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Por: Museu da Pessoa, 10 de junho de 2015

A gente fazia tudo: vacina, injeção, fiz até parto

Esta história contém:

A gente fazia tudo: vacina, injeção, fiz até parto

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Nasci em 23 de setembro de 1955 em Salina, Goiás. Eu tenho imagem dos meus pais muito boa, muito bonita e muito sofrida. Naquele tempo as pessoas sofriam muito pra criar os seus filhos, eles trabalhavam em roça, lutavam muito pra poder sustentar os 12 filhos. Mas era uma vida muito boa, que era todo mundo unido, tudo em casa. Nós íamos pra roça pra ajudar o pai. Chegava da roça, ia ajudar a mãe. Lembro como hoje da casa de palha e pau a pique. A gente dormia em cama de vara, com colchão de palha. Minha mãe fiava na roda o algodão que colhia na roça pra fazer o pano do colchão, das nossas roupas e fazia boneca de pano. Ela cortava os panos, enchia de algodão, cortava uma fitinha preta, um paninho preto, desfiava e fazia o cabelo, pegava uma linha vermelha, fazia o olho, a boquinha. Era do que nós brincávamos, bonequinha de pano. Era Mariana, minha bonequinha.

Naquele tempo a gente nem estudava, não conhecia a cidade, não conhecia nada, não conhecia um carro. A primeira vez que eu vi avião, eu saí gritando, correndo, chorando, com medo. Eu fui conhecer carro quando tinha uns 12 anos. Conhecia carro de boi, que a gente usava pra moer, fazer rapadura, era engenho. Em Salina eu fiquei até a idade de 15 anos, quando fui de vez pra Planaltina. Fui trabalhar em casa de família pra ganhar roupa, comida, pra estudar e ter material de escola. Não tinha pagamento, não; trabalhava durante o dia e estudava à noite.

Da escola mesmo já comecei a namorar. Casei com 22 anos, conheci o meu marido em festa, nós dançando, começamos a conversar. E ele é primo do meu primeiro marido. É que eu casei primeiro, vivi um ano, separei, depois namorei um primo dele, que estou até hoje, 42 anos. A gente vive bem; criamos os filhos. Com o primeiro eu tive uma filha. Agora com esse tenho seis. Em 1973, nós mudamos pra Catingueiro.

Quando a gente foi morar junto lá em Catingueiro, não tinha água encanada, não tinha energia, tudo era lavado no...

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Capela São José

Dados da imagem Imagem da igreja Capela São José antes da reforma.

Período:
Ano 2006

Local:
Brasil / Distrito Federal / Fercal

Imagem de:
Mércia Ferreira da Silva

História:
A gente fazia tudo: vacina, injeção, fiz até parto

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
capela, reforma, igreja, capela são josé, catingueiro

Imagem da igreja Capela São José antes da reforma.

Mutirão para limpeza da escola

Dados da imagem Dona Mércia (boné azul), à época presidenta da Associação do Catingueiro, em mutirão de limpeza na Escola Classe Catingueiro com as mulheres da comunidade e professores.

Período:
Ano 1996

Local:
Brasil / Distrito Federal / Fercal

Imagem de:
Mércia Ferreira da Silva

História:
A gente fazia tudo: vacina, injeção, fiz até parto

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
limpeza, professores, mutirão, comunidade, catingueiro, escola classe catingueiro, associação do catingueiro, presidente

Dona Mércia (boné azul), à época presidenta da Associação do Catingueiro, em mutirão de limpeza na Escola Classe Catingueiro com as mulheres da comunidade e professores.

Abertura do poço artesiano

Dados da imagem Mércia, à época presidenta da comunidade Catingueiro, junto com os operários na perfuração do poço artesiano da  Caesb. O poço foi doado à comunidade por Mércia e o esposo, João Batista.

Período:
Ano 2009

Local:
Brasil / Distrito Federal / Fercal

Imagem de:
Mércia Ferreira da Silva

História:
A gente fazia tudo: vacina, injeção, fiz até parto

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
água, poço artesiano, catingueiro, caesb

Mércia, à época presidenta da comunidade Catingueiro, junto com os operários na perfuração do poço artesiano da Caesb. O poço foi doado à comunidade por Mércia e o esposo, João Batista.

Almoço de festa das mães

Dados da imagem Dona Mércia na festa das mães em 2001 junto com a comunidade.

Período:
Ano 2001

Local:
Brasil / Distrito Federal / Fercal

Imagem de:
Mércia Ferreira da Silva

História:
A gente fazia tudo: vacina, injeção, fiz até parto

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
festa, almoço, mães, comunidade

Dona Mércia na festa das mães em 2001 junto com a comunidade.

Dados de acervo

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Votorantim Fercal-DF

Depoimento de Mércia Ferreira da Silva

Entrevistada por Andreia Aguiar e Marcia Trezza

Fercal, 10 de junho de 2015

Realização Museu da Pessoa

VOF_HV010_Mércia Ferreira da Silva

Transcrito por Liliane Custódio

P/1 – Qual o seu nome?

R – Mércia Ferreira da Silva.

P/1 – Data de nascimento da senhora?

R – Vinte e três de setembro de 1955.

P/1 – O nome dos seus pais, dona Mércia?

R – Joaquim Ferreira da Silva e Maria Fonseca.

P/1 – Qual a imagem que a senhora tem dos seus pais, dona Mércia?

R – Uma imagem muito boa, muito bonita e muito sofrida. Naquele tempo as pessoas sofriam muito pra criar os seus filhos, eram 12 filhos, aí trabalhavam em roça, lutavam muito pra poder sustentar os 12 filhos. Mas era uma vida muito boa, que era todo mundo unido, tudo em casa.

P/1 – A senhora disse 12 irmãos?

R – Doze.

P/1 – A senhora é a mais velha?

R – Não. A minha irmã mais velha tem 72 anos já.

P/1 – A sua mãe? Qual a imagem que a senhora tem da sua mãe?

R – Minha mãe era uma pessoa muito trabalhadora, muito meiga, era uma mãe que acho que todo mundo desejava ter. Era uma mãe muito maravilhosa, não tem nem como explicar.

P/1 – E o que vocês costumavam fazer em casa, os seus pais?

R – Meu pai trabalhava em roça, minha mãe em casa. E nós pra ajudar o pai na roça também. Nós tudo íamos pra roça pra ajudar o pai. Chegava da roça, ia ajudar a mãe.

P/2 – E vocês plantavam o quê na roça?

R – Plantávamos arroz, feijão, milho, de tudo que tinha numa roça, plantava. Cana, banana, tudo, tudo. E a gente participava junto.

P/1 – Era com qual idade que a senhora tinha?

R – Dez anos. Com dez anos eu já comecei a trabalhar, cozinhar, ajudar minha mãe tudo em casa. E ajudava na roça. Ajudava meu pai arrancar feijão, carregar arroz, tudo a gente fazia.

P/1 – E a senhora gostar de brincar de quê?

R – Boneca de pano.

P/1 – Boneca?

R – Não existia naquele tempo....

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