IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Augusto Franklin Ferreira Dantas Caldas. Nasci em 15 de dezembro de 1952, em Itapeti, Pernambuco. MIGRAÇÃO Saí de Pernambuco, com 2 anos de idade. Vim para o interior do Rio Grande do Norte, uma cidade chamada Patu. Na realidade, com poucos anos de casado, meu pai veio trabalhar, no Rio Grande do Norte, iniciou um comércio. Foi o motivo da gente ficar aqui. INGRESSO NA PETROBRAS Ingressei na Petrobras logo que me formei, em fevereiro de 1976. Eu me formei em geologia, na Universidade Federal de Pernambuco. Naquela época, o mercado de geologia era bem aquecido, era muito forte essa coisa da mineração. Pernambuco era o Estado onde não tinha bacias sedimentares, então, a universidade, de lá, formava muito para a parte de exploração mineral. Nós tínhamos uma cultura voltada para parte mineral. No último ano de faculdade, comecei a fazer especialização em águas subterrâneas, que tinha muito a ver, com atividade de exploração de petróleo. Aí fiz o concurso, fui aprovado e comecei a história com a Empresa. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Fui trabalhar em Belém. Era uma coisa difícil. Eu nunca tinha saído de casa, por muito tempo, sempre morei com minha família. Estudei fora, desde dos 11 anos, tive que sair da minha cidade. Lá, a qualidade de ensino não era tão boa e, meu pai, privilegiava muito essa parte da educação. Mas, sempre morei em casa ou interno, no tempo do colégio. Fui para Recife com a família, então, a primeira vez, que saí de casa para morar só, foi quando fui morar em Belém. Era uma cidade muito diferente das cidades do nordeste. Uma cidade grande, mas muito distante de tudo, uma cidade, numa região de selva. Entrei na Petrobras pela unidade de Belém, já era uma unidade antiga, que existia há mais de 20 anos. Cheguei em Belém, quando estava sendo criada essa unidade, aqui, do Rio Grande do Norte. Então, 3 meses depois, que comecei a fazer o curso de...
Continuar leituraIDENTIFICAÇÃO Meu nome é Augusto Franklin Ferreira Dantas Caldas. Nasci em 15 de dezembro de 1952, em Itapeti, Pernambuco. MIGRAÇÃO Saí de Pernambuco, com 2 anos de idade. Vim para o interior do Rio Grande do Norte, uma cidade chamada Patu. Na realidade, com poucos anos de casado, meu pai veio trabalhar, no Rio Grande do Norte, iniciou um comércio. Foi o motivo da gente ficar aqui. INGRESSO NA PETROBRAS Ingressei na Petrobras logo que me formei, em fevereiro de 1976. Eu me formei em geologia, na Universidade Federal de Pernambuco. Naquela época, o mercado de geologia era bem aquecido, era muito forte essa coisa da mineração. Pernambuco era o Estado onde não tinha bacias sedimentares, então, a universidade, de lá, formava muito para a parte de exploração mineral. Nós tínhamos uma cultura voltada para parte mineral. No último ano de faculdade, comecei a fazer especialização em águas subterrâneas, que tinha muito a ver, com atividade de exploração de petróleo. Aí fiz o concurso, fui aprovado e comecei a história com a Empresa. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Fui trabalhar em Belém. Era uma coisa difícil. Eu nunca tinha saído de casa, por muito tempo, sempre morei com minha família. Estudei fora, desde dos 11 anos, tive que sair da minha cidade. Lá, a qualidade de ensino não era tão boa e, meu pai, privilegiava muito essa parte da educação. Mas, sempre morei em casa ou interno, no tempo do colégio. Fui para Recife com a família, então, a primeira vez, que saí de casa para morar só, foi quando fui morar em Belém. Era uma cidade muito diferente das cidades do nordeste. Uma cidade grande, mas muito distante de tudo, uma cidade, numa região de selva. Entrei na Petrobras pela unidade de Belém, já era uma unidade antiga, que existia há mais de 20 anos. Cheguei em Belém, quando estava sendo criada essa unidade, aqui, do Rio Grande do Norte. Então, 3 meses depois, que comecei a fazer o curso de formação em Belém, vim estagiar aqui e aqui fiquei. Cheguei para trabalhar numa unidade muito pequena, que estava em formação. Na área de geologia, fora o chefe da Divisão, na época tinha mais 5 geólogos. Dois, com dois anos de empresa e três, com um ano. E eu estava chegando, com zero ano. Isso era muito positivo, porque era uma unidade, que se formou, com muita gente nova. Era todo mundo entrando, era, mais ou menos, o primeiro emprego, o primeiro trabalho da gente. Imagino, que isso deu uma diferença muito grande essa unidade. Estava todo mundo chegando, com aquela vontade de construir e, mesmo hoje, depois de 27 anos. Tem muita gente da unidade, com esse tempo de empresa. Essa unidade é diferente, tem um espírito muito jovem. Todo mundo conta com todo mundo, na hora de fazer alguma coisa nova. É um pessoal muito empreendedor. As mudanças, aqui, acontecem muito rapidamente, tanto mudanças estruturais mais locais. É um pessoal muito aberto a mudança, elas acontecem com muita facilidade. Rodei por outras unidades e, sempre, tive um contato muito próximo com a sede. Mas, uma coisa que eu percebo, das pessoas que vem aqui, de qualquer área, é que elas percebem esse espírito diferente da unidade. É uma unidade que, de um modo geral, do gerente geral ao operador de produção - a pessoa que está na sonda, o geólogo que está no poço, o administrador que está tanto na sede como lá, na atividade operacional - todo esse pessoal, tem essa vontade de fazer acontecer. O momento mais marcante foi a chegada, na Petrobras. Mesmo tendo um curso de geologia, fui fazer um curso na atividade de petróleo. Tudo era novidade. Eu nunca tinha ouvido nada daquilo. Ou seja, a gente está num País de dificuldade de formação. Já tinha curso de geologia, há mais de 10 anos, a minha universidade era uma das mais antigas, tinha 15 anos, praticamente, que formava gente, mas não formava para geologia. Então, uma coisa muito importante, foi fazer um curso, onde tudo era novidade, para mim, na área de geologia de sub-superfície. Outro momento, foi o meu primeiro embarque numa plataforma. Eu ficava aqui, perfurando no campo de Agulha, que era das primeiras descobertas, no Rio Grande do Norte. Tinha sido descoberto o campo de Ubarana, que estava se preparando para entrar em produção. Trabalhei nas primeiras plataformas de Ubarana, mas, o campo de Agulha, esse, foi o poço descobridor de Agulha. Era uma plataforma, que o heliporto ficava na perna. Como nós estávamos com a lamina d’água muito baixa, nesse local, a perna era muito alta e a gente tinha que pousar na perna, da plataforma. Eu trazia muita bagagem, uma mala enorme, material de estudo, apostilas, estava em treinamento. Foi um sufoco descer naquela plataforma. Não dava nem muita vontade de voltar, com medo de passar tudo aquilo novamente, de subir aquela perna. Dessa vez, fiquei 28 dias, porque tive dificuldade. Nós tínhamos uma equipe muito pequena, tinha muita operação e a gente não tinha quem substituísse. Na época, o gerente negociou. Eu ia ficando, enquanto chegava... Realmente, foi um tempo grande, você ficar 28 dias numa plataforma, na primeira vez. Uma plataforma, que não tinha nada de conforto, nada de lazer. Nesse tempo, não existiam telefones em plataforma, a gente conseguia se comunicar, por rádio. Muitas vezes, para eu falar com Natal, tinha que fazer uma ponte via Belém. A plataforma falava melhor com Belém, do que com Natal. Tinha uma dificuldade de comunicação muito grande. O primeiro grande impacto foi, então, esse primeiro contato. Tinha uma coisa de romântico, porque você estava vendo coisa nova, estava começando a trabalhar. Estava numa empresa do porte da Petrobras. Por outro lado, tinha aquela coisa que fazia medo, que assustava. Era você estar no meio de um mar, estar vendo equipamentos enormes, a plataforma. Então era uma coisa nova, assustava e dava prazer, ao mesmo tempo. Trabalhei muitos anos na exploração, em várias atividades. Tanto em escritório, como em terra, no mar. Quando foi em 94, no auge daquela campanha enorme - pela privatização da Petrobras, pela quebra do monopólio -, aqui, teve um movimento, também muito forte, para se trazer a refinaria (que refinaria?) para ao Rio Grande do Norte. Naquela época, o governo assinou, com a possibilidade de se fazer mais uma refinaria, no Nordeste. Um assunto, que está voltando hoje. O Rio Grande do Norte, sendo o segundo maior produtor de petróleo, se achava no direito de se adiar(?) essa refinaria. Houve um movimento de rua, envolvendo o pessoal de universidade, estudante secundarista, sindicatos, políticos, segmento empresarial... Toda a sociedade do Estado, se mobilizou em torno dessa refinaria. Também houve pressão pelos proprietários de terra. Além do grande movimento nacional para se desmoralizar as instituições, principalmente a Petrobras, as empresas públicas e tudo, aqui, no Estado, tinha esse movimento. Nesse tempo, fui convidado, eu era da exploração, pelo gerente geral e pelo superintendente da produção, o engenheiro Rafael Frazão, para vir assumir a Gerência de Comunicação. Eu nem sequer sabia direito, o que se fazia na Comunicação. Eu era muito da área técnica, participei da comissão, que trabalhou contra a quebra do monopólio e contra a privatização da Petrobras, com um grupo muito focado em ações, com os parlamentares do Estado. Nós fizemos uma coisa diferente, do que se fez no restante do País. Enquanto, o pessoal estava indo para Brasília pressionar os parlamentares, lá no Congresso e tal, fazer aquele movimento de convencimento; a gente, aqui, atuou de uma forma diferente, atuou nas bases. Fomos nos prefeitos dos municípios produtores, mostrando exatamente, que vantagem tinha, o que era o relacionamento com a Petrobras. Esses prefeitos, é que faziam a grande pressão para os parlamentares. Isso aí teve um resultado positivo, aqui, e não sei se, em conseqüência disso, fui convidado para ir para essa área. Relutei muito de princípio, porque eu tinha uma formação técnica, atuava na área técnica, há bastante tempo. Era uma coisa totalmente diferente, uma coisa, que eu não sabia como ia ser. Eu não tinha uma motivação maior para vir para área. Cheguei nessa atividade, em novembro de 94, quando teve um processo de fusão das três unidades. Eram três distritos. Um de exploração, um de produção e um de perfuração. Isso se tornou uma única unidade de negócio, com um gerente geral. Então, na troca do gerente geral, chegou, aqui, o geólogo Horácio Lugon, que vinha da Bacia de Campos, e me convidou para permanecer na atividade. Fizemos um plano de comunicação focado para cada público alvo, exatamente para tirar arestas, esclarecer a sociedade, de um modo geral, o que era essa atividade. Foi dando resultado. É um trabalho de equipe, onde todos os gerentes da unidade se envolveram muito. O plano contemplava várias áreas, todas as áreas de negócio da empresa. Deu um resultado muito positivo, de princípio. Então, fui permanecendo. Já estou com quase 9 anos, de Comunicação. Acho, que quando a gente fica muito tempo numa atividade, é bom que se areje. A equipe vem se renovando, a gente também. Por outro lado, a Petrobras vem mudando, o País vem mudando, o mundo vem mudando. A gente, também, tem que ir mudando. O que se fez há quase 10 anos, hoje, não é mais válido. O processo que a gente utilizou. Aquela coisa de focar no público alvo, usar as ferramentas de comunicação, principalmente, a vivência da área, o conhecimento, a cultura, que tem aqui da região. Como sou daqui isso facilitou muito, mas,isso cansa. É uma atividade em que você não descansa, está sendo demandado todo tempo. Tem que estar ligado em todos os movimentos, que estão acontecendo, tanto externos como internos da companhia. Essa coisa traz um peso, meio grande, para você atuar. Por um outro lado, dá um bocado de prazer. Já estou, há bastante tempo, daqui a pouco, realmente, vai estar na hora de mudar de área. Mas é uma coisa, que se torna meio um vício. A Comunicação não é nada e ela vira um vício. Você faz uma coisa interessante com a equipe, uma coisa planejada, isso vai dando resultado e você vai fazendo mais. Quando você vai ver, já se passaram 10 anos. É assim, que a gente encara a Comunicação e o trabalho aqui. IMAGENS DA PETROBRAS A Petrobras nasceu de um movimento de rua. Duvido, que naquela época, alguém, por interesse empresarial, comprasse ações da Empresa. Aqui, tive contato com muita gente, que comprou porque acreditava, que o Brasil poderia ter uma empresa desse tamanho. Era um sonhador, uma pessoa que teve um sonho. Outra coisa muito importante, é que uma empresa como a Petrobras, permite a pessoas como eu - que morei até os 10 anos em fazenda, até os 9 anos estudando em escola de fazenda, que tive, naquela época, a felicidade de ter acesso à escola pública., estudei interno de colégio agrícola, de excelente qualidade – permite que, através de um concurso nacional, façam parte de uma das maiores empresas do mundo. E você cresce. Cheguei ao último nível, que se pode chegar como geólogo na empresa. Sou geólogo 4, do último nível, sem precisar de apadrinhamento político, de bilhete de ninguém. Você trabalha e a empresa reconhece. Isso é uma coisa que acho muito importante. Tem outra coisa muito importante. Uma empresa que chega aos 50 anos, com a vitalidade que a Petrobras tem, o sucesso que alcançou, a gente tem que lembrar, que isso vem lá de trás. Foram pessoas que começaram. Atrás disso, tem muito amor, trabalho, competência, muita tecnologia desenvolvida. Mas, tem muita gestão, também. Ninguém anda em rebanho solto, sempre alguém conduz isso. Então, acho que é uma questão de justiça a gente poder falar isso. Tudo o que tem de bom nessa empresa, hoje, com a tecnologia mais sofisticada, começou lá atrás, com alguém fazendo de uma maneira mais tosca, menos desenvolvida. Mas, que cumpriu os objetivos, da Empresa, em todos os estágios políticos, seja em períodos de democracia, de ditadura, questionamentos políticos e tal. Então, a gente sempre conseguiu fazer bem, e é um motivo de orgulho para todos nós, que fazemos a Petrobras. Muito mais do que orgulho, é motivo de estímulo para os que nos sucederão, como é esse reconhecimento, que a gente tem que fazer, para os que nos antecederam. Isso é uma coisa muito forte, que tem que ficar.
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