O DESTINO ME LEVOU A MANAUS
Lembro-me muito bem!
Era noite de 02 de janeiro de 1980, o avião pousara em uma pista escura, ao abrir a porta um ar quente e úmido entrou e acelerou meu coração, bacurais1 voavam baixo soltando um grito penetrante, o som dos insetos me dava medo.
Tinha chegado a Manaus!
Rapidamente fomos para o hotel. No caminho uma escuridão total, uma luz aqui outra ali. O calor tomava conta do meu corpo, mas não conseguia transpirar, o suor secava e me sentia pegajoso. Os carapanãs2 nos davam boas-vindas picando insistentemente. Uma coruja na entrada do hotel, chamou minha atenção, parecia que me vigiava e quando eu olhava, ela dava um giro de 180º em sua cabeça.
Eu não sabia o que ia encontrar nesta cidade, sabia que a cidade era conhecida pela Zona Franca e estava em pleno desenvolvimento industrial. Estava sozinho nesta cidade e na flor da mocidade.
Não conhecia ninguém, tinha vindo apenas com alguns colegas para trabalhar.
O destino me levou a Manaus!
Foi aí que começou minha nova vida com um mundo novo pela frente, com todos os obstáculos, dificuldades, alegrias, grandes amizades e muita história para contar.
Bacurais1 – Pássaros noturnos
Carapanãs2 – mosquitos, pernilongos
Texto extraído do livro: \\\"Crônicas de um Carioca Manauara\\\" - Silmo Prata
Editora Futurama, lançado na Bienal do Livro Rio 2019 e na Mega Sorveteria Glacial Manaus em 2020