Maria, amar

Maria Silva, 52, deixa muito claro que já passou de tudo em sua vida. Expulsa da casa de seus pais ainda menina, pois não queria casar e sim estudar, ela se refugiou na casa de uma amiga da família, aonde foi molestada e teve que se casar ainda bem jovem. Ela engravidou e se viu presa àquela situação, por diversas vezes tentou tirar sua vida, naquele processo de amargura. Era constantemente agredida e humilhada, não só pelo então marido, mas também pela família dele. Eliana, então, espera dar à luz a criança e foge em busca de refúgio na cidade grande, para trabalhar como doméstica. Porém, ninguém queria hospedar em sua casa uma mulher ainda em período de puerpério e muito menos com uma criança. Desesperada, começou a chorar e então sentou em um banco de uma praça onde comoveu uma senhora de classe média, a qual ia passando no local. Aquela senhora, pediu para Eliana contar sua história e, então, se propôs a ajudá-la em troca de seus serviços. Começou a trabalhar na casa e a cuidar dos filhos dessa senhora, adorava criar receitas ou tentar pratos exóticos e planejados, Eliana tinha amor por tudo que envolvesse gastronomia, pedia para o filho da patroa ler para ela as receitas e as executava. Com isso, despertou o olhar cuidadoso dessa senhora que lhe propôs que ela terminasse seus estudos. A jovem, então, estudou, se formou e começou um curso técnico em gastronomia. Conheceu um moço de boa família pelo qual se apaixonou. Viajaram para fora do país por um mês em busca de mais conhecimentos, porém, teve que retornar para seu trabalho e sua filha. Engravidou desse rapaz, e ele assumiu muito feliz a paternidade, porém, em uma fatalidade do destino ele veio a óbito, assim que a criança nasceu, e o pior de tudo é que ela descobriu que ele já era casado e não pode, naquela época, dar o nome do pai à filha. A jovem, então, teve que recomeçar juntamente com suas filhas em uma outra cidade, pois a esposa do rapaz estava à sua procura. Começou a trabalhar como cozinheira e, assim, conseguiu comprar um terreno e construir uma casa. Passaram-se os anos, despertou nela a vontade de um novo amor. Foi quando conheceu um rapaz, bem jovem, galante, a princípio, se mostrou uma boa pessoa, o homem que toda mulher gostaria de ter. Mas com o passar dos anos, foi mostrando sua verdadeira face. A agredia diariamente, não a deixava trabalhar ou sair de casa, nem ao menos ver a família. Eliana apanhou, foi vítima de uma tentativa de homicídio e quase teve sua vida ceifada por esse rapaz, foi quando ela decidiu pôr um basta em toda aquela situação. Atualmente, tornou- se líder na comunidade na qual mora, pastora de uma igreja local, casada com uma pessoa que a ama e a respeita. Fundou uma ONG de proteção a mulheres vítimas de maus tratos, para ajudar e acolher juntamente com seus parceiros e ajudantes, mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade. Ela dedica seus dias a ajudar essas pessoas para que não venham sofrer como ela sofreu. Eliana, 52, técnica em gastronomia diplomada em Buenos Aires, formada agora em enfermagem. é um exemplo de superação em vida, de mulheres que foram submetidas desde muito cedo a inúmeras formas de abusos, e mesmo assim, teve garra e determinação para sair vitoriosa de um enredo que tinha tudo para acabar mal. E hoje ajuda inúmeras pessoas, através de seus ensinamentos e conselhos.