Sr. Domingos de Souza morava com sua família, dois filhos e esposa, em Itambacuri/MG. Durante esse período, sua esposa adoeceu e foi internada em Governador Valadares, na sequência, foi transferida para Belo Horizonte. Quando sua mulher ganhou alta, eles voltaram para a sua cidade, isso em 1965. Devido à necessidade de sempre retornar à capital para pegar remédios e a vida financeira no interior ficar cada vez mais complicada, resolveram mudar-se para o bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, em 6 de janeiro de 1971. Moraram de aluguel por três meses, até que o Sr. Domingos ganhou um terreno de um tio no mesmo bairro e construiu a casa para viver com sua família, um pequeno barraco, mas que foi de muita “valença”.
A casa ficava à beira do ribeirão Arrudas, onde eram comuns as enchentes. Bastava chegar o período de chuvas que os moradores ficavam apreensivos. Adão de Souza, filho de Sr. Domingos, conta que os pais dormiam com uma das mãos tocando o chão, para que, caso a água entrasse de noite, eles conseguissem perceber. Em 1982, uma grande enchente tomou conta daquela comunidade, condenando diversas residências. A partir disso, o governo do estado providenciou o realojamento de algumas das famílias no bairro Morro Alto em Vespasiano. A família do Sr. Domingos não foi, pois não tinham recebido garantia de ganharem uma nova casa.
Potencializada pela canalização do ribeirão Arrudas que fora feita apenas até um trecho, em 1983, outra grande enchente tomou aquela comunidade. A água que vinha compactada pelas manilhas era projetada com grande pressão, o que fez com que o ribeirão transbordasse, tomando toda aquela comunidade e arrastando diversos barracões à margem do rio. Todas as roupas, móveis e objetos foram perdidos, como lembra Sr. Domingos: “Eu vi esses meninos com a única roupa pregada no corpo, todos molhados, tremendo. De dentro da minha casa, de lembrança, só essa colher. Essa colher eu achei ela em cima de uma...
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Sr. Domingos de Souza morava com sua família, dois filhos e esposa, em Itambacuri/MG. Durante esse período, sua esposa adoeceu e foi internada em Governador Valadares, na sequência, foi transferida para Belo Horizonte. Quando sua mulher ganhou alta, eles voltaram para a sua cidade, isso em 1965. Devido à necessidade de sempre retornar à capital para pegar remédios e a vida financeira no interior ficar cada vez mais complicada, resolveram mudar-se para o bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, em 6 de janeiro de 1971. Moraram de aluguel por três meses, até que o Sr. Domingos ganhou um terreno de um tio no mesmo bairro e construiu a casa para viver com sua família, um pequeno barraco, mas que foi de muita “valença”.
A casa ficava à beira do ribeirão Arrudas, onde eram comuns as enchentes. Bastava chegar o período de chuvas que os moradores ficavam apreensivos. Adão de Souza, filho de Sr. Domingos, conta que os pais dormiam com uma das mãos tocando o chão, para que, caso a água entrasse de noite, eles conseguissem perceber. Em 1982, uma grande enchente tomou conta daquela comunidade, condenando diversas residências. A partir disso, o governo do estado providenciou o realojamento de algumas das famílias no bairro Morro Alto em Vespasiano. A família do Sr. Domingos não foi, pois não tinham recebido garantia de ganharem uma nova casa.
Potencializada pela canalização do ribeirão Arrudas que fora feita apenas até um trecho, em 1983, outra grande enchente tomou aquela comunidade. A água que vinha compactada pelas manilhas era projetada com grande pressão, o que fez com que o ribeirão transbordasse, tomando toda aquela comunidade e arrastando diversos barracões à margem do rio. Todas as roupas, móveis e objetos foram perdidos, como lembra Sr. Domingos: “Eu vi esses meninos com a única roupa pregada no corpo, todos molhados, tremendo. De dentro da minha casa, de lembrança, só essa colher. Essa colher eu achei ela em cima de uma taboazinha que tinha no cantinho assim. No alto. Essa é lembrança. Pode me oferecer o dinheiro que for que eu não vendo ela”.
Após essa enchente, o restante das famílias daquela região, incluindo a de Sr. Domingos, foi realojado no Conjunto Maria Antonieta Mello Azevedo em Santa Luzia, hoje conhecido como Palmital.
Texto a partir do relato de Adão Pereira de Sousa e Domingos Pereira de Sousa em entrevista realizada em agosto de 2019.
Foto: Colher guardada como recordação, por Sr. Domingos
Fonte: Acervo Espaço da Memória.
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