Biografia Oficial
Mano Oxxi
(Agnaldo Munhoz de Camargo)
Mano Oxxi, nome artístico de Agnaldo Munhoz de Camargo, nasceu em 1977, no Morro da Cruz, em Porto Alegre (RS). Filho de Jacy Munhoz de Camargo e de Roberto Pinheiro da Luz, cresceu em meio à um bolsão de miséria periférica.
Não carregou o sobrenome do pai biológico, e essa marca de identidade também se transformou em símbolo de resistência. Teve oito irmãos – Marco Aurélio, Vera Regina, Jane Camargo, Deovaldo Camargo, Euclides Camargo, Raimundo Camargo, Orlando Munhoz e Mara Camargo da Luz – e desde cedo enfrentou a pobreza, o preconceito e a violência estrutural.
Viveu em diversas comunidades de Porto Alegre – Vila Pinto, Vila Divinéia, Bom Jesus, Mato Sampaio, Vila Jardim – até que, aos 9 anos de idade, mudou-se para o Morro Santa Tereza, território que se tornou seu espaço formador de juventude, cultura e militância.
Dessa experiência concreta de exclusão e de solidariedade comunitária nasceu o artista, o militante e o intelectual periférico que marcaria gerações.
Pai de Patrick Camargo, Luara Camargo, Aldrey Camargo, Julie Camargo, Dandara Camargo e Cael Camargo, reafirma em sua vida pessoal o compromisso com a ancestralidade, a memória e o futuro.
Trajetória Artística
O rap foi a ponte entre a dor e a esperança. Mano Oxxi fundou, no início dos anos 2000, o lendário grupo DNAMC’s – Dinastia Negra Absoluta, que se consolidou como um dos pilares do rap gaúcho.
Em 2002, lançou o disco O Pesadelo do Sistema, o Orgulho da Periferia, um manifesto musical que trouxe à tona as vozes silenciadas da juventude negra e periférica da zona sul de Porto Alegre-RS.
Em 2018, retornou com força à cena, lançando o álbum Segue Valendo o Nosso Objetivo, disponibilizado no YouTube, com 8 faixas inéditas – entre elas Zumbi Vive, Nossa Vida e Estado Torto – reafirmando sua maturidade artística e política.
O disco contou com produções de DJ...
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Biografia Oficial
Mano Oxxi
(Agnaldo Munhoz de Camargo)
Mano Oxxi, nome artístico de Agnaldo Munhoz de Camargo, nasceu em 1977, no Morro da Cruz, em Porto Alegre (RS). Filho de Jacy Munhoz de Camargo e de Roberto Pinheiro da Luz, cresceu em meio à um bolsão de miséria periférica.
Não carregou o sobrenome do pai biológico, e essa marca de identidade também se transformou em símbolo de resistência. Teve oito irmãos – Marco Aurélio, Vera Regina, Jane Camargo, Deovaldo Camargo, Euclides Camargo, Raimundo Camargo, Orlando Munhoz e Mara Camargo da Luz – e desde cedo enfrentou a pobreza, o preconceito e a violência estrutural.
Viveu em diversas comunidades de Porto Alegre – Vila Pinto, Vila Divinéia, Bom Jesus, Mato Sampaio, Vila Jardim – até que, aos 9 anos de idade, mudou-se para o Morro Santa Tereza, território que se tornou seu espaço formador de juventude, cultura e militância.
Dessa experiência concreta de exclusão e de solidariedade comunitária nasceu o artista, o militante e o intelectual periférico que marcaria gerações.
Pai de Patrick Camargo, Luara Camargo, Aldrey Camargo, Julie Camargo, Dandara Camargo e Cael Camargo, reafirma em sua vida pessoal o compromisso com a ancestralidade, a memória e o futuro.
Trajetória Artística
O rap foi a ponte entre a dor e a esperança. Mano Oxxi fundou, no início dos anos 2000, o lendário grupo DNAMC’s – Dinastia Negra Absoluta, que se consolidou como um dos pilares do rap gaúcho.
Em 2002, lançou o disco O Pesadelo do Sistema, o Orgulho da Periferia, um manifesto musical que trouxe à tona as vozes silenciadas da juventude negra e periférica da zona sul de Porto Alegre-RS.
Em 2018, retornou com força à cena, lançando o álbum Segue Valendo o Nosso Objetivo, disponibilizado no YouTube, com 8 faixas inéditas – entre elas Zumbi Vive, Nossa Vida e Estado Torto – reafirmando sua maturidade artística e política.
O disco contou com produções de DJ Jean, Quilombo Beats (PE) e Leo Jay (RS), além de participações de Paulo Dionísio (Produto Nacional), Adriano Voz (Santo de Casa) e Spawn (AFROCALIPSE).
Para Mano Oxxi, o Hip-Hop sempre foi mais que música: é ciência, tecnologia social e instrumento de emancipação coletiva. Suas letras carregam crítica social, espiritualidade africana e compromisso com a juventude periférica.
Militância e Liderança social
Ainda jovem, Mano Oxxi entendeu que o Hip-Hop deveria ocupar não apenas as ruas, mas também as instituições e os espaços de decisão política.
Foi fundador de coletivos e iniciativas históricas: Militantes da Sul, Rádio Atitude Sul, Fórum Permanente do Hip-Hop Gaúcho, Sarau Afro Gueto Urbano (com mais de 200 artistas e 5 mil pessoas alcançadas em 8 anos de história) e a Nação Hip Hop Brasil, entidade da qual foi presidente municipal, estadual e nacional.
Em 2003, protagonizou o ato histórico de escalar a torre da Usina do Gasômetro em Porto Alegre, como gesto de luta pela criação do feriado do 20 de novembro – Dia da Consciência Negra, hoje reconhecido nacionalmente como marco de resistência.
Sua atuação o levou também à esfera institucional: foi membro do Conselho Nacional de Juventude (2006–2010), sendo um dos poucos representantes da periferia nesse espaço.
Recebeu importantes reconhecimentos, como o Prêmio Direitos Humanos (2006), na categoria Protagonismo Juvenil, e o Prêmio Preto Ghóez (2010), concedido pelo Governo Federal.
Incidência Política e Legislação
No campo da política institucional, Mano Oxxi foi filiado ao PCdoB (2004–2012), período em que atuou como assessor parlamentar do deputado Raul Carrion (2009–2012), colaborando na criação da Lei Estadual 13.043/2008, que instituiu a Semana Estadual do Hip-Hop no Rio Grande do Sul.
Foi também protagonista da Lei Municipal 10.378/2008 (Porto Alegre), que criou a Semana Municipal do Hip-Hop.
Em 2008, candidatou-se a vereador em Porto Alegre pelo PCdoB, alcançando 2.128 votos e se tornando o primeiro rapper da cidade a atingir essa marca expressiva nas urnas, consolidando o rap como voz política da periferia.
É idealizador do PL 124/2009, que instituiu a Lei de Incentivo e Fomento ao Hip-Hop no RS; foi um dos fundadores do Colegiado do Hip-Hop em Canoas; e também um dos responsáveis pela realização do Encontro Estadual do Hip-Hop na Assembleia Legislativa do RS (ALERGS), reunindo mais de mil pessoas no Teatro Dante Barone, em um dos maiores atos de afirmação cultural da história do movimento no estado.
Além disso, Mano Oxxi é idealizador do projeto Muvuca Cultural, iniciativa voltada a valorizar artistas locais, promover a diversidade cultural e fomentar a cultura nas periferias, fortalecendo a produção cultural independente e a democratização do acesso à arte.
Em 2022, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT), onde atua como assessor parlamentar federal da deputada Maria do Rosário, articulando a pauta da juventude, da cultura e do Hip-Hop no Congresso Nacional.
Atualmente, é um dos principais articuladores da Lei Nacional do Hip-Hop (PL 4023/2025), marco legislativo que busca consolidar uma política pública de Estado para o movimento em todo o Brasil.
Instituto Latino-Americano de Hip-Hop (ILAH²)
Em 2025, Mano Oxxi fundou o Instituto Latino-Americano de Hip-Hop (ILAH²), projeto inédito que articula cultura, ciência, educação, meio ambiente e política pública em escala nacional e continental.
O ILAH² reúne documentos estratégicos, observatórios, relatórios científicos e projetos inovadores como o Banco de Dados Científico do Hip-Hop Brasileiro, o livro Hip-Hop Transversal, a Linha do Tempo Estratégica 2025–2030, além de iniciativas de formação, pesquisa, mentoria reversa e advocacy cultural.
O lema oficial do ILAH², criado por Mano Oxxi, sintetiza sua visão política:
“Latino-americanizar é libertar. ”
Legado e Futuro
A trajetória de Mano Oxxi é marcada pela afrocentricidade, pela luta por reparação histórica, pela defesa do meio ambiente e pela soberania cultural das periferias.
Sua vida une música, política e educação em uma mesma linha de resistência e esperança.
De filho da periferia de Porto Alegre a líder nacional e latino-americano do Hip-Hop, Mano Oxxi mostra que é possível contrariar todas as estatísticas. Sua biografia é testemunho de uma geração que resiste, cria e transforma.
Hoje, ele é reconhecido como rapper, intelectual periférico, gestor cultural e articulador político do Hip-Hop latino-americano, alguém que não apenas canta a realidade, mas também pensa e escreve leis, mobiliza multidões e constrói instituições para garantir que o Hip-Hop seja ciência, cultura e política pública.
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