Paulo Nogueira Mira, meu saudoso pai, conhecido na nossa região do Circuito das Águas como Dr. Leco, meu maior ídolo. Herdei muita coisa dele: meu nome, Paula, embora a espera do primeiro filho fosse por um menino rsrs. A teimosia, prefiro dizer a garra pra conseguir tudo que quero. O otimismo e a empolgação por tudo que me proponho a fazer. Ele, com certeza, continua vivo em mim.
Meu pai nasceu em 14 de fevereiro de 1941, em Pouso Alto, cidadezinha do interior do Sul de Minas Gerais. O quarto dos 10 filhos do vô Quinquim e da vó Culinha, mãe muito devota, que esperava que seus filhos todos seguissem carreira religiosa. Porém, meu pai escolheu ser médico e fez da Medicina seu sacerdócio. Na minha cidade e nas cidades vizinhas, não há quem não fale dele como um dos médicos mais humanos que passaram por lá. Pro meu pai não tinha dia, local nem hora para prestar seus serviços a quem quer que fosse, sem preocupação alguma com o valor da consulta; aliás, na maioria das vezes não tinha valor algum, apenas presentes que chegavam na nossa casa em forma de doces, quitandas, galinha e porco caipira, coisas de cidade do interior.
Sempre me surpreendi como ele conseguiu a proeza de sair do Sul de Minas e ir estudar no Triângulo Mineiro, em Uberaba, Universidade Federal, numa época cujo meio de transporte era o trem e tudo era tão distante.
Depois de formado, fez residência no Rio de Janeiro, mas seu sonho era mesmo voltar pra Pouso Alto e exercer a Medicina com compromisso, mas principalmente muito amor.
Casado com minha mãe, Zélia, juntos tiveram quatro filhos: eu, a mais velha; o Marcos, a Karine e o Mateus. Ele era muito família. Dizia que, se pudesse, manteria todos nós morando pertinho dele. Depois que saímos de casa para formar nossas famílias, ele dizia que invejava um amigo da zona rural, que tinha o privilégio de sair na porta da cozinha e chamar cada um dos filhos casados, que moravam praticamente no quintal da casa...
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Paulo Nogueira Mira, meu saudoso pai, conhecido na nossa região do Circuito das Águas como Dr. Leco, meu maior ídolo. Herdei muita coisa dele: meu nome, Paula, embora a espera do primeiro filho fosse por um menino rsrs. A teimosia, prefiro dizer a garra pra conseguir tudo que quero. O otimismo e a empolgação por tudo que me proponho a fazer. Ele, com certeza, continua vivo em mim.
Meu pai nasceu em 14 de fevereiro de 1941, em Pouso Alto, cidadezinha do interior do Sul de Minas Gerais. O quarto dos 10 filhos do vô Quinquim e da vó Culinha, mãe muito devota, que esperava que seus filhos todos seguissem carreira religiosa. Porém, meu pai escolheu ser médico e fez da Medicina seu sacerdócio. Na minha cidade e nas cidades vizinhas, não há quem não fale dele como um dos médicos mais humanos que passaram por lá. Pro meu pai não tinha dia, local nem hora para prestar seus serviços a quem quer que fosse, sem preocupação alguma com o valor da consulta; aliás, na maioria das vezes não tinha valor algum, apenas presentes que chegavam na nossa casa em forma de doces, quitandas, galinha e porco caipira, coisas de cidade do interior.
Sempre me surpreendi como ele conseguiu a proeza de sair do Sul de Minas e ir estudar no Triângulo Mineiro, em Uberaba, Universidade Federal, numa época cujo meio de transporte era o trem e tudo era tão distante.
Depois de formado, fez residência no Rio de Janeiro, mas seu sonho era mesmo voltar pra Pouso Alto e exercer a Medicina com compromisso, mas principalmente muito amor.
Casado com minha mãe, Zélia, juntos tiveram quatro filhos: eu, a mais velha; o Marcos, a Karine e o Mateus. Ele era muito família. Dizia que, se pudesse, manteria todos nós morando pertinho dele. Depois que saímos de casa para formar nossas famílias, ele dizia que invejava um amigo da zona rural, que tinha o privilégio de sair na porta da cozinha e chamar cada um dos filhos casados, que moravam praticamente no quintal da casa dele.
Meu pai foi um avô muito presente na vida dos seus netos, brincalhão e companheiro.
Além da Medicina, tinha uma outra grande paixão: a política. Juntamente com políticos da região (era um homem de muitos contatos), lutou pelos interesses da nossa cidade. Foi prefeito de Pouso Alto e, no seu segundo ano de mandato, foi acometido por um AVC (acidente vascular cerebral), que o limitou de muitas coisas; porém, jamais aceitou renunciar ao mandato, indo até o fim. Foi um período bem difícil da vida dele; homem muito ativo - que, a partir de então, precisou abdicar de grandes paixões. Mas foi quando o tivemos mais pertinho de nós. Ele, que antes passava o dia todo fora (quando não estava na Santa Casa de Pouso Alto, que foi mais casa dele do que a nossa casa mesmo, estava pelos bairros da cidade), a partir daí... precisou ficar mais recluso. No início, ele sofreu muito por isso, mas, passados os anos, aprendeu a apreciar o jardim da nossa casa, assistir à missa pela televisão... Nesta época, para ocupar o tempo, escreveu um livro, “Santo de casa faz milagre”, relatando um pouco dessa sua vida tão bem vivida.
Penso que ele se foi muito cedo: morreu em agosto de 2017, com 76 anos. Partiu antes de celebrar a tão sonhada festa de bodas de ouro (50 anos de casamento) e de conhecer seu primeiro bisneto, que nasceu em outubro do mesmo ano.
Meu pai deixou muuuuuitas saudade... Mas, mais do que isso, deixou-nos como maior herança seu nome - que ainda hoje, na nossa região, é motivo de muito respeito e muito orgulho.
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