Projeto Comemorativo 50 anos da Ponte Rio-Niterói
Entrevista com Mayra Lara Torres
Entrevistada por Paula Ribeiro
Niterói, 23 de fevereiro de 2024
Código da entrevista: PRN_HV004
Revisada por Nataniel Torres
P - Oi! Boa tarde Mayra! Primeiramente gostaria de agradecer a sua disponibilidade pra compartilhar conosco um pouco da sua história, sua trajetória de vida, no contexto do projeto comemorativo dos 50 anos da Ponte Rio-Niterói, então muito obrigada por ter aceito prontamente participar do nosso projeto. Bom, vou começar do começo, pedindo que você me fale o seu nome completo, local e data de nascimento e a origem do nome, um pouco da história do seu nome, por favor?
R - Desculpa! Mas a origem mesmo do nome?
P - Seu nome completo, local e data de nascimento?
R - Tá! Então, eu sou a Mayra Lara Torres, tenho 23 anos, faço 24 esse ano. E nasci em Niterói, nascida e criada. Um pouquinho do meu nome, uma disputa entre pai e mãe e sempre, ia ser Mayara, meu pai registrou como Mayra e por aí estamos até hoje, todo mundo gosta muito mais de Mayra.
P - Qual é a grafia do seu nome certinha?
R - M-A-Y-R-A.
P - E a data de nascimento?
R - 04/04/2000
P - Em relação aos seus pais, você pode me dizer, por favor, o nome, também se você conhece um pouco da origem, onde nasceram, por favor?
R - Sim! Local de nascimento da mamãe foi em Angra dos Reis, o nome dela é Joelma dos Santos Lara. E o meu paizinho é Bartolomeu Schifini Torres. Ele também nasceu aqui em Niterói, em Santa Rosa.
P - E os avós, conheceu os avós? Pode me dizer o nome dos avós paternos, os maternos?
R - Sim! Eu conheci os meus avós paternos, seu Ari Torres e Ana Marli Schifini, morei com a minha avó um tempo, junto com meu pai, aquele momento delícia. Os meus avós de parte de mãe eu não conheci.
P - Você conhece um pouquinho a origem dos seus avós, esse sobrenome Schifini, você conhece?
R - Não! Não conheço.
P - E a profissão dos pais?
R - Meu pai é...
Continuar leituraProjeto Comemorativo 50 anos da Ponte Rio-Niterói
Entrevista com Mayra Lara Torres
Entrevistada por Paula Ribeiro
Niterói, 23 de fevereiro de 2024
Código da entrevista: PRN_HV004
Revisada por Nataniel Torres
P - Oi! Boa tarde Mayra! Primeiramente gostaria de agradecer a sua disponibilidade pra compartilhar conosco um pouco da sua história, sua trajetória de vida, no contexto do projeto comemorativo dos 50 anos da Ponte Rio-Niterói, então muito obrigada por ter aceito prontamente participar do nosso projeto. Bom, vou começar do começo, pedindo que você me fale o seu nome completo, local e data de nascimento e a origem do nome, um pouco da história do seu nome, por favor?
R - Desculpa! Mas a origem mesmo do nome?
P - Seu nome completo, local e data de nascimento?
R - Tá! Então, eu sou a Mayra Lara Torres, tenho 23 anos, faço 24 esse ano. E nasci em Niterói, nascida e criada. Um pouquinho do meu nome, uma disputa entre pai e mãe e sempre, ia ser Mayara, meu pai registrou como Mayra e por aí estamos até hoje, todo mundo gosta muito mais de Mayra.
P - Qual é a grafia do seu nome certinha?
R - M-A-Y-R-A.
P - E a data de nascimento?
R - 04/04/2000
P - Em relação aos seus pais, você pode me dizer, por favor, o nome, também se você conhece um pouco da origem, onde nasceram, por favor?
R - Sim! Local de nascimento da mamãe foi em Angra dos Reis, o nome dela é Joelma dos Santos Lara. E o meu paizinho é Bartolomeu Schifini Torres. Ele também nasceu aqui em Niterói, em Santa Rosa.
P - E os avós, conheceu os avós? Pode me dizer o nome dos avós paternos, os maternos?
R - Sim! Eu conheci os meus avós paternos, seu Ari Torres e Ana Marli Schifini, morei com a minha avó um tempo, junto com meu pai, aquele momento delícia. Os meus avós de parte de mãe eu não conheci.
P - Você conhece um pouquinho a origem dos seus avós, esse sobrenome Schifini, você conhece?
R - Não! Não conheço.
P - E a profissão dos pais?
R - Meu pai é vigia e minha mãe trabalha com cabelo e unha.
P - Os avós, profissão, você conhece?
R - Não, não! Meus avós sempre ficavam muito em casa, meu avô era bancário e vovó sempre foi do lar, sempre cuidando da gente, cuidando dos filhos. Ela sempre foi aquela vozinha que a gente gosta de ter por perto.
P - Então, você pode contar um pouquinho como é que era esse ambiente da sua casa?
R - A gente sempre morou ali na Presidente Backer, Icaraí, então a minha mãe veio, eu tenho irmão e irmãs, um irmão e uma irmã, duas irmãs na verdade. Então, a gente sempre teve esse clima de família e a gente sempre ficou junto, às vezes a gente saia para outros lugares, mas sempre na parte da brincadeira, eu sempre vi meus irmãos mais velhos do que eu, eu sou a caçula da família, sempre muito unidos, brincando. A gente sempre teve muito isso, de brincar de quintal, pegar frutinha no pé da árvore, sempre foi muito bacana.
P - Mas como é que era essa casa? Era uma casa?
R - Era uma casa. Era uma casa grande na frente e uma casa pequena atrás, aí tinha esse quintal em torno dela. E a gente sempre ficava, vai pra casa da frente, vai pra casa de trás, a gente ficava correndo sempre, tomando banho de caixa d'água, sempre se divertindo por ali, a gente tinha bastante cachorro, uns três. Então, as nossas brincadeiras eram cachorro, areia, pedra, às vezes a gente ficava brincando de mangueira, caixa d'água, sempre assim. Eu lembro muito dos dias ensolarados, que fazia calor dentro de casa a gente já ia logo, “Vamos tomar banho de caixa d'água”. Ficava brincando, sempre assim nessa vibe.
P - Mas vocês moravam perto da praia, como é que era?
R - Ali era próxima a praia de Icaraí, mas não me lembro muito de ir à praia, eu era muito pequena, logo depois a gente se mudou e tudo mais.
P - Em termos de religiosidade, a família era religiosa, vocês frequentavam alguma religião, alguma igreja?
R - A mamãe, ela sempre me levou a igreja evangélica, ficava até ali próximo a nossa terra, então eu fui criada mais no evangélico mesmo. Mas é isso, a gente tem Deus no coração, a gente se importa com as pessoas, a gente segue mais isso, Deus como o centro de tudo.
P - Em relação a cozinha, comidas, como é que era um pouco isso na sua infância? Quem cozinhava? Você tem uma memória afetiva nesse sentido?
R - Sempre mamãe, só que tadinha, ela sempre na correria, conciliando trabalho, filhos, casa, como sempre. Mas a gente sempre sentava para tomar café, a gente sempre sentava para almoçar, jantar, às vezes a gente comia uma besteirinha, tinha janta também. Mas memória afetiva, não muita, aquela coisa, a gente sempre gostou muito de comer um camarãozinho, sempre muito bom, ela fazia sempre do jeitinho dela e ficava ótimo. Reunia todo mundo, era a parte assim, que todo mundo sentava na mesa, ficava lá conversando, rindo, depois do almoço, era sempre ótimo.
P - E em termos de amizade? Vocês tinham amigos de rua? Se brincava ainda de rua nessa tua época, na época que você era criança?
R - Então, eu lembro bastante, mas com os meus irmãos. E depois a gente mudou para um condomínio, então eu ficava, “Mãe, deixa eu descer para brincar e tal.” Mas eu fui a mais agarradinha à mamãe, “Não, não desce não.” Mas de vez em quando eu dava uma fugida, descia, a gente brincava de pique-esconde, pique-pega, aquela coisa de criança mesmo, a gente subia muito no terraço e ficava brincando de polícia e ladrão e ficava lá no terraço do condomínio, porteiro vinha, “Desce daí, que não pode ficar aí!”. Olha o perigo. Aí a gente descia triste da vida. Mas é isso, eu fui mais… a minha era é muito mais da tecnologia, eu peguei o início de computador, celular, então foi no meio a meio, eu descia, brincava com os meus irmãos, de boneca, de pique, aí depois subia, tomava um banho e mexia um pouco no computador, jogava uns joguinhos da Barbie, na época que tinha. Eu fui bem mais da época do computador, por exemplo, não aprendi a brincar de bolinha de gude, porque meus irmãos brincavam muito e eu cheguei depois, doida para brincar, ninguém me ensinou, fiquei revoltada. Mas basicamente isso.
P - Queria que você contasse um pouquinho as suas lembranças de infância, dessas brincadeiras, disso que você diz, até uma de uma certa forma você se ressente de não ter brincado tanto talvez na rua, mas você tinha um computador. Conta um pouquinho como é que foi isso na sua infância, essa diferença já dos teus irmãos mais velhos, por favor?
R - Como eu tava te falando, eu sou a caçula da família, então…
P - Fala o nome dos irmãos, por favor?
R - E Thiago, Mariana e Michele. Então, eu sempre morei com a Mariana e com a Michele, o Thiago é meu irmão por parte de pai, morei com ele um tempo, depois mais velha. Mas, é isso, os três em si eram muito unidos, eu ainda não tinha vindo, eu vim logo depois, então eu pegava um pouco do feeling assim, das brincadeiras deles, aí tentava brincar e tal. As bonecas, eu peguei muito boneca, aquela coisa mais dentro de casa, mais tranquila, às vezes descia para brincar e era pique-esconde, pique-pega e tal. Mas sempre teve presente o computador, então acabou a brincadeira na rua, a bagunça, a sujeira, toma um banho, faz um lanche e vai logo para o computador. Aí era… como é que dava o nome, o Nintendo também, que ainda era o jogo, antes do PS1, então era Mário Crash, então, assim, eu vou saber te falar mais sobre do que era de computador do que o que era para rua, porque eu ficava muito jogando e tudo mais. E para os nossos pais era até um conforto, na época, de, por exemplo, “Meu Deus, meu filho tá dentro de casa protegido ali, ele não tá na rua, ele não tá se machucando.” Mas eu hoje como mãe também, eu vejo o essencial, o Noah e a Sophia, eles terem contato com terra, com mato. A gente de vez em quando a gente sai, vai para um lugar que é só natureza pra brincar mesmo, pra tomar banho de chuva, que eu acho que isso…. a brincadeira ela faz parte da nossa memória afetiva, você não vai pensar e falar: “Nossa, eu tinha aquele computador e eu amava aquele jogo.” Tudo bem, de vez em quando sim, mas aquela coisa de você tomar banho de chuva, de você rolar na terra, de você pegar um pedaço de papelão, tinha uma rampa assim no nosso condomínio de terra, a gente pegava pedaço de papelão e escorregava, se ralava todo, chegava em casa chorando, com dente quebrado, joelho ralado, mamãe: “Meu Deus, Mayra.” Tinha esse outro start que era o banho e o computador. Então, eu peguei ainda um pouco, foi legal, mas eu ainda sinto falta do que os meus irmãos viviam, de brincadeiras raiz mesmo, de bolinha de ping pong, de bolinha de ping pong, não, de bolinha de gude. Viu gente, não sei nem direito. Então, é basicamente isso, eu sinto que faltou um pouco da brincadeira, mas a gente ainda conseguiu correr atrás. Então, hoje, que é algo totalmente… a tecnologia é muito voltada para criança, jogos, celular, tablet, o tempo todo, a criança nasce já tá mexendo no telefone. Então, a gente ainda tenta voltar um pouco, ‘não, vamos brincar lá fora, vamos para o quintal, vamos para a rua jogar bola’. Meu marido gosta muito de soltar pipa, então a gente tenta trazer ainda, que a gente sabe que é fundamental, eu principalmente. Se a gente sentar e conversar com ele, falar, ele vai ter um monte de histórias para te contar, sobre brincadeiras de rua, eu já não tenho tantas, tem aquelas coisas mais pontuais, que às vezes descia, brincava. Mas o que eu mais me recordo é jogando PlayStation, jogando no computador, sempre assim, jogo de Barbie, de produzir a Barbie, sempre gostei muito.
P - Tinha um computador em casa, era dividido? Tinha o horário para cada irmão, como é que era?
R - Horário não, era na guerra. Eu dividia muito com a minha irmã Mariana, então ela já era da época do MSN, já era adolescente, ela ficava batendo papo no MSN, eu achava aquilo o máximo. Aí eu sentava para brincar, os meus jogos eram Barbie, meu MSN vazio, aí acabava que eu ficava mais no joguinho mesmo.
P - Como era esse jogo da Barbie?
R - Então, o jogo da Barbie você pintava a Barbie, era maquiagem, você trocava o cabelo, trocava as roupinhas, aí tinha jogo de Polly. E também tinha muito Super Mario, que era mais dinâmico, você pegava o boneco e ia passando de fase em fase.
P - E eram jogos comprados, seus pais compravam?
R - Era. Na internet não, na internet já era gratuito, mas o Mário tinha que comprar, o PS e o jogo.
P - Isso pra família era considerado um gasto maior, era um momento de um presente que você ia ganhar um jogo. Como é que era isso? Você está falando de que ano?
R - E era passado. Então, mais ou menos 2006, 2007, pra frente. Que eu sou de 2000, então foi quando eu comecei a entender o que que era e tudo mais, tava pegando a adolescência dos meus irmãos. Mas sim! E geralmente era passado de herança, porque, por exemplo, meu irmão ganhava um, aí depois ele passava esse para a minha irmã e ganhava um mais recente, aí a gente ia passando. E eu ia sempre, a caçula, né, vai sempre se enfiando onde dá.
P - Já que você tá falando dessa coisa de irmão, como é que era, por exemplo, a questão de roupa, você lembra um pouco como é que você se vestia? Herdava roupa de irmã, como é que era?
R - Eu herdava muito as roupas da minha irmã, da Mariana, que é a do meio. Em relação a dela com outra pessoa, eu não sei! E ela tinha um estilo, aquelas calças jeans de cintura baixa, na época não era nem cropped, aquelas blusinhas tomara que caia. E aí, ela usava e eu achava o máximo. “Caraca, um dia essa roupa vai ser minha”. E a gente realmente passava, mamãe comprava também as coisas para ela, pra mim. Mas era muito isso, aquela coisa mais colorida, bem criança mesmo. Que é o que eu faço hoje com as crianças, bem estampadinho, bem menininha. E com o Noah, aquelas coisinhas mais sociaizinhas, aquelas camisas sociaizinhas, com estampa de leãozinho, que ele é bebê.
P - Você curte a coisa de roupa, de moda?
R - Gosto! Essa parte de produção de maquiagem e tal. Minha filha, ela tem a mesa dela, penteadeira de maquiagem. E ela herdou isso tudo de mim, isso tudo começou com aquele joguinho lá da Barbie. Mas ela tem isso muito, ela pega blush, “Mão, eu quero me maquiar.” Ela me vê maquiando, ela pede. “Eu quero aqui nos cílios, eu quero gloss, quero batom.” Ela é bem dessas, só sai cheia de miçangas, óculos escuros no frio. Ela é dessas. E o Noah fica observando, ele fica vendo a brincadeira.
P - Em relação à escola, você pode me contar um pouquinho que escola vocês frequentaram, como é que era um pouco do seu período escolar? Onde é que você estudou?
R - Quando eu era bem pequena, eu tenho a recordação de ter estudado no Júlia Cortines, que era mais ou menos um jardim, que é um colégio que fica lá em Icaraí e ele é municipal. Então, eu passei o meu jardim lá, brincava muito. O nome da minha professora era Vera e eu tinha horror dela e ela era um amor, hoje o que eu mais queria era dar um abraço em Vera. Porque eu chegava na escola e começava a chorar e Vera vinha, me acolhia. “Não mamãe, eu não quero ficar com ela. ” E ela era um amor, o amor da minha vida. Então, era isso! Mas aquelas brincadeiras. Depois eu comecei a estudar em colégio particular.
P - Você foi para a escola com quantos anos?
R - Jardim e da Alfa pra cima já comecei a frequentar a escola particular, que era o curso do Saramago. Aí é aquilo, a gente vai aprendendo, a ler, escrever. Aí depois eu fui estudar no São José, quando eu já era mocinha. Estudei ali no São José, em Icaraí também. Aí é aquilo, dali surgiram as minhas rodas de amizade que é até hoje, as meninas que eu conheço, também tem as meninas do Grafite, que a gente também… Eu tenho uma amiga em especial que a gente foi mãe praticamente juntas. Quando ela descobriu que foi mãe, eu fui lá com ela. Isso da escola, então basicamente hoje o meu ciclo de amizade são os que eram da escola lá de trás e alguns de trabalhos, as pessoas que a gente vai conhecendo do samba também, de família, basicamente isso.
P - Antes da gente voltar ao período escolar, uma pergunta, o que que você via na televisão quando você era criança? Você consegue lembrar?
R - Caramba! Eu acho que muito influenciada por Globo, TV Globinho, eu acho que eu já peguei essa parte, de acordar cedo, a mamãe não deixa ir para a escola, você fica lá vendo TV Globinho na coberta. Era “Três Espiãs Demais”, mais qual… Aí tinha também a TV paga, que era Cartoon Network, que era toda aquele Dexter, A Mansão Foster, Johnny Bravo. Então, esses gostos antigos eu fui pegando com os meus irmãos e no dia a dia era mais Globo mesmo, que eu sentava lá de manhã e tal. Mas também na época de criança mesmo, Discovery Kids, que aquele canal que eu nem sei se existe hoje, e é isso. Assim, pra filme, desenho, o que você botar na televisão eu vou saber o que é.
P - Você via muita televisão?
R - Via muita televisão, bem mais do que o computador. A minha época foi disso, da TV Globo, até a assinatura, aí era Cartoon Network, Discovery Kids, de vez em quando aquele National Geografic, ficava vendo algumas coisas sobre os animais, sobre o mundo, eu ficava, ...”Gente...!” É um mundo ali dentro daquela telinha.
P - Então, voltando a época da escola, muito interessante, eu queria que você contasse um pouco dessas amizades? Se você puder falar nomes, o que que vocês faziam? Vocês saiam depois da escola, saiam para algum lugar juntas, vocês iam pra festinha? Tinha um uniforme, como é que era um pouquinho? Você falou da turma do Grafite, é isso? Conta um pouco, por favor?
R - Então, a Laurinha, ela sempre foi minha amiga, desde pequena, basicamente a gente frequentava a casa uma da outra, a gente não ia tanto para outros lugares, mas a gente ficava sempre ali na nossa panelinha e tudo mais. Ia ao cinema, ia às vezes ao parque fazer alguma coisa. Éramos assaltadas juntas. Meu primeiro assalto foi junto com ela, levaram nossos celulares, mas no final das contas ela ligava para a mãe dela chorando, nervosa e a mãe dela, “Não, tranquilo, vou aí te buscar.” E eu liguei assim pra minha mãe,”Mãe, eu fui assaltada.” Ela, “Meu Deus, Mayra!”. Eu fui criada bem dentro de casa mesmo.
P - Você lembra de quando você ganhou o seu primeiro celular?
R - Caramba! Lembro, foi um Nokia, ele já… flip o nome? Que abre e fechava.
P - Que ano foi? Você lembra disso?
R - Caramba! Você sabe quando que foi o ano do lançamento do V3 da Motorola? 2011, por aí! De 11 para 12 anos, aquela coisinha, de aí, eu sou adolescente. Não era!
P - Seus irmãos já tinham celular? Seus pais tinham celular?
R - Já sim. Dos meus pais, da minha era aquele Nokia tijolão, depois foi evoluindo. Meu pai era mais da vibe da Motorola, aí ficava entre isso. Aí minha irmã ganhava V3, eu ganhava o Nokia, aí depois eu pegava o V3. E depois veio o iPhone.
P - Você é iPhone, você gosta de iPhone?
R - Eu gosto!
P - E o que que significava na época ganhar um telefone celular para você naquela época?
R - Nossa, no meu já foi muito mais fácil acesso à internet direto. Porque, por exemplo, mais velha, no oitavo ano da escola, já existia o Instagram, que é o que bomba hoje. Tudo bem que tem Tik Tok e tal, mas o Instagram é um pouquinho mais antigo. Então, eu falei: ‘caramba, agora eu posso ter um Instagram, posso postar minhas fotos e tal’. Foi basicamente isso. E foi o meu primeiro meu telefone, assim, moderno, que tinha acesso à internet, porque aí foi o iPhone 4, na época.
P - Aí você criou uma conta no Insta?
R - Primeira coisa que eu fiz, peguei o telefone... Instagram.
P - Você lembra o nome da conta?
R - É a conta que eu tenho até hoje, eu nunca me desfiz dela, não. É algo que você vai…
P - Qual é a conta?
R - “eumayralara”. Aí na época eu tinha feito para bombar, um monte de seguidores, não sei o quê e tal. Mas aí depois eu fui entendendo que aquilo pra mim era algo para guardar as minhas memórias. E é como eu uso muito hoje. Por exemplo, eu tenho o meu Instagram, as crianças têm o deles e eu vou colocando tudo, porque é algo, por exemplo, você hoje não tem tempo de tirar uma foto, revelar a foto e anotar, como era feito antigamente, que você anotava o horário, essa foto foi tirada em tal local. Então, eu uso o Instagram, as fotos, todos esses tipos de ferramentas para documentar mesmo o que que tá acontecendo. Se você perguntar muitas coisas da minha vida, muita coisa vai passar, porque você não se lembra, você não tem muita ciência do que acontecia na infância em si. Mas por exemplo, meus filhos, minha filha, senta hoje, ela pega o Instagram dela, “Mãe, eu quero ver quando eu fui bebê” Eu, “Tá bom! Tem aqui você andando, tem aqui você falando”. Tem tudo documentado com data e hora, eu acho isso muito bacana. Então, é assim que eu uso a tecnologia hoje, para documentar mesmo o espaço que eles estão dando. Tipo, a parte mais importante para mim.
P - É interessante, não é que a gente não tem tempo; eu acho que a relação com a imagem, com a preservação… Vocês tinham álbum fotográfico da família?
R - Tinha alguns sim. Mas as fotos, assim, as pessoas falando, conversando, não era aquela coisa assim, vamos juntar aqui e tirar uma selfie, não era isso! Não era isso mesmo.
P - Em 2000 não era. Bom, então vamos voltar pra escola, contar como era esse começo de juventude? O que que você curtia? Que músicas vocês ouviam? Tinha alguma loja que você curtia roupa dessa loja? Conta um pouco do período da juventude?
R - Sim. Em relação às lojas, eu acho que são até as atuais hoje, a gente gostava muito de _____ da Farm, que a gente sempre foi nessa, “Não, a gente gosta das roupinhas assim e tal.” Na época a gente não era nem festa em boate, a gente fazia social no play de prédio, então nós éramos os terrores de Icaraí, porque só podia fazer barulho até às 22 horas, aí dava 22h05, alguém já vinha acabar com a festa. A gente, “Não acaba com a festa, a gente demorou para fazer”. Mas era basicamente isso. A gente estudava bastante, tinha os nossos momentos na casa das amigas, que era sempre, “Ah, vamos na casa, depois vamos comer alguma coisa e tal”. E essas sociaizinhas no play de prédio, que era engraçado demais. A gente reunia todo mundo num lugar só, era um calor danado e ficava lá, dançava um pouquinho, depois ia embora, os pais buscavam na porta, sempre assim.
P - Mas isso com quantos anos?
R - De 13 anos. 13 anos começou.
P - O que vocês dançavam? Que músicas?
R - Ah, na época era o que bombava, assim, tipo na internet mesmo. Tinha muito hip hop, tinha muito…. Depois teve uma época que foi muito rap. E depois voltou mais para o pop. Tocava de tudo!
P - Você tem uma música que você curta muito?
R - Se eu pegar para poder olhar, acho que até encontra, mas agora não me vem nenhuma na mente não.
P - E em relação ao Grafite que você falou, você estava falando que gostava de hip hop, de rap, isso era uma cultura que você curtia? Quer dizer, não só na música, mas era também um estilo que você gostava?
R - Eu acho que hoje a internet, ela potencializa muito as coisas. Por exemplo, o que tá na moda pra um, acaba virando moda para todos. Na época realmente do Grafite era o rap, aí a gente andava de bonezinho, com aba reta e tal, mas isso passava muito rápido, eu não fui uma menina que seguia a moda risca, sabe! Eu zoava um pouquinho e parava, era muito neutra.
P - Mas isso era roupa de social? Para escola era uniforme?
R - Escola uniforme, isso! Blusa, calça e tênis.
P - E o teu ensino médio, como é que foi um pouquinho?
R - Ah, foi bem tranquilo.
P - Foi em qual colégio?
R - Eu voltei para o Grafite, eu fiz o fundamental mais ou menos no São José e no ensino médio eu voltei no Grafite, por isso que eu tenho muito essa coisa com a Laura, que é minha amiga que me acompanhou do início até o final.
P - Mas o Grafite é o quê, assim?
R - É a escola, então a gente sempre ficava muito unidas, aquela coisa mesmo que eu te falei, de sempre estar na casa uma da outra, de conversar. E o meu ensino médio foi bem marcante, até porque quando eu estava no segundo ano do ensino médio eu já conhecia o meu marido. Então, foi a época que eu comecei a sair mais um pouquinho, aí conheci ele numa noitada, que eu tinha 16 para 17 anos e a gente tá junto aí até hoje. Então foi mais ou menos escola e namorado.
P - Mas você com a família, vocês viajavam, vocês saiam, passeavam? Iam ao Rio, por exemplo?
R - No Rio, não muito, eu e ele, a gente gostava de curtir festa, basicamente assim. Mas a gente viajava para outros lugares, a gente ia para Búzios, a gente ficava mais de Niterói para a região dos Lagos. O Rio não tanto, mas de vez em quando a gente passava lá sim.
P - E como é que vocês iam? Barca, ia de ponte?
R - De carro, a gente sempre atravessava a ponte, a ponte é o principal. Carnaval no Rio a gente atravessava de barca, era mais fácil, muito cheio. A gente atravessava, curtia o carnaval e depois voltava de barca também e depois vinha pra casa ficar sossegado.
P - Por acaso você tem alguma lembrança dos seus pais comentarem um pouco sobre o trajeto Niterói, Rio, de falar um pouco da balsa, falar da ponte Rio- Niterói, alguma lembrança nesse sentido?
R - Não! Tanto, que assim, quando aconteceu o fato do Noah ter nascido lá, foi meu Deus, por que? Porque na verdade, quando eu comecei a ir mais ao Rio, foi quando eu engravidei de Sophia e eu comecei a fazer as minhas consultas no aterro do Flamengo. Então, ali eu ia. Uma vez ao mês eu atravessava e ficava naquele trajeto, Niterói, Flamengo, Niterói, Flamengo. Foi aí que eu fui mais ao Rio. Eu pouco vou ao Rio de Janeiro, eu sou muito mais de Niterói. Então, foi ali que eu consegui fazer esse trajeto com uma rotina mais ou menos. Mas meus pais nunca falaram nada. Assim, a gente sabe que é algo bem importante, que é o nosso ir e vir pro Rio de Janeiro, é algo essencial. Hoje, por exemplo, depois de adulta sim, a gente vai pro Rio direto, a gente curte ficar por lá, a gente vai a bares, vai visitar zoológico com as crianças. Tem muita coisa para se fazer lá que não tem aqui. Mas, assim, na minha parte da infância, na parte da adolescência, eu não ia muito, era longe.
P - Ainda voltando ao período da escola, antes da gente começar, pra você contar um pouco do seu namoro com o Sandor, seu companheiro, né? Como era um pouco as suas expectativas, você tinha expectativas profissionais, você tinha sonhos? Você gostaria de estudar, seguir uma profissão? Como é que era isso na sua época, na sua geração?
R - Então, na verdade quando eu era pequena, aquele sonho de infância, eu queria ser médica veterinária. Mas aí quando chegou o ensino médio, que é realmente a hora de você pegar firme, de você estudar e de você correr atrás disso, eu dei uma relaxada, coisa que não era para ter acontecido. Mas eu acho que tudo tem o seu porquê, minha vida hoje é muito voltada nas escolhas que eu fiz quando eu era mais nova. Mas foi basicamente isso, eu sempre penso que quem tem um sonho, ele sabe mais ou menos o caminho que ele tem que percorrer para aquilo. E o meu era um pouco distante, assim, eu gostava de médica veterinária, eu gostava de jornalismo, eu gostava de várias coisas. E eu naquele momento do ensino médio, pré-vestibular, eu não sabia ao certo pra onde ir. Aí eu acabei focando mais em trabalho, fui trabalhar, fui fazer outras coisas e esse sonho da profissionalização ficou um pouco pra depois.
P - E em que você foi trabalhar?
R - Ah, na época eu fui trabalhar em loja, eu queria ter o meu dinheirinho para poder fazer minhas coisas, para poder ser mais independente, ainda morava com os meus pais, mas eu queria ter o meu. Então, eu queria juntar para poder comprar um celular, queria juntar para poder comprar uma roupa, queria juntar para poder viajar, fazer outras coisas. Então, eu fui atrás do trabalho mesmo, fui vendedora, desde então eu trabalho com vendas, até hoje mesmo a minha área é vendas, gosto bastante.
P - Mas vendas do que?
R - Eu fui trabalhar em loja de roupa.
P - Você gosta, né? Tudo do joguinho da Barbie....
R - Fui trabalhar em loja de roupa e depois das lojas que eu aprendi como tratar, relacionamento com clientes e tudo mais, trabalhei uns dois, três anos em academia, em recepção. E depois foi quando eu parei, que foi quando eu engravidei de Sophia. Aí trabalhei até a minha licença maternidade, tive ela, voltei, depois fiquei mais em casa.
P - E qual é a dica para ter um bom relacionamento com cliente?
R - Ah, na verdade eu acho que tudo é na base da conversa. É você ser simpático e você saber ouvir, porque as pessoas têm muitas histórias pra contar, então quando você senta e presta atenção no que ela fala, você se torna até querido, porque o mundo que a gente vive hoje tudo passa tão rápido, você escuta um áudio na velocidade dois, então quando você realmente senta para conversar com alguém e você escuta a história e você fala: “Poxa, bacana, mas é aquilo ali que você falou? Não entendi! Volta.” A pessoa fica, “Caraca, ela está prestando atenção no que eu tô falando.” Então, foi exatamente isso. E você saber um pouco mais do outro, o que te agrega, ou não, é você saber realmente, tá presente na vida de alguém, fazer a diferença, um elogio, algo assim.
P - E já existia na sua época aquela coisa de bater meta de venda?
R - Sim! Sempre trabalhei com meta.
P - Como é isso na sua vida?
R - Ah, hoje é tranquilo, eu consigo lidar bem. Tem gente que fica muito nervosa, “Meu Deus, meta e tal”. Mas eu trato com muita naturalidade. Por exemplo, eu vou vender algo que vai fazer bem para a pessoa, que é com intuito, com um propósito, tem todo em torno do produto também. Mas você sabe conversar, levar, se a pessoa realmente precisa daquilo ela vai comprar.
P - Bom, agora vamos falar do começo do namoro com o Sandor. Conta do começo, como é que vocês se conheceram? Onde é que era essa noitada? Como é que foi um pouco dessa paquera? Se ele é daqui?
R - É! Ele sempre foi daqui da região Oceânica, é de Itaipu. Então, nessa de escola, amiga, festinha. Aí pulamos do play do prédio para fazer noitada, que era algo que tinha na época. Então, eu comecei a ir, frequentava tipo uma vez no mês e tal. E dessas vezes que eu fui, eu encontrei ele. Ele, “Nossa, você é linda, não sei o que e tal”. Começou a me paquerar e eu gostei dele de cara. Aí a gente ficou nessa noite, a gente trocou telefone e tal e a gente foi se falando. Só que aí eu descobri, que da noite que a gente ficou no dia seguinte ele tinha se mudado para Búzios. Ele foi para Búzios passar um final de semana e ficou por lá. Ai eu, “Caraca, poxa, gostei de você e você foi morar lá longe”. Eu novinha, não podia nem ir, tudo mais. Aí a gente ficava se falando, ficava marcando de sair. Aí ele vinha de Búzios para cá, aí de vez em quando eu conseguia convencer os meus pais e ia de Niterói para Búzios. Era uma loucura, teve um dia até que… Meu Deus, meu pai que me perdoe! Mas eu falei para o meu pai que eu ia com a minha amiga para Búzios e eu fui sozinha. Mas tudo monitorado, eles acompanhando e tal. Eu falei que estava com a amiga, mas não tava, que a amiga não quis ir comigo. Mas aí cheguei lá, encontrei com ele, tudo certinho, ele sempre foi um menino que me respeitou muito, então a gente sempre teve confiança um no outro. Depois meus pais conheceram ele, ele voltou de Búzios para cá, a gente ficou assim, mais ou menos uns seis meses nessa de Niterói, Búzios. E ele voltou para cá, ele falou: “Não, eu gosto de você, quero ficar contigo, vamos construir um negócio maneiro juntos.” Aí ele voltou. Ele voltou para cá e aí a gente começou a namorar de verdade. Aí eu morava em Santa Rosa, ficava mais aqui do que lá, para poder ficar próximo dele. Aí terminei os estudos, comecei a trabalhar e a gente sempre junto, sempre fazendo as nossas coisas e sempre viajando, sempre curtindo festa que a gente gostava demais, gosta, né? Mas hoje é um pouquinho mais reduzido.
P - Como é o nome todo dele, data de nascimento, por favor?
R - Ele é o Sandor Salvaya da Silva e Silva, ele tem 28 anos, nasceu no dia 21/05/1995. Aí faz 29 esse ano. E ele é o grande amorzinho da minha vida. Mas é isso! A gente sempre foi muito companheiro um do outro, parceiros, sempre juntos.
P - E com o que que o Sandor trabalha? Naquela época que vocês se conheceram ele trabalhava, com o quê? Como é que era?
R - Ele também tinha essa rotina com vendas. Na verdade, ele me passou muito o feeling das coisas, ele me ensinou muito, eu falo até pra ele, “Poxa, amor, eu aprendi tanta coisa com você, eu acho isso tão bacana”. Porque ele querendo ou não, é um pouco mais velho do que eu, então ele já tinha vivido algumas coisas que eu ainda estava começando a viver, então eu fui muito, “Amor, me ensina, vai! Como é que é e tal?”. E às vezes, ele: “Mayra você precisa aprender sobre isso. Precisa prestar atenção nas coisas que estão acontecendo”. E eu ia e ele, “Mayra preste atenção!”. Mas basicamente isso, ele também trabalhava com vendas. Em Búzios ele trabalhava muito com loja, juntou o dinheiro dele, quando voltou para Niterói, ele abriu a banca de jornal dele.
P - E a banca era onde?
R - A primeira banca foi em São Gonçalo e a segunda foi em Itacoatiara, ali na praia.
P - Mas já tinha uma história familiar com banca de jornal?
R - Não, nada! Ele que cismou que ele queria, eu acho que quando ele era mais jovem também ele trabalhou para alguém na banca, viu como é que era, gostou, falou: “Vou ter uma!”. Aí ele batalhou à beça, conseguiu! Porque é muito difícil você ter uma licença, você ter algo concreto. Mas ele foi, batalhou, conseguiu. A primeira banca dele foi alugada e a segunda ele conseguiu comprar e eu o que a gente tem até hoje.
P - Isso é em Itacoatiara?
R - É! É em Itacoatiara.
P - Como é que era Itacoatiara na época que você começou a frequentar? Mudou muito?
R - Parece que não. Ali é meio que a terra do nunca, o pessoal vai lá, surfa, faz uma praia, come um açaí com o italiano e volta. Mais ou menos isso.
P - Em relação a ser de Niterói. Você acha que existe uma cultura niteroiense? Existe coisas próprias em Niterói que vocês fazem, que vocês comem, a forma como vocês falam, diferente um pouco dos Cariocas?
R - Ah, acredito que sim! A gente tem umas gírias internas, em relação a comida também, italiano e joelho, porque é uma guerra infinita. Mas de verdade eu acho que é parecido, eu não sei muito como é que está no Rio de Janeiro, assim, mas eu acho parecido, eu acho que não tem muita diferença de pessoa pra pessoa não. Mas quando eu vou para o Rio, “Tu é de Niterói, né?”, “Uai gente, como é que vocês sabem?”. Então, com certeza existe algo na nossa fala, no nosso jeito de agir também. É muito daqui, todo mundo se conhece, todo mundo é amigo, todo mundo tem um pouquinho de todo mundo.
P - Agora em relação a esse começo de namoro e a chegada da Sophia, sua primeira filha? Então, vamos falar dela, como é que foi essa gravidez, esse parto, a escolha do nome, conta pra gente?
R - Eu sempre falei que se um dia eu tivesse uma menina o nome seria Sophia, que é ‘sabedoria’. Então, quando eu descobri que estava grávida a gente ficou, “Meu Deus, e aí, será que é menino, menina e tal”. Na época a gente nem tava junto, a gente tinha terminado, tivemos um momento juntos e terminados. Mas aí veio a “Sossô”, a gente voltou, a gente casou… Na época tinha brigado por alguma coisa, “Ah, não, vamos separar!” Separamos. Aí no meio do meio da separação, eu vim falar com ele, “Oi, tô grávida!”. Não foi planejado. Aí a gente passou pelas decisões, a gente voltou, a gente casou e desde então a gente está junto, morando juntos. Não casamos no papel, mas isso aí é só burocracia pra gente. Então, veio a “Sossô” linda, nosso amor.
P - Como é que foi essa decisão?
R - Como assim?
P - De ter um filho? Não era planejado, não era esperado, vocês eram muito novos, não moravam juntos.
R - Ah sim. Primeiramente é um amor, não tem como, você se descobre mãe, você fica: “Meu Deus, o que que eu faço?”. Mas vem também a responsabilidade, você vai cuidar daquela vida independente, se você está com alguém ou não. Você é mãe, então… Eu falei: Ó, tô grávida, vou assumir, se você quiser vem comigo e vamos nessa”. Ele: “Caraca! Meu Deus!” Chorou, choramos! E a gente realmente, é o que eu falo pra você, a gente sempre foi muito parceiro. Então, ele me abraçou, “Não, vamos voltar, vamos ser felizes, vamos nessa!”. Eu acho que a gente é muito prático em relação a isso, sabe? Não foi algo muito conversado de “Meu Deus, a gente tem que sentar pra ver, estudar como vai ser”. Não, a gente simplesmente pega e vai, essa é a vida.
P - Então, como é que foi o nascimento da Sophia, o parto da Sophia, por favor? Que data é certinha?
R - Foi no dia 30/05/2020. Poxa, caramba! A Sossô sempre foi muito especial. O parto dela também não foi marcado, também foi normal, a gente… Deixa eu lembrar aqui mais ou menos que já tem um tempo. Foi minha última consulta de pré-natal, aí eu falei: “Mô, eu acho que tá chegando a hora”. Ele: “Mô, se for a hora eu vou!”. Que ele ficou aqui em Niterói e eu fui com minha sogra, minha sogra sempre me acompanhando nessas aventuras. Aí cheguei ao hospital, a gente teve uma última consulta pré-natal e ela falou: “Olha, você não deve passar desse final de semana e tudo mais, não sei o quê”. Peguei, voltei pro Rio, ponte, passei aquela coisa da ponte, cheguei aqui. “Mô, tô passando mal, a Sossô vai nascer”. Voltei pro Rio, aí quando eu cheguei lá, realmente já… esperei um pouco aqui, mas começou um trabalho de parto, a bolsa estourou já no hospital, aí foram 24 horas para a Sophia nascer, as dores começaram 11h00 da manhã, eu tive a Sophia 11h11 da manhã do dia seguinte. Aí foi parto normal, a equipe toda me acompanhando, o Sandor do lado, derrubei Sandor, derrubei a enfermeira, teve uma hora que eu sentei assim, ele atrás de mim. “Aí eu caramba, que dor!”. Me joguei para trás assim, todo mundo caiu, levanta todo mundo, correria. E veio a Sossô e a gente ficou, os dois babando. Meu Deus! Aí ele ficou um pouquinho comigo, depois minha mãe veio e ficou comigo. Porque o que seria da nossa vida sem as nossas mães nos primeiros momentos. Ficou um mês aqui com a gente, ajudou. “Olha Mayra, é assim que põe fralda, é assim que limpa, é assim que passa pomada”. Então, ela me ensinou tudo, peito, amamentação, foi tudo de imediato. Ela já nasceu, quando ela veio, ela já veio mamando. O médico já colocou aqui. “Pode dar de mamar!”, “Gente, é assim?”. Ela veio com a boquinha, gente como é que é instintivo, da natureza. Mas foi isso, foi algo demorado, a gente colocava música para tentar amenizar a dor. E era algo que eu não entendia. Era algo que eu não conseguia entender. Teve uma hora que eu sentei assim na maca e falei: “Eu vou parir essa menina, que eu não aguento mais! Toda hora que vir contração, eu vou fazer força”. Aí vinha, eu fazia força, aí deu certo! Que foi sem anestesia também. No horário, era 9h00 da manhã, a médica virou pra mim e falou, assim: “E aí, vai querer anestesia?”. Eu falei: “Vou, por favor!”, ela: “mas vai demorar mais”, “então, eu não vou!”. Aí ela foi embora e foi daí que eu tomei a decisão. “Não, agora toda contratação que vier eu vou fazer força que ela vai sair, ela tem que sair, não pode passar de hoje”. Aí foi, deu tudo certo, de 9h00 às 11h00 da manhã, aquele trabalho de parto intenso. E ela nasceu linda, perfeita!
P - Que linda! Que amor lindo!
R - Ela é linda!
P - Que história bonita! Sofrida, mas é uma história bonita, que a Sophia linda tá aí.
R - Acabou aquele momento do parto, você levanta, pega o seu filho e você sai andando. Você não fica com dor, você não fica com nada, já fica tranquila.
P - Parto normal, né?
R - Parto normal.
P - E por que o Rio de Janeiro? Por que você foi ter filho no Rio?
R - Na verdade o que que acontece, eu fazia o pré-natal aqui em Niterói, só que eu descobri um vírus ativo de citomegalovírus, na gestação da Sophia. Que era algo que poderia vir a deixá-la surda, algo assim, se não tivesse um acompanhamento, se aquilo realmente tivesse infectado o bebê, que não infectou, gente. Mas aí, eu fui encaminhada para o Instituto Fernandes Figueira, que é um hospital maravilhoso, que tenho todo o meu coração, meu amor. E eles cuidaram muito bem de mim como mulher, e depois da Sophia, como bebê. Eles fizeram todos os exames, ultrassonografia de cabeça, corpo, exame de sangue, tudo que você possa imaginar eles fizeram para testar, para ver se ela era uma criança saudável. No fim das contas foi uma semana de exames, porque realmente tinham medo sobre aquilo ter infectado ela, mas não infectou, graças a Deus! Super saudável, esperta, corre, brinca, andou com 10 meses, ela é assim, sensacional! Fora da caixa! E por isso Rio de Janeiro, nada com o Rio, foi apenas o hospital, que a gente fez o acompanhamento, a gente foi muito bem acompanhada e deu tudo certo. Com o Noah, a mesma coisa, como eu fiquei com aquele medo “meu Deus, será que pode ter ativado na gestação do Noah, ou não”, fiz todo pré-natal em Niterói, mas na hora de tê-lo, falei: “Vou pra lá! Lá que cuida, lá que faz os exames depois que nasce, pra ver se tá tudo bem com a saúde”. E essa foi a minha tentativa de chegar no Rio de Janeiro. Tem um por trás, não é, por exemplo, “Ah, você não quis ter filho em Niterói”. Não foi isso, gente! Eu quis, sei lá, porque era especial para eles, era a saúde deles que estava em pauta.
P - Então, a Sophia também na certidão é carioca?
R - Sim, Sophia é carioca.
P - Nascida no Instituto Fernandes Figueira. Ela é carioca, nasceu no hospital. E como é que foi esse começo de vida dela, essa sua maternidade? Havia uma expectativa de ter um segundo filho, como é que era?
R - Ah, não! É o que eu tô te falando, a vida vai levando a gente vai indo, mas não vem o terceiro não, tá! Mas, cara, com a Sophia foi tudo muito intenso, como eu te falei eu trabalhei em academia, não tinha aquela profissão formada. Então, eu falei, “eu não vou ficar me dedicando a algo incerto e depois eu vou correr atrás do meu estudo, vou correr atrás de algo, mas hoje eu vou cuidar da minha filha”. Aí fui, fiquei os quatro meses de licença maternidade, fiquei em casa com ela e tudo mais. E foi incrível, foi intenso, ela sempre maravilhosa, mamãe, papai, agarrada com a gente. E brincava, a gente tinha dois cachorrinhos que hoje já não estão mais aqui. Então, ela sempre presente, sempre aqui. Eu e ele, ele tinha a rotina dele que ele conseguia voltar pra casa o horário que quisesse. “Amor, tá chorando muito!”. Aí ele vinha, corria para cá, ajudava! Pegava ela, ela dormia. Assim, às vezes era muito intenso. Mas sempre foi ótimo. E ela foi um bebezinho assim, que eu tomei um susto depois com o Noah, porque ela foi calma, tranquila. Quando acabou a minha licença maternidade, eu voltei pra trabalhar, ela ficou com o papai, papai abdicou do trabalho dele, ficou cuidando dela, até eu conseguir resolver a questão da empresa que eu trabalhava e voltar para casa, pra poder cuidar dela, isso demorou um tempinho, mas a gente sempre colocou ela como prioridade para tudo. E a gente muito agarrado com ela, se você olhar a gente tem tudo documentado dela, do primeiro pezinho no chão, até a primeira frase que ela falou. Então, é nossa princesa, nossa vida.
P - Mas documentado o que, no Instagram?
R - É! No computador também, a gente tem uma pasta só dela, com tudo legendado, “Sophia andando”...
P - Isso é maravilhoso! Porque é uma forma da sua memória familiar, mas tá em outra mídia, tá na nuvem.
R - Sim, tá tudo guardado, a gente até pensa, a gente vai fazer um backup de tudo, vai revelar tudo. A gente revela tudo, botar tudo em álbum e tal, que realmente tem algo para bebê, mas a gente documentou tudo, para depois poder passar e fazer algo bonito para ela ver.
P - E ela tinha uma conta no Instagram.
R - Ela tem!
P - Como é a conta?
R - Sosso Lara_____.
P - E qual é o fio condutor dessa conta, é só ela, ela o que? Ela brincando, ela em casa?
R - É tudo dela... Nasceu? “Cheguei gente! Nasci com tantos quilos, tal hora, tal dia.” Daí pra cá; ela viajando...
P - Você escreve em primeira pessoa?
R - Não, de mamãe pra ela, dela pra ela, papai, família, tem tudo. É tudo bem explicadinho pra ela. Até tentei fazer um pouco com o Noah, o Noah fica mais ou menos, as horas que dá pra postar eu vou lá, corro, posto o Noah, mas na correria do dia a dia. Ela foi aquela calma, eu em casa, primeiro filho, tudo ajeitadinho, papaizinho. O Noah já veio na correria da Sophia, na correria do trabalho, na correria da casa. Ele vai levando e ele vai levando muito bem.
P - Mayra, você contou pra gente do parto, do nascimento, desse começo de educação da Sossô, da Sophia. E agora eu queria que você contasse um pouco sobre o Noah? Segundo filho. Quando foi que ele nasceu? Como é que foi quando você descobriu que estava grávida? Como é que foi a chegada dele, por favor?
R - Sim! A gente demorou para perceber um pouco, descobri a gravidez do Noah, mais ou menos com uns quatro, cinco meses. Foi surpresa, a gente se cuidando e tudo mais, mas aconteceu, teve que acontecer e ele é o nosso amorzinho, nosso grudinho da família, todo mundo que conhece vê que ele é carinhoso, grudado com todo mundo, gosta de sorrir, simpático toda vida. E o nascimento dele foi engraçado, porque ele tava marcado para nascer no mesmo dia, só que de manhã, então eu e o Sandor, a gente se programou, porque a gente já tem a Sosso, então a gente tinha que deixar a Sophia na casa dos nossos tios. Aí estávamos lá, como a gente sempre costuma ir e tal, conversar e tudo mais, ficar relaxado, que já sabia que no dia seguinte o Noah ia nascer, ia ser uma indução.
P - Qual é o dia?
R - Dia 20 de julho. Ele já nasceria naquele dia, mesmo por indução, porque ele tava passando do tempo, a ultrassonografia tinha apontado 41 semanas, então ele precisava nascer. Então, a gente se programou, a gente marcou lá no Fernandes Figueira a indução. Só que nesse meio tempo, quando a gente foi levar a Sophia na casa dos nossos tios, o Sandor, jogando futebol, ele deslocou o braço. Aí começou uma correria, eu nunca ia deixar ele sozinho, falou que tava morrendo, fui levá-lo ao hospital, junto com o nosso tio Alex. Então, o Alex dirigiu. Parecido até. O Alex dirigindo, o Sandor no carona, eu atrás. “Calma, você não vai morrer!”. E ele com o braço deslocado.
P - Você gravidona?
R - Eu grávida, cheguei no hospital, assim: “Olha só, eu estou grávida, eu vou parir amanhã. Você resolve esse pepino aqui!”. Aí ele pegou, ajudou, fomos ao ortopedista, colocamos o braço no lugar, beleza! Voltamos para Itaipu, chegamos em casa, eu falei: “Pô Mô, tá tudo calminho, tudo organizado, vamos dormir, porque amanhã você sabe que vai ser aquela experiência que a gente teve com Sophia”. O que que a gente imaginava, tudo demorado, hospital, no processo de indução a gente nem sabia como é que ia ser, se a bolsa ia estourar ou não. A gente já sabia que vinha um leão pela frente.
P - Sua bolsinha de maternidade?
R - Tudo pronto!
P - Alguma coisa em especial na bolsinha?
R - Ah, a saída de maternidade, as coisinhas mesmo, que a gente já tinha tido Sophia, a gente sabia o que fazia sentido levar. Na primeira eu levei uma mala gigantesca, na segunda já foi tudo bem prático. Fiz uma semana antes. Já sabia que ele tava demorando, as consultas para final de gestação ia semanalmente. Então, eu já levei o que ele precisava mesmo. Então, já tava tudo pronto e tal. Eu falei: “Vamos dormir, que amanhã ele vem ai! Não vai ter jeito!”. Ele: “Tá bom! Não sei o que”. O braço doendo muito, lembro até a medicação que ele tava tomando para dor. Dormiu! Isso era 22h00 da noite, quando a gente chegou em casa. Quando deu meia-noite, minha amiga, a barriga começou a ficar dura, contração. Ah, perdão, antes de dormir, eu ainda virei para ele e falei, assim: “Poxa, chato né, vim por indução, a gente teve Sophia normal e tal, passando do tempo. Ele podia vir normal, né?!”, aí o Sandor: “é, mas é assim mesmo, a vida é assim, nada é igual um do outro”, “é, tá bom!”. Virei pro canto, ele com dor, fomos dormir. Quando deu meia-noite, muita dor, acordei, aquela dor, aquela dor. Aí, eu conheço essa dor. Aí eu já cutuquei ele, assim: “Mô!”, ele: “oi?”, aí eu: “tô com contração”, ele: “Mayra?”, “é!”. Aí ele: “Tá bom, me avisa quando a gente tiver que ir”. Eu: “Tá! Quer saber Sandor, pari feia de mais a Sophia, vou me maquiar e fazer cabelo”. Levantei! Fui para o banheiro, comecei, babyliss, corretivo, maquiagem, não sei o quê e dor. No Instagram, onde a gente documenta tudo, para as minhas amigas. “Olha, gente, tô sentindo…”, brincando, zuando, “tô sentindo dor, hein! Ele não vai vir por indução e tal”. Gente, eu me maquiei, eu fiz cabelo, contração, ai meu Deus! Ai tá, passou uma hora da manhã, passou duas, eu já tava inquieta, zanzando pela casa, tal. Três horas, eu: “San, San, tô passando muito mal, tô passando muito mal, tá doendo muito, acho que daqui a pouco já é até a hora da gente ir”. Ele: “Mô, e a bolsa estourou?”, “não, não estourou ainda”. E isso eu no banheiro, do banheiro pro quarto, do quarto para o banheiro. E ficava “mô, tá acontecendo isso e tal”. Três, três e pouca, aí quando deu quatro, ele: “Mayra, nessa hora a gente já tava no hospital, com equipe, todo mundo junto, eu acho que não vai ser igual da Sossô, não, eu acho que ele vem mais rápido”. Eu: “É, né amor? Vamos nessa, então!”. Aí ele foi, ligou para a mãe dele, a mãe dele mora em Itaipuaçu, ela veio de Itaipuaçu para Itaipu, foi mais ou menos o tempo, de lá pra cá e mais ou menos uns trinta, quarenta minutos e tal. Aí eu já tava passando mal, aí eu já não conseguia mais levantar. “Sandor, eu errei o tempo. Sandor, vai nascer! Sandor e tal. Tá doendo muito, vamos embora, vamos embora, vamos embora!”. Daí minha sogra chegou, eu agachada aqui na sala. “Levanta, consegue levantar?”, eu “não!”. Gente, uma dor insuportável, nada comparado ao primeiro parto. Tudo bem, doeu e tal, mas teve todo o processo. O do Noah não, foi de meia-noite às três horas da manhã, já tava com muita dor, quatro horas da manhã eu não conseguia mais levantar do chão. Ai tá, seguimos para o carro, fomos! “Mayra, pra onde?”, “Fernandes Figueira, vamos embora”, “vamos embora?”,“vamos embora!”. Fomos, muita dor, tal, chorando, chorava.
P - Você atrás?
R - Minha sogra dirigindo, Sandor atrás comigo. E as malas do Noah tudo na mala do carro mesmo, tava só a gente. Aí seguimos e tal. Quando a gente passou ali por Jurujuba, que é o túnel, para poder seguir para São Francisco, minha sogra “Mayra, vamos parar por aqui, tem um hospital bem aqui e tal”. Eu: “Não, eu vou parar aqui, eu quero ter no Rio, porque lá ele vai ter o acompanhamento dele, não quero ter aqui, não quero ter aqui, vamos pra lá!”. Seguimos! Subimos a ponte. Agora eu não sei, qual é o nome que dá, não é quebra-mola, aquele alto relevo que tem na ponte, que você passa e fica tum, tum, tum, tum, tum, tum, tum, tum, tum. Enfim, cada tum, tum desse, era uma dor mais forte. Aí eu: “Sandor, tá doendo muito, Sandor”. Chorando, chorando! Minha sogra dirigindo o mais rápido que ela conseguia, isso já era quase 5h00 da manhã, ela dirigindo. Aí teve uma hora que eu olhei assim, só vi a Baía de Guanabara, segurando no puta que pariu, só vi a Baía de Guanabara. E eu: “Meu Deus do Céu”, eu botei a mão aqui, a cabecinha dele já tava vindo. “Mô, vai nascer agora!”. Aí ele arregalou o olho desse tamanho. “Não mô, agora não, como é que vai nascer agora? Pelo amor de Deus!”. Aí a minha sogra. “Que isso Mayra? Não consegue aguentar mais um pouco?”, “Não gente, me ajuda aqui, me ajuda aqui, me ajuda!” Fui, tava assim com a perna pra baixo, de short. “Mô, tira meu short.” Ele foi e tirou o meu short, apoiei as duas pernas do banco do carro, força, o Noah veio! Na primeira, na segunda. Na primeira eu fiz força, doeu à beça, o Sandor segurando a minha mão… Caramba, meu Deus!”. Na segunda, ele veio! Foi rápido, muito rápido! Aí ele já nasceu escorregando muito, Sandor segurou assim, ele tava com o cordão enrolado no pescoço. Aí Sandor veio com o dedo, tirou o cordão e ele não chorou. Aí ele me deu aqui. “Mô, ele tem que chorar, tem que chorar”. “Mô, mas ele não tá chorando”. Sandor veio no bumbum dele, ele “uaaaaaa”. Aí deu tudo certo! Aí eu tava só com uma camisa de Sandor, até. Eu botei os dois joelhos aqui, botei ele aqui, fiquei tipo fazendo cabaninha pra ele. Que quando nasce, ele vai direto para o aquecedor, pra estufa, pra ele ficar quentinho, pra manter aquela temperatura que tava no útero, né? Aí eu: “Sogra, liga o aquecedor do carro e vamos deixar o mais quentinho possível”. Aí foi, seguimos, só que quando a gente chegou na altura do túnel, eu falei: “Mô, faz um vídeo. Faz um vídeo, a gente não tem foto, a gente não tem nada, faz um vídeo, tá tudo escuro, faz um vídeo”. Aí ele pegou o vídeo e fez e tal. Pegou o celular e fez e tal. “E aí, nasceu dentro do carro, meu Deus!”. Chorando, eu com ele agarradinha, aí passou, passou o túnel, chegamos no Fernandes Figueira, 5h30 da manhã. A equipe olhou assim dentro do carro. “O que houve, gente?”. Aí ele ainda tava ligado no cordão. Aí eles, “Não, não, leva ela agora lá para cima, pra poder esquentar ele, não sei o que. Não tem toalha, não tem nada?”. Aí a gente abriu a mala do carro, pegou as coisas, enrolou ele numa toalha, que era dele já, tudo lavadinho, tudo bonitinho. Aí subimos, o médico falou para o Sandor: “Quer cortar o cordão?”, aí o Sandor: “Não tenho mais estrutura!”. Tremendo, chorando. “Não tenho mais estrutura pra isso não, pode cortar!”. Aí cortaram, ele já foi para estufa, ficar quentinho. Aí dali foi todo aquele procedimento de médico mesmo. Aí começamos a fazer os exames. A gente ainda não tava com o último recente, aí não mamou direto no peito, mamou leite no copinho, aí depois de uma hora que sai o resultado do exame, tudo certo! Ele veio pro peito e tal. E daí tudo certo. Aí já começou aquele burburinho, abria a cortina. “E aí, foi esse aí que nasceu na ponte?”, “foi!” “Caraca, conta!”. Eu ia, contava a história. Aí fechava a cortina. Daqui a pouco, vinha “esse aí é apressadinho!”. Fechava a cortina. E aí começou a viralizar no hospital já. Todo mundo passava no quartinho pra poder falar com o Noah. “Esse que é o sapequinha que veio apressadinho!”. “Esse não quis nascer no hospital!”. “E aí, já é carioca ou é niteroiense?”. No hospital já começaram as especulações. Mas a gente naquele calor do momento, o Noah ali. Sandor já tinha ido ficar mais calmo com a família dele, a minha mãe veio ficar com a gente, ficou comigo, com o Noah. Ela sempre vem, ela sempre fica juntinho. Babona toda vida, quando viu aquele menino loiro, de olho azul, ela botava a mão assim, “Mayra, como que você fez isso?”. Babona, chorava demais, ela tem uma coisa com ele, assim, fora do comum. Mamãe sempre quis ser mãe de menino, nunca veio um menino, veio um menino pela minha parte. E se vocês forem reparar, ele é a cara dela, idêntico. Ele é russo do olho claro, igual a ela. Então, foi isso, a história da ponte. Realmente no meio da ponte.
P - Conta um pouco mais sobre a ponte? Vocês estavam em que carro? A sua sogra parou? Como é o nome da sua sogra?
R - A minha sogra se chama Rosemary, Mary, como a gente chama.
P - Ela parou o carro?
R - Não, foi tudo em movimento. A gente passando ali da altura do Vão Central, aconteceu tudo. Aí ela, “Não tem como parar, não tem como parar, se a gente parar pode sofrer um acidente, só segue...”, “Não, tudo bem! Não tem problema não”. Isso já estava com o Noah no colo. Aí a gente foi seguindo. Mas é aquilo, gente, surreal! Porque a gente nunca ia imaginar uma coisa dessas, passava longe. Eu falei: “não, sou guerreira, eu vou conseguir chegar no hospital, tá tudo bem! Tudo tranquilo!”. Achava que ia ser super parecido com o de Sophia, foi o oposto, nada a ver. E a gente hoje tem isso, de meu Deus… Nossos pais, “Nasci ali, nasci ali”. Hoje em dia, toda vez que a gente atravessa a ponte, a gente fala. “Noah, tu nasceu aí!”. E passa. Aí voltando. “Oh..” Aí de vez em quando a gente esquece, aí passa de novo. “Caraca amor, tu lembra?”, “lembro! Meu Deus”. Aí segue de novo. Então, assim, é algo que a gente sempre vai estar revivendo, sempre que a gente for de Niterói ao Rio, de Rio a Niterói. Então, assim, é algo que é muito importante pra a cidade e acaba sendo muito importante pra gente. Noah é registrado : “Ponte Presidente Costa e Silva, Rio de Janeiro”. Eu na minha inocência, quando o Sandor foi registrar ele no cartório, eu achei que seria o nome do cartório, que ainda a naturalidade dele seria do Rio e seria o nome do cartório lá do Instituto. Quando eu peguei a certidão que eu vi: “Não acredito!”. Aí, ele: Mô, não é? Não nasceu no hospital, nasceu na ponte”. Aí eu “claro!”. O que fez a história viralizar, a ponte e tudo mais, um pessoal falava com a ponte, a Ecoponte mandou parabenização pelo Noah, que legal! Mas foi exatamente isso, foi o nascer na ponte, que é algo que representa muito para Niterói e para o Rio, que é como a gente se conecta. E foi também, é carioca ou é niteroiense? Ninguém sabia, porque nasceu no meio da ponte.
P - Mas é interessante, você abriu também uma conta no instagram com…
R - É, então, eu já tinha isso de fazer o de Sophia e tal, antes mesmo dele nascer, tava lá, “Oi gente! Pretendo…”, a legenda da foto anterior “Pretendo fazer um ao vivo depois que o Noah nascer pra todo mundo ver e tal, não sei que”. Não rolou ao vivo, não rolou nada. Rolou o vídeo do túnel lá. Mas sim, abri o Instagram dele, anteriormente era Noah Lara Salvaya e hoje em dia tá @Bebê da Ponte.
P - Por que?
R - Foi um apelido que todo mundo deu para ele, eu achei bonitinho, deixei. Ele é “o bebê da ponte”. Todo mundo na rua conhece ele. No Instagram ele viralizou muito nas páginas. O dele eu preferi deixar reservado, ele era um bebê, de vez em quando eu postava alguma coisa, aceitava alguém, que todo mundo quer expressar seu carinho, todo mundo, “meu Deus, ele é lindo”, todo mundo contente pela história, contente por ele ter nascido, por ele ser cheio de saúde. Mas eu escolhi nesse turbilhão todo, preservar ele um pouquinho, deixei fechado, e fechado até hoje. Mas a gente de vez em quando, a gente é chamado para poder conversar, a gente conta a história de novo. Tudo que a gente pode guardar, a gente guarda, jornal, foto. Se abrir o Google hoje, botar ‘bebê da ponte’, aparece a biografia do nosso, bonitinho, aparece a foto dele: “ Noah Lara Salvaya, ele nasceu de 53 quilos, no meio da ponte Rio-Niterói”. Aí aparece lá, então assim, é algo… Eu gosto tanto de documentar a vida deles, e quando você me pergunta da minha infância, eu lembro de tão pouca coisa. Então, assim, eles vão ter a oportunidade de sentar e ver: “Caraca, esse foi o dia que eu nasci, no meio da ponte, esse foi o dia que eu andei, esse foi o dia que eu falei”. Então eu gosto de deixar tudo pra eles mesmo, não é para os outros, é para eles.
P - Que horas ele nasceu? Existe um horário certinho?
R - Não, o Noah não tem mapa astral. A gente não sabe, vamos ter que fazer uma pergunta de ENEM. Porque a gente tem o horário do vídeo, que foi 5h25, mas aí já tinha passado um tempo, a gente estima mais ou menos, entre 5h14, 5h15. 5h14 tá na certidão, que foi o que Sandor calculou. Mas a gente não tem o horário exato dele, não, a gente não sabe.
P - No momento do vídeo é no túnel?
R - É no túnel, não é na ponte.
P - Santa Bárbara?
R - É, é isso!
P - O que incentivou ele a fazer um vídeo ali?
R - Fui eu, fui eu! Eu falei “mor, a gente não tem foto dele nascendo, nem nada, faz um vídeo!”. Tava tudo escuro, não ia dar para tirar foto. Dentro do túnel, foi quando tive a ideia. Eu falei “caraca, eu documento tudo, eu tenho tudo da Sophia. Como é que eu não vou ter de Noah?”, “Mor, faz um vídeo!”. Aí ele pegou o vídeo, pegou o celular, fez o vídeo e tal. E passou. E esse vídeo a gente não postou na internet, nada do tipo, a gente mandou pra nossa família, porque foi um baque. Meu pai, tadinho, ele nasceu no dia do aniversário do meu pai, do avô dele, parte de pai mesmo, meu pai. Então, ele teve um sonho comigo, falou que no sonho eu estava sentada no sofá daqui de casa, só que tinha muita água ao redor, muita água, e ele falava: “Filha, sai daí, você tá grávida, como é que você vai ficar aí no meio dessa água toda? Sai daí!”, “não, pai, tá tudo tranquilo, tá tranquilo, tá de boa aqui”. E ele “Mayra, pelo amor de Deus!” Isso no sonho dele. Aí ele me conta “Filha, quando eu acordei, tinha um monte de mensagens da sua mãe, um monte de ligação da sua mãe: Bartô, acorda que o Noah nasceu e ele nasceu no meio da ponte”. Aí ele pegou e ligou. “Como assim no meio da ponte?”, “nasceu Bartô, dentro do carro, em movimento, no meio da ponte. Mayra já chegou no hospital, tá tudo bem com ele, estão fazendo os exames e está tudo bem. Ele está me ligando”. Ele é desses, gente, ele é desses, não foi combinado. Tá vendo, né? [ Toca o telefone no meio da entrevista e é o pai de Mayra].
P - Vocês tem uma coisa aí.
R - É, verdade! Então ele sonhou comigo, ele sonhou no momento, aconteceu, ele viu exatamente o que estava acontecendo, quando ele acordou… O neto dele nasceu no dia do aniversário dele, igualzinho, parecido com o sonho que ele estava tendo naquele momento. Eu e ele, a gente é assim, grudadinho. E agora o netinho dele também.
P - Mayra, ainda voltando a essa gravação do vídeo, do Sandor. Eu vi o vídeo. Ele diz: “E aí Mayrinha, dá um oi!”. E depois ele também registra a mãe, a mãe estava nervosa. Conta mais o momento ali? Como é que foi exatamente aquele momento? Ele não estava em pânico?
R - É, depois que passou o momento do parto, já devia ter passado o que? Cinco, dez minutos, mais ou menos da ponte até o túnel, algo assim. A gente já estava mais tranquilo, minha sogra estava concentrada em dirigir. Aí eu falei: “Mô! A gente grava tudo, a gente tira foto de tudo, faz um vídeo”. Só que o Sandor, é dele, ele é muito espontâneo, ele é muito aquela pessoa que tá no vídeo, se vocês tiverem um pouco de convívio com ele, vocês vão perceber isso. Então, ele foi de uma empolgação, que eu estava desfalecida no banco e ele, “Meu irmão, nasceu dentro do carro!”. Chorando, ele fala “e aí Mayrinha!”, “oi!”. Aí ele fala: “Dá um alô, mãe!”. A mãe dele: “Eu tô passando mal”. E ele volta o vídeo. É algo bem curto, acho que tem cinco, seis segundos de vídeo. Mas foi algo que marcou muito, foi exatamente o resumo daquele momento, aquela empolgação, aquela preocupação também com o Noah. Meu Deus, vamos chegar logo e a alegria. Porque é sempre uma alegria, a criança vem ao mundo, da forma que for. E foi extraordinário, mas a gente estava realmente muito emocionado, naquele transe do pânico pra euforia. Quando chegou no hospital veio a calmaria, certeza de que estava tudo bem. Olha ele aí! Mas no fim das contas foi um vídeo feito pra família mesmo, pra eles, como eu falo muito, eu gosto de guardar tudo pra eles. E acabou viralizando o Noah.
P - Mas como que viralizou? Se era um vídeo no grupo da família?
R - Então, a gente acabou percebendo que era uma história engraçada. Até o nosso tio Alex, ele falava: “Não, vamos postar, vamos fazer e tal, não sei o que”. Falei: “Gente, acho que não, eu posso até postar no meu story também”. Isso uma semana depois. Aí eu fui e postei no meu Instagram, só no story. Aí um amigo meu viu e falou: “Olha, tem uma página bacana na internet que posta tudo aqui de Niterói, manda pra eles”. Aí eu fui, ah, beleza, vou mandar!” Fui, peguei: “Oiê, vocês ficaram sabendo de um bebê que nasceu no meio da ponte?”. Aí fui e mandei o vídeo. Aí daí foi só sucesso, eles se amarraram pela história, pediram o texto explicando o que que tinha acontecido, eu contei um pouco do que eu tô contando aqui para vocês. Eles pegaram e postaram o vídeo, me marcaram, marcaram o Sandor e o Noah. Menina, foi final da tarde, mais ou menos entre 17h00. 18h00 já tinha 10.000 de curtidas, 19h00, 20 mil, três horas, 30 mil e assim foi. Quando deu umas 21h, 22h horas da noite, tinha repórter da Globo pedindo entrevista, do SBT, da Record. No dia seguinte tava todo mundo aqui em casa, o Danilo Vieira, da Globo, foi o primeiro a vir me entrevistar, então a gente deu para ele todos os detalhes, eles são os que mais vídeos e tudo mais. Aí depois também recebemos o SBT e a Record, que foram super queridos também, os repórteres super atenciosos, todo mundo com maior cuidado, porque Noah era um bebê de sete dias, então todo mundo se dispôs vir aqui. E olhava, e brincava, e tinha esse cuidado de “Noah chorou, vamos parar, vamos dar um mamazinho pra ele”. Então, assim, o Noah, ele recebe muito amor desde que ele nasceu. Primeiro veio tudo da internet, depois veio o presencial, todo mundo passando, todo mundo olhando, “Gente, como ele é lindo!”. Então, ele é muito querido e ele tem essa aura, ele sorri o dia inteiro. O nome Noah, eu já gostava, ele tem origem bíblica, é Noé, que também é aquele cara que no meio das águas tinha um barco grande e ele juntou um par dos animais pra depois do dilúvio, pra quem tem fé e quem acredita. Então, eu achava a história muito bacana e eu achava o nome muito bonito, diferente e eu decidi colocar Noah, em homenagem também a um bebê que não está aqui com a gente, eu tive um aborto espontâneo, então o nome dele era Noah também, é o nome do Noah veio como homenagem pra ele. E coincidentemente o Noah é super agarrado comigo, desde do momento que eu acordo, ao momento que eu vou dormir, o meu filho tá me olhando apaixonado, sorrindo o tempo todo, é difícil ele chorar, ele chora só quando ele não tá comigo. Mas ele sorri pra mim o tempo todo, então eu acho que é um presente, é aquela presença de Deus mesmo, que, “Senhora, eu to contigo, olha quanta coisa linda eu fiz pra você”. E é isso!
P - Linda a história de vocês, da sua família.
R - Olha eu contando um monte de coisas pra vocês que eu nunca contei pra ninguém.
P - Que bom! Obrigada por compartilhar.
R - Então, foi isso! O Noah tem essa origem, nasceu no meio das águas e foi uma homenagem para um serzinho que a gente teve por um tempo, que tá lá no céu, que é o anjinho dele.
P - Como é que você acha que o Noah vai enfrentar? Porque o que eu acho bacana é a forma como você lida com essa situação atípica do nascimento. Você, seu marido, tem uma vibe maravilhosa. Como é que você acha que ele vai lidar com isso?
R - Eu acho que ele vai ser assim, manteiga derretida igual a mãe e espertalhão igual ao pai. Ele já tem muito disso, é nosso, é nosso filho, nossa herança na terra. Então, eu acho que ele vai ficar amarradão, acho que às vezes ele vai zoar, “Se liga, eu sou o bebê da ponte. Eu fui o bebê da ponte”. Vai zoar também. Também acho que vai ter um momento da vida dele, que ele vai falar “não, mãe, não conta isso não, deixa isso pra lá!”. Aquela fase da vergonha. Mas de modo geral, se ele for o que a gente acha, se ele pegar um pouquinho meu e um pouquinho do Sandor. As coisas boas, por favor! Ele vai lidar super bem com isso. Como a gente lida. O que eu falo pra você, sabe, a vida tá aí, as surpresas estão aí e elas sempre são coisas boas, às vezes a gente se depara numa situação ”Meu Deus, eu tô parindo no meio da Ponte Rio-Niterói, o que que vai ser daqui pra frente?”. Mas o universo, a vida, Deus, ele tem um cuidado com a gente, ele cuida de cada detalhe. Então, o que é surpresa pra gente, já estava escrito há um tempo. Então, é a vida que tem que ser seguida mesmo, do jeito que ela é, sem muita programação, a gente pega e vai.
P - Muito bem! E sonhos? Desejos? Futuro?
R - Ah, sim, mas os nossos sonhos hoje é aquilo, casa com criança correndo por aí, brincando do jeito que tem que brincar, viagem. E a gente proporcionar tudo do bom e do melhor pra eles. A nossa vida é eles. Entendeu? Os nossos sonhos a gente… Você é mãe, né? Você coloca numa caixinha, você realiza, você vai em busca dos seus sonhos, mas você quer aquelas duas crianças ali, vivendo tudo que o mundo tem que oferecer de bom. E cuidando, pra nada de ruim acontecer, pra tudo dar certo. Ser mãe é cuidar o tempo todo.
P - E algum conselho pra alguma mãe que tá na hora do parto?
R - Relaxa, vai doer mas fica tranquila, é algo que você tem que curtir, no momento você tem que… é difícil pensar um pouco, porque, gente, é dor, é difícil, mas é o momento mais precioso da sua vida, é o que você vai lembrar quando seus filhos tiverem 20, 30, 40 anos e você for uma senhorinha, toda orgulhosa. Você vai lembrar, caraca, aquele garoto ali nasceu no meio da ponte. Caraca, aquela menina demorou 24 horas pra nascer. E tá todo mundo aí cheio de saúde, talvez com netos, com seus próprios filhos. E é o ciclo da vida, gente, eles são a nossa herança na terra. Então, no seu parto se você puder colocar uma música que te deixa feliz, estar com alguém que você goste, o pai da criança, sua irmã, seu irmão, seu tio, sua mãe, alguém que te dê um conforto, uma paz, que é o que você vai precisar na hora. É um momento maravilhoso, você vai ter a tranquilidade e estar com pessoas do seu lado que querem seu bem. Até mesmo a sua equipe médica. “Meu Deus, não tô com oportunidade de estar com ninguém que eu goste do lado”. A equipe médica também vai estar ali cuidando do seu espaço, do seu tempo, que é o seu momento, é o momento que você gerou a vida e tá na hora de você ver aquela vida. E é muito bom!
P - Bom, a gente vai finalizar. Você gostaria de comentar mais alguma coisa? Como é que foi compartilhar um pouco da sua história com a gente?
R - Foi ótimo! Eu sempre gosto, é aquilo, eu sempre tô disposta a falar sobre o que acontece, porque é aquilo que eu te falei lá no início. Todo mundo tem uma história para contar e ser ouvido é muito bom! Então, que bom que o Noah, hoje por mim, ele tem a oportunidade de contar a história dele. Então, é o que eu falo, é tudo por eles. Então, se um dia ele estiver velhinho e ver essa matéria aqui “Caraca, minha mãe, olha lá”, rindo pra caraca. Então, ele vai ter algo pra ele sempre se lembrar e ele viver também. Essa é a história dele. O início da história dele.
P - Então, eu agradeço profundamente esse compartilhar, esse momento aqui que a gente teve ouvindo você, ouvindo um pouco da sua trajetória, da tua experiência de vida. E a tua família é maravilhosa. Parabéns!
R - Obrigada!
P - Seus filhos são lindos. Teu marido tem uma vibe maravilhosa.
R - Obrigada!
P - Obrigada você!
Recolher