MARIA DA CONCEIÇÃO OU DONA MORENA, Assim minha vó era conhecida. Eu não a conheci, quando nasci ela já havia partido para o orum, mas sempre esteve presente, no olhar das pessoas quando olhavam pra mim e dizia como
éramos parecidas. Ou em algum doce ou prato saboroso que fazia meu pai revirar a memória e contar algumas boas histórias de como a minha vó era uma cozinheira de mão cheia.
Me vejo semente, me vejo fruto dessa raiz forte que minha vó foi e é, destemida não se rendia às adversidades, e eram muitas. Mulher negra, pobre, no rio de janeiro, criando 4 meninos, e mesmo casada, carregava uma sobrecarga desumana. Palavras do meu pai: “se só tinha um pouco de carne, ela multiplicava”, assim era dona morena, multiplicadora, seja de comida
ou de sonhos, e embaixo de sua asa todos estavam protegidos.
Devota de nossa senhora da conceição, mas sem negar a espiritualidade ancestral, vó morena deixou pra nós um legado de amor, de força e de fé. A força marcada a ferro na pele preta que resiste às intempéries da vida.