Foi lá em 2011 ainda dentro do sistema penal, um ano depois do cerceamento de minha liberdade, injustiçado e acusado de tráfico de drogas que eu pensei comigo, quando eu sair desse sistema eu vou palestrar para os jovens, advertindo como é fácil ser preso mesmo sem precisar fazer algo errado, o perigo do uso abusivo das drogas lícitas e ilícitas, a indústria do crime que sobrevive e precisa de cadeias lotadas para manter esse sistema, a importância da família unida, do amor e carinho da mãe, pai, avós pra vencer às dores da vida, a necessidade de crer, e fortalecer o espiritual não com uma religião ou placa religiosa, mas sentir de verdade a presença dessa força sobrenatural que a gente não conhece mas sente em nossos corações e na nossa alma.
Finalmente em 2013 sou entrevistado pra um grupo de trabalho da escola, sobre às drogas como eu conheci e de que forma me libertei. Como é dentro do sistema penal, enfim, numa entrevista eu pensei que eu poderia dar uma palestra.
Mas quando minha entrevista foi exibida na escola,fui convidado para falar um pouco mais sobre o tema.
E foi justamente na escola onde eu fui alfabetizado e concluí o ensino fundamental que eu palestrei pela primeira vez no Marechal Cândido Rondon onde alunos (às) professores se emocionaram, choraram com minha história de vida e superação.
Rapidamente se espalhou por outras escolas, igrejas, empresas e na FASE antiga Febem.
Duas palestras foram impactantes na escola municipal Castelo Branco onde muita gente, chorou quando eu descrevia a minha prisão, injustiça, humilhação, racismo foi uma comoção geral. Dias depois, eu trabalhava numa loja de skate e estava no regime aberto quando uma mãe veio me abraçar e dizer a tua palestra mudou a vida da minha filha, ela chegou em casa chorando me abraçando dizendo que me amava, que tinha ouvido tua palestra.
A outra foi na escola municipal Rui Barbosa no EJA, quando eu falei que tinha adotado uma gurizada do skate, pra...
Continuar leitura
Foi lá em 2011 ainda dentro do sistema penal, um ano depois do cerceamento de minha liberdade, injustiçado e acusado de tráfico de drogas que eu pensei comigo, quando eu sair desse sistema eu vou palestrar para os jovens, advertindo como é fácil ser preso mesmo sem precisar fazer algo errado, o perigo do uso abusivo das drogas lícitas e ilícitas, a indústria do crime que sobrevive e precisa de cadeias lotadas para manter esse sistema, a importância da família unida, do amor e carinho da mãe, pai, avós pra vencer às dores da vida, a necessidade de crer, e fortalecer o espiritual não com uma religião ou placa religiosa, mas sentir de verdade a presença dessa força sobrenatural que a gente não conhece mas sente em nossos corações e na nossa alma.
Finalmente em 2013 sou entrevistado pra um grupo de trabalho da escola, sobre às drogas como eu conheci e de que forma me libertei. Como é dentro do sistema penal, enfim, numa entrevista eu pensei que eu poderia dar uma palestra.
Mas quando minha entrevista foi exibida na escola,fui convidado para falar um pouco mais sobre o tema.
E foi justamente na escola onde eu fui alfabetizado e concluí o ensino fundamental que eu palestrei pela primeira vez no Marechal Cândido Rondon onde alunos (às) professores se emocionaram, choraram com minha história de vida e superação.
Rapidamente se espalhou por outras escolas, igrejas, empresas e na FASE antiga Febem.
Duas palestras foram impactantes na escola municipal Castelo Branco onde muita gente, chorou quando eu descrevia a minha prisão, injustiça, humilhação, racismo foi uma comoção geral. Dias depois, eu trabalhava numa loja de skate e estava no regime aberto quando uma mãe veio me abraçar e dizer a tua palestra mudou a vida da minha filha, ela chegou em casa chorando me abraçando dizendo que me amava, que tinha ouvido tua palestra.
A outra foi na escola municipal Rui Barbosa no EJA, quando eu falei que tinha adotado uma gurizada do skate, pra que não fossem para o crime, quando fui surpreendido por um pai que em lágrimas, interrompeu dizendo eu sou o pai do Gabriel um dos guris que tú falou, eu estou no regime semi-aberto, depois da aula eu vou pra instituto penal dormir, e te agradeço por tudo que fizestes pelo meu filho, ele me abraçou,a turma de pessoas adultas e a professora caíram em lágrimas isso era em 2013.
Então comecei em 2014 com o projeto \"memórias do cárcere eu sobrevivi\"e foi somente em 2021 que eu convidei o Mano Will pra se somar e fazermos além das palestras unir ao ritmo do rap, pois inicialmente em maio de 2021 criamos o Rasta Rap project palestras com Rap.
Em 2023, quando fizemos às oficinas de educador social na casa de cultura do hip-hop de esteio surgiu a ideia de colocar o nome de hip Hop nas escolas, agora além das palestras, a gente selecionava alguns educandos para oficinas de rap e conhecimento.
Em síntese, inicialmente eu queria advertir os jovens sobre os perigos de viver numa sociedade racista, excludente, machista, violenta que leva para a prisão diariamente muitos jovens, o abuso de poder por parte do aparato repressivo do estado, enfim, dentro do sistema penal eu refleti como o sistema aprisiona e mata a nossa juventude, pobre, preta e periférica.
Alguns anos já se passaram mais de uma década, e cada vez mais a alegria, perseverança, me mantém vivo quando saio de minha casa para levar um pouco de esperança, amor, empatia, solidariedade, um alerta pra essa gurizada que não consegue vislumbrar um futuro digno e promissor em nossa cidade que culturalmente é dominada pela cultura do clientelismo, machismo, fascismo, trabalho análogo escravo e pelo latifúndio. Com um índice da educação básica abaixo da média com uma nota de 4.8, falta de oportunidades de trabalho para os jovens mais pobres.
Mesmo sendo um trabalho 0800 totalmente voluntário, com recursos do próprio bolso, é algo gratificante pra minha alma, é um legado que estou deixando e escrevendo uma nova história numa cidade que é muito pobre e carece de uma educação emancipadora e transformadora.
É notório que os educandos estão precisando de uma educação que prepare eles para a vida, com consciência de classe, de agentes transformadores, que os torne protagonistas de suas histórias e não só ouvintes ou telespectadores. Quando perguntamos algo básico que é sua cultura, suas origens,sua história como Gaúchos eles não sabem se expressar. Se não conhecem sua história,de seu estado,de sua cidade fica muito difícil exigir deles uma transformação social e política.
O hip-hop nas escolas tem essa missão, provocar, fazer com que eles se sintam importantes, como parte da história, que possam compreender que esse sistema é cruel, desumano, que os jovens, pessoas periféricas precisam se libertar dessas amarras que o sistema criou para torná-los presos, dóceis.
Que eles são o futuro da nação, que seus sonhos e objetivos possam ser realizados, que possam ser valorizados como cidadãos.
A maior dificuldade de realizar o projeto é financeiro, regiões muito distantes, zona rural não conseguimos chegar até lá, devido ao custo de transporte, logística usamos duas caixas acústicas, microfones,em escolas que possuem o material adequado a gente consegue realizar com êxito.
Mas nem sempre é assim, tem lugares que não tem caixas acústicas de qualidade, data show ou retro projetor e são de difícil acesso.
20 escolas da rede pública municipal e estadual foram atendidas uma da zona rural, uma universidade a Unipampa, e a FASE antiga Febem. Mais de 40 mil jovens foram atendidos desde o início do projeto, às palestras têm cerca de 200 alunos (às) por escola, isso só no turno da manhã.
O hip-hop nas escolas vai até onde nós conseguirmos chegar, para outras cidades, outros estados a ideia é expandir o projeto, chegar nos quilombos,nos povos originários e suas aldeias, no futuro ter uma equipe de apoio, técnica de som, fotografia, filmagem e edição de vídeo, publicar um livro físico, em libras e virtual como registro histórico, uma Van pra levar toda a equipe, criar e oportunizar mais oficinas com grafite, dança, DJ, skate, música, uma biblioteca móvel.
Nas oficinas ter às condições de oferecer um cof break.
Enfim, o céu é o limite.
\"Não vamos salvar o mundo, queremos deixar sementes para que no futuro num solo fértil possam dar frutos, esses frutos se multiplicarem e termos a esperança de uma periferia VIVA\" ( Mano Ordai).
Recolher