Em 2018 passei por uma separação muito conturbada. Fui colocada e me senti como lixo... No mesmo ano realizei um vestibular na qual conquistei um bolsa 100% no curso de Psicologia. No curso de Psicologia meus caminhos se encontraram com os da Professora Ma. Flávia Lisboa, uma profissional ética e apaixonada. A partir da matéria de psicologia social ministrada com muita ética e afeto lecionada por Flavinha (como carinhosamente é chamada),
pude me descobrir como mulher negra, vivia em um limbo identitário-racial, chamado \\\"pardo\\\". Feria minha cabeça constantemente pelo uso de produtos químicos, em uma tentativa frustrada de \\\"ficar bonita\\\". Foram 5 anos de construção e reconstrução, um processo lindo e doloroso de ressignificação, afinal tornar-se negra é um vir-a-ser como nos explica Neusa Santos no livro \\\"Torna-se Negro\\\". Torna-se negra e ser negra é um ato político, é a resistência de uma força que brota de nossa ancestralidade. Finalmente no dia 15/12/2023 pude reescreviver parte da minha história através da defesa do meu TCC de título \\\"Nem tão preto, nem branco: os impactos psicológicos causados pelo não pertencimento do pardo em seu processo de tornar-se e ser negro\\\", pela metodologia de escrevivência de Conceição Evaristo. Não foi fácil trazer vivências de dor, superação e resistência entrelaçados a conceitos e contextos sócio-histórico-políticas na construção social brasileira que é mergulhada no racismo e desigualdade. Mas sabia dentro de mim que seria necessário. Hoje (28/12/2023), oficialmente Bacharel em Psicologia pelo sistema da IES, irei repetir o que disse na defesa do meu trabalho: \"Aturam ou Surtam (verem uma mulher negra vencer)? Vão ter que aturar surtando!!!
De mulher humilhada à uma mulher negra graduada.
Dedico à todas as mulheres: mães, negras, pobres, faveladas, desacreditadas, um dia humilhadas...