Capítulo Zero: Infância - Eu por mim mesmo
“O que se leva dessa vida é a vida que a gente leva” (Aporelly)
Não sou jovem o suficiente para saber tudo. (George Bernard Shaw)
Pensei em escrever sobre mim mesmo para facilitar a vida dos biógrafos. Em vida serei o meu próprio autor. Depois de morto não permito que falem de mim em palavras, muito menos em gestos. Só permito lembranças, boas. Eu sei que é um gesto autoritário e egoísta. Ninguém é perfeito.
Sempre me interessei pelas coisas que aconteceram, aconteciam e acontecerão no dia, no mês e no ano em que eu nasci.
Quando descobri que Aparício Torelly, o Barão de Itararé, morreu no dia e mês em que eu nasci, porém em ano diferente, 1971, pensei que não fosse coincidência, era um bom presságio. Assim pautei minha vida.
Quando eu nasci não veio anjo nenhum, então eu disse: tudo bem. Sou um paulemista em homenagem à Paulo Emílio Salles Gomes, um homem de cinema.
Só se mostram, aqueles que não têm qualidades que possam ser vistas. Não se pode lapidar um diamante sem atritá-lo.
A literatura é o prolongamento extásico da vida. Não deveria ser permitido a ninguém morrer antes de ler todos os grandes livros.
O cinema é a celebração do prazer que alimenta a alma. O cinema é a transfiguração do real que alivia as dores da existência. O cinema é a arte de transformar em luz, poesia, movimento, todos os atos humanos.