É determinação. Eu entrei na área de relações-públicas, porque a minha formação é em relações-públicas e jornalismo. Eu entrei primeiro na área de relações-públicas, fiquei pouco tempo e depois eu fui para a assessoria de imprensa – hoje é chamada de gerência de imprensa.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Na assessoria de imprensa, eu comecei a fazer o clipping da Empresa, para todas as autoridades, para todos os políticos e para dentro da casa: para os gerentes internos, presidente e tudo. Era para chegar às três da manhã e sair às cinco horas da tarde. Eu comecei ali e depois eu passei para a área de jornalismo para escrever o Petrobras News, em inglês, e também o Jornal Petrobras; tinha o jornal Petrobras. Eu cobria a área marítima e de dutos.
Foi muito importante trabalhar 18 anos na assessoria de imprensa. Isso fez com que eu tivesse um relacionamento com todos os níveis de gerência da Empresa, desde o presidente até o faxineiro; um reconhecimento muito grande e o conhecimento também. Hoje tudo o que consigo é por causa do trabalho que eu tive na assessoria de imprensa. Eu fui também uma das criadoras do mídia training, o curso de relacionamento com a imprensa – eu e o Lúcio Pimentel, gerente de imprensa da Petrobras. Nós criamos esse trabalho de mídia training, que foi muito importante. Hoje existe esse curso de relacionamento, mas eu adaptei, mudei a metodologia e levei para todo Brasil, mesmo não existindo as empresas que nos forneciam esse tipo de trabalho. Eu fazia uma pesquisa de jornalistas de renome e convidava um jornalista da Globo, sempre. Era um compromisso ético, tudo super ético. Eles davam o curso, eu passava toda a metodologia. Isso ficou muito forte em mim, porque era um desafio. Era com gerentes de cada estado do Brasil, do nordeste e do norte, onde não existia a empresa. No sul sim, existia a empresa. Foi um desafio muito grande, mas foi ótimo profissionalmente. Então fiquei 18 anos na assessoria de imprensa, tirando os dois anos, 1996 e 1997, quando eu fui para o Rio Grande do Norte.
Fiquei dois anos no Rio Grande do Norte, na área de assessoramento de imprensa fazendo o jornal do Petrobras RNCE. Até hoje existe esse jornalzinho. Eu escrevia sobre a produção de petróleo, sobre as reservas, essas coisas. Eu nunca tinha tocado no óleo. Então eu conheci o “cavalo-de-pau” ali na minha frente, eu cheguei a chorar vendo o “cavalo-de-pau” com óleo, eu imitava até o Getúlio Vargas com a mãozinha dele. Então, ver e escrever sobre aquilo, me ajudou a crescer na vida profissional; ver a como é feita a produção. No Rio Grande do Norte também foi uma experiência significativa. Acho que todos deveriam passar por uma unidade no Brasil, antes de entrar na Petrobras, para conhecer de perto todo esse trajeto do petróleo. Fiquei dois anos no Rio Grande do Norte, voltei para cá, para a assessoria de imprensa.
Em 2002, eu fui para a Argentina, fiquei um ano lá, na época da Perez Companc, aquela grande empresa que a Petrobras comprou, que tem estava presente em todas as atividades de energia. Compramos a Perez Companc. Eu tinha que implantar uma assessoria de imprensa. Já existia, mas eram duas pessoas. O meu objetivo foi passar todas as diretrizes, as normas, formar, fazer relacionamento com a imprensa. Foi uma experiência magnífica, porque eu pude conhecer bem a cultura da Argentina, os jornalistas. Ninguém fazia um trabalho de relacionamento com a imprensa, eu levei esse trabalho e acho que depois parou. Eu vivo falando com o gerente de comunicação que isso é essencial, porque não colocam matéria paga, a gente vende a imagem da empresa de graça, você passa o que é a Petrobras, o que ela vai trazer para esse país, quais são os benefícios com a entrada da Petrobras no país, o que ela vai trazer de importância.
Hoje, todo mundo que precisa saber como é o argentino lembra de mim e fala: “Ah, chama a Marcia, que ela conhece bem.” Se há um trabalho com a Argentina: “Chama a Marcia que ela já conhece a cultura, todo o estilo, o jeito deles” – do argentino principalmente. Então, para mim, foram fatos marcantes: trabalhar na assessoria de imprensa – foi essencial, número um –, segundo, no Rio Grande do Norte e terceiro na Argentina.
Quando eu ia voltar para a assessoria de imprensa fizeram uma proposta para eu implantar, tirar do chão, a coordenadoria de comunicação da área internacional. Isso foi em três de março de 2004. E implantamos a coordenadoria de comunicação, que hoje é gerência.
GERÊNCIA DE COMUNICAÇÃO DA ÁREA INTERNACIONAL
A primeira mudança foi a abertura da Área Internacional para o público interno e o público externo, que não existia. Essa foi a maior mudança, ninguém sabia o que a área internacional fazia. Eu cheguei para abrir a área ao público interno e externo com o evento da semana internacional. Foi o nosso primeiro projeto; nós fizemos aqui no Edise. Essa abertura foi essencial e mudou a experiência. Eu achei que a área internacional cresceu, começou a pensar em novos negócios, a expertise foi crescendo. Os empregados das áreas também se capacitaram melhor para fechar um negócio, para fazer um take over. Ninguém sabia fazer. Eu achava que ninguém ainda sabia fazer um take over, em todas as áreas, falando do abastecimento. Em todas as áreas da área internacional. Hoje quem tem a expertise são os empregados da Área Internacional. E realmente faltava isso, hoje eles sabem fazer um grande negócio, graças a todo trabalho que foi feito internamente de capacitação, de todo esse tipo de experiências e de troca de experiências também.
É um trabalho muito grande Eu fico às vezes estressada, porque além de cuidar da sede, dos empregados, da comunicação interna – com os 600 empregados que nós temos aqui no Rio de Janeiro – eu oriento e coordeno o trabalho das unidades do exterior; são seis unidades. Além das seis unidades tem também os outros países, porque hoje nós estamos em 22 países – acho que são 22 países. E onde não existe estrutura, nós fazemos os planos de comunicação para cada escritório da Petrobras: no Irã, na Líbia, na Turquia... Então colocamos um representante de comunicação, alguém que tenha contato mais direto. Mesmo que não tenha formação, orientamos, capacitamos e fazemos um intercâmbio com ele. Também produzimos um plano de comunicação para organizar e alinhar com a comunicação institucional.
Plano de Comunicação em cada país
Nós alinhamos as diretrizes e as normas da Petrobras, da Comunicação Institucional. Mas cada escritório tem que adaptar para a sua localidade, respeitando a cultura do país. Então fazemos para cada país. Mas não há só o plano, eu trabalho em todos os aspectos. Trabalho a comunicação externa, faço também a parte do atendimento à imprensa, como eu vim da assessoria de imprensa. Tenho contatos diretos com os correspondentes, eu assessoro os meus gerentes executivos e o meu diretor também, o diretor Nestor Cerveró, nessa parte de imprensa.
JORNAL DA ÁREA INTERNACIONAL
Fazemos também um jornal, Jornal da Área Internacional, não sei se já falaram sobre ele. O Jornal da Área Internacional é padronizado, segue os padrões da Comunicação Institucional. Em toda a área de negócio existe um jornal. Mas, só para dar uma idéia, não existia a comunicação na Área Internacional. Por que eles viram a necessidade de existir uma coordenadoria? Porque havia uma demanda grande de saber sobre o que a Área Internacional faz, quais são as atividades e tudo. E na antiga política era proibido fazer ainda o marketing, por isso que nunca foi feito nada com os empregados, passava-se pouquíssima informação sobre a Braspetro, na época, e depois sobre a Área Internacional, em 2000. Não era aberto, ninguém sabia o que a área internacional fazia e as demandas cresciam, cresciam, não existia um jornal. A única área de negócio que não tinha uma comunicação era a nossa.
MEMÓRIAS DA INTERNACIONALIZAÇÃO
Nós vamos lançar um livro, está marcado para outubro, se Deus quiser. Esse livro vai contar casos da história da internacionalização. Contará desde o início, da Braspetro até hoje com a internacionalização, casos de ex-diretores, ex-presidentes da Petrobras; entra todo mundo desde 1972 até hoje. Terá 260 páginas. Vai ser um livro magnífico, quem está escrevendo são as jornalistas Cristina Chacel e Elane Maciel. É um livro trabalhoso, porque não é fácil tirar as mensagens e mandar para eles darem uma olhada: “Ah, não falei isso”; “Mas falou e está gravado”. Então é um livro delicado porque ele conta política, como foi, o que aconteceu desde a entrada da Petrobras no Irã. Existem mensagens políticas ali. Nós temos que trabalhar com isso, tem que ver hoje a direção, tem que ir atrás do nosso presidente, para colocar uma mensagem. Então vai ser um livro interessantíssimo, para ler e gostar. Não vai ser um relatório, que já estamos cansados de ler. São várias histórias, um livro de casos, com fotos antigas e atuais, fotos dos nossos dirigentes com os seus familiares, as passagens no exterior. Realmente, acho que vai ser o “boom” da história, quer dizer, desse ano, né, vai ser o gol do nosso trabalho. Acho que vocês vão adorar.
INTERNACIONALIZAÇÃO DA PETROBRAS
A internacionalização foi super valorizada, está sendo valorizada pelos nossos gerentes, porque, realmente, se não existisse a comunicação, fazendo esta interface com a Comunicação Institucional ia demorar, ia existir uma demora em tudo, em todos os processos, nós somos os facilitadores. Com a nossa entrada, eu pude mostrar os nossos projetos, as nossas criações, preparar o empregado, saber quem é o próximo. Por exemplo, não existia ainda o marketing. Na nossa Comunicação, eu trabalho muito com o empregado, existem vários projetos nossos que aproximam, humanizam o empregado, dão importância ao empregado e não existia isso dentro da área internacional.
Essa expansão, hoje nós estamos em 22 países, só trouxe valorização, crescimento, desenvolvimento da Petrobras no mundo. A Petrobras ficou em evidência fora do Brasil, ganhou importância, porque entramos em países desenvolvidos; nós estamos entrando em países de grande porte. Antigamente as pessoas achavam que a Petrobras era só Brasil, mesmo com a Braspetro. Na Braspetro, sempre trabalhávamos em upstream, só na parte de exploração e produção, não existia a parte de refino, de distribuição. Era muito pouco divulgado externamente.
Com a Área Internacional, hoje, existe uma valorização, não trabalhamos só com Brasil, trabalhamos com outras culturas. E isso só trouxe riqueza, para a Área Internacional e para a Petrobras. Ela ganhou entrando nesses grandes países. A Shell entra em vários países, está há 100 anos aí, a Petrobras com 50 anos, não tinha nem entrado bem, só em poucos países, né? Agora são 22 países. É uma riqueza muito grande, a Petrobras ganha com isso, porque, graças a essa entrada, o lucro cresce na empresa. Estamos crescendo cada vez mais, com resultados positivos para os investimentos. Os investimentos cresceram e só entrou lucro para dentro da empresa. Eu acho de grande importância e nós estamos lucrando com isso.
INTERNACIONALIZAÇÃO DA PETROBRAS
Na América Latina, principalmente, na Argentina, existe um envolvimento muito grande, existiu um trabalho de marketing de grande porte, por quê? A infra-estrutura de comunicação é grande, é o único país onde existe uma grande infra-estrutura. Então eles criaram um trabalho de marketing em cima da marca da Petrobras, dos postos. Existe um reconhecimento do argentino sobre a Petrobras. Eles acreditam na Petrobras; eles acreditaram que ela entrou no país para ficar, entendeu? E com isso a imagem foi super favorável, foi positiva.
Na Colômbia, também, a entrada da Petrobras está sendo super positiva, antes só tinha upstream, agora tem distribuição. Nós estamos desenvolvendo um trabalho de marketing, um trabalho de comunicação com os empregados, porque o primeiro público é o empregado, passar essa imagem para o nosso empregado e depois para fora, externamente, para a imprensa, para outros públicos. A marca está sendo reconhecida na Colômbia.
No Paraguai – está fazendo um ano que estamos no Paraguai – existe um reconhecimento super-positivo também. Estamos na parte de downstream. Houve um crescimento na venda dos nossos produtos.
No Uruguai, nós entramos também com o take over que houve o ano passado. Nós compramos os postos da Shell. Os empregados da Shell passaram para nós, e esse trabalho também foi super reconhecido. Internamente fizemos um trabalho grandioso que só aproximou o empregado para dentro da Petrobras. Ele virou um irmão Petrobras. Hoje, apresentamos alguns trabalhos e tem empregado da Shell que chora: “Graças a deus a Petrobras nos comprou”. Eu tenho depoimentos: “Graças a deus que a Petrobras nos comprou”. Porque nesses países, no Uruguai, no Paraguai e na Colômbia, eles estavam jogados pela Shell.
Nos países, Paraguai, Uruguai e no resto do mundo onde existe escritório, nós temos que desenvolver mais a marca da Petrobras. Hoje existe um problema de marca que está sendo hoje estudado, avaliado pelo Eduardo Felberg, para existir uma marca só no mundo inteiro, ou duas marcas. Nós estamos estudando, avaliando, porque hoje nós temos três marcas e isso é muito ruim. No resto do mundo é uma marca, na América do Sul é outra e aqui no Brasil é outra. Então, temos que resolver isso, nós estamos estudando junto com a Comunicação Institucional, junto com todos os gerentes executivos do sistema Petrobras, para ver como resolver isso.
No resto do mundo, onde existem os escritórios – na Líbia, Turquia, no Irã – estamos começando agora esse trabalho de planejamento, de fazer um plano de comunicação para ser reconhecida essa marca. Na Nigéria, eles conhecem a marca da Petrobras, nós estamos também fazendo um trabalho melhor. Nos Estados Unidos, nós estamos entrando fortemente agora com a compra dos blocos no Golfo do México. Nós estamos também trabalhando muito a marca nos Estados Unidos, porque eles estão agora reestruturando a PAI, a Petrobras America Inc. Eu vou colocar uma comunicação lá. Nos escritórios do resto do mundo, que ficam mais longe e também não existe infra-estrutura de comunicação – não tem condição porque são entre 10 e 20 empregados –, tem sempre um representante de comunicação. Nós precisamos deles para fazer um diagnóstico para estudar e avaliar como vamos mostrar a marca, a presença da Petrobras no país.
HISTÓRIAS/ CAUSOS/ LEMBRANÇAS
Quando eu trabalhava na assessoria de imprensa, no primeiro acidente que houve, no vazamento da Baía da Guanabara, eu estava de férias na primeira vez, eu tirei 15 dias corridos. O meu filho, o Gabriel, tinha oito ou nove anos, não me lembro bem. Eu acho que ele era até menor. Ele estava super feliz de eu estar ali com a família porque sempre eu era chamada de emergência, sempre acontecia alguma coisa, mas nunca tão grande como foi esse vazamento. Então o assessor de imprensa do presidente, o Cabral, me ligou: “Marcia, está acontecendo isso, aquilo, eu gostaria que você voltasse”. Ele nem chegou ao fim da frase, eu falei: “Tô indo, me espere que amanhã cedo, sete horas da manhã, eu chego aí”. Eu não tinha falado nada com a família. Depois eu falei o que aconteceu e o Gabriel chorou muito. Estávamos de férias lá em Friburgo, toda a família. Mas eles aceitaram mais ou menos e voltamos. Quando nós voltamos, eu começava às sete horas da manhã e chegava à meia-noite em casa, todo dia, durante o mês todo. Então, o que aconteceu? Um dia, eu encontrei na minha mesa do escritório um desenho assim: ele desenhou como se fosse um rio preto e eu estava lá, loira, o meu cabelo pintado de amarelo, toda de preto e escrito: “Esse vazamento tirou a minha mãe das férias. Eu não gosto da Petrobras” Algo assim, não me lembro direito. Eu podia até procurar na minha casa, porque é muito interessante, mas eu chorei muito e expliquei na hora para ele, depois ele foi reconsiderando. Mas já houve aniversários de casamento, essas coisas todas, que eu não tive por conta da Petrobras, que me chamava. Eu sempre estava à disposição.
ACIDENTES
Eu tive uma experiência muito grande na área de acidentes, de crises da Petrobras. Eu até coordenava esse tipo de trabalho, que não existia. A assessoria de imprensa fazia tudo da parte de imprensa. Então eu coordenava esse trabalho. A primeira grande crise que ocorreu foi o vazamento da Baía da Guanabara e foi um aprendizado, antes nunca tinha acontecido. Tanto que o presidente na época não informou direito os números do acidente e isso causou um problema muito grande com a imprensa, com a divulgação e tudo. Então, eu achei que o vazamento da Baía da Guanabara, em 2002, foi uma aula de como tínhamos que fazer para os próximos porque se trabalhamos em uma indústria petrolífera, tem que esperar de tudo. Teve o caso do Exxon Valdez, aconteceu e também pegou todo mundo de surpresa na época. E eles também tiveram uma lição, porque houve um erro de relações-públicas da parte deles. Mas em todas as áreas, não só na imprensa, tinha muito que aprender.
O segundo acontecimento foi o afundamento, a explosão da P-36. A plataforma explodiu e, depois de um tempo, afundou. Tem até um case com esse trabalho de comunicação. Para mim, foi o melhor em termos de comunicação, de informação, tudo foi muito mais organizado. Eu estava à frente porque o meu assessor de imprensa estava de licença; eu fiquei à frente junto com o assessor do presidente, porque havia uma equipe de jornalistas que ele chamou para a crise. Eu coordenava a parte operacional. Eu trabalhei diretamente nesse caso. Fui chamada às três horas da manhã quando isso aconteceu e às quatro horas eu estava na empresa. Eu chamei toda a equipe e todos compareceram. Tem até um caso engraçado: eu coloquei a calça ao contrário, cheguei meio dormindo e quando eu estava passando todas as explicações, quais eram as atribuições de cada um ali, o pessoal olhava para mim e ria, até que perguntei: “De que vocês estão rindo?” A minha calça estava ao contrário: “Ai que vergonha, que horror” Fui correndo ao banheiro e troquei. A primeira coisa foi pensar nos meus empregados, os empregados da Petrobras, da assessoria. Eu falava: “Primeiro vai todo mundo lanchar, eu vou pedir um café da manhã”. Eu sempre pensei muito na pessoa humana, sempre penso primeiro no trabalhador, no que ele precisa. Tanto que nessa época existia entrevista coletiva e ninguém pensava no cameraman, no repórter da Globo, que ficava de plantão, que não tinha sala de espera, que não tinha nada, não tinha lugar. Eles ficavam no hall, lá embaixo, na entrada, e ficavam de plantão o dia inteiro. Eu mandava sanduíche, refeições, para eles; eu pensava neles.
E muitos ainda hoje se lembram desse período: “Olha, nem o BNDES, nem não sei aonde...” Eles davam exemplos. “A Petrobras sempre pensou na gente”. Eu sempre lembrava pois era eu que estava à frente desse trabalho. A organização de entrevista coletiva, para sobre os acidentes, essas coisas todas, eu estava à frente. Foi uma grande experiência porque com os outros já existia um plano de crise. Hoje existe um trabalho de crise dentro da Petrobras gerenciado pelo Erasmo Granado e nós trabalhamos diretamente. Eu ajudo muito na parte de mídia training, ajudo também na parte de organização da Área Internacional, porque temos que pensar agora nos acidentes fora do país, se houver.
Realmente foi uma bela experiência, eu jamais vou esquecer. Quando tem um acidente, eu sempre penso em todos os públicos, já sei quem é quem, a comunidade, o empregado, a imprensa. Nunca podemos esquecer que dependemos dela para sermos divulgados aí fora. Se a imprensa passa o número errado, como no caso da Baía da Guanabara, causa uma polêmica muito grande e dá oportunidade para que digam que a Petrobras é uma bagunça, a Petrobras não sabe nada, a Petrobras tem técnicos que não sabem seus próprios números. Nós temos que saber falar até esse “não sei”. Então, orientamos todo o corpo gerencial para lidar com esse tipo de experiência de crise.
COTIDIANO DE TRABALHO
Eu acho importante falar também sobre confiança. A confiança é muito importante, porque o profissional da Petrobras tem que ser inteligente e capaz, mas uma coisa que ele tem que ser primeiramente é leal. Ele deve ser leal ao gerente, leal à gerência. Isso é uma das coisas que acho mais importante dentro da empresa: a lealdade com seu gerente-executivo, a lealdade com o diretor, porque ele confia mais em você, ele te entrega o projeto. O meu próprio gerente acredita em mim, ele fala: “Eu acredito em você, Marcia, pode prosseguir, eu sei que vai dar certo”. Isso porque ele já sabe que eu sou muito leal, eu estudo o perfil dos meus gerentes todos; eu estudo o perfil dos nossos empregados. Nós da comunicação, temos que estudar com quem estamos falando. Então já sabemos previamente.
Para organizar um evento, um dos maiores eventos da nossa área, o “Integrane”, um evento de integração de 600 empregados da sede, da Área Internacional, nós paramos um dia – da manhã à noite. E ninguém falta, porque é um evento de cri-a-ti-vi-da-de. Então ali eu tenho que conhecer bem o meu público, porque senão vai ser um vexame. Se eu colocar qualquer bobagem, qualquer besteira, já viu. Então, eu estudo, são cinco etapas. É um evento primeiro de entrega; aproveito esse evento para entregar os escudos dos 10, 20, 30 anos de homenagem do empregado, depois começa uma palestra. Para essa palestra, eu não coloco qualquer um, eu sei o que eu posso passar para o meu empregado. Isso tudo é difícil, é um desafio, mas eu acredito e eles acreditam em mim, já são três anos que estou na gerência, desde 2004. E, graças a Deus, a tendência é melhorar, um ano ser melhor que o outro. Até ganhei um prêmio de criatividade num Fórum de Comunicação que o Eraldo Carneiro organizou.
Esse evento integrou muito os empregados, porque mostrou os talentos de cada um. Eu trabalho muito com o empregado, não é motivação, não é recursos humanos, é um trabalho mesmo de brincadeira, de canção, música, tudo. Eu acho que temos que conhecer bastante o nosso público. Sem conhecer o público interno você não pode gerenciar; não pode ser um gerente de Comunicação Interna. Tem que conhecer bastante o seu público, bastante mesmo, ir a fundo. E, nesse evento, eu estudei bastante o perfil de cada um.
MUDANÇAS NA PETROBRAS
Eu destaco uma grande mudança: na Área Internacional não existia mulher como gerente. Eu vejo que hoje existem mais mulheres gerenciando dentro dessa área. Isso foi muito importante porque mostrou que nós também somos importantes na vida de uma empresa. Então achei essa mudança, essa entrada de mulheres gerenciando super válida. A Área Internacional ganhou com isso. A mulher pensa no negócio, mas vendo todos os lados. Ela é mais sensível, mais a parte emocional também, porque em negócio temos que pensar em tudo. Eu acho que o homem fala, ele sabe que existe isso, mas ele não sabe como passar essa experiência de emoção, da sensibilidade. A mulher já entende, sabe chegar ao negócio com toda honestidade, dedicação e profissionalismo. A mulher não só entende, ela não é só aquela mãe, ela é uma profissional, é dedicada. Ela quer trabalhar, quer criar um projeto; ela corre, vai atrás das notícias, em todos os aspectos. Eu acho que isso foi fundamental também para a Área Internacional. Hoje existem mais mulheres trabalhando na nossa área.
Tem também a parte de segurança, porque hoje existem esses cursos que eu convido todos os meus gerentes-executivos, gerentes-gerais, do mundo inteiro para participar, para eles serem orientados, porque existe um procedimento. Então eles participam seguindo esse procedimento. Nós fazemos esse curso na prática, como fizemos agora na Argentina. Simulamos um vazamento, acho que foi uma batida de navio, não me lembro direito, mas colocamos bonecos como autoridade, imprensa, misturou todo tipo de público. Foi muito bem feito. Na prática também tem que se inventar um acontecimento, uma crise, para orientar e deixar orientado o gerente, como ele deve se portar perante uma crise dessas. Com todo tipo de público.
IDENTIDADE PETROBRAS / SER PETROLEIRO
A Petrobras é a minha segunda casa. Primeiro é a minha família, mas ela é a minha segunda casa. Eu visto a camisa, eu defendo a minha empresa em qualquer lugar do mundo. Não só no Brasil, mas no exterior também. Ela é a minha alma também, eu luto por ela, pela sua imagem. Eu construo a imagem dela aí fora, eu passo essas informações positivamente, vendo o que ela é verdadeiramente, sem inventar o que é a Petrobras, tudo de forma bem transparente.
Eu quero que a empresa se expanda cada vez mais nos países, que cresça. Ela é a única empresa desse país que o lucro sempre cresce, não existe prejuízo. É uma empresa vista positivamente pelos brasileiros, todos amam essa empresa. As pessoas só falam bem da Petrobras, nunca falam mal, e todos querem trabalhar na empresa.
Eu participei de um teste com trainees, para quem está entrando para a Área Internacional, e vi como era grande a procura de trabalho para a área internacional. É muito interessante, são vivências de muitas histórias que aconteceram.
Eu acho que todo petroleiro tinha que passar pelas unidades do Brasil e algumas unidades do exterior também, para conhecer. Tem que haver um diálogo entre Petrobras-Brasil e Petrobras-exterior, porque nós somos uma Petrobras só. Somos uma Petrobras e somos só uma comunicação. Para mim, não existe comunicação da área internacional, comunicação institucional, comunicação da área de negócio da E&P, etc. Na minha cabeça é uma comunicação só, nós temos que dar uma informação alinhada, alinhada com todas, e virar uma só, nós somos uma Petrobras. Devemos respeitar o nosso trabalho, porque é super importante cuidar da imagem da empresa. A comunicação cuida da imagem da empresa. Então, isso é de grande importância, isso é tão importante quanto o trabalho de um engenheiro. Eu adoro essa empresa, eu visto a camisa e eu vou ficar até a morte, se Deus quiser.
PROJETO MEMÓRIA PETROBRAS
Eu achei ótimo, gostaria até de ter mais tempo, mas como estamos agora no Metropolitan, que fica longe, com o problema do trânsito e a passeata que ocorreu... Eu acho muito importante ter um Projeto Memória. Hoje nós também estamos lançando um livro sobre Casos da Internacionalização da Petrobras e vai ser muito importante. De repente, podemos até combinar um projeto no lançamento, em outubro, uma exposição, algo para os empregados, para as autoridades que estiverem presentes. Acho super importante, não podemos esquecer do passado, temos que guardar o que é rico, as nossas riquezas aqui da Petrobras. Principalmente vocês não devem esquecer dos empregados antigos. Quando eu vi aquele livro, eu falei: “Ah, eu podia estar aqui falando bem da minha empresa” Mas eu nem sei, acho que na época eu estava até na Argentina, quando foi feito. Mas vocês estão de parabéns Eu acho que estão fazendo um ótimo trabalho e estamos aqui para ajudá-los. Eu conto com vocês, não desistam, continuem com esse projeto. Vamos planejar um projeto para o lançamento do nosso livro.
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