Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Francisco de Assis Melo Alves
Entrevistado por Laura Olivieri
Brasília, 08 de fevereiro de 2007
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB555
Transcrito por Flávia Penna
P/1 – Bom dia, quase boa tarde, Senhor Francisco.
R – Bom dia!
P/1 – Muito obrigada pela sua participação, pelo depoimento que o Senhor vai nos dar.
R – Não há de que.
P/1 – Para começar essa entrevista, eu queria que o Senhor dissesse, por favor, o seu nome, o local e a data de nascimento.
R – Meu nome é Francisco de Assis de Melo Alves. Eu nasci no Ceará, no Ipu. Minha data de nascimento é 27 de outubro de 1942.
P/1 – Em seguida, eu queria que o Senhor dissesse quando foi e como foi o seu ingresso na Petrobras.
R – Para começar, eu cheguei aqui em Brasília em 1971. Durante essa época de 1971 e 1972, eu fiz muitos trabalhos para a Petrobras, porque eu sou torneiro mecânico e dava assistência na manutenção. Fabriquei muitas peças, inclusive peças para descarga de vagões. Naquela época, até a época em que eu saí da Petrobras, em 1991, a descarga era feita através do terminal ferroviário. Hoje, eu não sei. Tem dias que eu não ando por lá, e estou meio por fora. Diz que tem um oleoduto, né? Aí, entrei na Petrobras no dia 16 de maio de 1982 e sai da Petrobras em setembro de 1991, quando eu aposentei, porque eu já tinha tempo para aposentar, já tinha tempo acumulado.
P/1 – Mas quando o Senhor entrou na Petrobras, o Senhor fazia o que?
R – Trabalhava na manutenção, sempre trabalhei na manutenção. Na época em que entrei, eu fiz a manutenção da parte elétrica, quadro de comando, bomba de sucção e todo o tipo de bomba, caldeira. Não é querendo dizer que eu sou alguma coisa ou que eu sou mais do que os outros, mas na minha época, eu cuidei da manutenção sozinho, só tinha um auxiliar que trabalhava comigo. Eu fazia a manutenção da Base sozinho.
P/1 – E sempre...
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Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Francisco de Assis Melo Alves
Entrevistado por Laura Olivieri
Brasília, 08 de fevereiro de 2007
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB555
Transcrito por Flávia Penna
P/1 – Bom dia, quase boa tarde, Senhor Francisco.
R – Bom dia!
P/1 – Muito obrigada pela sua participação, pelo depoimento que o Senhor vai nos dar.
R – Não há de que.
P/1 – Para começar essa entrevista, eu queria que o Senhor dissesse, por favor, o seu nome, o local e a data de nascimento.
R – Meu nome é Francisco de Assis de Melo Alves. Eu nasci no Ceará, no Ipu. Minha data de nascimento é 27 de outubro de 1942.
P/1 – Em seguida, eu queria que o Senhor dissesse quando foi e como foi o seu ingresso na Petrobras.
R – Para começar, eu cheguei aqui em Brasília em 1971. Durante essa época de 1971 e 1972, eu fiz muitos trabalhos para a Petrobras, porque eu sou torneiro mecânico e dava assistência na manutenção. Fabriquei muitas peças, inclusive peças para descarga de vagões. Naquela época, até a época em que eu saí da Petrobras, em 1991, a descarga era feita através do terminal ferroviário. Hoje, eu não sei. Tem dias que eu não ando por lá, e estou meio por fora. Diz que tem um oleoduto, né? Aí, entrei na Petrobras no dia 16 de maio de 1982 e sai da Petrobras em setembro de 1991, quando eu aposentei, porque eu já tinha tempo para aposentar, já tinha tempo acumulado.
P/1 – Mas quando o Senhor entrou na Petrobras, o Senhor fazia o que?
R – Trabalhava na manutenção, sempre trabalhei na manutenção. Na época em que entrei, eu fiz a manutenção da parte elétrica, quadro de comando, bomba de sucção e todo o tipo de bomba, caldeira. Não é querendo dizer que eu sou alguma coisa ou que eu sou mais do que os outros, mas na minha época, eu cuidei da manutenção sozinho, só tinha um auxiliar que trabalhava comigo. Eu fazia a manutenção da Base sozinho.
P/1 – E sempre aqui em Brasília?
R – Sempre aqui em Brasília. Depois que eu saí da Petrobras, entrou um engenheiro, o auxiliar do engenheiro e o auxiliar do auxiliar. (risos) E eu ainda fui muito procurado para resolver algumas coisas lá dentro, viu?
P/1 – Ta vendo? O Senhor, com tanto tempo de Brasília, poderia me contar um pouco o que mudou, como era na época da sua entrada e como era na sua saída para aposentar, as mudanças?
R – Naquela época, o trabalho era mais artesanal. Hoje – um dia eu fui ali na Base – é uma burocracia muito grande, porém ficou mais fácil. Na minha época era mais difícil, eu tinha que fazer tudo. Hoje tem gente demais trabalhando. Tem uma pessoa sentada lá atrás da mesa, que não faz nada, só fica mandando nos outros. E, na minha época, era eu que agia, eu nunca fiquei atrás da mesa.
P/1 – E em relação à região Centro-Oeste, essa região central do Brasil, Brasília, o que a Petrobras trouxe de mudança para essa região? O Senhor poderia comentar isso?
R – Em primeiro lugar, trouxe muito emprego. Isso daí já é uma boa coisa, né, quando se trata de emprego. E facilitou mais a distribuição do petróleo, que antes era mais difícil. Segundo o que eu ouço as pessoas falarem, né?
P/1 – E como facilitou um pouquinho mais? O Senhor poderia explicar?
R – É porque começaram a aparecer muitos pontos de distribuição de petróleo, né? Na minha época, por exemplo, em 1971, eram bem pouquinhos os postos de gasolina. E foi bom a concorrência, porque concorre com todo mundo e contribuiu para baixar o preço do petróleo, né?
P/1 – E hoje, a Petrobras tem uma posição de liderança, não é?
R – É. Eu, por exemplo, só abasteço nos postos da Petrobras, né, porque eu sou aposentado e dependo da Petrobras, então, eu respeito a Empresa a que pertenço, que é totalmente brasileira, né? Se todo brasileiro soubesse, só abastecia nos postos da Petrobras. Tem que respeitar.
P/1 – O Senhor já comentou duas vezes sobre a sua aposentadoria, então vou pegar o gancho; eu queria saber o que mudou na sua vida com a aposentadoria?
R – Não mudou nada, porque eu sempre trabalhei, sempre fiz serviço assim por fora. Eu sou técnico em mecânica e sempre tive oficina. Eu posso dizer que agora mesmo é que eu estou aposentando, porque eu vendi a oficina e agora estou sem fazer nada. Seu pudesse, até ainda daria uma ajuda para a Petrobras.
P/1 – Mas o Senhor não mantém ainda contato com a Petrobras?
R – De vez em quando eu vou lá na Base, porque tenho os meus colegas daquela época, né, eu conheço quase todo mundo lá. Tem alguns funcionários novos, mas tem muito antigos, que a gente se relaciona bem.
P/1 – O Senhor é sindicalizado?
R – Não.
P/1 – E o Senhor teria, por exemplo, uma história interessante, algo que tenha lhe marcado na sua trajetória na Petrobras, ou alguma coisa que o Senhor queira contar pra gente, que eu não tenha perguntado?
R – A única coisa que eu tenho a falar é que quando eu trabalhava na Petrobras – eu já falei – eu fazia a manutenção sozinho. (risos) Eu era o único cara de manutenção que tinha. Trabalhei como auxiliar de manutenção. Já na minha saída é que eu fui promovido a supervisor, mas aí já não trabalhei nem dois meses. E me arrependi muito de ter saído da Petrobras. Eu poderia ter continuado. Saí para trabalhar no particular, mas não me dei muito bem, trabalhando assim como autônomo. Eu podia é ter continuado na Petrobras porque, hoje em dia, eu teria aposentado com um salário muito melhor.
P/1 – O Senhor aposentou rápido, né, logo quando deu?
R – É, me aposentei quando completou o tempo de serviço, né, 35 anos. Já pagava INSS – naquela época podia pagar desde os 14 anos de idade. Completou e eu aproveitei para sair. Mas até hoje, se eu pudesse, ainda ajudaria a Petrobras. Se eu pudesse retornar, iria muito satisfeito.
P/1 – O que é esse sentimento de ser petroleiro para o Senhor?
R – Ah, é ótimo. Tá louco! Eu nunca vou esquecer. (choro) Foi o melhor tempo da minha vida, com toda a sinceridade. Pra mim foi a melhor coisa que aconteceu, porque eu já trabalhava lá há dez anos, fazendo manutenção, desde 1971 e continuei na mesma rotina, fazendo manutenção na Petrobras como funcionário, a partir de 1982. Até 1982, eu trabalhava por fora, particularmente, fazendo peças e resolvendo muitas coisas lá dentro.
P/1 – Foi um bom tempo, né, Senhor Francisco?
R – Foi um bom tempo.
P/1 - Olha, para terminar, a não ser que o Senhor queira falar mais alguma coisa, eu queria que o Senhor comentasse se lhe agradou ter participado desta entrevista, do nosso Projeto de Memória.
R – Ah, perfeitamente! As pessoas têm que externar seu sentimento. Como é que eu poderia falar se eu não tivesse uma oportunidade dessas. Não é verdade?
P/1 – É verdade.
P/1 – A gente também gostaria muito de agradecer porque pra nós também é muito importante ter essa contribuição de pessoas que vem aqui nos contar um pouquinho da sua história. Muito obrigada, Senhor Francisco.
R – Não há de que. Eu é que agradeço.
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