Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Jaime Fernandes Eiras
Entrevistado por Miriam
Urucu, 03 de julho de 2003
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB208
Transcrito por Transkiptor
00:00:28 P/1 - Jaime, se você puder falar pra gente seu nome completo, local e data de nascimento?
00:00:32 R - Sim. Meu nome é Jaime Fernandes Eiras, eu nasci em Belém, dia 8 de março de 1949.
00:00:43 P/1 - Quando e como se deu o teu ingresso na Petrobras?
00:00:48 R - Quando eu estava cursando Geologia na Universidade Federal do Pará, alguns professores eram do quadro da Petrobras e através deles eu passei a tomar conhecimento como era feito o trabalho de pesquisa de petróleo e me interessei por esse tema. E quando concluí o curso, prestei concurso para Petrobras, fui aprovado e comecei a trabalhar em março de 1976. Foi o meu primeiro emprego na Petrobras.
00:01:24 P/1 - Fala um pouco da tua trajetória na empresa, do seu trabalho, descreve um pouco do seu trabalho.
00:01:34 R - Comecei na empresa viajando para as sondas e plataformas, fazendo acompanhamento geológico dos poços, que é uma fase de treinamento que começa na Petrobras. Mesmo que não continue nessa atividade, a pessoa passa por essa atividade de treinamento, acompanhando a perfuração dos poços. E depois de três anos nessa atividade, eu passei para a fase de... para a interpretação de dados de bacia. Interpretação de bacias sedimentares. Onde eu trabalhei até 2001, quando eu me aposentei.
00:02:22 P/1 - Você lembra de alguma coisa interessante? Uma história que você queria contar? Uma experiência interessante? Algum fato marcante?
00:02:33 R - Há várias passagens marcantes, mas o que eu destaco mais assim era a dificuldade de você trabalhar aqui na Amazônia enfrentando todos os problemas, os obstáculos que nós temos na floresta, áreas remotas. Longe dos grandes centros são as dificuldades que a gente encontra aqui. É principalmente um trabalho de...
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Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Jaime Fernandes Eiras
Entrevistado por Miriam
Urucu, 03 de julho de 2003
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB208
Transcrito por Transkiptor
00:00:28 P/1 - Jaime, se você puder falar pra gente seu nome completo, local e data de nascimento?
00:00:32 R - Sim. Meu nome é Jaime Fernandes Eiras, eu nasci em Belém, dia 8 de março de 1949.
00:00:43 P/1 - Quando e como se deu o teu ingresso na Petrobras?
00:00:48 R - Quando eu estava cursando Geologia na Universidade Federal do Pará, alguns professores eram do quadro da Petrobras e através deles eu passei a tomar conhecimento como era feito o trabalho de pesquisa de petróleo e me interessei por esse tema. E quando concluí o curso, prestei concurso para Petrobras, fui aprovado e comecei a trabalhar em março de 1976. Foi o meu primeiro emprego na Petrobras.
00:01:24 P/1 - Fala um pouco da tua trajetória na empresa, do seu trabalho, descreve um pouco do seu trabalho.
00:01:34 R - Comecei na empresa viajando para as sondas e plataformas, fazendo acompanhamento geológico dos poços, que é uma fase de treinamento que começa na Petrobras. Mesmo que não continue nessa atividade, a pessoa passa por essa atividade de treinamento, acompanhando a perfuração dos poços. E depois de três anos nessa atividade, eu passei para a fase de... para a interpretação de dados de bacia. Interpretação de bacias sedimentares. Onde eu trabalhei até 2001, quando eu me aposentei.
00:02:22 P/1 - Você lembra de alguma coisa interessante? Uma história que você queria contar? Uma experiência interessante? Algum fato marcante?
00:02:33 R - Há várias passagens marcantes, mas o que eu destaco mais assim era a dificuldade de você trabalhar aqui na Amazônia enfrentando todos os problemas, os obstáculos que nós temos na floresta, áreas remotas. Longe dos grandes centros são as dificuldades que a gente encontra aqui. É principalmente um trabalho de desafio. Eu acho que o interessante é que a gente tem um trabalho que nos atrai exatamente por ser um trabalho de desafio. Eu viajei muito para as plataformas na costa do Amapá e também era um trabalho arriscado, Às vezes, chegava a viajar duas horas de helicóptero até chegar à plataforma. A plataforma ficava a mais de 200 quilômetros, costa afora. Era excitante e, ao mesmo tempo, uma preocupação de que não ocorresse nenhum acidente durante essa movimentação, como se falava. Seria a chegada e a saída para a plataforma. Aqui na floresta a mesma coisa. A exuberância da floresta atrai, mas ao mesmo tempo é difícil. Hoje, muito mais do que no passado, há preocupação com o meio ambiente e a empresa se preocupa muito com isso. É um trabalho que excita por ser difícil, por ser arriscado. Há uma frase, É um dramaturgo francês, Pierre Cornélio, que ele diz, a vitória sem perigo é a conquista sem honra. Eu acho que o trabalho aqui na Amazônia é mais ou menos isso. O trabalho da Petrobras, ele é valorizado porque ele foi conquistado com dificuldade, com grandes obstáculos. Então, é valorizado muito mais esse trabalho aqui na Amazônia.
00:05:03 P/1 - Qual foi a sensação da descoberta de Urucu? Porque essa busca de petróleo na Amazônia é antiga, né? E Urucu veio meio que concretizar esse sonho.
00:05:17 R - Na verdade, Urucu foi uma segunda fase. A primeira descoberta foi o Juruá, embora lá só tenha gás condensado. Foi em 1978, a descoberta de gás através do poço Juruá número 1. Eu já estava na empresa e era praticamente um levantamento que ia ser feito aproveitando uma equipe que estava vindo do Acre, a equipe já ia embora. Foi observado na sessão símica uma estrutura que poderia ser favorável à presença de petróleo. E aí foi perfurado o poço. Um poço que levou quase um ano, levou 312 dias para ser perfurado. Muitos problemas, muitas dificuldades. Até depois, para confirmar que o poço atravessou uma zona de gás, também foi difícil confirmar isso. Os testes foram difíceis porque A sonda não estava preparada para fazer um teste de gás com a pressão que ocorreu. E depois do Juruá, o trabalho foi retomado e foi crescendo, até que se verificou a possibilidade de mais alérgica, é o caso aqui da região do Urucu, ocorrer não só gás, mas também óleo, já que nós não temos mercado para gás na região. Então, nós estávamos buscando também o petróleo líquido, que é o óleo, e com a perfuração do Poço Hulk número 1, confirmou isso e nos deu um ânimo maior para continuar a exploração. Depois tivemos outras descobertas de óleo aqui na área. A quantidade de gás é muito maior que do óleo, mas essa descoberta do Urucu, ela favoreceu a que os investimentos tivessem retorno para serem reaproveitados na região.
00:07:21 P/1 - O que é para você ter feito parte, se você está aposentado, dessa empresa, ter ajudado a construir a empresa e ter ajudado no desenvolvimento do país, da região e do país?
00:07:36 R - Uma coisa interessante é que o trabalho de pesquisa em petróleo é feito por etapas. Então é uma etapa da aquisição dos dados, dados geofísicos, depois vem a interpretação, o processamento dos dados, a interpretação dos dados, a proposição de perfuração de poços, vem a perfuração de poços, avaliação dos poços, confirmando a descoberta e depois vem a delimitação do campo. E esse processo foi o processo normal aqui. Quando nós recebemos o dado para ser interpretado, esse dado já havia sido adquirido por outras equipes no campo, já havia sido processado nos computadores, e o que nós recebemos eram as sessões cívicas, que é como se fosse uma radiografia do subsolo, em que nós vemos as camadas que podem ser favoráveis a conter o metróleo. A partir dali nós fazemos os mapas sísmicos e geológicos sem necessariamente vir na área. Então, eu participei desse trabalho, da proposição de perfuração de poços, das descobertas, mas eu não conhecia aqui a região. Eu vim conhecer o Juruá em 1982. 14 anos após a descoberta. Agora eu já tinha que trabalhar com a área, mas eu trabalhava com o dado de subsolo. O Urucu foi descoberto em 86, começou a produzir em 88 e eu só vim conhecer o Urucu em 1994. Porque eu conhecia o Urucu das estações cívicas e dos mapas, eu não conhecia aqui a região. Quando eu vim pela primeira vez aqui, eu fiquei impressionado pela grandiosidade dessa infraestrutura operacional. Depois voltei... a última vez que eu estive aqui foi em 2001 e me impressionou também porque a gente vê que cada vez mais essa estrutura está crescendo, a produção está... se mandando e então impressiona cada vez que a gente vem. E esse conhecimento através das seções, até hoje quando fiz uma comparação, é como se você conhecesse uma pessoa através de fotos e depois de vários anos você passa a conhecer a pessoa pessoalmente. Mesma coisa foi aqui, eu conhecia toda a região na palma da minha mão, mas através das seções sísmicas, através dos mapas geológicos, mapas geofísicos, eu não conhecia o dado de superfície. Porque as rochas que contêm o petróleo, elas estão em sub-superfície, elas não afloram aqui. Aqui nós temos uma cobertura mais nova. E só através da tecnologia, da aquisição do sismo e caído através dos poços é que se conhece o dado de sub-superfície.
00:10:48 P/1 - O que você acha desse projeto de contar a história da empresa? pela visão dos seus trabalhadores. O que você acha que está participando desse projeto?
00:11:00 R - Olha, eu acho que foi uma iniciativa muito boa porque esse projeto está valorizando o ser humano. Eu atualmente estou na Universidade Federal do Pará num programa de preparação de recursos humanos, ou seja, a valorização do ser humano. As descobertas de petróleo Algumas pessoas dão muita importância, muita ênfase à tecnologia e esquecem de valorizar o ser humano. Na semana retrasada, eu participei de um congresso de pesquisa e desenvolvimento em petróleo no Rio de Janeiro e o diretor de exploração da Petrobras, geólogo Guilherme Estrela, disse que o que diferencia as companhias de petróleo é o conhecimento. E o conhecimento, quem detém o conhecimento são as empresas através dos seus técnicos, dos seus empregados. Isso mostra que a empresa, através do seu diretor de exploração, através desse projeto, está valorizando o ser humano. Eu gosto de citar um geólogo americano que viveu 96 anos. Ele participou das descobertas de grande parte do óleo e do gás dos Estados Unidos, trabalhou com gerenciamento de projetos, trabalhou com preparação de recursos humanos e é o Wallace Saveretti Pratt e que ele diz, ele dizia que o recurso natural mais valioso é a mente humana e ele diz também que o óleo está na mente dos homens. Ou seja, são com ideias que se descobre o petróleo. A tecnologia, a máquina, a máquina não cria, a máquina processa o dado existente. A criatividade é inerente ao ser humano. E quando o Pratt dizia que o óleo está na mente dos homens, ele queria dizer que o homem, a criatividade humana é que permite que se descubra Onde está o petróleo?
00:13:22 P/1 - Muito obrigada pelo teu depoimento.
00:13:24 R - Muito obrigado também.
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