IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Jaime Fernandes Eiras. Nasci em Belém do Pará, em 8 de março de 1949. INGRESSO NA PETROBRAS Quando eu estava cursando geologia, na Universidade Federal do Pará, alguns professores eram do quadro da Petrobras. Através deles, passei a tomar conhecimento, de como era feito o trabalho, de pesquisa de petróleo e me interessei por esse tema. Quando concluí o curso, prestei concurso para a Petrobras. Fui aprovado e comecei a trabalhar, em março de 1976. Foi meu primeiro emprego, na Petrobras. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Comecei na Empresa, viajando para as sondas e plataformas. Fazendo o acompanhamento geológico dos poços, que é a fase de treinamento, de quem começa na Petrobras, mesmo que não continue nesta atividade depois. A pessoa passa por essa atividade de treinamento, acompanhando a perfuração dos poços. Depois de 3 anos, passei para a interpretação de dados de bacia, a interpretação de bacias sedimentares, onde eu trabalhei até 2001, quando me aposentei. UNIDADE - UN-BSOL Destaco mais a dificuldade de você trabalhar aqui, na Amazônia, enfrentando todos obstáculos como a floresta, áreas remotas, longe dos grandes centros. É um trabalho de desafio e o interessante, é que ele nos atrai exatamente por isso. Viajei muito para as plataformas, na costa do Amapá. Também eram trabalhos arriscados. Às vezes, chegávamos a viajar 2 horas de helicóptero, até chegar à plataforma, que ficava mais de 200 quilômetros, costa afora. Era excitante e, ao mesmo tempo, tinha a preocupação de que não ocorresse nenhum acidente, durante essa movimentação. Como se falava, que seria a chegada e a saída para a plataforma. Aqui na floresta, a mesma coisa. A exuberância da floresta atrai, mas ao mesmo tempo é difícil. Hoje, muito mais do que no passado, há a preocupação com o meio ambiente. Há uma frase de um dramaturgo francês, Pierre Cormeier, que diz: “a vitória sem perigo é a...
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IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Jaime Fernandes Eiras. Nasci em Belém do Pará, em 8 de março de 1949. INGRESSO NA PETROBRAS Quando eu estava cursando geologia, na Universidade Federal do Pará, alguns professores eram do quadro da Petrobras. Através deles, passei a tomar conhecimento, de como era feito o trabalho, de pesquisa de petróleo e me interessei por esse tema. Quando concluí o curso, prestei concurso para a Petrobras. Fui aprovado e comecei a trabalhar, em março de 1976. Foi meu primeiro emprego, na Petrobras. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Comecei na Empresa, viajando para as sondas e plataformas. Fazendo o acompanhamento geológico dos poços, que é a fase de treinamento, de quem começa na Petrobras, mesmo que não continue nesta atividade depois. A pessoa passa por essa atividade de treinamento, acompanhando a perfuração dos poços. Depois de 3 anos, passei para a interpretação de dados de bacia, a interpretação de bacias sedimentares, onde eu trabalhei até 2001, quando me aposentei. UNIDADE - UN-BSOL Destaco mais a dificuldade de você trabalhar aqui, na Amazônia, enfrentando todos obstáculos como a floresta, áreas remotas, longe dos grandes centros. É um trabalho de desafio e o interessante, é que ele nos atrai exatamente por isso. Viajei muito para as plataformas, na costa do Amapá. Também eram trabalhos arriscados. Às vezes, chegávamos a viajar 2 horas de helicóptero, até chegar à plataforma, que ficava mais de 200 quilômetros, costa afora. Era excitante e, ao mesmo tempo, tinha a preocupação de que não ocorresse nenhum acidente, durante essa movimentação. Como se falava, que seria a chegada e a saída para a plataforma. Aqui na floresta, a mesma coisa. A exuberância da floresta atrai, mas ao mesmo tempo é difícil. Hoje, muito mais do que no passado, há a preocupação com o meio ambiente. Há uma frase de um dramaturgo francês, Pierre Cormeier, que diz: “a vitória sem perigo é a conquista sem honra...”. Eu acho, que o trabalho aqui, na Amazônia, é mais ou menos isso. O trabalho da Petrobras é valorizado, porque foi conquistado com dificuldade. UNIDADE - UN-BSOL - URUCU Na verdade, Urucu foi uma segunda fase. A primeira descoberta foi o Juruá, embora lá, só tenha gás condensado. Foi em 1978, a descoberta de gás através de poço Juruá número um. Eu já estava na Empresa e era um levantamento, que ia ser feito, aproveitando uma equipe que estava vindo do Acre. A equipe já ia embora. Mas, foi observada, na sessão sísmica, uma estrutura que poderia ser favorável à presença de petróleo. Aí foi perfurado o poço, levou quase 1 ano, 312 dias para ser perfurado, muitos problemas, muitas dificuldades. Depois, para confirmar que o poço atravessou uma zona de gás, também, foi difícil, porque a sonda não estava preparada, para fazer um teste de gás com a pressão que ocorreu. Depois do Juruá, o trabalho foi retomado e crescendo. Até que se verificou a possibilidade de, mais a leste, que é o caso da região aqui de Urucu, ocorrer não só gás mas, também, óleo. Já que nós não temos mercado para gás, na região, estávamos buscando, também, o petróleo líquido, que é o óleo. Com a perfuração do poço Ruc 1, nos deu um ânimo maior para continuar a exploração. Depois, tivemos outras descobertas de óleo, aqui na área. A quantidade de gás é muito maior que de óleo, mas essa descoberta do Urucu favoreceu, para que os investimentos tivessem retorno, para serem reaplicados na região. PROCEDIMENTOS DE TRABALHO Uma coisa interessante é que o trabalho de pesquisa, em petróleo, é feito por etapas. Tem a etapa da aquisição dos dados geofísicos. Depois, vem a interpretação, o processamento dos dados, a interpretação dos dados, a proposição da perfuração de poços, a perfuração de poços, a avaliação dos poços, confirmando a descoberta. Depois, a delimitação do campo. Quando nós recebíamos o dado, para ser interpretado, esse dado já havia sido adquirido por outras equipes no campo, já havia sido processado nos computadores. O que nós recebíamos, eram as sessões sísmicas. É como se fosse uma radiografia do subsolo, em que nós vemos as camadas, que podem ser favoráveis a conter petróleo. A partir dali, fazemos os mapas sísmicos e geológicos, sem necessariamente ir à área. Eu participei desse trabalho da proposição, da perfuração de poços, das descobertas, mas não conhecia aqui, a região. Vim conhecer o Juruá em 1982, 14 anos após a descoberta. Embora eu trabalhasse com a área, era só com dados do subsolo. Urucu foi descoberto em 86, começou a produzir em 88. Eu só vim a conhecer Urucu, em 1994. Eu conhecia Urucu, das sessões sísmicas e dos mapas, não conhecia a região. Quando vim aqui, pela primeira vez, fiquei impressionado pela grandiosidade, dessa infra-estrutura operacional. Depois, voltei. A última vez que estive aqui, foi em 2001, me impressionou, também, porque a gente vê que, cada vez mais, essa estrutura está crescendo. Esse conhecimento através das sessões... Eu fiz uma comparação, é como se você conhecesse uma pessoa, através de fotos, e depois de vários anos, você passa a conhecer a pessoa, pessoalmente. A mesma coisa foi aqui. Eu conhecia toda região, como a palma da minha mão, mas através das sessões sísmicas, dos mapas geológicos, dos mapas geofísicos. Eu não conhecia o dados de superfície, porque as rochas, quando tem petróleo, elas estão na sub-superfície, não afloram aqui. Aqui, nós temos uma cobertura mais nova. Só através da tecnologia, da aquisição sísmica e dos poços, é que se conhece dados sobre a superfície. ENTREVISTA Eu acho que foi uma iniciativa muito boa, porque esse projeto está valorizando o ser humano. Atualmente, estou na Universidade Federal do Pará, num programa de preparação de recursos humanos, ou seja, a valorização do ser humano. As descobertas de petróleo, algumas pessoas dão muita ênfase à tecnologia e esquecem de valorizar o ser humano. Semana retrasada participei de um Congresso de Pesquisa e Desenvolvimento em Petróleo, no Rio de Janeiro. O diretor de exploração da Petrobras, o geólogo Guilherme Estrela, disse que o que diferencia as companhias de petróleo é o conhecimento. E quem detém o conhecimento, são as empresas, através dos seus técnicos, dos seus empregados. Isso mostra que a Empresa, através do seu diretor de exploração, através desse projeto, está valorizando o ser humano. Eu gosto de citar um geólogo americano, que viveu 96 anos. Ele participou da descoberta de grande parte do óleo e do gás dos Estados Unidos, trabalhou com gerenciamento de projetos, com preparação de recursos humanos. É Wallace Agarete Prates. Ele dizia que “o recurso natural mais valioso é a mente humana” e que “O óleo está na mente dos homens”. Ou seja, são com idéias que se descobre o petróleo. A tecnologia, a máquina, não cria. A máquina processa o dado existente, a criatividade é inerente ao ser humano e quando o Prates dizia que “o óleo está na mente dos homens”, quis dizer que o homem, a criatividade humana, é que permite que se descubra onde está o petróleo.
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