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Por: Museu da Pessoa, 10 de junho de 2015

Se o Senhor quiser, eu vou ser costureira!

Esta história contém:

Se o Senhor quiser, eu vou ser costureira!

Vídeo

Nasci em 24 de junho de 1954 em Vazante, Minas Gerais. Meu pai era carinhoso com a gente, nunca deu um tapa em nenhum filho. Agora, a minha mãe é mais forte, porque a vida inteira dela foi luta, foi ela que batalhou para criar os seis filhos, porque meu pai não tava muito aí, não. Eu via ela muito no tear, tecendo e lutando. As pessoas encomendavam, já levavam a linha prontinha, e ela só tecia. Ela também fiava pra fazer roupa pra marido, filhos. Eu mesma tive vestidinho de algodão feito por ela. Eu ajudava a minha mãe a fiar. Eu não tive boneca na minha infância. Eu fazia boneca, eu colocava peitinho nelas, eu fazia o “sutiãzinho”, eu fazia a roupinha. Uma prima da minha mãe falou: “Uai, Maria, a sua filha vai ser costureira, porque ela já faz coisa que eu não sei fazer”, e elas eram costureiras.

Eu tinha 12 anos, a minha mãe andou comigo o dia inteiro, a pé, atrás de uma costureira pra fazer uma roupa pra gente ir a uma festa. E em todo lugar que a gente chegava estava cheio. Eu lembro que eu olhei pra cima, o céu estava com aquelas nuvens bem miudinhas, eu falei: “Senhor, se o Senhor quiser, eu vou ser costureira pra eu não ver a minha mãe andar mais desse jeito atrás de costureira”. E aí eu comecei. Teve um dia que eu invoquei com ela e falei: “Agora a senhora vai cortar o meu vestido e eu vou fazer”. Ela: “Você quer que eu bote o pano a estragar?”. Eu falei: “Se estragar, estraga no cortar, não no costurar, por isso que a senhora vai cortar”. Na casa do meu pai não tinha uma mesa, não tinha nada pra poder fazer aquilo. Eu peguei uma lata, coloquei de um lado, peguei outra lata, pus do outro, peguei uma tábua, pus em cima, peguei um lençol, forrei, aí dobrei o pano e pus lá, dobrei o vestido e pus em cima, e falei: “Agora a senhora corta”. E foi assim o primeiro vestido que eu fiz. Ele era assim um rosa pink, de um tecido molinho. Pensa numa...

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Batizado da filha

Dados da imagem Chácara da empresa Ciplan, onde Rosária morava com a família. Na foto, Rosária está com as filhas Leila, oito anos, e Sheila, 3 anos, no segundo batizado de Sheila, pois o primeiro não teve validade perante a religião católica.

Período:
Ano 1985

Local:
Brasil / Distrito Federal / Fercal

Imagem de:
Rosaria Braga da Silva

História:
Se o Senhor quiser, eu vou ser costureira!

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
religião, catolicismo, chácara, batizado, filha, ciplan

Chácara da empresa Ciplan, onde Rosária morava com a família. Na foto, Rosária está com as filhas Leila, oito anos, e Sheila, 3 anos, no segundo batizado de Sheila, pois o primeiro não teve validade perante a religião católica.

Família

Dados da imagem Rosária com o marido e os filhos na chácara da Ciplan, onde moravam.

Período:
Ano 1985

Local:
Brasil / Distrito Federal / Fercal

Imagem de:
Rosaria Braga da Silva

História:
Se o Senhor quiser, eu vou ser costureira!

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
chácara, ciplan

Rosária com o marido e os filhos na chácara da Ciplan, onde moravam.

Café da manhã com o governador

Dados da imagem Na casa de Tereza, na época presidenta da associação comunitária, vizinha e amiga de Rosária. Café da manhã com o governador Joaquim Roriz, no centro, e sua esposa no canto esquerdo da foto. Rosária entre os dois. Reunião para reivindicar melhorias para a comunidade.

Período:
Ano 1993

Local:
Brasil / Distrito Federal / Fercal

Imagem de:
Rosaria Braga da Silva

História:
Se o Senhor quiser, eu vou ser costureira!

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
comunidade, café da manhã, joaquim roriz, reivindicação

Na casa de Tereza, na época presidenta da associação comunitária, vizinha e amiga de Rosária. Café da manhã com o governador Joaquim Roriz, no centro, e sua esposa no canto esquerdo da foto. Rosária entre os dois. Reunião para reivindicar melhorias para a comunidade.

Madrinha de casamento

Dados da imagem Rosária como madrinha de casamento do sobrinho Marcelo, com o vestido feito por ela mesma, acompanhada pelas filhas Sheila, do seu lado direito, grávida na época, e Leila, do seu lado esquerdo, ambas com vestidos feitos pela mãe.

Período:
Ano 2012

Local:
Brasil / Minas Gerais / Unai

Imagem de:
Rosaria Braga da Silva

História:
Se o Senhor quiser, eu vou ser costureira!

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
sobrinho, filha, casamento, madrinha de casamento

Rosária como madrinha de casamento do sobrinho Marcelo, com o vestido feito por ela mesma, acompanhada pelas filhas Sheila, do seu lado direito, grávida na época, e Leila, do seu lado esquerdo, ambas com vestidos feitos pela mãe.

Aniversário

Dados da imagem Rosária comemorando o seu aniversário em sua casa com sua amiga Tereza.

Período:
Ano 1992

Local:
Brasil / Distrito Federal / Fercal

Imagem de:
Rosaria Braga da Silva

História:
Se o Senhor quiser, eu vou ser costureira!

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
comemoração, aniversário, amigas

Rosária comemorando o seu aniversário em sua casa com sua amiga Tereza.

Dados de acervo

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Votorantim Fercal-DF

Depoimento de Rosária Braga da Silva

Entrevistada por Tereza Ferreira e Márcia Trezza

Fercal 10/06/2015

Realização Museu da Pessoa

VOF_HV013_Rosária Braga da Silva

Transcrito por Liliane Custódio

P/1 – Rosária, a gente vai começar a entrevista, fale o seu nome completo.

R – Rosária Braga da Silva.

P/1 – Qual a data do seu nascimento?

R – Vinte e quatro de junho de 1954.

P/1 – Onde você nasceu?

R – Em Vazante, Minas Gerais.

P/1 – Você pode falar o nome do seu pai e da sua mãe?

R – Jeremias Rodrigues Braga e Maria Braga da Silva.

P/1 – Que lembranças você tem do seu pai?

R – Aquele sorriso dele, que ele tinha um sorrisinho safado, um sorriso assim apertando o olhinho, é a lembrança mais firme, mais forte que eu tenho dele.

P/1 – Você se lembra de coisas assim que ele falava pra você?

R – Meu pai era meio sem vergonha, ele gostava muito de falar sem-vergonhice, então as histórias dele não são assim tão bonitinhas. Mas ele também era carinhoso com a gente, nunca deu um tapa em nenhum filho. Como marido, a minha mãe reclamava, mas como pai, não tinha nada que reclamar dele, não.

P/1 – E a sua mãe, que lembranças você tem dela?

R – Agora, a minha mãe é mais forte, porque foi ela que trabalhou pra sustentar a gente. E assim, eu a vi muito tear, tecendo e lutando. A vida inteira dela foi luta, foi ela que batalhou para criar os seis filhos, porque meu pai não tava muito aí, não.

P/1 – Seis filhos. Vocês são quantas meninas e quantos homens?

R – Duas meninas e dois meninos.

P/1 – São seis filhos?

R – Seis.

P/1 – Você falou quantas meninas?

R – Duas.

P/1 – E quatro meninos?

R – Isso. Eu errei (riso).

P/1 – Quatro meninos.

R – Quatro meninos.

P/1 – Você é mais velha, a do meio, a mais nova?

R – Eu sou a terceira.

P/2 – E ela no tear, ela tecia para vender?

R – Não, as pessoas encomendavam, já levavam a linha prontinha e ela só...

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