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Personagem: Luiz Firmino de Souza
Por: Museu da Pessoa, 9 de junho de 2015

Eu já contei essa história pra muita gente

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Eu já contei essa história pra muita gente

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Diz que eu nasci nesse dia, eu não vi. Se vi, não entendi. Foi no dia 6 de maio de 1933, em Tauá, Ceará. Meu pai era um homem alto, é até bem parecido, mas morreu. Minha mãe era uma mulher baixa e tranquila. Meu pai vivia de negócio, comprando porco, galinha, bode, e vendendo na cidade, em Crateús. Eles pelejavam com a vida porque ganhavam a vida assim trabalhando de qualquer jeito e tal e iam levando a coisa. Porque gente pobre sabe como é, peleja daqui, peleja acolá, briga com um, arruma com outro, mas gente pobre só vive de sofrimento mesmo. Toda vida fui brincalhão. Toda vida brinquei e acordei cedo e comecei a tratar da vida pra aqui, pra acolá trabalhando. Eu estudei em Crateús. Crateús era minha cidade, a cidade em que eu fui criado. Estudei lá uns tempos, depois fiquei adulto, larguei pra lá: “Eu vou cuidar em trabalhar”. Fui embora pra Fortaleza, lá eu danei por aquele sertão do Ceará, Iguatu, praquele mundo lá trabalhando nuns e noutros cantos. Dezoito anos mais ou menos, eu fui vaqueiro, fui tudo na vida. No sertão do Ceará eu corria atrás de boi brabo.

Eu fiquei pouco com o meu povo porque eu vim do sertão trabalhar, do sertão eu desandei pra cá pra vir ganhar dinheiro em Brasília, cheguei e ganhei, foi a vida, eu fiquei com a vida comprida demais e sem opção pra voltar. Vim parar aqui, trabalhei com o Roure dez anos – ele que me deu isso aqui.

Quando eu completei a idade mais ou menos de 26 anos, eu vim embora. Cheguei aqui na Cidade Livre, no Núcleo Bandeirante. Calixto era chefe das máquinas da Camargo Corrêa. “Eu vou fichar 50 homens de hoje pra amanhã pra irem pro rio. Vocês vão fazer os bueiros” [da estrada federal que descia lá do Café Planalto]. Aí quando foi um dia de manhã, nós estávamos trabalhando, chegou o seu Alfa: “Estevam, pega aqueles rapazes pra nós levarmos eles lá na galeria pra fazer um serviço, que a máquina não deu conta de tirar a...

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Votorantim Fercal

Depoimento de Luiz Firmino de Souza

Entrevistado por Andréia Aguiar e Márcia Trezza

Fercal, 09/06/2015

Realização Museu da Pessoa

VOF_HV009_Luiz Firmino de Souza

Transcrito por Ana Carolina Ruiz

MW Transcrições

R – Dizem eles que eu nasci no dia seis de maio de 1933. Diz que eu nasci nesse dia, né? Eu não vi. Se vi não entendi. Não entendia nada naquele tempo. Mas eu nasci no dia seis de maio de 1933.

P/1 – E quem passou essa informação pro senhor?

R – Foram meus parentes, meus pais, irmãos e tal.

P/1 – Seus pais, né? E onde o senhor nasceu, seu Luiz?

R – Quando eu nasci?

P/1 – Onde. O local. Qual estado?

R – Eu nasci em Tauá.

P/1 – Tauá fica onde?

R – Tauá fica lá nos calcanhares do Judas lá do Ceará.

P/1 – Do Ceará, né? Qual o nome do senhor?

R – Luiz Firmino de Souza.

P/1 – E o nome dos seus pais?

R – Francisco Firmino de Souza e Francisca Vieira de Souza.

P/1 – E o que o senhor lembra do seu pai, seu Luiz?

R – Lembro que ele era um homem alto, é até bem parecido e tudo, mas morreu.

P/1 – E da sua mãe?

R – Minha mãe era uma mulher baixa assim do tipo dessa daí e tranquila também.

P/1 – E o que eles faziam, seu Luiz?

R – Pelejavam com a vida.

P/1 – Esse pelejar eles trabalham com o que?

R – Pelejavam com a vida porque ganhava a vida assim trabalhando de qualquer jeito e tal e ia levando a coisa. Porque de gente pobre você sabe como é que é, é igual sua mãe, peleja daqui, peleja acolá, briga com um, arruma com outro e tal, mas gente pobre só vive de sofrimento mesmo.

P/1 – E o senhor lembra lá da sua casa, do local onde o senhor morava quando era criança?

R – Lembro. Eu me lembro de alguns lugares. Algumas coisas que aconteceram comigo eu lembro, mas muito pouco.

P/1 – O senhor gostava de brincar?

R – Toda vida fui brincalhão. Toda vida brinquei e acordei cedo e comecei a tratar da vida pra aqui, pra acolá trabalhando, né?...

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