José Denilson, mais conhecido como Negão, é líder comunitário no bairro de Aeroporto Velho, na cidade de Rio Branco (Acre). Ele é presidente da organização comunitária local há mais de 30 anos e acompanha as enchentes desde 1979, quando tinha por volta de 9 anos. Durante os alagamentos, Negão é responsável por acionar a defesa civil, articular estratégias para abrigar os moradores em locais seguros e entregar kits de limpeza e sacolões. Seu trabalho é fundamental em períodos de enchentes, mas não substitui a responsabilidade dos governantes locais perante a questão. O papel desempenhado pelo líder Negão, ao contrário, cristaliza certo descaso público diante de um tema de planejamento urbano e territorial.
Além disso, histórias como a do Coronel James e Chiquinho, ambos funcionários da Defesa Civil do Acre também ilustram a necessidade de melhores condições de trabalho para este departamento. Em uma dessas alagações, o barco da Defesa Civil naufragou e a equipe ficou a deriva nadando no rio procurando por salvamento e aguardando assistência. Chiquinho conseguiu chegar nas margens do rio, enquanto James teve que ser resgatado por uma embarcação. Relatos e memórias desses líderes e profissionais demonstram a necessidade de uma articulação entre comunidades e governança a fim de desenvolver políticas públicas que previnam enchentes e evidenciam a amplitude dos efeitos de eventos de enchente/alagação, colocando inclusive profissionais experientes em posição de vulnerabilidade diante à proporção dos eventos.
“A gente não para. Todo mundo pode adoecer e tudo, mas presidente e diretoria não param, porque é através das informações da gente que chega no poder público” - José Denilson