A Paixão de Cristo em São José dos Campos: Uma Crônica de Fé e Paixão.
Por Nilo Jeronimo Vieira
Em São José dos Campos, entre os anos de 1996 e 1998, vivi uma experiência que transformou minha vida e meu espírito. Por três anos, tive o privilégio de participar da representação da Paixão de Cristo, um espetáculo de fé e devoção que envolvia toda a comunidade. Nossa trupe, composta por mais de 70 atores, erguia-se em um cenário monumental, com mais de 70 metros de extensão em estruturas de madeira que alcançavam até 5 metros de altura, tudo isso em um campo de várzea. As apresentações contavam com até seiscentas pessoas de público. Nossa trilha sonora era baseada no filme “Os dez Mandamentos”.
Cada apresentação era um ato de amor e sacrifício, ensaiávamos por mais de três meses antes da semana santa. Tanto nos ensaios quanto nas apresentações, o peso da cruz e o martírio saindo da representação teatral para o mundo real, considerando o peso verdadeiro da cruz, a caminhada de mais de 200 metros e o espancamento sofrido em cena. Iniciávamos com a chegada de Jesus a Jerusalém, montado em um burro, e seguia com a Santa Ceia, o Sermão da Montanha, a cerimônia do Lava Pés, a negação de Judas, a negação de Pedro, Jesus perante Herodes e Pilatos, o açoite e martírio de Jesus, a Via Sacra, a crucificação e, finalmente, a ressurreição. Este era o nosso evangelho vivo, um retrato fiel do Evangelho de Mateus, encenado com uma intensidade que tocava profundamente o coração de todos os presentes.
Interpretar Jesus foi uma das maiores honras da minha vida. Sentia em cada gesto e palavra a responsabilidade de transmitir uma mensagem de esperança e redenção. O grupo era formado por moradores de São José dos Campos, pessoas comuns movidas por um propósito extraordinário: levar a Palavra de Deus através da arte. Não tínhamos apoio financeiro; tudo era feito com a colaboração e o entusiasmo dos voluntários. O...
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A Paixão de Cristo em São José dos Campos: Uma Crônica de Fé e Paixão.
Por Nilo Jeronimo Vieira
Em São José dos Campos, entre os anos de 1996 e 1998, vivi uma experiência que transformou minha vida e meu espírito. Por três anos, tive o privilégio de participar da representação da Paixão de Cristo, um espetáculo de fé e devoção que envolvia toda a comunidade. Nossa trupe, composta por mais de 70 atores, erguia-se em um cenário monumental, com mais de 70 metros de extensão em estruturas de madeira que alcançavam até 5 metros de altura, tudo isso em um campo de várzea. As apresentações contavam com até seiscentas pessoas de público. Nossa trilha sonora era baseada no filme “Os dez Mandamentos”.
Cada apresentação era um ato de amor e sacrifício, ensaiávamos por mais de três meses antes da semana santa. Tanto nos ensaios quanto nas apresentações, o peso da cruz e o martírio saindo da representação teatral para o mundo real, considerando o peso verdadeiro da cruz, a caminhada de mais de 200 metros e o espancamento sofrido em cena. Iniciávamos com a chegada de Jesus a Jerusalém, montado em um burro, e seguia com a Santa Ceia, o Sermão da Montanha, a cerimônia do Lava Pés, a negação de Judas, a negação de Pedro, Jesus perante Herodes e Pilatos, o açoite e martírio de Jesus, a Via Sacra, a crucificação e, finalmente, a ressurreição. Este era o nosso evangelho vivo, um retrato fiel do Evangelho de Mateus, encenado com uma intensidade que tocava profundamente o coração de todos os presentes.
Interpretar Jesus foi uma das maiores honras da minha vida. Sentia em cada gesto e palavra a responsabilidade de transmitir uma mensagem de esperança e redenção. O grupo era formado por moradores de São José dos Campos, pessoas comuns movidas por um propósito extraordinário: levar a Palavra de Deus através da arte. Não tínhamos apoio financeiro; tudo era feito com a colaboração e o entusiasmo dos voluntários. O cenário, imponente e detalhado, era construído com o esforço e a dedicação de cada membro da comunidade. Ali, entre tábuas de madeira e pregos, surgia o palco de uma história que transcende o tempo. Cada ensaio, cada martelada, cada costura de figurino era um ato de devoção. O campo de várzea se transformava em uma terra santa, onde a história sagrada ganhava vida diante dos olhos atentos e emocionados da plateia.
As apresentações atraíam a atenção da mídia local, sendo noticiadas por rádios, jornais impressos e até pela televisão. A cidade parava para assistir ao nosso espetáculo. A cada ano, a expectativa crescia e mais pessoas se juntavam a nós, não apenas como espectadores, mas como participantes dessa grande obra de fé.
Nosso objetivo sempre foi claro: levar a Palavra de Deus, representar o Evangelho de uma maneira que tocasse a alma das pessoas. E assim foi, ano após ano, cada vez mais intenso, mais profundo. A união e a força de nossa comunidade eram palpáveis. Sem patrocínio ou apoio financeiro, movidos apenas pela fé e pela vontade de evangelizar, conseguimos criar algo extraordinário.
Ainda hoje, ao recordar esses anos, sinto um orgulho imenso. A lembrança de cada cena, de cada rosto emocionado na plateia, aquece meu coração. Participar da Paixão de Cristo em São José dos Campos foi mais do que uma simples representação teatral; foi um verdadeiro ato de fé, um testemunho vivo do poder da comunidade e da força do Evangelho.
Aqueles anos ficarão para sempre gravados em minha memória como um período de intensa espiritualidade e realização pessoal.
Uma prova de que, com fé e união, podemos alcançar feitos extraordinários e tocar a vida de muitas pessoas.
Nilo Jeronimo Vieira – Junho de 2024
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