Eu e minha amiga A. nos encontramos em um bar. As mesas estavam colocadas à distância e o bar estava quase vazio. Antes que escolhêssemos onde sentar, percebemos que o tempo estava fechando. Um temporal se aproximava. Eu estava feliz por vê-la, mas precisávamos sair rápido dali. Começamos a ir em direção à casa do meu pai. Lembrei que eu precisava passar no shopping para trocar ou devolver algum produto. Fiz um desvio, mas chegando lá, no shopping, não deu certo. Tive que ir embora às pressas. A A. estava nervosa e incomodada por eu ter passado no shopping. Chegamos na casa do meu pai. Eu imaginava que dali iríamos para a casa da minha mãe. Mas, quando percebi, a A. já estava desfazendo suas malas no quarto da empregada, que ali se usava como quarto de hóspede. Eu me preocupava em pedir algo para comer e a Ana me lembrava de pedir uma bebida. Ela dizia: tem que ter um vinho. Eu pensava: sim, tem que ter uma bebida, nem que seja esse gim que tenho aqui. De repente eu paro e olho pela janela da área de serviço. Eram janelas antigas de vidro, de correr, bem amplas. As nuvens estão carregadas, escuras, e estão próximas da janela. O estranho é que estão na altura dos meus pés. Paraliso. Em cima das nuvens há milhares de pessoas. Elas estão de pé, em cima das nuvens, todas viradas para nós e nos olham. Penso que são as pessoas que morreram e estão no céu. Acordo.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Os bares vazios. A saudade de encontrar os amigos. E a imagrm final como uma alegoria dos milhares de mortos. Quando pequena eu achava que a chuva era feita pelos mortos, que viviam no céu, em cima das nuvens, e enchiam baldes de água e jogavam aqui na terra. Por isso o temporal se aproximando, pq os mortos são muitos. Também o qiarto de empregada e a área de serviço porque a angústia maior é pensar que serão, como sempre, os mais desassistidos e os que irão morrer às pencas.