No jogo da vida
Maria de Jesus Borges veio de uma família humilde. Não tinha muitos recursos, porém teve uma infância feliz, brincou muito. Não gostava de brinquedos e bonecas; suas brincadeiras preferidas eram os esportes: jogo de queimadas, vôlei, handebol e futebol.
De família de migrantes, partiu do Maranhão para Itaituba (PA). Quando chegou ao município, morava em casas de aluguel e se mudava muito. Dessa época, uma casa ficou marcada em sua memória. Ela era de taipa (barro) e lá Maria de Jesus foi muito feliz. Lembra-se do sabor do baião com carne frita que a mãe preparava ali e isso lhe traz ótimas recordações.
Na sua juventude, gostava de aventuras. Saía com seus colegas para comunidades locais para jogar com seu time de futebol e se divertia muito. Passava o dia inteiro sem comer e nem sentia fome, de tanto que gostava de esporte. Disputava também nos times das escolas.
Era muito estudiosa e esforçada; gostava de tirar boas notas. Certo dia, recebeu uma visita: era a diretora da São Tomé, a senhora Raimunda Nonato, que a convidou para trabalhar como professora na escola. Tinha apenas a oitava série, foi um grande desafio, pois era uma turma de segunda série com grande defasagem.
A escola, na época, era bem pequena, composta por um pavilhão com duas salas de aula e cadeiras de madeira. No espaço entre as cadeiras, quase não se conseguia andar. Havia, ainda, um depósito, que era dividido em secretaria e cozinha.
Diante de um espaço tão pequeno, foi necessário alugar uma casa em frente à escola para funcionar como sala de aula. Foi nessa casa que iniciei o meu trabalho. Havia uma varanda e um quintal cheio de árvores. Recordo que a professora Odete trazia a sua filha e a colocava para dormir na rede debaixo das árvores para poder ministrar sua aula.
Ela se recorda de que, para chegar até a escola, passava por um córrego. às vezes, em época de cheia, tinha que enrolar um pouco a roupa para não se molhar. Outras...
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No jogo da vida
Maria de Jesus Borges veio de uma família humilde. Não tinha muitos recursos, porém teve uma infância feliz, brincou muito. Não gostava de brinquedos e bonecas; suas brincadeiras preferidas eram os esportes: jogo de queimadas, vôlei, handebol e futebol.
De família de migrantes, partiu do Maranhão para Itaituba (PA). Quando chegou ao município, morava em casas de aluguel e se mudava muito. Dessa época, uma casa ficou marcada em sua memória. Ela era de taipa (barro) e lá Maria de Jesus foi muito feliz. Lembra-se do sabor do baião com carne frita que a mãe preparava ali e isso lhe traz ótimas recordações.
Na sua juventude, gostava de aventuras. Saía com seus colegas para comunidades locais para jogar com seu time de futebol e se divertia muito. Passava o dia inteiro sem comer e nem sentia fome, de tanto que gostava de esporte. Disputava também nos times das escolas.
Era muito estudiosa e esforçada; gostava de tirar boas notas. Certo dia, recebeu uma visita: era a diretora da São Tomé, a senhora Raimunda Nonato, que a convidou para trabalhar como professora na escola. Tinha apenas a oitava série, foi um grande desafio, pois era uma turma de segunda série com grande defasagem.
A escola, na época, era bem pequena, composta por um pavilhão com duas salas de aula e cadeiras de madeira. No espaço entre as cadeiras, quase não se conseguia andar. Havia, ainda, um depósito, que era dividido em secretaria e cozinha.
Diante de um espaço tão pequeno, foi necessário alugar uma casa em frente à escola para funcionar como sala de aula. Foi nessa casa que iniciei o meu trabalho. Havia uma varanda e um quintal cheio de árvores. Recordo que a professora Odete trazia a sua filha e a colocava para dormir na rede debaixo das árvores para poder ministrar sua aula.
Ela se recorda de que, para chegar até a escola, passava por um córrego. às vezes, em época de cheia, tinha que enrolar um pouco a roupa para não se molhar. Outras vezes, a água chegava até a cerquinha da escola. Mesmo com todos os desafios, a escola era um ambiente acolhedor, as pessoas eram muitos solidárias.
A professora relatou que iniciou seu trabalho na escola em março de 1988 e, desde então, só trabalhou ali. Cerca de 30 anos depois, em março de 2018, se aposentou. Nessa época, a escola já tinha passado por uma reforma. Hoje em dia, é toda climatizada e muito agradável.
No jogo da vida, Maria de Jesus sente-se realizada, mas seu grande sonho ainda é formar a filha.
Nasceu em 22 de setembro de 1966, no Maranhão. Tem 56 anos e é professora aposentada em Itaituba (PA).
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