IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Frederico Guilherme Kremer, eu nasci no Rio de Janeiro em três de dezembro de 1952. FORMAÇÃO PROFISSIONAL Eu sou engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. INGRESSO NA PETROBRAS Eu me formei e entrei na Petrobras. Fiz o concurso de 1978 e ingressei naquele mesmo ano no Centro de Pesquisas (Cenpes). Foi o meu primeiro emprego e estou lá há 30 anos. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Eu sempre estive ligado, no Centro de Pesquisa, ao laboratório de desempenho de combustíveis em motores. Esse laboratório avaliava combustíveis e lubrificantes em relação ao desempenho desses produtos em motores. Fiquei lá durante 16 anos. Depois ainda fui coordenador dos programas de pesquisa na área de gasolina. Em 1996, com a criação do Abastecimento da Petrobras, eu fui convidado a sair do Cenpes e ir para essa área. Eu comecei na Assessoria de Qualidade e Produtos, que se transformou em Desenvolvimento de Produtos e depois numa Gerência de Desenvolvimento de Produtos. Logo em seguida, foi expandida para uma Gerência de Soluções Comerciais, onde você via o produto não apenas como molécula, mas como um todo, desde o seu nascimento até o seu lançamento e o acompanhamento posterior de sua trajetória. No Cenpes, eu sempre trabalhei junto às áreas de Refino e Comercialização e eu tinha uma ação muito externa, dava muito suporte às discussões que a Petrobras mantinha com os fabricantes de veículos, de equipamentos e também com os órgãos ambientais. Hoje, talvez, a principal força direcionadora para impulsão dos produtos é a questão ambiental, mas eu já fazia isso no passado. Participava dessas discussões e o convite, em 1996, para o Abastecimento foi algo natural. ABERTURA DO MERCADO Em 1996, começava-se a discutir a abertura do mercado. A Petrobras começou a se estruturar ali pela área de downstream, a fazer frente às questões de...
Continuar leituraIDENTIFICAÇÃO Meu nome é Frederico Guilherme Kremer, eu nasci no Rio de Janeiro em três de dezembro de 1952. FORMAÇÃO PROFISSIONAL Eu sou engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. INGRESSO NA PETROBRAS Eu me formei e entrei na Petrobras. Fiz o concurso de 1978 e ingressei naquele mesmo ano no Centro de Pesquisas (Cenpes). Foi o meu primeiro emprego e estou lá há 30 anos. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Eu sempre estive ligado, no Centro de Pesquisa, ao laboratório de desempenho de combustíveis em motores. Esse laboratório avaliava combustíveis e lubrificantes em relação ao desempenho desses produtos em motores. Fiquei lá durante 16 anos. Depois ainda fui coordenador dos programas de pesquisa na área de gasolina. Em 1996, com a criação do Abastecimento da Petrobras, eu fui convidado a sair do Cenpes e ir para essa área. Eu comecei na Assessoria de Qualidade e Produtos, que se transformou em Desenvolvimento de Produtos e depois numa Gerência de Desenvolvimento de Produtos. Logo em seguida, foi expandida para uma Gerência de Soluções Comerciais, onde você via o produto não apenas como molécula, mas como um todo, desde o seu nascimento até o seu lançamento e o acompanhamento posterior de sua trajetória. No Cenpes, eu sempre trabalhei junto às áreas de Refino e Comercialização e eu tinha uma ação muito externa, dava muito suporte às discussões que a Petrobras mantinha com os fabricantes de veículos, de equipamentos e também com os órgãos ambientais. Hoje, talvez, a principal força direcionadora para impulsão dos produtos é a questão ambiental, mas eu já fazia isso no passado. Participava dessas discussões e o convite, em 1996, para o Abastecimento foi algo natural. ABERTURA DO MERCADO Em 1996, começava-se a discutir a abertura do mercado. A Petrobras começou a se estruturar ali pela área de downstream, a fazer frente às questões de abertura. Foi um período de pré-abertura, começou em 1996, 1997, 1998, a criação da Agência Nacional do Petróleo que, iria culminar, em 2002, com a total abertura do mercado.A questão toda era qual seria o modelo que seria adotado aqui no Brasil. Havia algumas dúvidas sobre que modelo seria realmente adotado para a Petrobras.. A Petrobras teria que procurar outros mercados, porque ela teria uma participação dominante, então havia uma grande preocupação nessa participação dominante da Petrobras, dela ter que ir pra outros mercados e ceder alguns aqui, o que acabou, de certa maneira, acontecendo. A Petrobras trocou os ativos com a Refap, com a Repsol e foi para outros mercados. Isso foi no primeiro momento, mas também havia uma perspectiva, também, positiva, pois ao abrir o mercado você teria uma remuneração mais adequada para os seus produtos. A Petrobras teve uma grande mudança em 2002. Porque até então ela era apenas fornecedora de produtos commoditizados. Ela vendia para todas as distribuidoras e estas botavam uma marca e saíam vendendo. Em 2002, com a abertura do mercado, a Petrobras começou a ter um outro posicionamento, começou a desenvolver marcas próprias. Começou com o lançamento da gasolina Podium, em 2002. Posteriormente, ampliamos essa linha; hoje nós temos o diesel Podium. Também trabalhamos no desenvolvimento de produtos, combustíveis aditivados, lançamos uma linha de produtos aditivados que é o Add Cleaner. Com a abertura do mercado, a empresa começou a ver não só o produto de commodities, para todas as distribuidoras, mas também os produtos de marca. Num cenário monopolizado de pré-abertura, a grande visão é minimizar, abastecer e ter os menores custos. Passava-se os produtos para os seus distribuidores. A visão que se poderia ter era uma visão tecnológica: quais são os requisitos que a gasolina e o diesel iam ter para atender aos avanços tecnológicos das montadoras e, também, alguma questão muito relacionada aos impactos ambientais. A questão do mercado em si, competição, não entrava em consideração, mas com a abertura, você começou a considerar a competição, o mercado, o posicionamento de qualidade como posicionamento da Petrobras e aí a necessidade também de se ter produtos não só de commodities, mas também de marca. PRÉ-ABERTURA DO MERCADO Essa primeira assessoria onde trabalhei tinha a função de fazer ou centralizar as discussões de qualidade e produto, com os órgãos ambientais, com montadoras etc. Nós centralizávamos essas discussões. Definíamos quais os produtos iríamos ter, a qualidade destes. É claro que isso tinha uma função muito ainda de pré-abertura. Você tinha que discutir mais numa visão de commodity do produto, com essas montadoras e órgãos ambientais. Qual seria a visão futura dessa qualidade, que acaba tendo impacto grande porque é a qualidade que define também que investimentos você vai ter na empresa. Redução de enxofre está relacionada a isso, então são investimentos significativos. Mas, com a abertura do mercado, você começa a mudar um pouco, começa a não ter apenas aquela visão institucional ou do commodity, e começa a se preocupar também com o produto de marca. NOVOS PRODUTOS É determinação da área de Abastecimento e da área de Marketing em sintonia, evidentemente, com as áreas de refino, logística e com suporte tecnológico dos Cenpes. Isso tudo faz com que você acabe desenvolvendo e lançando um novo produto. As questões de produção vêm pelo refino, as de logística vêm pela Logística, para você formatar esse novo produto. Agora como esse produto é desenvolvido, nós temos um processo, a primeira atividade é a prospecção: você tem que prospectar as idéias, para começar a trabalhar. Temos que se inserir nas questões que vem do mercado, dos seus clientes, das reclamações dos seus clientes, Está muito ligado à questão do consumidor. Estamos com o foco no consumidor. A Petrobras sempre tem muito foco no cliente, que não é o consumidor é o distribuidor. PRODUTOS E CLIENTES O foco no cliente também veio com a abertura. Numa condição de monopólio fica difícil, mas com a abertura você... Porque os clientes da Petrobras são as distribuidoras que compram, botam uma marca e vendem no mercado. Em nosso caso estamos olhando mais as questões ligadas ao consumidor. Nós temos que ter uma sintonia, uma interação grande por aqueles agentes que falam pelo consumidor. Por exemplo, a indústria automotiva é importante? É. Eu tenho que saber quais são os movimentos deles para entender como o meu produto vai atender. Os órgãos de meio ambiente, eu tenho que estar em sintonia com eles. Enfim, nós temos uma interação muito grande com esses órgãos, que falam muito pelo consumidor. Eu não posso falar com todos os consumidores, então eu falo com aqueles que poderiam falar pelo consumidor também, inclusive os fabricantes de veículos: “Oh, o meu veículo novo vai ser assim, precisa dessa demanda tecnológica, de um produto diferenciado.” Às vezes, é preciso encontrar um nicho de mercado, diferenciando-se por essa condição tecnológica. O exemplo do Diesel Podium é característico, porque ele foi desenvolvido muito para picapes e SUV’s [sport utility vehicles]. Elas têm um requisito tecnológico diferente de um motor pesado, que é a maioria do Brasil: os ônibus e caminhões. Conseguimos desenvolver para um nicho de pessoas que tem alto poder aquisitivo – que tem essas SUV’s, um produto que tivesse até umas condições tecnológicas aderentes, para esse segmento que tem requisitos diferentes. Uma caminhonete vai exigir qualidade diferente de um diesel comum para ônibus e caminhão. Nós temos que estar em sintonia com essas entidades. Essa sintonia, esse relacionamento não é construído da noite para o dia. Isso são anos, por exemplo, no meu caso, eu participo da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, eu sou vice-presidente, eu participo dessas entidades, justamente, que congregam as montadoras, as distribuidoras, os fabricantes de aditivo, enfim, e dali vamos vendo quais são as demandas futuras. ÁREA DE MARKETING Foi bom ter ido para a área de Marketing, porque eu já tinha um embasamento técnico e necessitava dessa dimensão comercial, a dimensão do marketing. Por exemplo, nós lançamos uma linha também de marca para um segmento que se dava pouca atenção. Embora seja um segmento importante, de fazedor de opinião, até de uma classe social alta, eles eram sempre colocados meio de lado, que é a linha náutica. Nós temos o diesel Verana e devemos lançar, ainda não sei quando, a gasolina Verana. O Diesel Verana é para essas lanchas de pessoas que têm alto poder aquisitivo, uma lancha dessas consome de três mil a quatro mil litros de diesel. Esse segmento marítimo precisava desse tipo de atenção, de um produto diferenciado e nós lançamos este produto para eles. DIESEL VERANA Você faz todo aquele trabalho, tem idéia, evidentemente, tem que fazer as pesquisas qualitativas para ver o que esses consumidores valorizam. No caso do diesel Verana, ele tem um fator diferente. Nós odorizamos o diesel com um cheiro de banana caramelada (risos). Entendemos que ali no deck das embarcações, o cheiro do diesel, às vezes, influencia, então, resolvemos quebrar aquele odor, botamos um cheiro de banana. Foi tão interessante que teve uma pessoa da Petrobras que deu uma entrevista para principal rádio de Tóquio, às sete horas, queriam saber que diesel é esse com cheiro de banana caramelada. Mas a linha Verana deve ser toda aromatizada. Esse diesel nós não exportamos. Ele leva a marca da Petrobras. Então, se leva a marca da Petrobras, quem o comercializa é a BR, quer dizer, não vendemos o Diesel Verana para a Shell, porque seria muito estranho, isto é, a Shell vender diesel Petrobras Verana. Ela vende a marca dela. ÁREA DE MARKETING O nosso trabalho é para o principal mercado da Petrobras. Ela vive pelo mercado nacional. Claro que estamos buscando outros mercados etc. Tem a Gasolina Podium na Argentina. Quem definiu o conceito da Gasolina Podium na Argentina fomos nós também. Analisando o mercado, você desenvolve o conceito para ele, e nós participamos. Lançamos o Diesel Podium no Paraguai. Mas não é o mesmo diesel. Tem características diferentes. Porque cada mercado é um mercado. Cada mercado valoriza uma coisa. Cada um tem uma situação diferente. Nós não podemos enxergar que é o mesmo diesel. A marca tem valores nucleares, ela vai para outros mercados. GASOLINA PODIUM A gasolina Podium foi num momento importante. A Petrobras com a gasolina Podium conseguiu passar aqueles valores da Fórmula 1 porque até o seu lançamento, a percepção dos consumidores para gasolina não era Petrobras. Mesmo com Formula 1 não era. Mas quando a Petrobras lançou a gasolina Podium, acho que materializou, de certa maneira, esse posicionamento de Fórmula 1 da Petrobras. E aí ela começou a passar e a se distanciar de todos os concorrentes, em termos de percepção de marca, de imagem. Era um ambiente ainda de monopólio. O ambiente do Collor era de monopólio. Ele falou que a gasolina da Petrobras era água suja e também que os carros eram carroças. Acho que em 1996, 1995, tínhamos algumas referências do Wilson Fittipaldi, mas eram – eu acho – referências localizadas. A Petrobras investia muito em comunicação institucional e em atividades que não estavam ligadas ao seu core business. Então, ela começou a investir no esporte motor. Estão comemorando 10 anos de fornecimento da gasolina para a Fórmula 1. COTIDIANO DE TRABALHO Nossa meta é sempre o aumento de vendas. Quando lançamos um produto nós avaliamos o índice de aceitação e inovação, onde se faz uma pesquisa de mercado sobre a aceitação daquele novo produto. Você faz o trabalho e depois acompanha por um período apenas, porque você tem que começar a ir para outras praças, e depois nós passamos isso para o planejamento de produtos, já do portfólio. Quer dizer, não é mais um novo produto; para nós já é velho e temos que olhar um novo produto. Temos o retorno do consumidor final através de pesquisas. A Petrobras faz pesquisas de mercado. Os produtos do esporte motor nos deram posicionamento, porque a Petrobras vende produto: ela vende gasolina. Ela não vende tecnologia, ela vende produtos e tínhamos que fazer uma relação de comunicação dos nossos produtos e um vínculo muito importante com o esporte motor, Fórmula 1. Basicamente, hoje, como estratégia para produto é esporte motor. Todos os nossos índices e avaliações indicam isso. ABERTURA DO MERCADO Em 2002, houve a liberação para importação. Evidentemente, você tem que mudar. Tem uma liberação de preços, estão liberados, mas estariam referenciados à importação. Porque qualquer um podia trazer produto para cá. Conforme o petróleo, posicionamento de preço da Petrobras, as distribuidoras poderiam trazer, como trouxeram. Mas tem períodos mais difíceis. Com o petróleo muito alto, ninguém vai trazer produto para cá. Quando o petróleo baixa, aí começa a haver oportunidade de importação. A Petrobras detém uma estrutura. Ela tem uma grande força aqui. Trazer produtos de fora é sempre mais difícil. Às vezes é um risco. A pessoa traz e está a um preço. Mas chega aqui e o preço abaixa, o cara vai fazer o que com o produto. Vai voltar com o navio para lá? REDUÇÃO DE ENXOFRE Para se obter uma gasolina mais refinada você precisa de investimento em unidades. Em todos os derivados de combustível automotivo o grande objetivo é a redução de enxofre. A Petrobras está investindo agora, há um tempo, para redução do enxofre; esse enxofre vem caindo, mas isso não acontece da noite para o dia. Em 2011, teremos a gasolina com o enxofre bem mais baixo do que hoje. Os valores médios da gasolina estão em torno de 600 ppms. O que está em discussão atualmente é o diesel, porque eles achavam que a Petrobras não estava atendendo a legislação, mas isso tudo é uma distorção. Tem um viés político grande tanto que levaram esse assunto à Justiça, que falou que o posicionamento da Petrobras era o correto. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Eu sempre estive ligado ao Marketing e Comercialização. Há uns três anos, houve uma mudança. Porque eu sempre via o produto, molécula, isto é, um projeto único, e passei então a ver o todo, todo o projeto, desde o início até o seu final. Ver os posicionamentos, o conceito do produto, fazer o plano de produto para lançamento, metas, o posicionamento de comunicação, enfim todos esses aspectos. Hoje nós temos uma Gerência-geral de Marketing – que são várias gerências –, uma delas é a que eu estou, que é a Gerência de Soluções Comerciais. Eles botaram esse nome (risos), é diferente. ABERTURA DO MERCADO Qual era o objetivo do monopólio? Você abastecer ao menor preço. Você desenvolvia um produto, via os custos. Hoje, você vê custo, mas vê também o retorno que ele dá tanto econômico, como também de imagem e marca. Antes, você fazia uma ação qualquer: “Quanto vai aumentar o custo de abastecimento?” Hoje não. Você não pode só ver custo. Você tem que ver o retorno, porque, às vezes, o retorno é maior que o custo. Esse é um novo cenário. Às vezes, você pode até considerar que o retorno econômico não é grande, mas há um retorno de imagem, então, você vai por um caminho desses também. Essa foi a grande diferença NOVOS PRODUTOS Os lançamentos de novos produtos são projetos de longo prazo: três ou quatro anos, ligado à pesquisa. Às vezes, você tem que fazer uma adaptação de logística, tanque, enfim, não é uma atividade simples. Nós estamos lançando, em janeiro (de 2009), o diesel 50 ppm, e pretendemos, na seqüência, completar a linha Verana, a linha náutica da Petrobras que havia sempre um posicionamento, um pedido de que desenvolvêssemos uma gasolina para o segmento, mas nós temos uma dificuldade, porque aqui no Brasil, nós temos uma lei que obriga a ter um teor de álcool na gasolina e eles não queriam ter o álcool. Então, houve uma celeuma muito grande e nós estamos tentando seguir um outro caminho demonstrando que a gasolina tem esse bom desempenho mesmo com o álcool. Estamos indo por esse caminho e devemos lançar a Gasolina Verana. E fecharemos a linha. Também temos trabalhado muito com linha. Tem a linha Podium, diesel e gasolina, temos a linha náutica, que é o Diesel Verana. Foi uma coisa diferente que a Petrobras fez. Nós estamos alinhados com a Comunicação, com Refino, com Jurídico, com a Área Comercial, com o Cenpes, que é fundamental. Às vezes, você está falando de um novo produto, de um lançamento, você tem as melhorias também que, eventualmente, não refletem um lançamento, mas você tem uma melhoria do produto que também é responsabilidade de lá. Nós criamos um grupo de trabalho e trabalhamos para lançar. São pessoas de diferentes origens, uma é de Comunicação, outra de Pesquisa, junta todo mundo e vamos lá. Tem a Gerência de Marca, do produto para ver as questões da marca, que marca vai ser, o que não vai ser. As oscilações econômicas que interferem no poder aquisitivo dos consumidores tem tido pouca influência para nós, porque trabalhamos ainda com produto de marca, esperamos sempre que a marca tenha um retorno, uma venda melhor ou um valor agregado melhor para o teu produto, e isso não tem nos preocupado muito. Claro, o que nos preocupa é outra coisa: você tem hoje uma concorrência no carro que é o flex fuel, que também mudou muito essa questão aqui no Brasil, porque quem decide é o consumidor, na hora que ele vai abastecer. isso é meio desleal com o álcool, porque mesmo que nós, da Petrobras, déssemos a gasolina, só de imposto seria talvez mais caro que o álcool. Nós entendemos que isso aí é uma concorrência distorcida. Se nós déssemos, ainda sairia mais caro que o álcool, só pelos impostos. Nós trabalhamos com todos os produtos. Nós temos aí outras linhas que estamos trabalhando, por exemplo, um projeto de solventes embalados, onde estamos indo para os supermercados. É mais difícil, porque é para o consumidor final. Estamos indo com aqueles solventes, tipo querosene, tinta, removedor, estamos trabalhando nisso. É uma novidade. Para esse tipo de aplicação é novidade para nós. Temos que entender a esse mercado, há uma competição grande, mas tem um valor agregado bom, nós temos que entender, fazer as pesquisas e ter que trabalhar com o supermercado. Nós sempre trabalhamos com distribuidoras, daqui a pouco teremos que ir para supermercado e aí vamos para o varejo que nós não estamos acostumados. Isso não é para agora, mas é um projeto grande. Acho que mais um ano. Um projeto desses dura de três a quatro anos, porque você precisa primeiro desenvolver o produto. Para lançar alguma coisa tem que ter o produto, e isso é uma etapa difícil. Às vezes, é um ano, um ano e meio pra desenvolver um produto. COTIDIANO DE TRABALHO No Cenpes, eu era muito técnico, no Marketing piorou. (risos) No Cenpes, a vida é mais calma, você está longe das questões de mercado. E eu também não tinha atribuição da definição do produto. O manual de produtos da Petrobras é de responsabilidade dessa área, uma especificação, um produto, tem vários itens, cada itenzinho desse tem impacto em custo, somos responsáveis por isso e, realmente, o nível de responsabilidade é maior, o estresse é maior. O Manual de Produtos da Petrobras é da nossa atribuição, mas não fomos nós que o desenvolvemos. Ele foi feito a uns 13 anos junto com o Refino, e nós trabalhamos em sintonia. Tenho que destacar também a participação dessas outras áreas. Mas quem tem a responsabilidade final é o Marketing. Evidentemente que os outros são fundamentais. Além das tendências nacionais, temos que acompanhar muito as tendências internacionais porque o que está no mercado europeu e americano vai acabar desembocando aqui com um delay de três, quatro anos. Nós temos que manter esse acompanhamento, que é bom por um lado, porque se eles caem num buraco, já se sabe previamente que há um buraco, quando chegar aqui desviamos. Mas é preciso manter esse monitoramento até pela globalização. Essas indústrias automotivas não vão fazer um projeto para o Brasil, um projeto para a Europa, um projeto para o Japão, elas tentam regionalizar isso. No caso do diesel, aqui, nós somos muito ligados a Europa, o que também é um problema, porque eles vêm com umas demandas européias para a gente. Nós aqui estamos no sul e a Europa está no norte. Na Europa tem carro a diesel, nós não temos carro a diesel no Brasil, as exigências são diferentes. E com a gasolina, o nosso espelho é o mercado americano. EMISSÕES VEICULARES Aqui no Brasil, no final da década de 1980, início de 1990, foi instituído um programa de emissões veiculares que é o Proconve. Ele vai estabelecendo os níveis de emissão que os carros têm que atender. Quando ele estabelece isso, por conseqüência, ele estabelece a tecnologia veicular e, em parte também, a qualidade do combustível. Esse programa segue os limites europeus do diesel e o limite americano para gasolina. Em relação às mudanças de fora, nós temos um delay até razoável, porque um programa de emissões vai ter que ser muito mais agressivo nos países onde você tem um impacto ambiental maior. A Califórnia consome mais combustível que o Brasil. Tem mais carro que o Brasil. Naquela areazinha, nós temos o Brasil enorme. Eles têm uma preocupação muito maior que a nossa. E isso é até natural. A velocidade deles tem que ser maior. Mas esses movimentos são complexos, porque envolvem investimentos em refino, de longa maturação, então são movimentos que tem que estar articulados, bem definidos. Todo esse dilema do diesel vem de uma regulação de 2002 que não foi desenvolvida, não foi complementada, e gerou todo o estresse agora. O prazo vai vencer em 2009. Não vai ter carro. Era pra ter carros com tecnologias Euro 4, são catalisadores especiais diesel com a base de uréia. E neste ponto está a maior confusão. Até o Ministério Público entrou É um limite de emissão que não foi cumprido. Está na Justiça, mas agora se acertou, porque no âmbito do Ministério Público chegamos a um consenso, foram definidas outras medidas alternativas que compensassem a não entrada dessa nova etapa. Foi antecipada uma etapa futura, tivemos várias melhorias que deram um resultado positivo. CRISE ECONÔMICA MUNDIAL / 2008 Acho que vai interferir em todos os segmentos. Acho que todos vão botar um pouco o pé no freio. Não sei qual a magnitude. Não acho que irá interferir naquilo que já estava comprometido, mas o que estava em planejamento vai ser repensado. Tanto que a Petrobras atrasou até um pouco o seu planejamento estratégico, vai ser divulgado em dezembro. Mas, nos novos produtos, não houve impacto algum. HISTÓRIAS / CAUSOS / LEMBRANÇAS Tem uma história curiosa que é a da gasolina Podium. A gasolina Podium é a que tem maior octanagem do mundo e nós anunciamos isso. Só que veio – acho que o Conar (Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária) – com uma representação, porque nós estávamos fazendo propaganda enganosa, porque tinha alguns postos nos Estados Unidos que vendiam gasolina com maior octanagem que a Podium. Aí nós fomos ver e verificamos que eram postos dentro dos autódromos (risos). Eram gasolinas totalmente diferentes, parciais, para corridas. Não eram gasolinas comerciais. Tivemos que fazer uma explicação, porque tudo o que a Petrobras afirma, tem que estar bem consubstanciada. Temos que estar sempre bem estruturados, mas claro que a Petrobras jamais também vai comunicar uma coisa que não é fato ou que não se sustente tecnicamente. Mas, às vezes, essas coisas no marketing escorregam. Sabemos disso. O marketing é o marketing. Temos sempre mais preocupação. Não sei se é muito de engenheiro, engenheiro no marketing, mas sabemos que depois vai vir a cobrança: “Vocês estão falando isso?” “ É mesmo?” Temos que mostrar, temos que provar que aquilo que estamos falando tem fundamento. OCTANAGEM Octanagem é a resistência à detonação. Em um carro com uma alta taxa de compressão, o motor é mais eficiente só com uma gasolina com uma octanagem alta, que resiste a essa taxa de compressão. Quando a Petrobras desenvolveu, qual foi a nossa visão? Você tem que ver o nicho de mercado. Você tinha um mercado aberto, em 2002, e tinha no mercado alguns carros desenvolvidos com o que chamamos de uma super premium européia. Porque aqui a gasolina comum tem uma octanagem 87 - IAD é a média de dois parâmetros de octanagem. Tinha também a Premium 91. Na Europa, tinham uns carros, de gasolina com 93, o que chamamos de uma super premium européia. São carros de primeira linha, não é carro normal. Achamos isso, era um caminho. Desse modo, definimos: “Vamos logo arrebentar.” Se você pegar o IAD da octanagem da gasolina Podium está 95, 96, 97, enquanto que as melhores européias estão em torno de 93. Se você pegar o RON [Research Octane Number] da gasolina Podium está 106, 107. As maiores do mundo estão batendo em 100 e 101. E as pessoas sentem. Se você vê uma moto boa num posto, ela deve estar botando Podium. Porque o principal marketing da Podium não é o que a Petrobras fala, é o seu desempenho, que vai de boca a boca: “Essa gasolina é boa. Bota aí que é boa.”. Esse é o melhor marketing. MEMÓRIA PETROBRAS Gostei. Depois manda o resumo. Vocês vão fazer o quê? Editar? Obrigado.
Recolher
.jpeg)
.jpeg)

.jpeg)