Roubo de uma Flor e o Senhor João
Confins, 05 de junho de 2024
A primeira muda a gente nunca esquece. E, depois da primeira, vira vício; não conseguimos mais parar. Fica normal abordar alguém que nunca vimos antes e pedir uma muda. Pode ser de uma simples flor até uma orquídea de raro valor. E pegar uma mudinha de flor do jardim do vizinho passa a não ser propriamente um roubo, mas tão somente uma vontade imensa de enfeitar o nosso próprio jardim. Certo não é, há de se dizer!
Na velha casa nova da Rua São José, o jardim é um primor. Uma grande fonte ocupa o centro, onde os beija-flores se banham sob o sol forte, brincando com as flores como se fossem donos do espaço e eu me deleito com a leveza do cenário visto do singelo alpendre com cerca de madeira e chão de ardósia , verdinha que nem a grama do jardim
O dia estava ensolarado. Voltando do açougue da Senhora Andrea, que já virou íntima da forasteira que sou — vinda de Dores do Indaiá pelas curvas da vida até chegar aos Confins, de braços dados com o amor —, avistei de longe uma flor amarela pequenina. Eram muitas e, no meu pensar, uma só não faria falta. Mas, em vez de uma, peguei três.
Caminhei alegremente rumo à casa velha nova, na Rua São José. De repente, ouvi a porta da garagem do Senhor João se abrir. Assustada, antecipei-me e disse:
- O senhor me pegou no flagra. Roubei uma flor do seu jardim — e levantei as flores em direção ao Senhor João.
Muito simpático, o Senhor João sorriu e disse:
— É para mim? Obrigado!
Ele pegou minhas flores, que na verdade eram dele, e que eu já imaginava enfeitando meu jardim na casa velha nova, na Rua São José. Ali, onde o amor com quem ando de braços dados me leva aos confins da vida.
Fiquei sem as flores, mas não sem o sorriso do amor, que olhando para mim, disse:
— Pega no flagra!
Seu olhar brilhava com o momento inusitado vivido por sua...
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Roubo de uma Flor e o Senhor João
Confins, 05 de junho de 2024
A primeira muda a gente nunca esquece. E, depois da primeira, vira vício; não conseguimos mais parar. Fica normal abordar alguém que nunca vimos antes e pedir uma muda. Pode ser de uma simples flor até uma orquídea de raro valor. E pegar uma mudinha de flor do jardim do vizinho passa a não ser propriamente um roubo, mas tão somente uma vontade imensa de enfeitar o nosso próprio jardim. Certo não é, há de se dizer!
Na velha casa nova da Rua São José, o jardim é um primor. Uma grande fonte ocupa o centro, onde os beija-flores se banham sob o sol forte, brincando com as flores como se fossem donos do espaço e eu me deleito com a leveza do cenário visto do singelo alpendre com cerca de madeira e chão de ardósia , verdinha que nem a grama do jardim
O dia estava ensolarado. Voltando do açougue da Senhora Andrea, que já virou íntima da forasteira que sou — vinda de Dores do Indaiá pelas curvas da vida até chegar aos Confins, de braços dados com o amor —, avistei de longe uma flor amarela pequenina. Eram muitas e, no meu pensar, uma só não faria falta. Mas, em vez de uma, peguei três.
Caminhei alegremente rumo à casa velha nova, na Rua São José. De repente, ouvi a porta da garagem do Senhor João se abrir. Assustada, antecipei-me e disse:
- O senhor me pegou no flagra. Roubei uma flor do seu jardim — e levantei as flores em direção ao Senhor João.
Muito simpático, o Senhor João sorriu e disse:
— É para mim? Obrigado!
Ele pegou minhas flores, que na verdade eram dele, e que eu já imaginava enfeitando meu jardim na casa velha nova, na Rua São José. Ali, onde o amor com quem ando de braços dados me leva aos confins da vida.
Fiquei sem as flores, mas não sem o sorriso do amor, que olhando para mim, disse:
— Pega no flagra!
Seu olhar brilhava com o momento inusitado vivido por sua amada
O amor contou o caso para a filha, que é uma flor chamada Carolina. Ela sorriu feliz ao ouvir a história do roubo da flor da casa do Senhor João, na Rua São José, e seguiu seu caminho rumo à Maria...
Roubei uma flor.... Descobri que não se deve roubar nem uma flor, mesmo sendo por amor, seja no jardim do vizinho ou em qualquer outro, pois o castigo certamente chegara até mesmo para a forasteira de Dores do Indaiá, que veio parar nos confins da vida, de braços dados com o amor.
Dedico essa Crônica ao Senhor João que certamente me perdoou pelo roubo da Flor.
Maria Cristina de Sousa.
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