São vários objetos que guardo com carinho ao longo dos anos, escolhi para relatar a história de um aluno que passou pela minha vida e ensinou-me a amar, respeitar e ter mais carinho pelas crianças. Recém formada, em 1986, comecei a dar aulas na Escola Estadual Laura Lopes, em São Caetano do Sul, para o 4º ano do Ensino Fundamental I. Tinha um aluno que era muito indisciplinado, não se interessava pelos estudos (como era inexperiente, não entendia o comportamento deste aluno e ficava muito preocupada e ansiosa com o seu desempenho). No mês de outubro, uns dois dias antes da comemoração do Dia dos Professores, marquei uma prova e pedi para ninguém faltar nesse dia Exatamente no dia da prova, o aluno Willians faltou. Era uma terça-feira e, neste dia, tinha feira no bairro. As crianças costumavam faltar para ajudar os feirantes e ganhar um dinheiro para ajudar a família. No dia seguinte, quando Willians veio à aula, não perguntei o motivo da falta. Já fui dando bronca, falando que ele iria ficar sem fazer a prova e estaria com zero de nota. Nunca esqueci seu olhar, com um pacote na mão falando: - Professora, trabalhei na feira ontem para poder comprar este presente para a senhora, pelo Dia dos Professores. Era um cavalo de cerâmica. Chorei de emoção, quando lembro, peço a Deus que ele tenha um futuro brilhante. Aprendi com a atitude deste meu aluno Willians a refletir e a ouvir antes de tirar conclusões precipitadas. Hoje, procuro conhecer meus alunos como um todo, saber a sua história de vida e buscar caminhos para ajudá-los. “O excelente educador é aquele que abraça os outros quando todos os rejeitam. É o que ensina a chorar falando de suas próprias lágrimas.” (Augusto Cury) (Depoimento de setembro de 2008)