Projeto Memória Petrobrás
Depoimento de José Gonzaga da Silva
Entrevistado por Eliana Santos
Mossoró, 16 de fevereiro de 2005
Realização Museu da Pessoa
Depoimento CBRNCE 19
Transcrito por Susy Ramos
P/1 – Bom dia!
R – Bom dia!
P/1 – Queria começar pedindo que o senhor nos fale seu nome completo, local e data de nascimento.
R – José Gonzaga da Silva, natural de Grossas, Rio Grande do Norte, 25 de maio de 1958.
P/1 – Seu José, o senhor pode contar para a gente como foi o seu ingresso na Petrobrás e quando isso aconteceu?
R – É o seguinte, eu trabalhava, meu primeiro emprego foi no Hotel Thermas. Morava ainda na Casa do Estudante, e soube que estavam inaugurando um hotel em Mossoró e que iam pegar pessoas. Então eu resolvi, estava terminando o técnico de administração, resolvi sair com um colega buscar um emprego – isso foi em 79. Aí fomos, pegamos a fila, geralmente nessa época, era uma época de campanha política e para poder conseguir esse emprego a maioria buscava conseguir uma carta de algum político. Eu e esse colega não, resolvemos ir, nós achávamos que era capaz de conseguir esse emprego por conta própria, pela nossa capacidade. E assim fizemos, e conseguimos entrar na primeira turma que foi contratada no hotel. Como nós fomos chamados para trabalhar no setor de restaurante e bar, o hotel não queria que as pessoas tivessem experiência, então resolveram contratar as pessoas antes da inauguração do hotel para treiná-las e, com isso, permitiu que nós acompanhássemos um fato, que hoje é histórico, que foi o surgimento do petróleo em Mossoró, na bacia Potiguar. Porque o hotel foi feito para explorar as águas termais, e para isso precisava furar um poço. A CPRN foi contratada pelo governo do estado, que era proprietária do hotel, para perfurar esse poço, e quando eu entrei no hotel, o hotel ainda estava em construção e esse poço em perfuração. Quando furaram o poço – a inauguração do hotel ia ser em setembro – por volta de julho, agosto, estava em pleno andamento essa perfuração desse poço; quando terminaram o poço, colocaram o poço para produzir para um lagozinho que tinha lá, e começou a vir óleo, mas o pessoal achava que aquele óleo era proveniente da sonda e achava que ia limpar. E continuou, esperou e tal e começou a se aproximou o dia da inauguração do hotel e aquela pressão do pessoal para que o poço fosse liberado, até que acharam: “Não, está limpo! Pode botar para as piscinas.”, e quando (alinhamos?) o poço para a piscina, no final de tarde para poder passar a noite enchendo e no outro dia estar cheio, ao chegar no outro dia, as piscinas estavam cheias de óleo. Na realidade era uma capa de óleo, mas à medida que foi enchendo foi pintando as paredes da piscina. Aí foi um alvoroço danado porque ia ter que voltar a sonda para restaurar o poço e não ia dar mais tempo de inaugurar o hotel na data prevista, que era data festiva de Mossoró, 30 de setembro. Feito isso, o governo da época, Acho que era Tarcísio Maia, não sei se já era Lavoisier, mas era o governo do estado, governador ______, por sinal a Petrobrás é uma estatal, ele resolveu contatar o ministro das Minas e Energia, presidente da Petrobrás, porque já tinha havido alguns indícios aqui em Mossoró, em outros poços, para confirmar que aquilo era petróleo mesmo. Veio uma sonda e furou o poço Mossoró 13, que é hoje o poço de água do hotel; e furaram esse poço investigando realmente para tirar todas as dúvidas, e constataram que era petróleo e que era viável economicamente. Afastaram a sonda 50 metros, furaram o poço Mossoró 14, que é o poço pioneiro, produtor da bacia Potiguar. Eu acompanhei toda essa história trabalhando ali de dentro e fiquei sabendo quando teve o primeiro concurso da Petrobrás aqui em Mossoró. Um amigo me chamou: “Vamos participar do concurso da Petrobrás?”, eu fui, fiz o concurso e passei em primeiro lugar. Esse concurso, saiu o resultado uma semana antes do Carnaval de 81, eu estava trabalhando quando um amigo me chamou e disse que tinha uma pessoa da Petrobrás no restaurante me convidando para almoçar com ele – na realidade, ele queria me comunicar que eu tinha passado em primeiro lugar, me dar parabéns por eu ter passado... Eu nem o conhecia, foi o Luciano, o Ivanildo quem promoveu o concurso. Entrei na Petrobrás no dia 18 de março de 81, foi logo após o Carnaval.
P/1 – E como foi para o senhor esse momento de descobrir petróleo? Como vocês receberam isso, essa idéia de estar descobrindo petróleo?
R – Foi uma descoberta totalmente por acaso, o que nós escutávamos falar na época era o seguinte:comparavam justamente com o estado de Sergipe: “Ah, a Petrobrás vindo para Mossoró vai gerar muito desenvolvimento, vai ser um salto de desenvolvimento na nossa região porque a Petrobrás dá muito emprego, investe muito.”, o que acabou se confirmando. Hoje a nossa cidade é uma das cidades que mais cresce no nordeste, e eu credito a isso, grande parte desse crescimento, aos investimentos que a Petrobrás gera na nossa região. Empregos diretos, muitas empresas, muito... então foi realmente um marco do desenvolvimento da nossa região porque, até então, a nossa região vivia exclusivamente de sal.
P/1 – Seu José, aí o senhor fez o concurso, o senhor foi para qual setor? O senhor foi trabalhar com o que?
R – O concurso era para contratar oito pessoas: seis operadores de produção, que na época chamava-se praticante de produção, e depois passou para auxiliar de produção; o concurso era para isso, para ser auxiliar de produção, que é equivalente hoje ao operador de produção. Das oito pessoas, eram homens, duas para escritório, que foi o Jango e o Batista – Batista já faleceu, mas o Jango ainda trabalha aqui – e os outros seis eram operadores. Eu entrei já para trabalhar como operador, cuidando desses poços, já existia, no dia em que eu entrei tinha dois poços produzindo entre Rio Grande do Norte e Ceará. No dia 19 de março de 81, ou 20, por aí, nós instalamos – começou a trabalhar essa turma nova – instalamos o terceiro poço para produzir, foi o poço Mossoró 19. Instalamos o Mossoró 19 e o Mossoró 20, que é um poço que ainda produz hoje, fica ali ao lado do poço Olinda, na posição três.
P/1 – E o senhor sempre trabalhou no mesmo setor? Como foi?
R – Sempre trabalhei aqui na região, no mesmo setor. Vim mudar do setor de produção há pouco tempo. Há cerca de um ano, foi criado o setor de manutenção e inspeção, e como eu já trabalhava na área de automação e a automação foi transferida para a manutenção, eu fui, saí da área de produção propriamente dita, mas trabalhei o tempo todo como operador de produção, cuidando de poços, estações, sempre aqui na nossa área e aqui no entorno. Trabalhei no começo do desenvolvimento da Fazenda Belém, depois fui para o Alto do Rodrigues desenvolver o campo de Alto do Rodrigues, campo do Estreito, Fazenda Pocinhos, Serraria, que fica em Serra do Mel. Então passei cinco anos lá, eu fui transferido para o Alto do Rodrigues, para começar tudo, em 82. Em 82 foi a primeira turma transferida realmente porque antes a gente trabalhava, ficava em Mossoró e cuidava das áreas: Fazenda Belém e Alto do Rodrigues, que era uma distância muito grande, quase 80 quilômetros para a Fazenda Belém e 120 quilômetros para o Alto do Rodrigues, então em 82 foi transferido os seis primeiros operadores, um engenheiro e um supervisor, que na época chamava-se capataz. Nós fomos começar a área lá. Fiquei de 82 até 87 lá no Alto do Rodrigues; voltei para começar o campo Lorena. Eu tinha essa coisa de ser pioneiro, então sempre que descobria campos novos eu gostava de ir, começar tudo, desbravar praticamente aquele campo, então fui pioneiro em vários campos.
P/1 – E por que o senhor tinha esse desejo de estar sempre desbravando?
R – Era o desejo talvez intuitivo, como tivesse marcando história ali. Realmente eu queria dizer: “Eu fui o primeiro a operar esse poço aqui. Eu instalei ele, comecei, vi começar esse campo.”, geralmente, claro que quando começa não tem infra-estrutura nenhuma, muitas vezes a gente ficava debaixo de uma árvore que tinha próxima ao poço ou tanque. Em alguns campos, nem árvore tinha. Eu me lembro que no campo de PX, o PX 1, eu cheguei para testar ele, só tinha o separador no meio do nada, era só pedra e para onde olhasse não tinha uma árvore para colocar o carro.
P/1 – Nossa! Seu José, o senhor, nesse tempo que o senhor está trabalhando, já são 25 anos...
R – 24 anos.
P/1 - ...24 anos, o senhor pode contar para a gente uma história marcante, alguma história engraçada, enfim, dessa sua vivência na empresa? Tem mais alguma outra que o senhor queira contar? O senhor contou para a gente essa sua participação como pioneiro...
R – As histórias são o seguinte, antigamente nós não tínhamos apoio, infra-estrutura.
Por exemplo, quando havia um derramamento, quando a carreta trasbordava com tudo aquilo, nós fazia manualmente, então era desde apanhar o óleo quase que só com as próprias mãos, com a pá, e juntar aquilo, cobrir, era muito sofrimento. Não tinha, tinha que subir, a gente pegava aquele óleo, jogava no antipoço, que era um pequeno tanquezinho que fica ao lado do poço, ali nós pegava aquele óleo com o balde, apanhar e jogar dentro da carreta, subir, meio-dia em ponto, aquele óleo quente. Tinha o seguinte, saíamos de Mossoró normalmente 6 horas da manhã, época de inverno, chovendo, em cima de um carro, então não tinha segurança de nada. A preocupação com segurança era zero. Nós saíamos em cima de um caro, 6 horas da manhã, debaixo de chuva, junto com balde de óleo, em cima de uma caminhonete, sem coberta, ali ia carro de mão, picareta, enxada, balde de óleo, e nós ali! O chefe ia dentro da caminhonete, só cabia três pessoas, normalmente tinha dois chefes, o (Kerginaldo?) e o Luciano, eles iam dentro da (bolea?)...
P/1 – Quem o senhor falou? Desculpa.
R – Era (Kerginaldo?) e Luciano. Eles iam dentro da (bolea?) da caminhonete e nós íamos em cima. Passávamos o dia. Nessa época, por exemplo, eu me lembro do tempo de Alto do Rodrigues e da Fazenda Belém. Nós íamos para a Fazenda Belém, passávamos o dia trabalhando, fazendo diversas atividades, cobrindo óleo, e não tinha um guindaste para que nós instalássemos as unidades, ficasse à disposição. Nós instalávamos as unidades com o guindaste da sonda, e o encarregado da sonda, geralmente, só liberava o guindaste depois de 5 horas da tarde. Então a gente passava o dia trabalhando, depois das 5 horas continuava trabalhando de novo!
P/1 – Nossa!
R – Aí que a gente ia montar as unidades, no escuro, só com o claro da luz do carro, era muito perigoso. E ainda vinha a segunda etapa que era mais difícil, isso por volta de 10 horas da noite, aproximadamente, a gente tinha acabado de instalar o poço, produzia para carreta e aí o supervisor da época, o capataz, olhava para um de nós da equipe, geralmente era cinco que andava, em quatro, cinco, aí dizia: “Bem, agora, Gonzaga, você vai ficar para acompanhar esse poço que nós vamos para Mossoró. Quando for mais tarde, eu mando a sua janta.”. Isso depois de 10 horas da noite, depois de ter saído 6 horas da manhã, ter passado o dia trabalhando.
P/1 – Isso assim que o senhor ingressou?
R – É. E quando era 10 horas da noite a pessoa olhava para a gente, dizia: “Você vai ficar aqui, nós vamos para Mossoró, mais tarde eu mando o carro vir deixar a sua janta.”, e aí ficava à noite medindo aquele poço para acompanhar a produção. Quando o chefe dizia isso, ainda tinha o seguinte: a gente tinha que responder sorrindo: “Ah, tá legal! Tudo bem!”, porque se a gente fizesse cara feia, dissesse que, demonstrasse alguma insatisfação em estar ficando mais à noite, após ter trabalhado todo o dia, com certeza nós seríamos escalados para ficar a semana todinha, não era aquele dia. Então sempre que o chefe dizia: “Gonzaga, hoje você vai ficar para acompanhar esse poço.”, “Ah, tá legal! Beleza! Tudo bem!”. Um desses dias eu fiquei e aí me esqueceram, e chegaram no outro dia. Só quando o carro foi de manhã pegar a turma, é que passou na minha casa – eu morava na Casa do Estudante nessa época, mesmo depois que eu entrei na Petrobrás eu ainda continuei morando na Casa do Estudante.
P/1 – O que é essa Casa do Estudante?
R – É uma república de estudante. É uma casa para estudantes pobres que vêm de outras cidades e paga sempre uma parcela irrisória, uma casa subsidiada, muita dificuldade, normalmente é para estudantes pobres que vêm de outra cidade. Não pode ficar na Casa do Estudante quem é de Mossoró.
P/1 – Hum. Aí eles passaram lá para buscar o senhor?
R – Quando o carro passou lá para me pegar, disseram assim: “O Gonzaga não veio, desde ontem.”. Quando chegaram lá, no outro dia, chegaram com o café da manhã e a janta. Mas aí não fazia cara feia, eu recebi rindo à toa, achando graça, porque se dissesse, demonstrasse alguma insatisfação, no outro dia era escalado para ficar de novo!
P/1 – E dentro desse seu cotidiano de trabalho, o senhor é sindicalizado?
R – Sou sindicalizado. Sou desde o começo, eu sou do tempo do (Aspern?), Associação dos Petroleiros do Rio Grande do Norte. Foi a primeira associação, foi feita antes de fazer o sindicato, porque não podia fundar logo o sindicato. Então o pessoal criou a Associação dos Petroleiros.
P/1 – Isso foi mais ou menos quando?
R – Isso deve ter sido em 81 para 82, eu acredito que foi em 82.
P/1 – E o senhor pode contar para a gente algum movimento sindical que o senhor tenha participado, ou que o senhor tenha acompanhado em busca dessas melhorias de trabalho?
R – Eu participei de todas as greves que teve, inclusive a que ficou marcada foi a greve de 89, aonde eu tinha sido promovido, já estava exercendo a função de supervisor há cinco meses, com seis meses seria oficializado, não podia voltar mais. Exatamente quando ia completar os seis meses, começou a greve, e eu participei da greve, mesmo tendo sido promovido, tendo sido escolhido como funcionário experiente, reconhecidamente que eles diziam competente, escolhido por competência, fui chamado pelo gerente que me disse que se eu participasse da greve, com certeza, as pessoas que participassem da greve seriam cortadas, quem havia sido promovido e participasse da greve, seria cortado. Nós fizemos uma reunião com, eram seis promovidos daqui da área de Mossoró: era eu, o Leopoldo, o Lira, Paulino, Paulo Bernardo ______, Carlos Brito e _____. Nós nos reunimos no restaurante Flavio’s e fizemos um acordo: “Já que nós sabemos que se participar da greve poderemos ser cortada a promoção, então vamos entrar em grupo porque só não vamos conseguir nada.”. Ficou decidido que a maioria iria participar, então digo: “Estou com a maioria, vou participar!”. Só que, após a saída dessa reunião, três foram trabalhar, e quando nós chegamos no outro dia na reunião, na assembléia do Sindicato, onde estava todo mundo reunido: “Carlos Brito, _____ e Paulo Bernardo foram trabalhar.”, aí eu, Lira e o Leopoldo não fomos, então nós fomos cortados. E com isso nós passamos muito tempo sendo penalizados porque essa penalização estendeu-se não só aquele momento. Eu só vim a ser promovido com 21 anos de empresa. Naquela época, já tinha mais de dez anos, acho que estava com 12 anos, 89. Entrei em 81, era 89 ou 99 o governo de Collor? 89.
P/1 – 89.
R – 89, exatamente. Eu já estava com nove anos de empresa aproximadamente, era pioneiro, era experiente, então por isso acredito que eu merecia naquela época ser promovido.
P/1 – E acabou não sendo.
R – E acabei não sendo por conta disso, mas veio uma coisa que eu achei muito interessante. O gerente era o (Meton?), que coincidentemente foi o gerente que me promoveu muitos anos depois, ele também foi um dos que, não sei se motivado por, isso também caiu da gerência algum tempo depois. Nós fomos trabalhar em uma área, em outra, e ele voltou a ser meu gerente muito tempo depois, e fui novamente promovido porque ele dizia o seguinte, quando nós, não só eu: “Eu escolhi os melhores, então não posso mudar.”. Ele não mudou, ele tinha direito a promover seis funcionários e a reunião, quando teve a reunião em Natal que ficou decidido que seria cortado quem tivesse participado da greve, ele disse: “Tudo bem! Eu tenho chefes, tenho superiores, eu sou obrigado a obedecer. Mas eu não indico outras pessoas para substituir aqueles que eu já tinha escolhido como melhores. Se é para ser os melhores, os meus melhores são esses.”, e teve o curso, o pessoal foi promovido, mas ficou as três vagas das pessoas que foram cortadas. Eu acho que foi uma atitude muito digna dele, de alguém que sabe realmente o que está fazendo e tem convicção.
P/1 – O senhor acha que a relação do sindicato com a Petrobrás mudou, senhor José?
R – Com certeza!
P/1 – O que o senhor acha que mudou?
R – Entre outras coisas, a empresa hoje não vê o sindicato apenas como um rival. Porque quando a gente vê como rival, a gente se arma todo e às vezes não há espaço para diálogo; nem sempre tudo o que o sindicato faz é certo, mas tem os seus acertos, os seus erros e o melhor caminho para resolver isso é conversar. Quando, algum tempo atrás, teve uma época que o sindicato não era nem recebido, era proibido até de entrar, ia fazer assembléia, tinha que fazer fora da cerca da empresa lá fora porque o delegado sindical não conseguia nem entrar. Eu fiquei marcado muito tempo por isso, nem fui, eles diziam que eu representava como se fosse um líder, certa vez o gerente me disse o seguinte: “Rapaz, o problema que nós nos preocupamos com você é porque você representa como se fosse uma liderança nata para esse pessoal. Todos esses colegas operadores, devido a você ser mais antigo.”. Sempre que entrava turma nova, a turma pedia para trabalhar comigo porque devido a minha experiência, eu entendia bem do negócio e tinha uma coisa: eu gostava de ensinar. Eles pediam para trabalhar comigo: “Eu quero ficar na turma do Gonzaga.”, porque sabiam que se fossem trabalhar comigo, eu ia ensinar tudo direito. Tinha gente que não gostava de ensinar, escondia o jogo e tal, para mostrar que sabia mais, e eu nunca tive isso, mas também só tenho coisa boa. Eu era marcado por ser um cara um pouco explosivo, quando tinha raiva de alguma coisa, eu falava...
P/1 – Eles viam isso como uma liderança, achavam que o senhor era líder do grupo!
R – É, não ficava muito submisso ao chefe. Eu sempre gostei de trabalhar muito, me dedicar, defender realmente isso aqui porque eu me vejo nessa função aqui na Petrobrás como uma pessoa que está contribuindo realmente para o engrandecimento do nosso país. A empresa dá oportunidade que nós possamos participar. Por exemplo, Petróleo é uma moeda internacional, é um produto valorizado internacionalmente e de suma importância para qualquer nação, e se nós podemos produzir petróleo aqui, eu sei que cada barril de petróleo que nós produzimos no Brasil, essa foi uma meta que o Brasil traçou para se tornar independente na produção de petróleo como forma de permitir o desenvolvimento do Brasil. Eu sei que o meu trabalhinho de formiga, fazer com que aquele poço produza um pouco mais, eu sempre me dedico muito. Eu não consigo passar, ainda hoje, ao lado de um poço e ver ele parado; mesmo que não seja minha atribuição, eu ir lá saber o que está acontecendo. Por que? Porque ali você tem uma consciência de que pôr aquele poço para produzir, o nosso país está ganhando, não é só a Petrobrás, não é só eu como profissional. Vai evitar que importe e vai sobrar mais dinheiro para que o país possa investir em outras coisas.
P/1 – Nesse sentido, senhor José, o que o senhor achou de ter participado do Projeto Memória Petrobrás, de ter contribuído com o seu depoimento?
R – Muito legal! Já tinha ouvido falar, e esse projeto parece que já passou por aqui algum tempo atrás. Eu perdi a oportunidade de participar da outra rodada que teve de depoimentos. E conversando com uns amigos da comunicação social até tinha dito: “Quando passar por aqui eu quero participar, eu tenho história para contar!”, afinal de contas eu fiz parte realmente dessa história da produção da bacia Potiguar terrestre. Muito legal, gostei muito!
P/1 – Então está ótimo!
R – Espero ter oportunidade de participar de outros projetos.
P/1 – Com certeza! A gente queria agradecer muito, muito obrigada pela entrevista!
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