Era Varsóvia, década de 1920, provavelmente um dos piores lugares e tempos históricos para ser judeu no mundo. O ar era de apreensão e o sentimento de angústia. O que se sabia é que as coisas não eram mais as mesmas e o pressentimento era de que algo muito ruim estava por vir; o nível da gravidade ainda era impossível dimensionar, mas foi suficiente para que os cinco filhos de Roize e Avraham Kasjusz, todos adultos, decidissem sair da Polônia sem destino.
Isaac, Yankel, Fayga, Dvora, Samuel eram irmãos e juntos formavam uma família judia absolutamente ordinária na Polônia e que, como quase todas, passava por algum nível de dificuldade financeira. Mesmo assim, moldados por valores judaicos, cultivavam a religião no seio familiar e eram muito unidos. No entanto, com a situação tendo se tornado praticamente impossível para eles lá, perceberam que não poderiam fugir todos juntos, e dentro de seus respectivos núcleos familiares foram decidindo para onde iriam.
Isaac, já casado com Szandla e pais de 4 filhos decidiram mandar seu filho mais velho, Jayme Kasjusz para o Rio de Janeiro para trabalhar, ganhar dinheiro e conseguir documentação para trazer seus pais e irmãos. Jayme foi bem-sucedido e foi capaz de trazer todos de seu núcleo familiar. Instalaram-se no Rio, onde seus descendentes vivem até hoje.
Yankel se casou com Frieda e partiram em direção aos Estados Unidos, mais especificamente para Nova Iorque, onde criariam seus dois filhos, Abraham e Moishe.
A filha Fayga, casada com Samuel, partiu para Minas Gerais no Brasil para tentar a sorte em solo brasileiro, mas afastada da capital à época. Suas filhas Sara e Helena casaram-se também e deram origem a duas lindas famílias, que depois de anos se mudaram para São Paulo onde vivem até hoje.
Dvora, casou-se com Yaakov Szapiro, e tiveram 9 filhos juntos, desses, pelo menos 5 constituíram famílias e produziram muitos descendentes. Instalaram-se na cidade de São Paulo.
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Era Varsóvia, década de 1920, provavelmente um dos piores lugares e tempos históricos para ser judeu no mundo. O ar era de apreensão e o sentimento de angústia. O que se sabia é que as coisas não eram mais as mesmas e o pressentimento era de que algo muito ruim estava por vir; o nível da gravidade ainda era impossível dimensionar, mas foi suficiente para que os cinco filhos de Roize e Avraham Kasjusz, todos adultos, decidissem sair da Polônia sem destino.
Isaac, Yankel, Fayga, Dvora, Samuel eram irmãos e juntos formavam uma família judia absolutamente ordinária na Polônia e que, como quase todas, passava por algum nível de dificuldade financeira. Mesmo assim, moldados por valores judaicos, cultivavam a religião no seio familiar e eram muito unidos. No entanto, com a situação tendo se tornado praticamente impossível para eles lá, perceberam que não poderiam fugir todos juntos, e dentro de seus respectivos núcleos familiares foram decidindo para onde iriam.
Isaac, já casado com Szandla e pais de 4 filhos decidiram mandar seu filho mais velho, Jayme Kasjusz para o Rio de Janeiro para trabalhar, ganhar dinheiro e conseguir documentação para trazer seus pais e irmãos. Jayme foi bem-sucedido e foi capaz de trazer todos de seu núcleo familiar. Instalaram-se no Rio, onde seus descendentes vivem até hoje.
Yankel se casou com Frieda e partiram em direção aos Estados Unidos, mais especificamente para Nova Iorque, onde criariam seus dois filhos, Abraham e Moishe.
A filha Fayga, casada com Samuel, partiu para Minas Gerais no Brasil para tentar a sorte em solo brasileiro, mas afastada da capital à época. Suas filhas Sara e Helena casaram-se também e deram origem a duas lindas famílias, que depois de anos se mudaram para São Paulo onde vivem até hoje.
Dvora, casou-se com Yaakov Szapiro, e tiveram 9 filhos juntos, desses, pelo menos 5 constituíram famílias e produziram muitos descendentes. Instalaram-se na cidade de São Paulo.
Por fim, o quinto filho Samuel fugiu da Polônia e foi para a cidade Nova Iorque, mas em período distinto de seu irmão Yankel. Não há muito registro sobre o paradeiro deste núcleo familiar.
A família Kasjusz, em poucos meses, se viu desfeita enquanto família. Foi cada um para um canto do mundo, alguns mudaram a grafia de seus sobrenomes, as filhas adotaram os sobrenomes dos maridos e alguns irmãos não tinham notícias sobre o paradeiro dos outros - sequer sabiam se estavam vivos e se haviam escapado do terror do nazismo.
Depois de um tempo, principalmente aqueles que estavam no Brasil, passaram a procurar os primos e tios distantes e alguns deles se encontraram. Em um desses encontros, a filha de Isaac, Esther, acabou se casando com o neto de Dvora, Binem, o que fez com que esses dois galhos da família passassem a se frequentar. Além disso, parte da família que estava no Rio de Janeiro, assim como os primos mineiros, vieram para São Paulo, que passou a reunir a maior parte dos descendentes longínquos daquele velho casal de Varsóvia.
Foi então que no início da década de 1990, em São Paulo, os primos Jacques Wrona, filho de Binem e Esther; Marcos Goldchmit, neto de Fayga Kasjusz e Samuel Tchurs; e Mathusalem Casiuch, neto de Isaac e Szandla Kasjusz, passaram a se reunir periodicamente com o seguinte objetivo: reunir e promover o encontro dos descendentes de Roize e Avraham Kasjusz.
Depois de intensas pesquisas e muitas ligações telefônicas, os três haviam montado a árvore genealógica e estavam prontos para reunir a família novamente após sua dispersão provocada à força, em meio à fuga da Europa.
Em 1998, os três idealizadores reuniram mais de 250 descendentes diretos do casal em um hotel no interior de São Paulo. A família Kasjusz, ou família K, como se denominam, está espalhada em 3 continentes, presentes hoje no Brasil, Chile, Colômbia, Estados Unidos, França, Portugal e Israel, e desde 1998 se reúnem a cada dois anos em uma convenção familiar, promovendo “EnKontros K” em uma família cuja a história forçou o desencontro.
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