Eu tive uma sensação numa quinta feira a noite, sensação de bem estar e euforia. Vivi um momento cinematográfico, digno de uma filmagem - Ah como eu queria que meus olhos gravassem como câmeras, poderia registrar pra sempre esse momento, torna-lo mais palpável, mas infelizmente não possuo tal capacidade, então para sempre será uma memória guardada apenas no interior do meu cérebro e jamais será vista como eu vi por ninguém (talvez essa seja a parte mais triste de tudo).
Me lembro daquele momento de uma maneira vivida e leve, como daqueles filmes bem dirigidos que transmitem leveza. Era um daqueles momentos meio mágicos, eu, mais dois garotos, e duas bicicletas, como poderia um cálculo tão inesperado ter um resultado tão irreal.
Eu subi no quadro de uma bicicleta, cujo o motorista era péssimo - ele não era péssimo, até que pedala muito bem - e enquanto percorria o caminho o inimigo cruel surge para assolar nossa jornada, ele golpeava como se sua vida fosse resumida a esse momento, este momento fúnebre e decisivo que traria enfim a sensação de paz para seu coração desesperado - era só o Samuel tentando derrubar a gente da bicicleta, o maior perigo dali era os buracos da rua.
Lembro me de fitar o chão e sentir que alí, naquele momento eu poderia ficar bem, SER saudável. Por ali naquele cenário inusitado, de repente todos meus problemas sumiram e no final tudo que importava era que um garoto estava tentando derrubar outros dois de cima da bicicleta. Três garotos, duas bicicletas, um golpe ardiloso contra a integridade física; era só isso que acontecia e só isso importava