Se algum dia me perguntassem o nome desse bichinho, não saberia responder, só sei que ele tem um imenso valor sentimental para mim. Ele é feito de borracha, bem fofinho e com uma ternura sem igual. Se tem cheiro ou não, isso eu não saberia dizer, só diria que o tempo apagou as marcas, mas que não apagou as lembranças que ele deixou.
Lembro-me que comprei esse brinquedo para o meu filho, que na época tinha sete anos, hoje com 27anos, talvez nem se lembre mais. Escondi-o dentro de um armário e quando ele chegou da escola, falei que havia um bicho escondido, ansioso, ele saiu correndo pela casa à procura do bicho. Ao encontrar o presente ficou muito contente, pois era um brinquedo muito desejado.
O tempo foi passando, os filhos criam asas e vão embora. Por não se interessar muito pelos estudos, decidiu, com o meu total apoio, trabalhar no Japão com meu marido, que já estava lá, há algum tempo, a serviço. A família toda foi acompanhá-lo ao aeroporto, enquanto eu, com um vazio enorme no peito, fui até o seu quarto e vi aquele bichinho em cima do gaveteiro, olhando-me fixamente . Sentei em sua cama, peguei o bicho e o escondi, ninguém poderia saber que eu estava sofrendo, pois dei o maior apoio, para que ele fosse para tão longe. Apesar de estar indo morar com o pai, senti que estava perdendo meu filho. Talvez se naquele momento , eu pedisse para ele ficar, quem sabe ele não mudaria de idéia ... Hoje só me restam recordações, pois aquele menino que na época tinha somente quinze anos, é um homem feito, com uma personalidade definida e que pode caminhar com as próprias pernas.
Apesar da distância, sinto meu filho bem perto, como aquele menino desprotegido e com muito medo do desconhecido.